Ônibus a hidrogênio da COPPE ganha nova programação visual
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Data: 14/12/2007
O ônibus a hidrogênio da COPPE ganhou um visual arrojado. A programação é assinada pelas alunas da Escola de Belas Artes da UFRJ, Aline Lima, Carolina Cadaval e Dandara Dantas, vencedoras do concurso promovido pela instituição. As alunas receberão o prêmio durante o lançamento da programação visual do ônibus, que será na próxima terça-feira, dia 18, às 10 horas, no auditório da COPPE.
Projeto desenvolvido no Laboratório de Hidrogênio da COPPE, sob a coordenação do professor Paulo Emilio Valadão de Miranda, o ônibus tem lançamento previsto para 2008. O veículo vai circular inicialmente na cidade universitária, na Ilha do Fundão, e a partir de 2009 passará a trafegar por uma rota convencional, transportando passageiros pelas ruas do Rio de Janeiro.
Com 12m de comprimento – tamanho de um ônibus urbano convencional – o ônibus poderá transportar 80 passageiros, sendo 32 pessoas sentadas. Projetado para ter autonomia de 300 km, utilizando somente a energia de pilha a combustível – alimentada a hidrogênio – e de baterias, o ônibus a hidrogênio da COPPE é um projeto ambientalmente sustentável: não emite gases poluentes e tem como único resíduo a emissão de vapor d’água. A água que deriva da reação eletroquímica é tão pura que serve para o consumo.
O ônibus será abastecido num posto localizado no Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), na Ilha do Fundão, que está sendo construído pela Petrobras, uma das financiadoras do projeto. O hidrogênio será produzido no próprio posto, a partir do gás natural. O projeto é financiado pela FINEP e Petrobras e está sendo construído com aportes adicionais, financeiro e técnico, das empresas parceiras Busscar, Weg, Rotarex, Solution, LabH2-Inovação, Guardian e Manvel.
Aline, Carolina e Dandara se inspiraram nas linhas do Pão de Açúcar
Amizade e compromisso são características que definem o entrosamento das alunas da Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ, Carolina Cadaval, 19 anos, Aline Lima e Dandara Dantas, 20 anos, que concorreram com outros 18 trabalhos inscritos no concurso. Já acostumadas a trabalhar em equipe, realizando juntas as atividades do curso, elas destacam três fatores decisivos para o sucesso da trinca: afinidade artística e responsabilidade. “Trabalhamos com seriedade, damos importância ao cumprimento de prazos e temos uma linha de trabalho comum”, afirma Dandara.
A amizade também contou bastante. “Além de colegas de turma, somos grandes amigas, damos palpite e colaboramos umas com as outras” diz Aline. As estudantes destacaram a oportunidade gerada pelo concurso, que estimulou o estabelecimento de uma relação profissional ainda na universidade. Segundo Aline, ganhar um concurso no terceiro período trouxe mais confiança para seguir em frente.
A concepção da programação levou um mês para ficar pronta. Mas após o projeto ter sido selecionado, o trabalho aumentou. Desde agosto as alunas estão totalmente envolvidas no projeto. “Tivemos muito mais trabalho depois de termos vencido o concurso. A partir de então, fomos aperfeiçoando o projeto para que se adequasse às exigências do cliente. O trabalho ficou muito mais maduro no final”, afirma Carolina.
Programação visual destaca linhas em movimento que remetem ao Pão de Açúcar
O maior desafio durante a concepção da programação foi reunir vários elementos em um único projeto. O edital pedia que a programação do ônibus traduzisse, entre outras características, as idéias de Brasil, Rio de Janeiro, energia renovável, meio ambiente, desenvolvimento tecnológico e conforto ao usuário. Agrupar todos esses temas em uma só linguagem não é tarefa simples. Para isso, as estudantes adotaram o conceito de clean design, ou seja, o design essencial, aquele que transmite o máximo de informações com o mínimo de elementos. “Optamos pela disposição de linhas estruturantes, cujo formato remete a imagem do Pão de Açúcar, o que deu a idéia de um trabalho em processo, um movimento cíclico, proporcionando coesão e unidade”, explica Dandara.
O resultado do concurso foi recebido com surpresa, embora as meninas estivessem confiantes. Quando soube do resultado, Dandara estava acompanhando a mãe em uma consulta médica. Ao receber a ligação de Aline contando a novidade, não conseguiu conter o choro. “Eu chorava tanto que as enfermeiras da clínica vieram me atender achando que eu estava passando mal. Minha mãe, que podia me ouvir dentro da sala do médico, começou a ficar preocupada. Quando saiu, chorávamos juntas”, diverte-se Dandara. Hoje elas riem, mas todo o processo requereu muito esforço. “Foram noites sem dormir. Precisávamos terminar a programação no prazo. Mas tudo valeu a pena”, afirma Aline.
As estudantes, que acabam de concluir o quarto período do curso, acham que ainda é cedo para pensar no futuro. Querem por enquanto aproveitar ao máximo a Universidade e os estágios. Mas uma coisa é certa, elas não vêem a hora do ônibus começar a circular pelas ruas do Rio, um portfolio e tanto.
Engenharia arrojada e baixo custo
O projeto destaca-se pelo arrojo na engenharia. O moderno sistema de motorização desenvolvido pela equipe do Laboratório de Hidrogênio da COPPE liberou espaços no interior do veículo, propiciando maior conforto ao usuário. O design com base em princípios da ergonomia inclui uma via especial de acesso a portadores de deficiência física, com espaço destinado a abrigar cadeira de roda alinhada aos demais assentos.
O fato de ter sido elaborado um projeto de engenharia especificamente para a construção desse protótipo, resultou em inúmeras vantagens. Uma delas é que o custo de construção do protótipo brasileiro ficou em cerca de 50% menor que o valor de venda do similar europeu. Com esse projeto o Brasil passa a integrar o reduzido número de países que vem trabalhando em projetos experimentais para viabilizar o uso desta fonte limpa de energia.
“Trata-se de um veículo do futuro, que responde aos anseios de uma sociedade sustentável: não é poluente, gera pouco ruído e não dissipa gases que provocam o efeito estufa”, conclui Paulo Emilio, coordenador do projeto.