Pesquisa em medicamentos recebe 7,2 milhões do BNDES
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Data: 12/03/2008
O BNDES vai investir R$ 7,2 milhões, para o projeto “Desenvolvimento de Medicamentos Recombinantes para Uso em Hematologia/Hemoterapia”, uma parceria do Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da COPPE/UFRJ com a empresa Hemobrás. Os recursos do Banco, que fazem parte do programa Funtec (Fundo Tecnológico), serão destinados ao projeto através da Fundação Coppetec. A Hemobras também vai investir 700 mil reais no projeto.
Coordenado pela professora da COPPE, Leda Castilho, o projeto tem como objetivo desenvolver tecnologias inovadoras para a produção de dois fatores sanguíneos e um estimulador hematopoético, obtidos através de engenharia genética, de grande importância para os portadores de hemofilia, câncer e AIDS. As tecnologias de alta produtividade possibilitarão a fabricação de três biofármacos recombinantes: os fatores sanguíneos VIII e IX e o biofármaco conhecido como G-CSF. Pela primeira vez será produzido no Brasil biofámacos, a partir de células animais, com tecnologia 100% nacional.
Os biofármacos a serem desenvolvidos são estratégicos para a Política Nacional de Saúde. Apenas com a importação dos fatores sanguíneos VIII e IX, o governo brasileiro gasta, anualmente, cerca de R$ 200 milhões. Ao todo, o Brasil gasta mais de R$ 1,5 bilhão com a importação de remédios de alto custo classificados como “medicamentos excepcionais”, dentre os quais se inclui a maioria dos medicamentos biotecnológicos.
No tratamento das hemofilias A e B são utilizados, tradicionalmente, fatores da coagulação sanguínea, obtidos a partir do fracionamento industrial do plasma humano. Os fatores VIII e IX de coagulação sanguínea são proteínas do sistema de coagulação utilizadas para o tratamento da hemofilia dos tipos A e B, respectivamente. A hemofilia é uma doença genética em que os pacientes não produzem uma destas proteínas.
“Nosso objetivo é inserir o Brasil no ainda restrito grupo de países que dominam as tecnologias de produção e purificação de biofármacos e vacinas obtidas através do cultivo de células animais. Neste momento, estamos dando início à concretização deste sonho”, ressalta a professora da COPPE.
Atualmente, o País importa fator VIII e fator IX derivados do plasma, para atender a necessidade de tratamento de 7.000 hemofílicos. A nova tecnologia a ser desenvolvida na COPPE poderá permitir que a Hemobrás passe a produzir, com tecnologia nacional, os fatores sanguíneos que são obtidos a partir de células geneticamente modificadas, conhecidos como fatores recombinantes. Esses fatores, além de serem de alta segurança e eficácia, poderão vir a ser produzidos na quantidade que for necessária para atender a demanda dos pacientes. Não há, neste caso, limitações de disponibilidade de matéria-prima, como no caso dos fatores produzidos a partir do plasma de doadores de sangue.
O biofármaco G-CSF é utilizado no tratamento de deficiências de glóbulos brancos, após quimioterapias e depois de transplantes de medula óssea. A conseqüência desses tratamentos é uma brutal redução no número de glóbulos brancos dos pacientes, expondo-os a infecções graves e risco de morte decorrente destas infecções. O G-CSF recombinante apresenta, portanto, um grande mercado, no Brasil e no exterior.
O desenvolvimento das tecnologias deverá ser feito em três anos e, ao final deste período, a Hemobrás promoverá estudos pré-clínicos e clínicos para comprovar a eficácia e segurança dos produtos. Ao final desta etapa, o objetivo é obter o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e implantar a fábrica para produção dos biofármacos recombinantes.
O trabalho desenvolvido no Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da COPPE/UFRJ vai ajudar o Brasil a reduzir custos, podendo aumentar o acesso da população aos modernos medicamentos produzidos por via biotecnológica e reduzir gastos públicos nessa área.