Transformação e ciência

Planeta COPPE / Artigos

Data: 17/07/2023

| Autor(a): Suzana Kahn

Suzana Kahn

Muito se fala em transição energética, transformação digital e na quarta revolução industrial (convergência das tecnologias digitais, físicas e biológicas), como vetores de uma nova economia que requererá profissionais cada vez mais qualificados e versáteis. Há uma necessidade fundamental de se aprender a viver neste mundo VUCA, um acrônimo de origem militar significando: Volatilidade, Incerteza, Complexidade. Ambiguidade.  

A volatilidade é por conta das mudanças, sobretudo tecnológicas, muito rápidas, provocando resistência daqueles que não conseguem mudar e angústia dos que não acompanham a evolução da tecnologia. A incerteza é devido à falta de clareza acerca das soluções para os problemas que surgem, uma vez que são novos, sem um modelo anterior a ser seguido. A complexidade é consequência de um mundo cada vez mais conectado, multifacetado e interligado. Por fim, a ambiguidade, que é o resultado de inúmeras possíveis formas de interpretar e analisar diferentes contextos, onde se aumenta a relatividade que leva a uma maior falta de clareza e de certezas.

Nesse momento, a universidade se mostra ainda mais importante para oferecer soluções voltadas para as grandes transformações. A Coppe/UFRJ – um dos maiores centros de pesquisa e ensino em pós-graduação de Engenharia na América Latina – continua estabelecendo metas para se manter na vanguarda. Como a descarbonização será provavelmente a transformação tecnológica mais acelerada dos últimos séculos, criou o Centro de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono, onde são agrupados os diferentes laboratórios do complexo da Coppe que lidam direta ou indiretamente com o tema, oferecendo soluções para a redução de emissões a diferentes setores da sociedade. 

A revolução digital, base da nova economia, também terá uma abordagem transversal com a criação da Coppe IA – Inteligência Artificial, onde parceiros externos também farão parte, pois o motor da inovação exige parcerias entre governo, empresas e universidades. A inovação e o empreendedorismo têm papel fundamental como impulsionadores do progresso, com novas ideias, soluções e oportunidades para indivíduos, empresas e comunidades. O empreendedorismo é o veículo que dá vida à inovação. É a mentalidade e a ação de transformar ideias em negócios viáveis. A Coppe reforçará seu ecossistema de inovação, fornecendo o ambiente adequado para desenvolvimento de ideias e produtos disruptivos, de tal forma que possamos ampliar a criação de empregos para os profissionais altamente qualificados que se formam e fortalecer as ações de empreendedorismo social para a solução de problemas locais. 

A integração desses elementos permitirá um ambiente estimulante para a comunidade. Também é preciso dar maior importância à aprendizagem além de focar somente o ensino e integrar problemas práticos da indústria à sala de aula através de novos formatos. Áreas de conhecimento transversal deverão ser estruturadas de maneira a contemplar a complexidade e a ambiguidade do mundo atual. Como a volatilidade das mudanças tende a ser cada vez maior, a Coppe acelera cada vez mais.

Suzana Kahn, engenheira, é especialista em mudanças climáticas e futura diretora da Coppe/UFRJ.

*Artigo publicado em O Globo, editoria Opinião, dia 15 de julho.

  • Baixo Carbono
  • Ciência
  • Descarbonização
  • Inteligência Artificial
  • Tecnologia
  • Transição Energética