Professor da Coppe tem artigo publicado em revista do grupo Nature
Planeta COPPE / Planejamento Enérgico / Notícias
Data: 15/09/2023
O professor Roberto Schaeffer, da Coppe/UFRJ, é coautor de artigo publicado nesta quarta-feira, 13 de setembro, pela Nature Communications. O artigo aborda a velocidade, a trajetória e a viabilidade das trajetórias globais de redução de consumo de combustíveis fósseis em diferentes cenários consistentes com a limitação do aquecimento global do planeta a no máximo 2°C até o final do século.
Segundo o professor do Programa de Planejamento Energético, em cenários que limitam o aquecimento a 1,5°C, sem ou com uma ultrapassagem temporária limitada desta temperatura (overshoot), a oferta global de carvão, petróleo e gás natural diminui, em média, 95%, 62% e 42%, respetivamente, entre 2020 a 2050, mas o papel do gás a partir daí é altamente variável.
“As trajetórias com maior utilização de gás natural são possibilitadas por uma maior captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês) e por uma maior utilização de tecnologias de remoção de dióxido de carbono da atmosfera (CDR, na sigla em inglês), mas estão provavelmente associadas a uma representação inadequada nos modelos integrados avaliados da capacidade regional de armazenamento de CO2 e da adoção, difusão e dependência dessas tecnologias”, explica Roberto Schaeffer.
Para cada orçamento de carbono (estoque acumulado de CO2 que possa ser emitido até o fim do século, dentro da meta de limitar a 1,5°C o aquecimento global), os modelos de avaliação integrada (IAMs, na sigla em inglês) combinam as seguintes estratégias: eliminar gradualmente combustíveis fósseis da geração de energia, transportes, construção civil e indústria; transformar a agricultura e demais formas de uso do solo; reduzir o consumo de energia e materiais; e fazer uso de CDR, e de CCS.
De acordo com o artigo, a maioria dos cenários de baixo carbono depende, em grande medida, da utilização de CDR, principalmente por meio de bioenergia combinada com captura e armazenamento de carbono (BECCS). Alguns cenários também empregam a captura direta de ar e a captura e armazenamento de carbono (DACCS, na sigla em inglês). No entanto, segundo os autores, a viabilidade do uso em larga escala de CDR e de CCS permanece incerta, com preocupações crescentes de manter a dependência de combustíveis fósseis e um aquecimento global acima da meta, caso estas técnicas não surtam o efeito desejado.
“Resultados do trabalho sugerem a necessidade de se adotar parâmetros claros de referência de redução a curto e longo prazos na produção e utilização de carvão, petróleo e gás, juntamente com outros objetivos de mitigação das alterações climáticas”, acrescenta Schaeffer.
Os autores concluem ainda que a trajetória da oferta/consumo de gás natural é influenciada por vários fatores interdependentes e que variam conforme o IAM utilizado: precificação de carbono; restrições à disponibilidade de CCS, CDR e tecnologia nuclear; restrições ao uso de fontes renováveis de energia (custos de operação e manutenção, custo nivelado de energia, etc); e os desafios na integração de fontes tradicionais e renováveis de energia.
Dentre outras observações, os pesquisadores indicam que o uso intensivo de terra para geração de bioenergia e sequestro de carbono para agricultura, silvicultura e outros usos da terra (Afolu, na sigla em inglês)) pode levar à degradação do solo, insegurança alimentar, perda de biodiversidade e escassez hídrica. Em relação ao petróleo, os principais cenários propostos indicam uma queda acentuada na oferta e no consumo já na metade do século, queda esta mais lenta do que aquela verificada para o carvão mineral e mais rápida do que a esperada para o gás natural.
O artigo Global fossil fuel reduction pathways under different climate mitigation strategies and ambitions foi escrito pelos pesquisadores Ploy Achakulwisut (autor líder) e Peter Erickson, ambos do Stockholm Environment Institute; Céline Guivarch, do International Research Center on Environment and Development (CIRED), Ecole des Ponts; Elina Brutschin, do International Institute for Applied Systems Analysis (IIASA); e Steve Pye, do Energy Institute, University College London; além do professor Roberto Schaeffer, um dos coordenadores do Laboratório Cenergia. Aqui o link para o artigo: https://www.nature.com/articles/s41467-023-41105-z.
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