Ministro pede união para que a Ciência tenha sua importância restabelecida no Brasil

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Data: 26/03/2019

COPPE Ministro Marcos Pontes visita Coppe na UFRJ

“Todo país desenvolvido quando entra em crise investe mais em C&T. Porque isso cria novos empregos, novas carreiras, novos mercados, produtos com valor agregado maior. Por que nosso maior fundo, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), tem 80% de seus recursos contingenciados? Por que nós optamos por ficar para trás?” – questionou o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, em Aula Inaugural proferida por ele na Coppe/UFRJ, nesta sexta-feira, 22 de março.

Para uma plateia de cerca de seis mil pessoas – 300 presentes no auditório da Coppe, e mais de 6, 4 mil que assistiram a palestra pelo facebook da instituição –, o ministro reconheceu que o setor tem sido maltratado ao longo dos anos, perdendo recursos, e destacou o enorme desafio que terá de enfrentar com tantas limitações orçamentárias.

Marcos Pontes criticou o fato da Ciência e Tecnologia (C&T) estarem perdendo prestígio em nosso país, com sucessivas reduções orçamentárias e contingenciamentos, e convocou as instituições públicas de ensino e pesquisa a se juntarem ao ministério, em um esforço junto à opinião pública, aos parlamentares e ao Ministério da Economia, para restabelecer a importância da Ciência e Tecnologia na política pública e recuperar o combalido orçamento do setor.

“A gente precisa se unir. As universidades, as instituições de ciência e tecnologia. Mostrar ao país as coisas que são feitas. Mostrar que a gente está aqui para ficar e que C&T são importantíssimas para o país”, ressaltou Pontes para uma plateia de alunos, professores e funcionários que lotou o auditório da Coppe.

O ministro mostrou estar alinhado com a comunidade acadêmica no objetivo de aperfeiçoar o ambiente para inovação no país. “O Brasil está em 64º lugar em inovação. Estudamos como encurtar esse gap. Assim que assumi, iniciei uma reestruturação da pasta para reorientar nossos esforços. Criamos a Secretaria de Tecnologias Aplicadas, para onde convergem todos esses esforços do ministério, das universidades, CNPq, Finep”, explicou Pontes.

Pontes listou tecnologias que, em sua avaliação, moldarão o futuro e, por isso, serão incentivadas pelo governo: Inteligência artificial, energia nuclear, aeroespacial, tecnologias de produção (que ajudam indústria, agronegócio, turismo, comércio), tecnologias para o desenvolvimento sustentável: energias renováveis, cidades inteligentes, tecnologias sociais; saneamento, saúde, dia a dia das pessoas, pessoas com deficiências.

Ministro conhece tecnologias inovadoras da Coppe

Após a Aula Inaugural, o ministro conheceu o Maglev-Cobra, o trem de levitação magnética desenvolvido na Coppe, e visitou a exposição permanente “Exploradores do Conhecimento”, no Espaço Coppe Miguel de Simoni, que reúne algumas das principais tecnologias e contribuições científicas desenvolvidas pela instituição.

No nicho do “A recriação do começo dos tempos”, que conta a história da longa colaboração da Coppe com o Cern, Marcos Pontes conversou com o professor José Manoel de Seixas, que deu detalhes sobre os projetos desenvolvidos em parceria com o laboratório europeu e sobre as visitas virtuais que a Coppe promove junto a escolas da rede pública de ensino, divulgando as atividades aos alunos do ensino médio. Seixas destacou a importância do Brasil ampliar sua parceria com o laboratório, tornando membro colaborador do Cern, o que traria impacto positivo para a indústria nacional no fornecimento de equipamentos e serviços de alta complexidade.

Em seguida, Pontes embarcou no ônibus híbrido elétrico-hidrogênio – veículo desenvolvido no Laboratório de Hidrogênio da Coppe, e que este ano avançará ao TRL8, penúltima etapa na maturidade de uma nova tecnologia – em direção ao Laboratório de Tecnologia Oceânica (LabOceano), um dos maiores tanques de simulação de condições oceânicas e ensaios offshore do mundo.

O ministro conheceu também a tecnologia de dessalinização de água por meio de membranas poliméricas. Os pesquisadores do Laboratório de Processos de Separação com Membranas e Polímeros (Pam) utilizam duas técnicas para a dessalinização: a convencional, por osmose inversa, e a inovadora, que promove a destilação da água, por meio do gradiente de temperatura. Uma diferença de temperatura de 40°C, entre o clima ambiente e o calor produzido por uma placa solar, é suficiente para produzir água com 99% de pureza, sem utilizar energia convencional.

Durante a Aula Inaugural, representantes da Associação de Pós-Graduandos (APG-UFRJ) fizeram um protesto discreto, exibindo uma faixa com os dizeres “Em defesa da universidade gratuita. Ciência não é mercadoria”. O ministro respeitou a manifestação dos alunos e disse concordar com a frase. Mais tarde, quando questionado a respeito da falta de reajuste das bolsas, Marcos Pontes afirmou que gostaria de ampliá-las e reajustá-las, mas que precisa contar com recursos para isso. “A nossa maior batalha vai ser promover uma mudança geral no orçamento para o ano que vem”, enfatizou o ministro, que disse ter sensibilizado o ministro da Economia, Paulo Guedes, em relação às demandas de sua pasta.

O ministro conheceu uma técnica inovadora de dessalinização por destilação com uso de membranas

O ministro ainda conversou com os alunos Jonas Degrave (Escola Politécnica) e Naiane Negri (Coppe), que desenvolvem com cerca de 50 outros colegas discentes o Minerva Rockets, uma equipe interdisciplinar, orientada pelos professores da Coppe, Otto Rotunno, Alexandre Landesmann e Alessandro Jacoud.

Os estudantes buscam apoio para a criação de um Laboratório Aeroespacial na Coppe, sob a coordenação do professor Otto Rotunno. O objetivo é desenvolver tecnologias inovadoras (desenvolvimento de um traje espacial e um nanossatélite adequados tecnologicamente para o uso em missões em Marte) pra fortalecer o Programa Espacial Brasileiro e formar profissionais de excelência para suprir o setor de pesquisa e indústria nacional. “O momento é propício para diversificar, não ficarmos tão presos a investimentos em pesquisa nos setores de óleo e gás”, defendeu Naiane, aluna do Programa de Engenharia Química.

Confira a Aula Inaugural, na íntegra, na página da Coppe no Facebook.