Tecnologia Nuclear: Segurança, Inovação e Desenvolvimento
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Data: 18/07/2025

Quando se fala em tecnologia nuclear, muita gente pensa apenas em usinas ou armas nucleares. Mas isso é só uma pequena parte. Cerca de 90% das aplicações da tecnologia nuclear têm fins pacíficos e trazem benefícios diretos à sociedade.
Na área da saúde, por exemplo, a tecnologia nuclear está presente no diagnóstico por imagem, no tratamento do câncer e em diversas terapias aplicadas em todo o corpo humano. “São aplicações amplamente aceitas, mas pouco conhecidas”, comenta o professor Aquilino Senra, do Programa de Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ.
Procurado pela imprensa para comentar os riscos associados a ataques a usinas nucleares no Irã, e as possíveis consequências para o programa nuclear brasileiro, o professor reforça: “O programa brasileiro é rigorosamente controlado. Temos um acordo quadripartite que envolve a Argentina, o Brasil, a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC) e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).”
Esse acordo é considerado um modelo internacional. “Havia rivalidade entre os dois países, inclusive militar. A criação da ABACC possibilitou um sistema regionalizado de controle, que gera confiança mútua e garante total transparência nas atividades nucleares dos dois países”, explica.
Além da segurança, a tecnologia nuclear é cada vez mais estratégica. Com a crescente demanda por energia — impulsionada pela digitalização, pela inteligência artificial e pela construção de datacenters —, a energia nuclear se destaca como fonte limpa, confiável e constante.
A França, por exemplo, gera 82% da sua eletricidade com energia nuclear. Nos Estados Unidos, esse número é de 20%. “É uma fonte estável, sem emissões de carbono e adequada para regiões remotas ou de condições extremas, como a região do Ártico”, destaca o professor.
E o Brasil? Segundo Aquilino, o país terá que ampliar sua capacidade nuclear. “Acredito que ela vá representar pelo menos 5% da matriz energética brasileira, mais que o dobro da participação atual. Deixamos de construir grandes barragens hidrelétricas por causa dos impactos sociais e ambientais. As usinas a fio d’água têm menor capacidade de armazenamento. Isso vai reduzir a participação da energia hidrelétrica na matriz.
Outro campo promissor é o dos pequenos reatores modulares. Com menor porte, maior flexibilidade e alto nível de segurança, eles podem ser a solução ideal para demandas específicas — como, por exemplo, o datacenter que a Prefeitura do Rio pretende instalar na região do Parque Olímpico, com uma demanda estimada de 3,2 gigawatts.
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