Professor apresenta concreto ecológico a empresários dos EUA
Planeta COPPE / Engenharia Civil / Notícias
Data: 13/09/2012
O professor do Programa de Engenharia Civil da Coppe/UFRJ, Romildo Toledo, será um dos conferencistas do evento Missão internacional em construção verde – Amcham Rio e a construção sustentável, que reunirá, no Rio de Janeiro, representantes de empresas norte-americanas na área de construção. O professor da Coppe apresentará o concreto ecológico, resultado de pesquisas que possibilitam substituir, em média, 40% da quantidade de cimento usado na mistura tradicional do concreto, um dos grandes emissores de gás carbônico (CO2) na atmosfera. A conferência será nesta sexta-feira, 14 de setembro, às 9 horas, no auditório da Câmara de Comércio Americana (Amcham) do Rio.
O concreto é o material de construção mais utilizado no mundo. Feito com cimento e, quando usado em grandes estruturas, também com aço, seu uso vem crescendo a passos largos nos últimos anos, estimulado pelo desenvolvimento econômico de países como China, Índia e Brasil. Tanto a indústria do cimento como a de aço são grandes emissoras de CO2, um dos gases responsáveis pelo aquecimento global e, consequentemente, pela mudança do clima.
A indústria cimenteira sozinha responde por algo entre 5% a 7% das emissões mundiais de CO2, consequência de uma produção global de 3 bilhões de toneladas de cimento por ano, que pode saltar para 10 bilhões em menos de 50 anos. No Brasil, a produção está na casa das 70 milhões de toneladas/ano e já se projeta chegar a 100 milhões nos próximos dez anos, caso se mantenha a taxa de crescimento de 5% ao ano.
De olho nesses números, os pesquisadores do Laboratório de Estruturas e Materiais (Labest) da Coppe, sob a coordenação dos professores Romildo Toledo e Eduardo Fairbairn passaram a procurar, na vasta produção agrícola brasileira e na diversidade da floresta tropical, materiais naturais e renováveis que reduzem a contribuição do concreto para a mudança do clima.
Fibras naturais substituem materiais na mistura do concreto
Testes com fibra de sisal e coco indicam que essas fibras naturais são tão eficientes para reforçar o concreto quanto as fibras sintéticas de polipropileno, nylon e amianto. Em alguns usos, o sisal pode até ser mais eficiente, porque reparte melhor as fissuras do concreto e lhe confere ductilidade, ou seja, a capacidade de se estirar ou comprimir sem se romper facilmente.
Outros estudos resultaram no desenvolvimento de uma tecnologia para o uso da cinza de bagaço de cana, um resíduo da produção de açúcar e álcool, como substituto parcial do cimento. Também testaram, com sucesso, o uso do sisal cultivado no Nordeste e das fibras de plantas da Amazônia como substitutos para as fibras de aço, as fibras sintéticas e de amianto em produtos de fibrocimento. “Os estudos demonstraram que as fibras vegetais podem substituir em pelo menos 50% o cimento na mistura, reduzindo ainda mais a emissão de gases causada pela fabricação de concreto”, afirma o professor Romildo Toledo.
Pesquisas semelhantes estão sendo feitas no laboratório da Coppe com plantas amazônicas como o arumã, a juta, a piaçaba e o curauá, que podem ajudar a viabilizar o uso econômico da floresta, mantendo-a de pé. Já o sisal é cultivado no semiárido nordestino, uma das regiões mais carentes do Brasil. As 800 mil famílias camponesas que vivem do cultivo de sisal têm a chance de se beneficiarem da valorização que um novo uso da planta poderá trazer.
“Testamos, no laboratório, cinzas provenientes de esgoto sanitário e da queima do lixo. Constatamos que ambas podem substituir entre 5% e 10% o cimento utilizado na produção do concreto. No momento, estamos estudando outros materiais, como borracha de pneu usado e para tornar todo o processo ainda mais sustentável, incluímos o sequestro de CO2 na fabricação do concreto”, antecipa o professor.