Tecnologia torna mais acessível tratamento contra o câncer
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Data: 01/10/2009
Nova tecnologia para aplicação de quimioterápicos desenvolvida na Coppe possibilitará maior acesso da população brasileira a tratamentos de ponta no combate ao câncer. Um processo inovador desenvolvido pelos pesquisadores do Laboratório de Modelagem, Simulação e Controle de Processos (LMSCP) tornará mais viável a produção no Brasil de polímeros sintéticos com medicamentos, cuja função é levar o remédio até o local mais próximo do tumor, através da corrente sanguínea. O processo utiliza como base um polímero sintético – esfera microscópica de materiais plásticos – denominado casca-núcleo, já patenteado pela Coppe em parceria com uma empresa, que mede menos que um grão de sal.
Um dos diferenciais da técnica desenvolvida na Coppe é a inserção do fármaco no polímero feita em uma única etapa do processo de produção, reduzindo tempo e custo na fabricação. A inovação é fruto da tese de doutorado de Marco Oliveira, aluno do Programa de Engenharia Química, sob a orientação dos professores José Carlos Pinto e Márcio Nele.
A aplicação de fármacos por meio de polímeros tem sido utilizada com sucesso em vários países, mostrando-se mais eficaz que o tratamento quimioterápico tradicional por atuar diretamente sobre as células cancerígenas, reduzindo a quantidade de medicamentos no organismo e, consequentemente, seus efeitos colaterais. “Infelizmente, no Brasil sua aplicação ainda é restrita devido ao custo dos produtos, até então todos importados”, afirma Marcos. Para se ter uma idéia, o valor do polímero importado custa mais de dois dólares por miligrama, sendo que em cada sessão é utilizada, em média, 500 miligramas.
Esse foi um dos fatores que estimulou os pesquisadores da Coppe a desenvolver um novo produto e processo de fabricação capaz de reduzir custos e tornar o tratamento mais adequado à realidade brasileira.
Segundo o professor José Carlos Pinto, a tecnologia brasileira poderá tornar o tratamento mais acessível à população. “Agora só falta uma empresa interessada em produzir o polímero com quimioterápicos para disponibilizá-lo no mercado. O fato é que contamos com toda a tecnologia necessária e poderíamos já estar fabricando esses produtos. Isso traria benefícios a centenas de pessoas”, afirma.
Como funciona a técnica
O polímero desenvolvido na Coppe, denominado casca-núcleo, pode ter mais de uma função e ser utilizado em vários tipos de tratamento. Além de servir como veículo para transportar fármacos na corrente sanguínea, possibilitando um tratamento mais direcionado, os polímeros podem ainda combater tumores por meio de embolização. Nesse caso, funciona como agente embólico; ou seja, obstrui os vasos sanguíneos, impedindo a irrigação de sangue sobre o tumor, fazendo-o regredir ou mesmo eliminando-o. Seu tamanho permite que a micropartícula seja injetada no corpo para levar o medicamento até o local mais próximo possível do tumor, proporcionando um combate direto e potencializando o efeito físico da embolização.
Diferente do que acontece na quimioterapia tradicional, onde células saudáveis também são afetadas durante o tratamento, ambos os métodos preservam as células saudáveis e, consequentemente, o sistema imunológico do paciente. “Além de poupar as células sadias, a aplicação direcionada diminui a quantidade do medicamento, ajustando-a a necessidade real do paciente, o que reduz os pesados efeitos colaterais”, explica Marcos.
Uma parceria entre o Inca e a Coppe para o desenvolvimento de novas tecnologias no combate ao câncer, firmada em junho deste ano, contribuirá para o aperfeiçoamento do produto.