Presidente Lula inaugura o LabOceano da COPPE
Planeta COPPE / Engenharia Oceânica / Notícias
Data: 15/05/2003
“Estou impressionado com as dimensões e a tecnologia empregada na construção deste tanque oceânico. Ele pode simbolizar o que queremos fazer no Brasil nos próximos quatro anos”, afirmou o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de inauguração do LabOceano da COPPE/UFRJ, dia 30 de abril, em sua primeira visita oficial ao Rio de Janeiro.
“A COPPE é o exemplo de associação de investimento público com a empresa pública. Mostra o lado indutor do estado e, mais do que isso, a capacidade criadora do cientista e do técnico brasileiro, que é fundamentalmente a capacidade criadora do povo brasileiro”, ressaltou o Ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral. Segundo ele, o LabOceano é o exemplo de êxito desta política de fundos setoriais. O Ministro ressaltou ainda a importância da utilização dos fundos junto a pequenas e médias empresas “para tirar das prateleiras científicas os nossos empregos, contribuir para agregar valor a nossa pauta de exportações e iniciar uma política seletiva de substituição de importações através da produção nacional de insumos que ainda importamos”, afirmou.
A Ministra Dilma Rousseff abriu seu discurso lembrando que, a convite do então Diretor da COPPE, Luiz Pinguelli Rosa, hoje presidente da Eletrobrás, teve a oportunidade de conhecer, no ano passado, o tanque oceânico ainda em construção. “Esse simulador oceânico demandou um aporte de 16 milhões de reais. Trata-se de um montante pouco significativo diante dos recursos movimentados pela indústria petrolífera e do que esta instalação representa para a estratégia de desenvolvimento do Brasil, um país que possui mais de 80% de suas reservas de óleo e de gás natural localizadas em lâminas d’ água superiores a mil metros de profundidade”.
Auditório Lotado
Cerca de duas mil pessoas compareceram ao evento que, sem dúvida, entrou para a história da COPPE, instituição que em 2003 festeja 40 anos de fundação. A solenidade reuniu autoridades do âmbito federal, estadual e municipal. Estiveram presentes à mesa de abertura, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva; a Governadora do Estado do Rio de Janeiro; Rosinha Garotinho; o vice-governador, Luiz Paulo Conde; o Prefeito em exercício do Rio, Marco Antonio de Moura Vales; sete ministros e três secretários de estado; o reitor da UFRJ; os presidentes da FINEP, da FIRJAN, e do BNDES; o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra; o presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa; os coordenadores do LabOceano, professores Segen Estefen e Carlos Levi; o diretor da COPPE, professor Luiz Fernando Loureiro Legey; a diretora de Convênios e Projetos da COPPE, professora Ângela Uller; e o diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, Maurício Guedes.*
Na instalação do LabOceano foram gastos R$ 16,1 milhões, dos quais R$ 15,1 milhões são provenientes de recursos dos royalties do petróleo, repassados pela FINEP, através do fundo setorial CT-Petro, do Ministério da Ciência e Tecnologia, e 1 milhão concedido pelo Governo do Estado, através da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
Segundo o Coordenador Geral do LabOceano, professor Segen Estefen, o tanque oceânico é capaz de reproduzir as principais características do meio ambiente marinho e simular fenômenos que ocorrem em lâminas d`água superiores a 2 mil metros de profundidade, o que representa um suporte tecnológico estratégico para o Brasil, que possui mais de 90% de suas reservas de petróleo concentradas no mar.
Com 23 milhões de litros de água e altura correspondente a um prédio de oito andares, o tanque oceânico tem 40 metros de comprimento, 30 metros de largura e 15 metros de profundidade e mais 10 metros adicionais em seu poço central.
LabOceano – um desafio permanente
Na cerimônia que se iniciou ao meio dia, no auditório instalado na parte térrea do LabOceano, dezenas de autoridades e membros da comunidade da UFRJ somavam-se ao público e jornalistas que lotavam as instalações do Laboratório.
O Reitor em exercício da UFRJ, professor José Luiz Monteiro, frisou que esta inauguração assinala o início das atividades do Parque Tecnológico da UFRJ e é, sem dúvida, um marco histórico para a Universidade e para a comunidade científica-tecnológica deste país e para a nossa Nação. “Ele coloca o Brasil em profundo destaque no campo internacional pois é único tanque deste tipo no hemisfério sul e o maior do mundo entre os três existentes”, destacou o reitor.
O Diretor da COPPE, professor Luiz Fernando Loureiro Legey, afirmou em seu discurso: “Hoje chegamos ao final da primeira etapa de implantação do Laboratório de Tecnologia Oceânica da COPPE – LabOceano – entretanto os desafios estão longe de acabar, por que a etapa de operação que agora se inicia envolve a solução de problemas que exigem muita responsabilidade e dedicação. Mas os desafios não nos assustam porque estamos convictos de que o LabOceano será um importante instrumento para a COPPE contribuir cada vez mais, significativamente, nos avanços e expansão da produção de petróleo em território brasileiro e para a consolidação da liderança nacional no desenvolvimento de tecnologia de águas profundas.”
O professor Legey também destacou um motivo de apreensão da comunidade científica nacional: a preservação da atual política dos fundos setoriais. Ele defendeu o reforço aos instrumentos de aplicação dos fundos que dão amparo à política de Ciência e Tecnologia, garantindo os investimentos necessários a sua manutenção e arrematou: “Sem o CT-Petro isto aqui não existiria”, ressaltou.
Reforço a projetos nacionais
O petróleo se traduz numa das principais vocações industriais do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, a Petrobras extrai 1 milhão e 300 barris de petróleo por dia na bacia sedimentar do litoral fluminense, o que corresponde a 82% da produção nacional. “Com este tanque oceânico, – afirmou a Governadora Rosinha Garotinho – tenho certeza que de que em breve estarão sendo feitos projetos de plataforma e navios legitimamente brasileiros, em parceria com o centro de pesquisa da Petrobras, que considerem as características do parque industrial brasileiro e que eliminem de vez as ameaças de execução de obras no exterior, como no caso da plataforma P 51 e P 52”. Ainda em seu discurso, dirigindo-se ao Presidente da República, a Governadora defendeu a implantação pela Petrobras de uma nova refinaria no Norte Fluminense. “Esta instalação é fundamental para o futuro econômico do nosso estado e temos a certeza de que contaremos com o apoio de vossa excelência”.
Em defesa da soberania
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, falando a seguir, não poupou sua admiração pelas instalações e elogiou a capacitação e a competência técnica nacional, ali representada pela COPPE, responsável pela implantação do LabOceano: “Nós ainda temos muito que fazer em ciência e tecnologia, mas eu não tenho dúvida que qualquer brasileiro que tenha a chance de conhecer um laboratório desse porte sai com uma auto-estima elevada e convencido de que o Brasil tem condições plenas de disputar, com qualquer país do mundo, mesmo no campo da ciência e tecnologia, desde que o governo brasileiro acredite que investir em ciência, tecnologia e pesquisa as vezes demora muito, mas esta demora pode nos trazer ganhos inimagináveis”.
Em seu primeiro discurso sobre ciência e tecnologia após ser empossado, o presidente confirmou um compromisso de campanha: dobrar a verba investida no setor. Hoje a maior parte dos investimentos em C e T no Brasil é feita por órgãos ou entidades públicas. Em outros países como o Japão e a Coréia, por exemplo, na década de 90, mais de 80% dos investimentos foram feitos pelo setor privado. Segundo o presidente, é objetivo de seu governo estimular o setor industrial a investir em pesquisa: “Queremos nos próximos quatro anos dobrar os investimentos atuais dos setores públicos e privados para alcançarmos 2% do PIB”. Isto representa um aporte de recursos da ordem de R$ 26 bilhões. Sem descartar a possibilidade de instalação de uma refinaria da Petrobras no Estado do Rio de Janeiro, o presidente da República lembrou em seu discurso que oito estados estão interessados em acolher este projeto. Frisou, porém, que para definir sua localização serão levados em conta não apenas os legítimos interesses econômicos e estratégicos da empresa, mas sobretudo os interesses estratégicos do nosso país.
Enfatizando a importância dos centros de excelência em pesquisa como a COPPE, que criam uma comunidade científica competente e muito competitiva internacionalmente, o presidente foi taxativo na defesa da soberania brasileira: “Não podemos aceitar a idéia que a criação científica deve ocorrer apenas nos países desenvolvidos, porque isso contraria o nosso projeto de fazer deste país uma nação cada vez mais soberana e respeitada. O Brasil não pode mais ocupar um papel secundário e dependente quando se fala em inovações tecnológicas”.
Investindo no futuro
Consciente da articulação entre a produção científica, a educação e a cultura, o presidente anunciou que o Ministério de Ciência e Tecnologia vai criar, até o final deste ano, mais quatro mil bolsas de financiamento em pesquisa no CNPq. Afirmou, ainda que “Serão criadas bolsas de iniciação científica Junior, que permitirão aos estudantes do ensino médio o acesso a pesquisa científica, o que deverá estimular o interesse dos jovens pela ciência, além de revelar novos talentos”. Outra meta do ministério é formar dez mil doutores nos próximos quatro anos, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. “Para isso deveremos também estabelecer mecanismos que absorvam esta a mão de obra qualificada, pois não podemos perder profissionais para outros países”, destacou Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre as vantagens destacadas pelo presidente com a construção e funcionamento do tanque oceânico está um dos propósitos de seu governo: o desenvolvimento de uma política científica brasileira integrada às políticas industrial e de desenvolvimento.
No final da solenidade, o presidente Lula e demais autoridades assistiram a uma demonstração de funcionamento do Tanque, onde foram apresentados vários tipos de ondas que podem ser geradas e uma breve descrição de suas características técnicas e potenciais testes, que garantem ao Brasil um suporte estratégico para a consolidação de sua liderança mundial na exploração de petróleo no mar.
* Relação completa das personalidades que compuseram a mesa da cerimônia de inauguração do Tanque Oceânico:
1) Presidente da República – Luiz Inácio Lula da Silva
2) Governadora do Estado do Rio de Janeiro – Rosinha Garotinho
3) Vice-Governador do Estado do Rio de Janeiro – Luiz Paulo Conde
4) Ministra de Minas e Energia – Dilma Rousseff
5) Ministro da Ciência e Tecnologia – Roberto Amaral
6) Ministro das Relações Exteriores – Samuel Pinheiro Guimarães
7) Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – Luiz Fernando Furlan
8) Ministro Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República – Luiz Dulci
9) Ministra da Assistência e Promoção Social – Benedita da Silva
10) Ministro das Comunicações – Miro Teixeira
11) Presidente da ELETROBRAS – Luiz Pinguelli Rosa
12) Presidente da PETROBRAS – José Eduardo Dutra
13) Presidente da FINEP – Sérgio Machado Resende
14) Presidente do BNDES – Carlos Lessa
15) Prefeito em Exercício da Cidade do Rio de Janeiro – Marco Antonio de Moura Vales
16) Reitor da UFRJ – José Luiz Fontes Monteiro
17) Diretor da COPPE – Luiz Fernando Loureiro Legey
18) Diretora de Inovação Tecnológica da COPPE – Ângela Uller
19) Coordenador Geral do LabOceano da COPPE – Segen Estefen
20) Coordenador Executivo do LabOceano da COPPE – Carlos Levi
21) Diretor do Parque Tecnológico da UFRJ – Maurício Guedes
22) Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação – Fernando Peregrino
23) Secretário de Estado de Energia Indústria Naval e Petróleo – Wagner Vícter
24) Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico e Turismo – Tito Ruff
25) Presidente da FIRJAN – Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira