Alunos da Coppe conquistam os primeiros lugares no Prêmio Braskem
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Data: 04/08/2009
Alunos do Programa de Engenharia Química da Coppe conquistaram os primeiros lugares no Prêmio Braskem da Associação Brasileira de Engenharia Química (Abeq). Na acirrada disputa da qual participam alunos das melhores universidades do país, João Baptista Severo Júnior, Eduardo Rocha de Almeida Lima, Frederico de Araujo Kronemberger e Milena Guedes Maniero Ferreira tiveram selecionadas suas teses de Doutorado e dissertações de Mestrado. A cerimônia de premiação foi realizada, no mês de junho, durante o Workshop sobre Inovação e Sustentabilidade na Indústria Química Brasileira. Essa foi a oitava edição do Prêmio.
A tese de doutorado que conquistou o primeiro lugar foi defendida por Eduardo Lima, sob a orientação dos professores Evaristo Chalbauld Biscaia Junior e Frederico Wanderley Tavares. A pesquisa obteve ótimos resultados na manutenção da estabilidade dos sistemas coloidais que estão presentes na composição de produtos como leite, cremes, cervejas, refrigerantes e maioneses, entre outros. Quando, por exemplo, o leite coalha, isso ocorre porque estes colóides se tornaram instáveis. “A instabilidade é a principal característica desses sistemas. Manter as colóides estáveis significa garantir maior durabilidade na conservação desses produtos.”, explica Eduardo.
Mais dois alunos da Coppe conquistaram o segundo lugar na categoria doutorado: Frederico de Araujo Kronemberger e Milena Guedes Maniero. Sob a orientação dos professores Cristiano Piacsek Borges e Denise Maria Guimarães Freire, Frederico desenvolveu um estudo relativo à produção de ramnolipídeos, um tipo de biossurfactante que funciona como uma espécie de detergente biodegradável, capaz de eliminar óleo de solos e de ambientes aquáticos.
Biodegradáveis, os biossurfactantes são utilizados para eliminar a poluição em caso de derramamento de óleo, além de servir para a limpeza de tanques que armazenam o produto. Quando purificado, seu uso também é testado na produção de fármacos para o tratamento de psoríase, assim como na formulação de emulsões fabricadas pela indústria de cosméticos. O processo, já patenteado, foi desenvolvido no Laboratório de Processos com Membranas da Coppe e no Laboratório de Biotecnologia Microbiana do Instituto de Química, com tecnologia 100% nacional.
Milena Guedes Maniero Ferreira dividiu o segundo lugar com Frederico. Sob a orientação da professora Márcia Dezotti, a aluna pesquisou formas de tratamento de água, por meio de ozonização e processos oxidativos, visando à remoção de estrogênio, um tipo de hormônio. A contaminação dos recursos hídricos por estrogênios vem sendo estudada principalmente na Europa, Japão e Estados Unidos. No Brasil esses processos avançados de remoção ainda não são adotados pelas estações de tratamento. Em sua tese, Milena faz uma análise completa da remoção dos estrogênios, abordando desde a degradação dos micropoluentes até a identificação dos subprodutos formados.
Na categoria mestrado, o primeiro lugar foi conquistado pelo aluno João Baptista Severo Júnior. Sob a orientação dos professores Helen Conceição Ferraz e Tito Lívio Moitinho Alves, a dissertação se refere à produção do sorbitol – poliálcool utilizado na produção da Vitamina C, adoçantes, laxantes – e de ácido lactobiônico, muito usado na produção de cosméticos, além de ser o maior constituinte na solução que preserva órgãos transplantados.
Um dos méritos da pesquisa desenvolvida por Severo Júnior é ter conseguido produzir os dois compostos, simultaneamente, em condições normais de temperatura e pressão, o que reduziu muito os gastos com energia. No processo de produção tradicional, no qual os compostos são fabricados separadamente, o gasto com energia é muito alto. O aumento na capacidade de produção é outra vantagem obtida com a pesquisa. Severo utilizou um bioreator para separar o ácido lactobiônico das enzimas responsáveis pelo processo de produção, impedindo a desnaturação dessas enzimas.
Conheça o perfil dos premiados:
Eduardo Lima
Eduardo Lima nasceu em 1982, no Colorado, pequena cidade do Paraná. Desde cedo demonstrou interesse nas ciências exatas, o que levou o jovem, aos 22 anos, a se formar em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). No decorrer do curso apaixonou-se por termodinâmica. Interessado em matemática aplicada, iniciou em 2005 o mestrado no Programa de Engenharia Química (PEQ) da Coppe. Por ter obtido excepcional desempenho nas disciplinas cursadas no começo do período, foi convidado ao doutoramento direto, sem ter que defender o mestrado.
Já possui dez artigos publicados em periódicos científicos internacionais. Atualmente está cursando o seu pós-doutorado na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Embora tenha recebido propostas para ficar nos Estados Unidos, Eduardo pretende retornar ao Brasil no fim do ano para prestar concurso para professor universitário e formar um grupo de pesquisa. “Como me formei integralmente em escolas e universidades públicas e recebi várias bolsas de estudo, tenho a obrigação e quero ter a honra de poder contribuir para o desenvolvimento do meu país”, afirmou.
Frederico de Araújo
Nascido em Petrópolis, em 1980, Frederico de Araujo costumava desde pequeno brincar com kits de laboratório – o que não garantiu que a escolha pela profissão fosse natural. Na hora de fazer vestibular descartou as carreiras que não faria de jeito nenhum e diante das que sobraram optou pela Engenharia Química. “Dei sorte de ter escolhido uma carreira que combinou bastante comigo”, afirmou o aluno, que já no início de seu mestrado na Coppe foi convidado a ingressar no doutorado, o qual concluiu com defesa de tese em 2007.
A tese de Frederico foi premiada três vezes: ganhou o Prêmio Petrobras de Tecnologia, em 2007, obteve Menção Honrosa no Prêmio Capes, em 2008, e acaba de conquistar o segundo lugar no PrêmioBraskem-ABEQ. “Não sou o único responsável por essa vitória, mas é muito bom ver que ao submeter o trabalho a três comissões diferentes, todas reconheceram o esforço.”, concluiu.
Milena Guedes
Nascida em 1978, em Paraguaçu Paulista, estado de São Paulo, Milena Guedes graduou-se em Engenharia Química pela Universidade Federal de São Carlos e é mestre em Engenharia Química pela Universidade Federal de São Carlos.
Doutora em Engenharia Química pela Coppe, tem três artigos publicados e atualmente é pesquisadora colaboradora do Departamento de Saneamento e Ambiente da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp. No início de sua carreira, em 1999, recebeu o Prêmio Jovem Pesquisador, no Congresso de Iniciação Científica da Universidade Federal de São Carlos.
João Baptista Júnior
Nascido em 1982, no Rio Grande do Sul, foi criado em Aracajú, no estado de Sergipe. Ainda no colégio, a química chamou sua atenção, levando o estudante a ingressar na Universidade Federal de Sergipe. Graduou-se em 2006 em Engenharia Química e decidiu fazer Mestrado no Programa de Engenharia Química da Coppe/UFRJ, no Rio.
Atualmente cursando doutorado na Coppe, estuda técnicas de planejamento de experimentos em sistema de cromatografia. “Já estão me cobrando outro prêmio”, brincou.
Segundo João Baptista, o prêmio recompensa o esforço despendido. “É um atestado de qualidade à Coppe, que tem o melhor programa de engenharia química do país, e saiu vitoriosa em todas as categorias dessa premiação”, ressaltou.