Vida nova para o histórico Morro da Conceição
Planeta COPPE / Engenharia de Produção / Notícias
Data: 23/09/2011
Um dos pontos históricos mais tradicionais da cidade do Rio de Janeiro está pas-sando por um processo de revitalização. Trata-se do Morro da Conceição, região que foi berço da cidade, no século XVI, e das primeiras rodas de samba e choro, no século XIX. A área faz parte do programa Porto Maravilha, projeto de revitalização da zona portuária carioca. Para colaborar com a iniciativa, o Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social do Programa de Engenharia de Produção da Coppe desenvolveu o projeto Palácios do Rio, iniciativa que visa atrair mais turistas para a região e estimular a atuação de jovens guias de turismo recém-formados.
O projeto Palácios do Rio inclui visitas ao Morro da Conceição, que começam dia 3 de outubro de 2011 e se estenderão até o dia 8 de dezembro. A iniciativa também será uma oportunidade para guias de turismo formados pelo Colégio Estadual Antônio Prado Júnior mostrarem o seu trabalho. As visitas serão realizadas, segunda à quinta-feira, entre às 9 horas e às 13 horas. No intuito de preservar a sustentabilidade local, os grupos de visita serão restritos a um número máximo de 25 visitantes. Os interessados devem agendar previamente a visita pelos números 2562-8295 e 2562-8297, ou por e-mail: palaciosdorio@gmail.com
Os roteiros incluem paradas em ateliês de artistas locais e conversas com os mora-dores mais antigos do morro. “Durante as visitas, 16 guias terão a oportunidade de mos-trar seu talento e buscar uma oportunidade no mercado de trabalho. O envolvimento social é um fator decisivo para o sucesso desse trabalho”, explica Marisa Egrejas, coor-denadora executiva do projeto. As visitações serão feitas de maneira inovadora, empre-gando brincadeiras como jogo da memória e caça ao tesouro para estimular a aprendi-zagem dos visitantes e a troca de experiências.
O projeto foi desenvolvido foi desenvolvido levando em consideração a sustenta-bilidade local e o envolvimento dos moradores. A proposta é encaminhar para a região uma parte da receita que deve ser gerada pelo turismo no Rio, agora e nos próximos anos. Em junho de 2011, 5,2 milhões de turistas estiveram no Brasil e geraram uma re-ceita de cerca de US$ 490 milhões, um crescimento de 18,33% em relação a junho do ano anterior, segundo dados do Ministério do Turismo. O projeto conta ainda com a parceria da DPHCEX, Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural do Exército.
As visitas são feitas de maneira inovadora, empregando brincadeiras como jogo da memória e caça ao tesouro para estimular a aprendizagem dos visitantes e a troca de experiências. Os roteiros incluem paradas em ateliês de artistas locais e conversas com os moradores mais antigos do morro. “Durante as visitas, 16 guias terão a oportunidade de mostrar seu talento e buscar uma oportunidade no mercado de trabalho. O envolvimento social é um fator decisivo para o sucesso desse trabalho”, explica Marisa Egrejas, coordenadora executiva do projeto.
“A troca de experiências melhora a qualidade da visitação. Em última análise, conhecer a fundo um lugar diferente ajuda o entendimento de nós mesmos. A interação social é uma forma de fazer isso acontecer”, explica a pesquisadora da Coppe. Segundo ela, as inter-relações sociais ajudam a desenvolver “valores múltiplos” que vão além dos ganhos financeiros. Quem ganha é o próprio Morro da Conceição, que, ao conquistar o afeto de visitantes e moradores, passa a ser mais bem cuidado e conservado.
Morro e arredores, história e tradição
O Morro da Conceição fica próximo à Praça Mauá, entre a Rua do Acre e a Ladei-ra do Morro do Valongo. A cidade do Rio de Janeiro começou a se desenvolver entre quatro morros, Conceição, São Bento, Santo Antônio e Castelo – este último derrubado no início da década de 1920 para dar mais espaço para a expansão da cidade. Por essa razão, a região é famosa pela riqueza histórica, artística e cultural. O Palácio e Fortaleza da Conceição, localizados no alto do morro, é o endereço de referência para os visitantes.
Erigido no início do século XVIII, o palácio é uma mistura de espaço religioso e militar. A construção já foi sede da ordem dos capuchinhos e, mais tarde, moradia do bispo frei Francisco de S. Jerônimo. Em 1711, quando o local foi tomado por invasores franceses, a residência foi abandonada pelos religiosos. À época, o Morro da Conceição era um ponto estratégico pela visão privilegiada de toda a cidade.
Após a saída dos invasores, as autoridades locais ergueram uma fortaleza próxima à morada do bispo. Irritado com o barulho dos tiros de canhões e a movimentação dos novos vizinhos, frei Francisco reclamou ao rei de Portugal. A partir desse momento, a fortaleza diminuiu suas atividades de defesa, tornando-se uma fábrica de armas. Convi-veram harmonicamente até 1912, quando a sede do bispado foi transferida para o Palá-cio Arquiepiscopal da Glória em 1912. Atualmente, a fortaleza-palácio pertence ao E-xército e abriga a 5ª Divisão de Levantamento.
Três diferentes roteiros turísticos terminam com um passeio pela construção cen-tenária. A primeira começa no Largo da Prainha e passa pela Rua João Homem. A se-gunda sai da Pedra do Sal e segue pela Rua Jogo da Bola. No terceiro trajeto, parte do percurso é de van, solução ideal para grupos formados por pessoas com dificuldades de locomoção e crianças. A escolha do roteiro é feito pelo guia, a partir do entendimento das necessidades e dos interesses do grupo.
A Pedra do Sal, outro importante monumento histórico da região, também é desta-que nos roteiros turísticos. A escadaria escorregadia e charmosa serve de acesso ao mor-ro. O nome teve origem nas atividades do velho porto do Rio de Janeiro: a escadaria era usada como ponto de desembarque de carregamentos de sal. Mais tarde se tornou ponto de encontro de sambistas e chorões, como Donga, João da Baiana, Pixinguinha e Heitor dos Prazeres. Ainda hoje as noites do lugar são pontuadas por rodas de samba e choro abertas ao público e a novos compositores.