Sistema inovador para melhorar gestão de fundos de pensão
Planeta COPPE / Engenharia de Sistemas e Computação / Notícias
Data: 06/09/2011
Um sistema inovador desenvolvido na Coppe para orientar as aplicações financeiras dos fundos de pensão mostrou-se capaz de proporcionar uma rentabilidade igual ou maior que a de outros sistemas disponíveis no mercado, sem que seja necessário mexer no atual quadro regulatório dos planos de previdência privada.
O sistema comprovou que é perfeitamente possível obter um rendimento real mínimo de 6% ao ano – necessário para proteger o valor futuro das aposentadorias – mesmo obedecendo ao dispositivo legal que limita em 40% as aplicações em ativos de renda variável. Estes rendem mais que os de renda fixa, mas oferecem maior risco para os aplicadores, daí o teto imposto pela legislação que regula a previdência privada no Brasil e que costuma ser criticado por instituições gestoras dos fundos.
A nova ferramenta, que avalia o mercado e faz recomendações de investimentos, é fruto da dissertação de mestrado de Diego Lages, orientado pelos professores Nelson Maculan Filho, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe, e o economista Claudio Contador, diretor da Escola Superior Nacional de Seguros.
Em média, os associados que contribuirem mensalmente com 10% do salário, por um período de 30 a 35 anos poderão ter uma aposentadoria mensal de, aproximadamente, 90% do salário que ganhavam na ativa. Para alcançar isso, as aplicações dos fundos de pensão precisam atingir a chamada meta atuarial: um rendimento mínimo real (já descontada a inflação) de 6% ao ano. A mesma legislação determina, porém, que os fundos de pensão só podem aplicar em ativos de renda variável o máximo de 40% do valor das contribuições dos associados. O restante, ou seja 60%, é aplicado em ativos de renda fixa, como imóveis, recebíveis, fundos de investimentos (limite de 3%).
As instituições financeiras gestoras dos planos de previdência privada – um mercado que em 2010 acumulou R$ 520 bilhões em reservas – gostariam de ver ampliado o teto para aplicações em ativos mais rentáveis e, portanto, de maior risco, porque consideram que o limite atual dificulta atingir a meta atuarial. Além de ter mostrado que é possível compatibilizar as exigências legais, o sistema desenvolvido na Coppe funciona como um guia para os gestores dos fundos planejarem suas aplicações dentro do quadro regulatório em vigor.
Diego fez simulações com e sem o limite da regulação em vários cenários de recomendações de aplicações em renda variável, mês a mês, no período de maio de 2007 a janeiro de 2010. Em todas as simulações obedecendo à regulamentação, a meta atuarial não só foi superior a 6%, como também superou a média do mercado dos fundos de previdência.
Crise de 2008
O período testado na pesquisa abarcou a grande crise financeira global iniciada em setembro de 2008, com a quebra do mercado imobiliário nos Estados Unidos. Os resultados dos testes mostraram o acerto da regulamentação atual: no período da crise, entre os meses de Maio e Outubro de 2008, enquanto o índice Ibovespa caiu mais que 50%, a média de mercado dos fundos de pensão caiu aproximadamente 10% enquanto o modelo matemático teve ganho de aproximadamente 2%, fazendo com que somente este último tivesse atingido a meta atuarial.
O professor da Coppe Nelson Maculan Filho, especialista em Ciência e Matemática da Computação, explica que, após ser alimentado com estimativas de retorno de ativos a priori, o sistema criado por Diego cria carteiras de investimentos, levando em conta os riscos e a rentabilidade de cada ativo. No mês seguinte, o sistema automaticamente recria novas carteiras, podendo fazer uma realocação de ativos, e assim sucessivamente, mês a mês. Tudo isso, obedecendo aos limites da regulação. “Procuramos desenvolver uma metodologia com utilidade tanto para as instituições financeiras quanto para a sociedade, já que se destina a proteger o futuro financeiro dos cidadãos que contribuem para os fundos de pensão”, explica o professor.
É justamente para proteger o futuro do cidadão comum que Claudio Contador defende a manutenção do teto estabelecido pela legislação brasileira. O economista explica que dirigentes dos planos de previdência privada costumam reclamar do rigor da regulação. Mas, garante ele, o sistema da Coppe permite obter retorno financeiro ainda maior que o mínimo necessário, sem que seja preciso mexer na legislação. “É preciso melhorar a gestão dos fundos com a implantação de técnicas e metodologias mais modernas”, explica.
Apesar de ter sido desenvolvido para o mercado de fundos de pensão, o sistema da Coppe pode ser utilizado também para processar outras modalidades financeiras que apresentem riscos e características similares.