Novos caminhos para sociedades sustentáveis
Planeta COPPE / Cidades Inteligentes / Engenharia de Produção
Data: 01/05/2007
Comunidades criando soluções inovadoras para os problemas comuns do dia-a-dia. Essa é a idéia que norteia o projeto Comunidades Criativas e Estilos de Vida Sustentáveis (CCSL), desenvolvido pelo Instituto Politécnico de Milão, que integra instituições de pesquisas de vários países. O Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social (LTDS) da COPPE é uma das instituições que participa deste projeto, que conta com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e tem como objetivo principal objetivo criar soluções voltadas para um novo padrão de bem-estar social baseado em produtos e serviços sustentáveis, que viabilizem soluções eficientes e acessíveis para o cotidiano das pessoas.
“Na Europa observamos certo cansaço com o excesso de individualismo e a necessidade de criar modos de vida tendo como base a colaboração e a reciprocidade”, afirmou o especialista em design sustentável, François Jégou, professor da LA Cambre School, Bruxelas, durante seminário realizado na COPPE, no último mês de abril. Segundo o professor, que também leciona no Instituto Politécnico de Milão, é possível constatar essa mudança mesmo em zonas industriais de vanguarda, como Milão. “Nesta cidade, que está longe de ser alternativa, há oito novos projetos de moradia com baseado neste conceito: As pessoas compartilham áreas comuns e serviços, como quarto de hóspedes, bicicletas, jardins e hortas comunitárias”.
Jégou é co-idealizador do projeto CCSL, junto com o professor do Instituto Politécnico de Milão, Ezio Manzini. Uma das maiores referências mundiais no assunto, Manzini estará na COPPE, no segundo semestre deste ano, para ministrar curso sobre Inovação Social e Design Sustentável. “A idéia é criar soluções locais. Sustentabilidade não implica só em impacto ambiental, mas também em melhorias para a vida em sociedade”, afirma.
Design sustentável: uma nova opção para Saint Etienne
A equipe de Jegou está desenvolvendo projeto de design sustentável para a cidade de Saint Etienne, na França. Mais conhecida pela produção de carvão, armas e bicicletas, a cidade sofreu um declínio econômico com o fechamento das minas de carvão. “Hoje colaboramos com o projeto Cité du Design de Saint Etienne para criar soluções inovadoras capazes de aproveitar potencialidades locais”, afirma.
Coordenador do Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social (LTDS) da COPPE, o professor Roberto Bartholo destaca a variedade de iniciativas que podem ser desenvolvidas a partir desse conceito. “Comunidades Criativas englobam soluções nas áreas de moradia, alimentação, trabalho, educação, saúde, transporte e empreendedorismo de interesse social, sob a forma de diversos serviços autogeridos, como creches, jardins e hortas comunitárias, redes de comércio direto de alimentos orgânicos”.
Segundo a professora Beany Monteiro,coordenadora do Laboratório Interdisciplinar em Design de Interesse Social (LIDIS/DI) da Escola de Belas Artes da UFRJ, unidade parceira da COPPE neste projeto, o objetivo é estimular o surgimento no país de empreendimentos desse tipo. “Na Europa, essa é uma tendência que vem crescendo. É a inovação social sustentável aplicada ao cotidiano e propiciando novos modos de vida”, explica a professora.
Rio já conta com iniciativas sustentáveis
As Comunidades Criativas são formadas a partir de associação auto-organizada. “Não existe um único formato para elas. Tanto podem assumir o formato institucionalizado de cooperativas como outro qualquer”, explica Bartholo. Na formação dessas iniciativas, o design tem uma função estratégica. A professora Beany Monteiro destaca que as comunidades criativas exigem um design com novas habilidades, um design mais voltado para serviços e estratégias do que para produtos. “Nesses projetos de interesse social o foco do design recai sobre o processo e não apenas sobre o resultado ou produto”, afirma.
Durante o evento na COPPE, foram apresentados os casos mais promissores já em andamento no país, como o “Favela Receptiva”, que hospeda turistas na casa dos moradores de Vila Canoas. A comunidade se organizou para realizar atividades voltadas principalmente para o ecoturismo, aproveitando a proximidade com a Pedra da Gávea a Floresta da Tijuca: 100% da clientela são estrangeiros. Outra iniciativa apresentada foi a Rede Ecológica, que articula a relação direta entre consumidores e pequenos produtores. Por meio da Rede, os consumidores providenciam com os produtores a compra coletiva e entrega em domicílio de produtos orgânicos e ecológicos.