Pesquisadora de Columbia defende ética como disciplina obrigatória nas ciências exatas e no uso de Big Data

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Data: 17/05/2018

Ciência de dados (Data Science) para o bem foi o tema de palestra ministrada pela professora Jeannette Wing, dia 9 de maio, na Coppe/UFRJ. A diretora do Data Science Institute, da Universidade de Columbia (EUA) destacou em sua apresentação que a ética deveria ser disciplina obrigatória nas ciências exatas, desde o começo do curso, e debatido em salas de aula, como ocorre nas Ciências Humanas.

Jeannette destacou que a missão de seu instituto é avançar o estado da arte da Data Science; transformar todos os campos do saber e todas as profissões por meio da aplicação da ciência de dados; e garantir o seu uso responsável.

“Eu gosto de utilizar esse acrônimo de cinco letras – FATES – para ilustrar o que eu entendo como uso responsável de dados. São cinco conceitos: Fairness, Accountability, Transparency, Ethics, Safety and Security (em português, Equidade, Responsabilização, Transparência, Ética, Segurança)”, explicou Jeannette.

Data for good para combate ao câncer e prevenção da violência urbana

Defensora do “Data for Good” (dados para o bem), Jeannette Wing utilizou pesquisas desenvolvidas na Universidade de Columbia, detentora de alguns dos maiores bancos de dados do mundo, para desenvolver pesquisas de forte interesse social.

Um exemplo disso é o projeto Observational Health Data Sciences and Informatics (OHDSI), que reúne boletins médicos e de 250 milhões de pacientes, de quarto países diferentes, e é utilizado para o combate ao câncer, e também para a verificação da eficácia dos diferentes tratamentos prescritos para depressão, hipertensão, e diabetes tipo II .

Em parceria com o curso de ciências sociais da Universidade de Columbia, o Data Science Institute montou o History Lab, maior base de dados de documentos governamentais desclassificados do mundo. “A análise de dados feita por inteligência computacional é capaz de distinguir, em meio às comunicações diplomáticas, por exemplo, as da década de 1970, o que é ‘business as usual’ (assuntos de trabalho corriqueiros) de assuntos que desviam do padrão”, explica professora Jeannette.

Outro projeto citado pela professora é “Interações de Violência Urbana”, que tem como objetivo agir preventivamente a uma possível eclosão de violência. “Os pesquisadores monitoraram tweets de internautas da cidade de Chicago, analisando as gírias utilizadas pelas gangues locais, e buscando prever incidentes violentos a partir dessas interações”, informa Jeannette. Utilizando um Dicionário de Efeitos, os pesquisadores conseguem avaliar se após a morte de um membro de facção criminosa, se os demais membros reagiam com luto ou com indignação e agressividade, permitindo avaliar se haveria retaliação desta gangue.

Jeannette Wing é precursora do movimento Pensamento Computacional (Computational Thinking), cujo artigo sobre o tema, publicado em 2006, evidencia a importância da computação para o progresso da humanidade. O artigo foi publicado um ano após o colapso das “empresas pontocom”, quando houve um declínio acentuado e constante nas matrículas em Ciência da Computação nas universidades. Na contramão dos fatos, a pesquisadora já apontava um novo caminho para a área.

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