O futuro do PEQ: mais diversidade e mais convivência
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Data: 26/10/2023
O Programa de Engenharia Química (PEQ) da Coppe/UFRJ está promovendo esta semana, de 24 a 27 de outubro, a vigésima primeira edição do seu Colóquio de Engenharia Química. Após a solenidade de abertura, o Colóquio reuniu docentes de três diferentes programas acadêmicos para debaterem o momento atual, o legado histórico e os desafios futuros da instituição, na plenária Coppe: Passado, Presente e Futuro.
Dela participaram os professores Nelson Maculan, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (PESC), Alexandre Szklo, do Programa de Planejamento Energético (PPE), e Príamo Melo, coordenador do PEQ. A mesa foi mediada pelo professor Cristiano Piacszek Borges, também do PEQ.
De acordo com o professor Alexandre Szklo, a Coppe se organizou em torno de uma ideia, de um sonho, da perspectiva de que o mais importante na Engenharia é realizar. “A Coppe se organiza em torno de uma ideia de excelência, de formação de pessoas, de contribuição ao Brasil. Ser capaz de transmitir essa ideia é um grande desafio”.
Engenheiro químico de formação, Szklo observou que o país precisa fortemente de engenheiros, para não cumprir a “maldição de Stefan Zweig”, de “ser o país do futuro que não consegue lidar com seu passado” e que o desafio da instituição é “vencer o desafio da entropia, o que significa manter a qualidade”.
“A vida existe porque consome qualidade do meio externo. O nosso desafio é consumir qualidade do exterior, ou seja, atrair novos alunos, novos pesquisadores, que vão compartilhar esta ideia. Transformações são urgentes, vivemos o desafio da Inteligência Artificial, vivemos uma urgência climática, e o desafio da complexidade do futuro, que é de muito difícil projeção. Como diz o professor Benjamin Sovacool, da Universidade de Sussex, o futuro terá que ser engenheirado”, ponderou o professor Szklo.
Refletindo sobre sua vivência como professor da Coppe e como conciliar a defesa do legado com a percepção e adaptabilidade necessárias para que instituição mantenha sua arte de antecipar o futuro, o Professor Emérito da UFRJ, Nelson Maculan, destacou que “precisamos de lugares para conversarmos. Os alunos passam muito tempo em sala de aula e pouco em espaços de convivência”, e lamentou o fechamento do restaurante Burguesão, tradicional ponto de encontro da comunidade universitária, em frente ao Bloco H do Centro de Tecnologia (CT). “O fechamento do Burguesão foi péssimo, pois era um espaço que juntava colegas de diferentes unidades, inclusive da Faculdade de Letras”, enfatizou.
Um futuro com mais inclusão e diversidade
Provocados, no bom sentido, pela aluna Giovanna Ronzé, sobre a visão de futuro do Programa e a necessidade de torná-lo mais diverso, os professores consideraram que houve avanços, mas que a diversidade na universidade ainda está aquém do ideal. O professor Maculan ressaltou a importância da adoção de cotas sociais e raciais. “Dando condições às pessoas, elas sobem. Hoje, a melhor aluna da Faculdade de Medicina é uma cotista negra. Eu defendi a adoção de cotas raciais na UFRJ e fui criticado, no passado, e chamado de racialista”.
O reitor da UFRJ, professor Roberto Medronho, também abordou o tema na abertura do Colóquio. “Muitas pessoas ditas progressistas foram contra a ampliação do número de vagas. Diziam que a universidade perderia sua excelência. A UFRJ dobrou as vagas e mantivemos a excelência. A cota racial não passou a primeira vez no Conselho Universitário. A universidade ainda é profundamente elitista. Essa universidade ainda não é acolhedora com alunos da inclusão social. Não foi acolhedora comigo e com meu irmão, que somos filhos de ferroviários”.
“Nós temos um compromisso. Transformar a nossa excelência em serviços prestados ao povo e ajudar a reconstruir esse país. Como servidores públicos ou egressos do serviço público, temos o compromisso com o mundo a transformá-lo em um mundo mais fraterno, solidário, igualitário, saudável e sustentável”, completou o reitor.
Segundo o professor Príamo, a universidade reflete a sociedade e esta é estruturalmente racista. “Esse assunto é sempre jogado por debaixo do pano, a menos que pessoas aguerridas levantem a bandeira da luta por oportunidades iguais. Aqueles que acreditamos na causa precisamos continuar a lutar. Refiro-me não apenas ao legado da escravidão como de outros grupos minoritários que são muito discriminados em nossa sociedade”.
“A universidade é sim elitista e, quando o assunto chega aos colegiados universitários, sempre rende muita discussão. Ainda tem um bom chão pela frente para a gente poder se orgulhar de caminhar pelos corredores e encontrar essa diversidade”, concluiu o coordenador do PEQ.
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