Coppe apresentou estudo do transporte público pós-pandemia e promoveu mesa-redonda sobre os desafios do setor

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Data: 08/12/2023

Marina Baltar, professora da Coppe

Estudo realizado por pesquisadores do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ mostra mudanças no padrão de deslocamento dos usuários de transporte público da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), após a pandemia da Covid-19. De acordo com a pesquisa, que envolveu 4.300 pessoas da região, 14,5% modificou a forma de se locomover, gerando redução de passageiros em trens, metrô, barcas e ônibus. O estudo foi apresentado hoje, dia 8 de dezembro, pela professora Marina Baltar, do PET/Coppe, durante o 20º Congresso Rio de Transportes.

Coordenado pelo professor Glaydston Mattos Ribeiro, do PET/Coppe, o levantamento revela que entre os principais motivos da alteração estão o desemprego (23,61%), a mudança do local de destino (19,61%) e a adoção de regime de trabalho híbrido ou remoto (19,35%). Entre as consequências estão, por exemplo, uma pequena redução do uso somente de ônibus na RMRJ, um aumento de utilização de transportes por aplicativos nas cidades do Rio e São Gonçalo, e a redução do uso do metrô no Rio. São consequências que mostram perdas de passageiros nos transporte públicos, que inclui principalmente os que têm maior renda e escolaridade e migraram para carros particulares, independente de ser ou não por aplicativos.

Professor Glaydston Ribeiro durante a apresentação do estudo

Uma das motivações do estudo, intitulado “Será que mudamos? Um panorama do transporte público na Região Metropolitana do Rio de Janeiro”, é colaborar com medidas que torne a mobilidade mais sustentável na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ). Nesse sentido, após a apresentação do estudo foi realizada uma mesa redonda reunindo representantes das empresas de transportes públicos do Rio. Além de Marina e Glaydston, participaram o superintendente de Contrato de Concessões da CCR, Tiago Serra; a diretora de Operação da SuperVia, Rejane Micaelo; o especialista de Mobilidade do MetrôRio, Marcelo Mancini; a gerente de Mobilidade Urbana da Semove e professora do Cefet/RJ, Eunice Horário; e a professora da UFPE, Maria Leonor Maia, que mediou as discussões.

A necessidade de resgatar ou mesmo atrair mais usuários para o transporte público e que, para tanto, são necessárias ações de autoridades governamentais do estado e dos municípios, foi consenso entre os participantes. As ações passam por medidas como a implantação de um sistema de integração físico e tarifário, que envolva todos os meios de transportes públicos. De acordo com Marcelo Mancini, o metrô registrou queda de 20% na demanda de passageiros em março de 2020, e atualmente tal queda atinge 25%. O especialista explicou que o comportamento do usuário passou a variar muito e citou como exemplo os que embarcam na linha 2, que em sua maioria se deslocam para o trabalho. Parte destes, às vezes trabalha em home-office, principalmente em uma sexta-feira ou em dias chuvosos, não utilizando, assim, o serviço do metrô.

Representantes das empresas de transportes durante mesa-redonda que discutiu os desafios do setor

A queda de passageiros na Supervia foi maior ainda. Segundo Rejane Micaelo, a demanda de passageiros de trens atualmente é de 50% da que tinha no período pré-pandemia. De acordo a diretora de operação, além da falta de integração há também a questão de segurança pública que tem prejudicado e afastado usuários. Trata-se de um item detectado pelo estudo da Coppe como determinante para a escolha do tipo de transporte, bem como o custo da viagem. Esta questão, inclusive, foi mencionada por Eunice Horário, que considera caro o preço da passagem e que esta pesa muito no orçamento das pessoas. Por isso, defende que é preciso tornar os ônibus mais atrativos, com maior qualidade e menor tempo de viagem. Mas, para isso acontecer é preciso financiamento, o que diz ser um desafio. Tiago Serra disse que as barcas e o VLT, que são operados pela CCR, também tiveram grandes problemas, citando como exemplo o fato das estações das barcas receberem apenas 20% da capacidade de passageiros. Por isso fez coro com os demais participantes no pedido de mais segurança pública e melhor integração estre os transportes públicos.

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