Pesquisadores da COPPE definem últimos procedimentos para construção de Usina de Energia das Ondas
Planeta COPPE / Engenharia Oceânica / Notícias
Data: 11/10/2005
Acaba de ser instalado pela equipe da COPPE, no Porto do Pecém, no Ceará, uma plataforma metálica para a medição da energia contida nas ondas do mar. Este é mais um grande passo para a implantação da primeira Usina de Energia das Ondas das Américas, um projeto desenvolvido na COPPE, que conta com o financiamento da Eletrobrás. A usina está sendo instalada a 60 km de Fortaleza. Os primeiros módulos deverão ser implantados no início de 2006.
Desenvolvido no Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) da COPPE, sob a coordenação do professor Segen Estefen, o projeto traz inovações em relação a usinas desenvolvidas em outros países. A principal delas é a utilização de uma câmara hiperbárica, equipamento que simula ambientes marinhos de alta pressão, para produção de jatos d’água. “Vamos instalar uma câmara hiperbárica sobre o quebra-mar do Porto, capaz de produzir jatos equivalentes a uma queda d´água de 500 metros de altura, que é superior a de uma usina hidrelétrica convencional”, explica o engenheiro Paulo Roberto da Costa, que é pesquisador no assunto e desenvolve sua tese de doutorado na COPPE.
O protótipo da usina de ondas que será instalado no Ceará é fruto de uma parceria entre a COPPE, a Eletrobrás e o Governo do estado do Ceará. De acordo com o projeto, que contou também com o apoio do CNPq, os pesquisadores da instituição deverão fornecer o projeto, acompanhar a fabricação e a instalação da usina. O monitoramento dos módulos em funcionamento deverá ser feito por um período de dois anos. Segundo o pesquisador da COPPE, Eliab Ricarte, que dedica sua tese de doutorado ao levantamento do potencial energético da costa brasileira, uma das vantagens da concepção modular utilizada neste projeto é que ela permite ampliar a capacidade da usina de acordo com o crescimento da demanda.
A usina de ondas concebida na COPPE possui um sistema modular que opera com base em flutuadores acoplados a uma estrutura articulada em forma de viga com 22 m de comprimento. Os flutuadores acionam as bombas hidráulicas que, por meio de movimentos alternados, injetam água numa câmara hiperbárica conectada a um acumulador hidro pneumático. O jato d’agua liberado por esse conjunto tem uma pressão equivalente a uma queda d´água de 500 metros de altura. Esse jato aciona uma turbina hidráulica que acoplada a um gerador produz eletricidade.
Potencial de geração da costa brasileira é de 15% do total de energia consumida
Os pesquisadores da COPPE também estão trabalhando no levantamento da capacidade de geração de energia de toda a costa brasileira. Estudos preliminares revelam que o litoral do Brasil tem potencial para suprir 15% do total de energia elétrica consumida no País, hoje em torno de 300 mil GWh/ano. Segundo o coordenador do projeto, Segen Estefen, professor de engenharia oceânica da COPPE, se todo o potencial energético dos oceanos – avaliado em 1 TW (terawatt) – fosse aproveitado, seria possível atender a demanda de energia de todo o planeta.
Com 8,5 mil km de costa e cerca de 70% da população ocupando regiões litorâneas, o Brasil apresenta condições mais do que propícias para obter vantagens com esta fonte de energia abundante, renovável e não poluente. O custo da energia de uma usina de ondas está entre o custo da energia eólica e o custo da energia proveniente das hidrelétricas. Além disso, o impacto ambiental de uma usina de ondas é extremamente reduzido.
Nos últimos cinco anos ocorreu um grande avanço na implantação de usinas de energia das ondas em vários países da Europa, na Austrália e no Japão. Só no Reino Unido existem sete projetos, dois em operação e cinco em estágio avançado de desenvolvimento.