Modelo de Gestão Ambiental Desenvolvido na COPPE Inspira Mudanças na Legislação Ambiental do Rio de Janeiro
Planeta COPPE / Engenharia Química / Notícias
Data: 01/08/2000
Um modelo de gestão ambiental concebido na COPPE para uma empresa petroquímica estimula reformulação na legislação ambiental do Estado do Rio. Em apenas dois anos uma pesquisa realizada no Laboratório de Controle de Poluição das Águas, na COPPE, ajudou a Petroflex, maior fabricante de borracha da América Latina, detentora de 80% do mercado brasileiro do setor, a tornar-se a primeira petroquímica fluminense a conseguir o ISO 14000. A tese de mestrado de João Luiz Ribeiro Reis, orientada pela Profª. Márcia Dezotti, foi o ponto de partida para a implantação do programa de gestão ambiental da empresa.
Com base neste trabalho, a Petroflex e a FEEMA assinaram, no último mês de junho, um protocolo para formulação de uma nova legislação ambiental para o Estado do Rio de Janeiro. De acordo com o documento, a Petroflex se compromete a investir R$5,7 milhões nos próximos 24 meses num trabalho de pesquisa, que será coordenado pela COPPE e reunirá cientistas de várias universidades do estado. Os pesquisadores farão um diagnóstico sobre o real estado da Baía de Guanabara, cruzando dados disponibilizados pela FEEMA e pelo Programa de Despoluição da Baía, com os dados gerados pelo grupo de pesquisa. Baseado neste perfil será fixado o máximo de carga poluidora a ser emitido pelas empresas. “O objetivo do projeto é mudar a legislação tornando-a mais rígida e totalmente voltada para a Baía de Guanabara”, explica Márcia. Segundo a pesquisadora, o Brasil domina a tecnologia de tratamento de efluentes. É uma questão de fazer o diagnóstico e efetuar as correções necessárias. “É um investimento que vale a pena, não só por ser uma exigência da legislação, mas por que a cobrança do mercado é cada vez maior”, afirma Márcia.
A Petroflex acatou todas as sugestões feitas pela COPPE. Em dois anos, a empresa diminuiu de 600 para 150 o índice de DQO (Demanda Química de Oxigênio) do efluente líquido, e a meta é chegar a 110 de DQO, ou seja, menos da metade do índice permitido pela legislação ambiental do estado, que é de 250 de DQO. O DQO indica quanto oxigênio será consumido na degradação dos poluentes. A Baía de Guanabara, que é o destino final desse tipo de poluente, é o ambiente que está sendo mais beneficiado com este projeto, principalmente porque o modelo de gestão ambiental concebido pela COPPE para a empresa acabou despertando as autoridades para a possibilidade de adotar na legislação regras mais adequadas a realidade. Até então, a legislação do estado estava baseada em parâmetros que não levavam levando em conta, a capacidade ambiental da Baía de Guanabara, ou seja, o quanto de rejeitos esta suporta absorver e processar sem degradar seu ambiente.
As Etapas da Estação
A elaboração de um modelo de gestão ambiental requer um intenso trabalho de pesquisa. No caso da Petroflex, o aluno João Luis Ribeiro fez como tese de mestrado um diagnóstico preciso do sistema de tratamento de efluentes da planta da empresa, localizada em Duque de Caxias, identificou todos os problemas e sugeriu as medidas para corrigi-los, de forma a enquadrar a empresa na legislação ambiental do estado. “A alta qualidade da pesquisa fez com que todas as recomendações feitas por João Luis fossem implementadas pela empresa, que resolveu inclusive ampliar a parceria com o nosso laboratório”, ressaltou Márcia Dezotti. E o entusiasmo não parou aí. A empresa criou um programa específico para dar continuidade aos trabalhos nesta área e atualmente financia 13 bolsas de mestrado e doutorado para alunos, em sua maioria, do programa de engenharia química da COPPE, e bolsas de iniciação científica para alunos de graduação que trabalham na estação de tratamento de efluentes, rebatizada pela professora Márcia de “Estação Escola”.
No começo de 1997, quando a pesquisa foi iniciada, a empresa dispunha de uma estação de tratamento de efluentes que não funcionava da maneira adequada e estava fora do padrão exigido pela legislação estadual. Segundo a professora da COPPE, “o efluente era despejado em uma temperatura tão alta que matava as bactérias responsáveis pelo tratamento biológico da estação”. No entanto, o efluente que chegava a ter resíduos de borracha, é hoje um líquido transparente.
O Gerente Industrial da Petroflex, Paulo Alvarenga, admite que “o tratamento de efluentes feito anteriormente pela empresa era superficial e as restrições exigidas pela legislação pequenas”. Mas o mercado internacional começou a fazer exigências cada vez maiores em relação ao passivo ambiental da empresa. E isto, segundo Alvarenga, foi o que motivou a Petroflex a investir mais de $12 milhões, desde 1997, na implantação de uma gestão ambiental adequada aos novos padrões impostos pelo mercado. “Nosso objetivo é eliminar todo o passivo ambiental da empresa até 2001”, garante o gerente. Atualmente a Petroflex é um modelo de gestão ambiental não só no Brasil, mas na América Latina também.