Trem que levita sobre trilhos é desenvolvido com tecnologia brasileira
Planeta COPPE / Notícias
Data: 10/10/2003
Com tecnologia inteiramente nacional, pesquisadores do Laboratório de Aplicações de Supercondutores (LASUP) da COPPE e da Escola Politécnica da UFRJ acabam de concluir mais uma etapa do desenvolvimento do Trem de Levitação Magnética. De acordo com os cálculos dos pesquisadores, já na próxima década poderíamos ter o trem que levita sobre trilhos cumprindo o trajeto entre o centro do Rio de Janeiro e o de São Paulo em apenas 1 hora, quase o mesmo tempo gasto por um avião. O custo para a implantação é estimado em R$ 100 milhões, a mesma quantia gasta para o Metrô do Rio.
Podendo ultrapassar a velocidade de 400 quilômetros por hora, o trem desenvolvido pelos brasileiros, de Levitação Magnética Supercondutora (SQL), tem sua tecnologia baseada na formação de um campo magnético de repulsão entre os trilhos e os módulos de levitação (pastilhas supercondutoras que substituem as rodas e são compostas de ítrio, bário e cobre). Para criar este campo magnético, o que faz o trem levitar, os cientistas resfriam os supercondutores a uma temperatura negativa de 196º C, utilizando nitrogênio líquido.
Para testar o funcionamento do trem, foi montado no LASUP um trilho de 30 metros de extensão para que o protótipo do veículo possa levitar, representando o que seria na realidade o deslocamento do trem. Este tipo de levitação, baseada no efeito de exclusão de campo magnético do interior dos supercondutores (efeito Meissner), somente pôde ser explorado devidamente a partir do final do século XX com o surgimento de novos materiais magnéticos e pastilhas supercondutoras de alta temperatura. Estes novos supercondutores estão sendo usados na pesquisa de um novo trem de levitação em diferentes países, incluindo o Brasil. Quando a Alemanha e o Japão iniciaram seus programas de trem de levitação, a tecnologia SQL, utilizada no protótipo brasileiro, ainda não estava disponível.
A durabilidade dos ímãs e das pastilhas supercondutoras apontam para um período superior a 20 anos, o que torna ainda mais viável economicamente o trem desenvolvido no Brasil. Além disso, o País possui toda a matéria-prima necessária para esta produção, o que pode gerar ainda mais empregos com as instalações de novas indústrias e mobilização de mão de obra. Outra vantagem é que o trem de levitação é um meio de transporte não poluente, rápido, seguro e alimentado fundamentalmente por energia elétrica.
O Estudo do Trem de Levitação Magnética foi desenvolvido pelos professores Richard Stephan, da COPPE, Rubens de Andrade Junior, da Escola de Engenharia, e Roberto Nicolsky, do Instituto de Física da UFRJ.