Projeto prevê ondas perfeitas para o Rio de Janeiro
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Data: 17/05/2006
O Prefeito César Maia sancionou, em 11 de abril, o projeto de lei, de autoria do vereador Luiz Guaraná, que autoriza à prefeitura a construir o “surfódromo” da praia da Macumba. O projeto, que prevê a construção de um fundo artificial para a prática do surf, foi desenvolvido pela professora Enise Valentini, do Programa de Engenharia Naval e Oceânica da COPPE. Colaboraram no projeto os alunos de Mestrado Luiz Guilherme Aguiar, que ganhou o Prêmio FAPERJ Inovação 2005 com estudo sobre o tema, e Luiz Antonio de Oliveira. Para se tornar realidade, o surfódromo carioca necessita de financiamento e de um projeto de impacto ambiental que atenda às exigências dos órgãos competentes.
Segundo a professora da COPPE, o “surfódromo” da praia da Macumba poderá proporcionar ondas 80 % maiores que as naturais e perfeitas para a prática do surfe, como as de lugares como Havaí e Indonésia, raras no Brasil. Enise explica que o fundo de areia, que caracteriza todas as praias do litoral fluminense, não favorece à formação de ondas perfeitas durante a maior parte do tempo: “O fundo de areia é instável. Pode estar propício para o surf em um dia e no dia seguinte não estar mais. As melhores praias para a prática do esporte têm fundos rígidos, como os de corais ou os rochosos” – explica.
Devido à superioridade deste tipo de fundo para a prática do esporte, o “surfódromo” proposto pela COPPE foi projetado para ser construído com material rígido, que pode ser concreto, metal ou mesmo plástico. A professora explica que o estudo que deu origem ao projeto levou em conta a técnica e o material usados em outros quatro projetos de fundo artificial já implantados em outros países, como Austrália e EUA. Enise e seus alunos chegaram à conclusão de que era fundamental calcular com precisão a geometria do “surfódromo” e garantir a manutenção desta na execução do projeto:
“Como todos os outros fundos apresentaram problemas, estudamos os pontos falhos e constatamos que houve má execução do projeto. Não conseguiram reproduzir a geometria definida nos projetos durante a execução com os materiais usados: sacos de areia e enrocamento, que são pedras grandes e irregulares. Os sacos de areia eram soltos no fundo do mar e não ficavam na posição esperada. No caso do enrocamento, as pedras irregulares não reproduziam exatamente a estrutura do projeto” – explica a professora.
Como Enise não é praticante do surf, os conhecimentos práticos vieram de seus dois alunos que são surfistas. Foi idealizado um projeto que contemplasse os surfistas profissionais com ondas grandes e tubulares, mas não apenas estes. A geometria do projeto proporciona a formação de duas grandes raias de surf, que permitem que as manobras sejam desenvolvidas por mais tempo que o naturalmente encontrado. Além disso, nas extremidades das raias as ondas formadas serão menores, próprias para iniciantes.
Com este projeto, que pretende aumentar significativamente a quantidade de ondas propícias ao surf de alto nível, o Rio terá a oportunidade de sediar uma etapa do campeonato mundial de surf e os melhores surfistas cariocas e brasileiros não precisarão ir sair do Brasil para treinar em melhores condições, como tem acontecido hoje. Para Luiz Guilherme Aguiar, orientando de Enise e surfista, que recentemente defendeu sua tese de mestrado sobre o tema, isto pode acarretar até em mudança no perfil do surfista brasileiro: “Hoje os brasileiros são conhecidos como os melhores surfistas do mundo de ondas ruins, mas perdem para havaianos e australianos em condições melhores. Isso mudaria com o ‘surfódromo’. Atualmente a única etapa do circuito mundial que acontece no Brasil é a de Santa Catarina e tem sido vista como uma das mais fracas de todo o circuito” – afirma.