Sistema de alerta combaterá incêndios no Parque da Tijuca
Planeta COPPE / Engenharia Civil / Notícias
Data: 05/02/2003
Foi inaugurado no dia 30 de janeiro, no Centro Cultural da Light, um sistema de alerta para monitorar riscos de incêndio na Floresta da Tijuca. Inédito no país, o sistema desenvolvido por pesquisadores da COPPE e do Departamento de Meteorologia da UFRJ possui duas plataformas de coleta de dados que controlarão, em tempo real, as condições de riscos de incêndio na região. A tecnologia também permitirá prever o grau de risco de queimada com 48 horas de antecedência e estimar sua extensão, informando previamente de que forma e em que direção o fogo tende a se propagar na região. Para se ter uma idéia, dados do Corpo de Bombeiros mostram que nos últimos 10 anos o estado do Rio de Janeiro perdeu 2% de Mata Atlântica em decorrência de queimadas.
Financiado pelo Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Light, o sistema de monitoramento poderá servir de modelo para outros Parques Nacionais do país. Além dos órgãos competentes, o público em geral também poderá acompanhar o monitoramento cujos dados serão disponibilizados no site: www.lamma.ufrj.br/queimadas. Estiveram presentes na inauguração o diretor adjunto da COPPE, Luiz Landau, o coordenador do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Light, José Tenório Barretos Jr., o presidente do Instituto Estadual de Florestas, Maurício Lobo Abreu, o diretor do Parque Nacional da Tijuca, Celso Santos.
O projeto foi coordenado pelos professores Luiz Landau, do Programa de Engenharia Civil da COPPE, e Gutemberg Borges França, do Departamento de Meteorologia da UFRJ. Parte dos estudos foram objeto da tese de doutorado da engenheira Vânia Resende Carapiá, que será defendida na COPPE até o final deste ano. Segundo Gutemberg, o que mais o estimulou neste trabalho foi ter a chance de desenvolver uma tecnologia cuja finalidade é preservar a maior floresta urbana do mundo.
Como funciona o sistema
A capacidade de representar, em tempo real, a situação dos diferentes ecossistemas da floresta da Tijuca é uma das grandes vantagens desse sistema de monitoramento que processa um grande número de dados, integrando informações como temperatura, umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento, regime de chuvas, pressão atmosférica, temperatura e umidade da vegetação. Coletados através de sensores instalados nas plataformas das torres de transmissão da Light, localizadas no Horto Florestal e no Sumaré, os dados são enviados para o satélite brasileiro e transmitidos à UFRJ. Com base nas informações processadas, os pesquisadores analisam e estimam o índice de queimada, ou seja, o risco de incêndio.
Como o comportamento do incêndio em florestas é irregular, as informações sobre os fatores ambientais são importantes para estimar o potencial de incêndio na área. “Se, por exemplo, estivermos num período seco e os sensores registrarem velocidade alta do vento, que é de difícil previsão dado a variação de intensidade e direção, certamente lançaremos o alerta por concluirmos que há um grande potencial de incêndio. Caso este quadro ocorra em local de encosta, o alarme deve ser intensificado, pois o incêndio poderá atingir grandes extensões, já que topografia local influencia na forma e velocidade de propagação do fogo”, explica o pesquisador.
Antes de iniciar o projeto, os pesquisadores da COPPE/UFRJ desenvolveram um estudo prévio para determinar os locais de instalação das plataformas de coleta e mapear a região, que foi dividida em ecossistemas, de acordo com os seguintes fatores: regime de chuvas, insolação, circulação atmosférica (brisa), distribuição da vegetação e topografia da região. “A brisa, que é úmida próxima a costa, torna-se seca do outro lado da montanha. A vegetação na região do Horto é bem conservada mas próxima ao Sumaré é bastante devastada. Caso não conhecêssemos bem a região, poderíamos não levar em conta essas informações. Foi trabalhoso mas valeu a pena porque pudemos desenvolver um sistema preciso”, destaca Gutemberg.