Rio de Transportes discute o futuro da cidade
Planeta COPPE / Engenharia de Transportes / Notícias
Data: 28/08/2013
A demolição do Elevado da Perimetral, o Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) da Região Metropolitana e questões que afetam o trânsito do Rio de Janeiro foram debatidas dia 22 de agosto durante o XI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do Rio de Janeiro – XI Rio de Transportes. Promovido pelo Programa de Engenharia de Transportes (PET) da Coppe/UFRJ, o evento reuniu professores, pesquisadores, estudantes, representantes de governo e de empresas no auditório da Coppe, na Cidade Universitária.
A remoção do Elevado da Perimetral e sua substituição pela chamada Via Expressa, que será aberta onde hoje está a Avenida Rodrigues Alves, foram apresentadas no congresso pelo diretor de Operações da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP) da Prefeitura do Rio, Luiz Carlos de Souza Lobo. Segundo ele, o desmonte da Perimetral será feito de forma progressiva e deverá ser concluído em 2016, quando está prevista a inauguração da Via Expressa.
Manifestando preocupação quanto ao impacto da remoção do Elevado da Perimetral no trânsito carioca, o professor Paulo Cézar Ribeiro, do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, perguntou ao diretor da CDURP se foi feito um estudo detalhado sobre a integração das novas vias que substituirão a Perimetral ao sistema viário da cidade. Luiz Lobo respondeu que os impactos da intervenção ainda são desconhecidos. “Estamos concluindo um estudo sobre essa questão”, afirmou Lobo, antecipando que em algum momento, ainda não definido, trechos do trânsito da Avenida Rodrigues Alves serão desviados para a Via Binário do Porto, paralela à Avenida Rodrigues Alves. “O desvio do trânsito acarretará uma diminuição da capacidade de circulação no local, até que a Via Expressa fique pronta em 2016”, explicou.
Ainda de acordo com Luiz Lobo, a nova Via Binário do Porto, cujo trecho inicial será aberto em 2013, estará totalmente concluída em meados do ano que vem, com a inauguração dos túneis da Saúde e Binário.
A remoção do Elevado da Perimetral e abertura das vias Expressa e Binário do Porto fazem parte do chamado Porto Maravilha, cujo objetivo é reurbanizar e levar desenvolvimento à Região Portuária da cidade do Rio de Janeiro. O projeto abrange uma área de 5 milhões de metros quadrados que passa pelos bairros do Caju, Santo Cristo, Gamboa, Saúde, parte do Centro e vai até a Praça XV.
O Porto Maravilha prevê a implantação de seis linhas do sistema Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), com 28 quilômetros de extensão e 42 paradas, que será integrado ao metrô, trens, ônibus, barcas, Aeroporto Santos Dumont, teleférico do Morro da Providência e ao BRT Transbrasil. A iniciativa engloba também a instalação de 17 quilômetros de ciclovias, 120 quilômetros de redes de água e 85 quilômetros de redes de esgoto, 650 mil metros quadrados de calçadas e o plantio de 31 mil árvores. A região ganhará um parque linear de 44 mil metros quadrados entre a Praça Mauá e o Armazém 8, onde hoje é a Avenida Rodrigues Alves. Nesse trecho será aberto o Túnel da Via Expressa, de 2.570 metros, que ligará o Armazém 8 ao Mergulhão da Praça XV.
Transcarioca entrará em operação já saturada
Outro tema debatido no congresso foi o Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, instrumento orientador das ações em transporte coletivo e individual que deverão ser conduzidas pelo Governo do Estado e prefeituras municipais para atender às necessidades atuais e futuras de mobilidade da população. Iniciado há dois anos, o PDTU 2011 deverá ser concluído em outubro próximo.
Heraldo Magioli, chefe do Departamento de Planejamento de Transporte da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central), disse que a atualização da base de dados do PDTU, em fase final, dará aos gestores da área de transporte uma noção exata do crescimento populacional da região metropolitana por regiões, e permitirá avaliar o percentual de habitantes que se deslocam até a capital ou outros municípios para trabalhar.
O PDTU 2011 faz projeções de como poderá estar a infraestrutura de transportes do Rio de Janeiro em períodos de cinco anos (até 2016) e dez anos (até 2021). No primeiro cenário, até 2016, não há surpresas. Ele inclui a Linha 4 do Metrô e os quatro sistemas de BRTs (Transoeste, Transcarioca, Transbrasil e Transolímpica).
As projeções para 2021, no entanto, preveem intervenções que ainda estão no papel. Entre as possíveis obras está a criação de uma conexão entre a Estação Uruguai do Metrô e o bairro do Méier e a implantação da Linha 6 do Metrô, ligando o Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca, até à Ilha do Fundão/Aeroporto Internacional, como alternativa ao BRT Transcarioca.
“A Transcarioca já vai nascer saturada”, afirmou Heraldo Magioli, ao falar sobre a ligação da Barra ao Aeroporto Tom Jobim por BRT, cuja inauguração está prevista para 2014. O representante da Central frisou, entretanto, que alguns trechos da Transcarioca terão uma demanda maior do que outros, e o trecho entre Alvorada e Madureira será um deles. Há estudos indicando que, para atender a demanda em determinadas partes da Transcarioca, seria necessário que o intervalo entre os ônibus articulados fosse de apenas 9 segundos.
Na opinião de Magioli, para fazer frente a esse desafio, os gestores do BRT Transcarioca deverão criar linhas expressas e paradoras ligando diferentes pontos do percurso, como acontece hoje no BRT Transoeste. A estratégia visa a aumentar a capacidade de transportar passageiros nos pontos e horários mais sobrecarregados.
Ônibus de passageiros no Arco Metropolitano
Com o crescimento dos municípios da Região Metropolitana e a necessidade de investimentos em transporte público para fazer frente à elevação do número cada vez maior de automóveis nas ruas, uma outra possibilidade, de um grupo de 16 iniciativas que poderão se concretizar até 2021, é a circulação de ônibus de passageiros pelo Arco Metropolitano – conjunto de vias que corta vários municípios da Região Metropolitana, em fase de construção, que fará a ligação das principais estradas que chegam ao Rio de Janeiro, reduzindo o tráfego de caminhões de carga pela cidade.
“No futuro será preciso pensar se haverá necessidade de transportar passageiros pelo Arco Metropolitano que, inicialmente, seria utilizado apenas para o transporte de carga”, adiantou Heraldo Magioli. O executivo da Central destacou a necessidade de realizar atualizações do PDTU a cada cinco e dez anos como forma de ter dados mais precisos para planejar o transporte na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Heraldo Magioli também apresentou números preliminares do PDTU 2011, que mostram a elevação do número de passageiros transportados (viagens realizadas) nos diferentes modais no período 2003-2012. O número de passageiros dos ônibus municipais, por exemplo, passou de 5,2 milhões, em 2003, para 6,6 milhões, em 2012. Nos ônibus intermunicipais, o número passou de 1,3 milhão para 1,7 milhão no mesmo período.
O levantamento também mostra a necessidade de investimentos para ampliar o transporte de passageiros nos sistemas ferroviário e metroviário. Em 2003, o número de passageiros dos trens era de 303 mil e em 2012 passou para 568 mil. No metrô, o número passou de 355 mil para 665 mil, no mesmo período. Outro dado relevante do estudo é o aumento da participação dos chamados ônibus executivos, muitos deles fretados por condomínios, nas viagens realizadas diariamente pela cidade. Uma modalidade de transporte em expansão, que deverá passar por um controle maior nos próximos anos. O número de passageiros desses coletivos, que em 2003 era de 47 mil, chegou a 70 mil, em 2012.
Leia ainda a entrega do prêmio Prêmio Amaranto Lopes Pereira, realizada no último dia do evento