Ministro fala sobre desafios do Brasil em aula inaugural da Coppe
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Data: 15/04/2014
O Brasil precisa enfrentar uma série de desafios nas áreas econômica, social e de ciência e tecnologia para fazer frente ao processo de crise e de mudanças da economia mundial. Esse foi um dos aspectos destacados pelo novo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, ao proferir nesta terça-feira, 15 de abril, a aula inaugural da Coppe/UFRJ sobre o tema “Crise global, mudanças geopolíticas e inserção do Brasil: o papel da educação, ciência e tecnologia”.
Ao chegar à Coppe, o ministro Campolina foi recebido pelo reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Carlos Antônio Levi da Conceição; o vice-reitor, Antonio José Lêdo Alves da Cunha; e o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa. Toda a Diretoria da Coppe assistiu à aula inaugural, que também foi acompanhada pelo diretor da Finep – Inovação e Pesquisa, Glauco Arbix; a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da UFRJ, Debora Foguel; e o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias (Inpoh), Segen Estefen, professor e ex-diretor da Coppe; entre outros.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação iniciou a aula dizendo que a economia estava entrando no sexto ciclo de Kondratiev. Uma referência ao economista russo Nikolai Kondratiev (1892-1938), um dos teóricos da Nova Política Econômica da então União Soviética, que estudava as chamadas “ondas longas”, movimentos cíclicos da economia, com duração de 40 a 60 anos, que depois passaram a ser conhecidos como ciclos de Kondratiev.
“O sexto ciclo de Kondratiev vai combinar diferentes trajetórias tecnológicas”, afirmou Clelio Campolina, doutor em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e graduado em Engenharia de Produção e em Engenharia Mecânica pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).
Brasil e outros países: indicadores econômicos são proporcionais aos indicadores de C&T
Ao falar sobre os desafios do Brasil e a presença do país no cenário econômico-social internacional, Campolina fez uma comparação entre o Brasil, o continente africano, a China e os Estados Unidos. O ministro apresentou uma tabela comparativa do PIB mundial (em US$ trilhão), mostrando o PIB brasileiro, que em 2012 era de US$ 1,1 trilhão (2,1% do PIB mundial); contra US$ 1,3 trilhão (2,4%) da África; US$ 4,8 trilhões (8,9%) da China; e US$ 14,2 trilhões (26,4%).
Os contrastes também são grandes quando o assunto é exportação. Em 2012, o Brasil exportou US$ 0,2 trilhão (1% das exportações mundiais); contra US$ 0,4 trilhão (2,5%) da África; US$ 1,8 trilhão (11,7%) dos Estados Unidos; e US$ 1,9 trilhão (11,9%) da China.
As diferenças entre o Brasil e esses países na área econômica são proporcionais às diferenças existentes em relação aos indicadores da área de ciência e tecnologia. Em um gráfico sobre a produção científica mundial, que considerava o número de artigos publicados em periódicos científicos indexados (base Scopus – 2012), os Estados Unidos lideram com 493.337 artigos. Em segundo lugar, está a China, com 383.117; seguida do Reino Unido, com 137.413; Alemanha, em quarto, com 132.505 artigos; Japão, com 111.893; e França, em sexto, com 95.534. O Brasil aparece na 12º posição, com 53.083 artigos. Quando o assunto é a concessão de patentes, o Brasil ocupa a quarta e última posição entre os BRICs. A líder é a China, seguida da Índia e a Rússia aparece em terceiro.
Afirmando que é preciso combinar crescimento econômico com justiça social, o ministro destacou o papel da área de C&T para o desenvolvimento do Brasil. “Estou convencido de que não temos um outro caminho do que um arrojado projeto de educação, ciência e tecnologia”, afirmou Clelio Campolina, que foi bolsista da Comissão Econômica para América Latina e Caribe das Nações Unidas (Cepal), entre 1970 e 1973, no governo de Salvador Allende.
Ao concluir a aula, o ministro falou sobre os planos do MCTI, que pretende lançar nos próximos meses novos editais, como o Edital Universal e o Edital do Proinfa, e um conjunto de plataformas tecnológicas. Clelio Campolina destacou a importância da participação de representantes das áreas de C&T, empresarial e do governo no desenvolvimento de políticas de ciência e tecnologia. “Estou convidando toda a comunidade científica a participar desse trabalho. Este não é um projeto meu, mas de toda a nação”, afirmou Campolina.
Na sequência, Campolina respondeu perguntas da plateia e ouviu considerações relacionadas a temas como burocracia estatal e os entraves que prejudicam a relação universidade-empresa. “Existe uma burocracia federal que é contra tudo isso que o ministro falou e dificulta o relacionamento empresa-universidade. É preciso lutar para derrubar essa burocracia imbecil, que esteriliza o Estado brasileiro”, afirmou o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa.
Sobre o palestrante
Ocupando o cargo de ministro há menos de um mês – tomou posse dia 17 de março – Campolina, de 71 anos, nasceu na cidade de Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, e mudou ainda jovem para a capital mineira. Aprovado em concurso público para o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), fez curso de especialização no Instituto Latino-americano de Planejamento e Desenvolvimento Social em Santiago, no Chile.
Campolina foi reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) entre 2010 e março de 2014. Anteriormente, ocupou os cargos de diretor-presidente do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTEC) e de presidente da Câmara de Ciências Sociais Aplicadas da Fapemig. Desde 2010, integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão de assessoramento da Presidência da República.