Professor da COPPE simula propagação do tsunami na Baía de Guanabara
Planeta COPPE / Engenharia Oceânica / Notícias
Data: 05/01/2005
Confirmaram-se as previsões feitas pelos pesquisadores brasileiros. O tsunami gerado pelo trágico terremoto ocorrido no oceano Índico, em 26 de dezembro, chegou a costa brasileira 20 horas após o evento.
Confira abaixo a simulação computacional feita pelo professor Paulo Cesar Rosman, do Programa de Engenharia Oceânica da COPPE, que ilustra a chegada na Baía de Guanabra do tsunami medindo 20 cm de altura e com período de 40 minutos. Segundo Rosman, o fenômeno que a princípio seria invisível em mar aberto, pôde ser facilmente observado em alguns locais da Baía devido a ocorrência de amplificação ressonante, entre a enseada de Botafogo e o Saco de São Francisco, em Niterói. Nesses locais a onda atingiu mais de um me-tro de altura.
Para desenvolver essa simulação, o professor Rosman utilizou o Sistema base de Hidro-dinâmica Ambiental (SisBAHIA – www.sisbahia.coppe.ufrj.br), desenvolvido na COPPE.
Efeitos da propagação do tsunami na Baía de Guanabara:
• Entrada da Baía de Guanabara – a onda dobra de altura, indo para 40 cm.
• Enseada de Botafogo – a altura do tsunami aumenta quase 6 vezes, chegando a mais de 115 cm.
• Saco de São Francisco – a altura aumenta 5 vezes chegando a 100 cm.
• Estas fortes amplificações devem-se a um efeito “gangorra” ressonante entre a Enseada de Botafogo e o Saco de São Francisco. Nos gráficos da Figura 1 pode-se ver que quando o nível está alto em Botafogo, está baixo no Saco de São Francisco e vice-versa.
• Sob o vão central da Ponte Rio-Niterói – a altura já fica praticamente igual à do tsunami no mar aberto.
• Ilha de Paquetá – a altura do tsunami é reduzida a menos da metade, chegando a cerca de 9 cm.
• Norte da Baía, próximo à foz do Rio Iguaçu – os efeitos do tsunami são prati-camente inexistentes, notando-se apenas uma leve oscilação da ordem de 3 cm.
Os gráficos da Figura 1 mostram que as grandes oscilações de nível verificadas por iatistas em Charitas e na enseada de Botafogo devem-se ao efeito gangorra ressonante que ocorreu.
A Figura 2 mostra um mapa com os efeitos do tsunami na Baía 80 minutos após sua che-gada. Pela tabela de cores, nota-se claramente o forte desnível entre a Enseada de Botafogo e o Saco de São Francisco.
Figura 1. Variação da elevação do nível da água na chegada do tsunami na Baía da Guanabara. As variações de maré foram removidas de modo a realçar o efeito do tsunami. Note que há forte amplificação na Enseada de Botafogo e no Saco de São Francisco em Niterói, porém defasados, causando um efeito gangorra. Os efeitos do tsunami diminui consideravelmente no interior da baía, sendo praticamente inexistente na ilha de Paquetá e na parte norte da baía. Nos gráficos, a linha azul refere-se a interferência do tsunami no mar aberto e a linha rosa mostra altura da onda na Baía de Guanabara, devido ao tsunami.
Figura 2. Tsunami na Baía da Guanabara após 80 minutos da sua chegada. Note que há forte amplificação na Enseada de Botafogo e no Saco de São Francisco em Niterói, porém defasados, causando um efeito gangorra – quando o nível sobe na Enseada de Botafogo desce no Saco de São Francisco e vice-versa. Este efeito gangorra ressonante é que causa a amplificação do tsunami verificada em Niterói. Os efeitos do tsunami diminuem consideravelmente no interior da baía, sendo praticamente inexistentes na ilha de Paquetá e na parte norte da baía.