Avanços e desafios da aeroacústica
Planeta COPPE / Engenharia Mecânica / Notícias
Data: 18/08/2005
Para o norte-americano Marvin E. Goldstein não existem perguntas idiotas, só respostas idiotas. Ele fala com o conhecimento de causa de um pesquisador que durante 24 anos foi Diretor Científico do Centro de Pesquisas da NASA, em Cleveland. Goldstein é um dos maiores especialistas do mundo em aeroacústica, uma área que estuda a geração de ruído por escoamentos de ar, e que é fundamental para previsão e controle do ruído de aeronaves e foguetes. É também autor de “Aeroacoustics”, obra de referência mundial, já traduzida para o russo e para o japonês. Goldstein é, portanto, um daqueles cientistas acostumados a se perguntar sobre coisas que influenciam a vida da maioria das pessoas sem que elas percebam. Ele falou ao Planeta COPPE após a palestra sobre desenvolvimentos da pesquisa em aeroacústica, que proferiu dia 11 de agosto na COPPE, a convite do professor Ricardo Musafir, do Programa de Engenharia Mecânica.
Goldstein considera que a pesquisa em sua área avançou muito nos últimos anos. A redução do ruído gerado pelos aviões, por exemplo, afirma o pesquisador, foi muito grande. Hoje, uma aeronave produz níveis de ruído cerca de 60 decibéis abaixo dos que eram antes produzidos e que estavam (para uma distância razoável) na faixa dos 140 dB – “o equivalente ao barulho gerado se toda a humanidade gritasse ao mesmo tempo” – explica. E, segundo ele, é possível avançar ainda mais. Se conseguirmos obter uma redução adicional de mais 20 decibéis, isso significará que afastando-se um pouco do aeroporto, mas à uma distância, de onde seja possível vê-lo, não se ouvirá nenhum som por ele gerado. ‘Mas este ainda é um desafio a ser alcançado’’, ressalta.
Na entrevista, Goldstein também destacou a importância de se avaliar que tipo de ruído incomoda ou não as pessoas, e de como eles são percebidos por elas. “Cada pais possui seus próprios problemas em relação aos ruídos”, afirma. Nos EUA, por exemplo, o principal deles é gerado pelos aeroportos, enquanto no Brasil o barulho automotivo é o que mais incomoda. Neste caso, grande parte do problema está nos motores a combustão. Mas com o uso dos motores elétricos ou à base de hidrogênio que serão utilizados no futuro, segundo prevê o especialista, só precisaremos nos preocupar com o som do atrito dos pneus com o asfalto.
Segundo Goldstein, o homem sempre foi um desbravador. “É o que explica o seu anseio por explorar o Espaço e investir tanto no desenvolvimento de um programa espacial como o norte-americano. Mas também somos sobreviventes e para continuarmos a existir, um dia será necessário deixar a Terra” – antecipa. Algo cuja data ainda não é possível prever. A única certeza que temos, segundo ele, é a da explosão do Sol, calculada para daqui a cinco bilhões de anos. Mas há outros possíveis riscos, “como os meteoros que de tempos em tempos atingem nosso planeta, como o que teria extinguido os dinossauros” – brincou.