Pesquisadores Desenvolvem Trem que Levita sobre Trilhos

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Data: 05/06/2000

Prof. Richard Stephan, no Laboratório de Supercondutividade demonstrando o princípio que fará o trem levitar sobre os trilhos. Fotografias: Everaldo Rocha

Um trem que levita a uma velocidade de 400 quilômetros por hora. Parece mágica mas é tecnologia, inteiramente nacional, que há dois anos vem sendo desenvolvida no Laboratório de Aplicações de Supercondutores (LASUP) da COPPE e da Escola de Engenharia da UFRJ. A tecnologia é baseada na formação de um campo magnético de repulsão entre os trilhos e os módulos de levitação (pastilhas supercondutoras que substituem as rodas e são compostas de ítrio, bário e cobre). Quem quiser ver ao vivo e a cores o trem brasileiro levitar, juntamente com protótipos de outros países, poderá assistir ao evento , denominado “Levita Rio”, que será realizado na próxima sexta -feira, dia 9, às 14 horas, no calçadão da praia de Copacabana, na altura da Rua Rainha Elizabeth. O evento é aberto ao público e contará com a presença do Ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg.

Prof. Roberto Nicolsky, no Laboratório de Supercondutividade

Para criar o campo magnético, que é o que faz o trem levitar, os cientistas resfriam os supercondutores a uma temperatura negativa de 196° C, utilizando nitrogênio líquido. O nitrogênio é um combustível que custa menos de R$ 0,30 e não polui o ambiente. Mas esta é apenas uma das vantagens desta tecnologia que vem sendo desenvolvida tendo como principal objetivo viabilizar a construção do trem brasileiro. A utilização da ferrita na composição do ímã é outra característica original deste projeto, pois este material é produzido em escala industrial no Brasil e custa 10 vezes menos do que os ímãs compostos de terras raras. Trata-se de um projeto tecnológico inovador, coordenado por três professores da UFRJ: Richard Stephan, da COPPE, Rubens de Andrade Júnior, da Escola de Engenharia, e Roberto Nicolsky, do Instituto de Física.

A pesquisa já gerou 26 publicações em revistas internacionais e encontra-se em etapa de conclusão da primeira fase. Para isso contou com o investimento de R$ 40 mil da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e R$ 10 mil da Fundação José Bonifácio, da UFRJ. Os resultados da pesquisa serão apresentados, de 7 a 10 de junho, durante a Conferência Internacional 16th MAGLEV’ 2000, que será realizada no Hotel Sofitel-Rio, na Av. Atlântica, 4240.

Próximas Etapas

A primeira etapa será finalizada até o final do mês de junho com a conclusão dos testes do modelo em um trilho de sete metros de extensão para avaliar o princípio de levitação em relação ao equilíbrio mecânico e a carga que o trem poderá suportar. Os pesquisadores estimam que, no período de dois anos, tenham finalizado a construção de carro e trilho em escala real. Ao fim desta etapa, o projeto, segundo os pesquisadores, estará pronto para ser executado por uma empresa privada. A empresa WEG, uma das maiores do mundo no setor, já demonstrou interesse em desenvolver o motor. A INB (Indústrias Nucleares do Brasil) já se comprometeu a contribuir na fabricação do ímã.

Desenvolver uma tecnologia eficiente e viável para ser implantada no Brasil é o principal desafio da equipe deste projeto que reúne cerca de 40 pesquisadores. São 18 professores da UFRJ, dois da UFF, quatro da USP e três da Alemanha, cinco doutorandos da UFRJ, além dos alunos de mestrado e de graduação.