Revolução Energética no Mar: Brasil avalia uso de Pequenos Reatores Modulares para geração de energia elétrica para plataformas de petróleo
Planeta COPPE / Engenharia Nuclear / Notícias
Data: 14/05/2025

Em meio à transição energética global, o Brasil dá passos importantes rumo ao uso de Pequenos Reatores Modulares (SMRs) em ambientes offshore. No último dia 28 de abril, pesquisadores da Coppe e especialistas de instituições de referência no setor nuclear reuniram-se para discutir as oportunidades, os desafios e os marcos regulatórios ligados à implantação de SMRs embarcados. A tecnologia tem potencial para acelerar a descarbonização, especialmente nas operações do setor de óleo e gás.
Os SMRs representam uma nova geração de soluções nucleares, mais flexíveis, seguras e econômicas que as usinas convencionais. Com projeto modular, esses reatores podem ser fabricados em série em ambientes controlados e transportados para o local de instalação, o que reduz significativamente os custos e os prazos de implantação.
Coppe à frente de estudo pioneiro sobre viabilidade offshore
A Coppe lidera um estudo inédito, em parceria com a Petrobras, para avaliar a viabilidade técnica do uso de SMRs na geração de energia em alto-mar. O objetivo é substituir parcial ou totalmente as turbinas a gás utilizadas atualmente em plataformas de produção de petróleo, contribuindo para a redução expressiva das emissões de carbono.

Coordenado pelo professor Aquilino Senra, do Programa de Engenharia Nuclear da Coppe, o projeto aborda aspectos da física e engenharia dos reatores nucleares, ciclo do combustível nuclear, arcabouço legal para o licenciamento, condições operacionais e estratégias de descomissionamento. “A Petrobras ainda não planeja implantar SMRs, mas está avaliando essa e outras fontes limpas, como a eólica e a solar, para descarbonizar suas operações offshore”, explica Senra. Entre as propostas do estudo, está a criação de hubs energéticos híbridos (nuclear + renováveis) em um raio de 30 km das plataformas, capazes de abastecer múltiplas unidades simultaneamente.
“A tendência de crescimento da energia nuclear é enorme no curto prazo, e precisamos nos preparar para ela. Contudo há desafios que precisam ser superados para que os SMRs atendam as expectativas para geração de energia elétrica em áreas remotas e fora do sistema integrado nacional”, enfatiza Senra. O professor em sua apresentação destacou os seguintes desafios: estimativas de custos, capacidade para atender o seguimento de carga nas diferentes aplicações, estruturação de empresa para a operação dos SMRs no país, entre outros.
Além da tecnologia: os desafios da implantação
Para o professor Renato Cotta, do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, os desafios não são apenas técnicos: “É preciso considerar também fatores como aceitação pública, infraestrutura portuária para embarcações nucleares e regulamentação internacional. A tecnologia em si não é nova — desde os anos 1960 já existem navios com propulsão nuclear. O que está em jogo agora são os aspectos operacionais: custos, segurança e riscos geopolíticos, como a pirataria”, destaca.
A Coppe reafirma, assim, seu papel estratégico na vanguarda da pesquisa em energia nuclear no Brasil, promovendo debates fundamentais e conduzindo estudos que podem transformar o futuro energético do país.