Mudanças climáticas provocam aumento do consumo de energia
Planeta COPPE / Notícias
Data: 30/05/2008
O quadro vislumbrado pelos pesquisadores da COPPE tem outro lado negativo: a mudança do clima poderá resultar em aumento de 9% do consumo de energia elétrica nos setores residencial e de 19% no setor de serviços, devido à maior necessidade de condicionamento de ar. Isso representaria uma elevação de 8% no consumo total de eletricidade projetado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para 2030, levando-se em conta as condições climáticas previstas pelo estudo para o período de 2071 a 2100.
Assim, o estudo da COPPE constatou que além da redução da oferta de todas as fontes renováveis, com exceção dos produtos de cana, haverá aumento da demanda de energia. Diante desse quadro, os pesquisadores não têm dúvidas de que algumas medidas terão que ser adotadas: aumentar o uso racional de energia e a eficiência energética; expandir a oferta de eletricidade, a partir de combustíveis alternativos, como resíduos sólidos urbanos e bagaço de cana; e ampliar a oferta de biocombustíveis, sobretudo do biodiesel.
Para a conservação de eletricidade, eles propõem, por exemplo, a adoção de programas e a substituição de equipamentos, com empréstimos a juros baixos de instituições financeiras governamentais, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As sugestões dos pesquisadores para a sociedade incluem descontos para consumidores que instalem equipamentos mais eficientes, incentivos à substituição de chuveiros elétricos por aquecedores solares e criação, pelas concessionárias, de incentivos para os consumidores residenciais substituírem condicionadores de ar, refrigeradores e freezers ineficientes.
Já o melhor uso dos biocombustíveis resultará, segundo eles, do desenvolvimento de veículos energeticamente mais eficientes, da cobrança de pedágio para automóveis no centro das cidades e da melhoria da infra-estrutura rodoviária, que podem contribuir para reduzir o consumo de combustíveis fósseis e as emissões de CO2.
Outras formas de aumentar a eficiência energética da frota incluem promoção de acordos de adesão voluntária com a indústria automobilística, certificação de veículos e testes periódicos de emissões veiculares. Os pesquisadores também são favoráveis à renovação da frota de caminhões e ao incentivo ao transporte ferroviário e à integração trem/caminhão, para transporte de cargas.
Entre as medidas para expansão da oferta de eletricidade, a geração de eletricidade a partir do bagaço da cana processada nas usinas de açúcar e álcool é apontada como uma alternativa interessante. Outra alternativa, sugerem os pesquisadores, é incentivar o uso dos resíduos sólidos urbanos, fonte de energia renovável pouco utilizada no Brasil. O país produz diariamente 375 mil toneladas de resíduos urbanos, que poderiam ser usados para a geração de eletricidade.