Coppe comemora 50 anos
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Data: 21/02/2013
O cinquentenário da Coppe está sendo comemorado este ano com uma série de atividades. Na agenda, destaca-se o lançamento do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Nanotecnologia, o primeiro do Brasil na área de engenharia. Esse será o 13° programa de pós-graduação oferecido pela instituição, que, de 1963 a 2011, já formou mais de 12 mil mestres e doutores.
A Coppe nasceu com a criação do curso de mestrado em Engenharia Química na então Universidade do Brasil – hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A iniciativa do professor Alberto Luiz Coimbra dava um passo fundamental para a criação da pós-graduação do Brasil nos moldes em que hoje a conhecemos.
O empreendedorismo de Coimbra deu início a um trabalho que, naquela época, não era possível prever até onde chegaria. E foi longe. A Coppe, então chamada de Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia, disseminou o modelo de pós-graduação baseada em cursos de mestrado e doutorado, que Coimbra conhecera nos Estados Unidos e se empenhou em introduzir no país. Cinco décadas depois, em 2013, esse modelo é o padrão no Brasil. A Coppe se consolidou como o maior centro de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina, garantindo seu lugar entre as mais importantes instituições de pesquisa e inovação tecnológica brasileiras.
Reunindo 12 programas de pós-graduação, a Coppe – hoje Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, em homenagem ao seu fundador – está no centro do pensamento e da produção científica e tecnológica em diferentes segmentos da engenharia. O instituto reúne, atualmente, cerca de 2.700 alunos e 350 professores doutores em regime de dedicação exclusiva. Números bem diferentes da primeira turma de mestrado em Engenharia Química, de 1963, que contava com apenas três professores e oito alunos.
Nas últimas duas décadas, a Coppe consolidou uma moderna infraestrutura laboratorial que não para de crescer. Conta com 123 laboratórios instalados em diferentes prédios do campus da UFRJ na Cidade Universitária, na Ilha do Fundão.
Novo modelo exigiu mudança de hábitos
Toda essa estrutura material e de recursos humanos, aliada à forma como a Coppe foi conduzida ao longo dos anos, resultou em cursos de mestrado e doutorado com excelência acadêmica reconhecida por universidades, órgãos da administração pública, empresas privadas do Brasil e do exterior e, é claro, por estudantes e profissionais. A posição alcançada pela Coppe é, segundo seu atual diretor, o professor Luiz Pinguelli Rosa, resultado de anos de trabalho. “É o espírito de luta da Coppe, que foi semeado desde a sua criação pelo professor Alberto Luiz Coimbra, que sempre buscou alcançar objetivos maiores na área da engenharia, voltados para o bem-estar da população e o desenvolvimento do país”, afirma o diretor.
Para o vice-diretor da Coppe, professor Aquilino Senra, o modelo adotado explica a posição alcançada pela instituição. “Desde o seu início, a Coppe baseou suas atividades no tripé: dedicação em tempo integral, avaliação da produtividade e participação em projetos institucionais. No passado, a dedicação integral não era regra no cenário acadêmico brasileiro, era exceção. A avaliação do corpo docente levou ao aperfeiçoamento dos professores, e o envolvimento da Coppe em projetos institucionais contratados por empresas e órgãos governamentais foi outro fator fundamental para a instituição chegar ao patamar que ocupa hoje”, analisa.
No começo, entretanto, não foi fácil. Implantar o novo modelo exigiu esforço e adaptação. “Implantar a dedicação em tempo integral foi um dos maiores desafios dos tempos iniciais. Foi necessária uma mudança de hábito. O ensino superior era em tempo parcial. Ser professor universitário era mais um título do que uma profissão”, recorda o professor Coimbra, fundador da Coppe, lembrando que o ganho com as aulas era uma espécie de complemento na renda dos professores, que viviam com o que recebiam em outros empregos. Com o apoio do BNDES, a Coppe conseguiu pagar bons salários e fixar os professores na universidade. “Não era só dar 50 minutos de aula e ir embora. Uma aula precisa de pesquisa e preparação”, explica Coimbra, que tem saudade do convívio com os alunos e professores. “Tenho saudade de tudo, de estar com a mão na massa”, afirma.
O acerto do caminho escolhido, somado a muito trabalho, trouxe os resultados. Dos 12 programas de pós-graduação da Coppe, seis possuem conceito 7, a nota máxima concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação. A produção acadêmica anual gira em torno de 1.700 artigos científicos. De 1963 até 2011, foram defendidas cerca de 13 mil dissertações de mestrado e teses de doutorado.
Estudos em segmentos estratégicos e liberdade de opinião
Ao longo dos anos, a Coppe tem sido reconhecida por sua visão estratégica de desenvolvimento, resultado do seu posicionamento e da atuação de seus professores e pesquisadores na liderança de projetos de destaque em diferentes áreas. O instituto tem desenvolvido continuamente estudos em segmentos essenciais para o crescimento e a soberania do país. “Essa visão estratégica vem desde a constituição da Coppe, que sempre teve a preocupação de ser uma instituição voltada para a ponta da engenharia e comprometida com o desenvolvimento do Brasil”, explica o professor Pinguelli.
A instituição vem realizando trabalhos fundamentais nas áreas de energia elétrica, óleo e gás, meio ambiente, clima, novos materiais, engenharia da saúde, robótica, transporte e mobilidade urbana, construção civil e saneamento, entre outras.
Também desenvolve produtos inovadores como o ônibus híbrido elétrico movido hidrogênio e a usina que transforma a energia das ondas do mar em eletricidade, que já são realidade, e o trem de levitação magnética, em construção na Cidade Universitária. Além disso, contribuiu para viabilizar o uso de biocombustíveis no Brasil. No momento, estão sendo desenvolvidos na instituição projetos para produção de micro e nanopolímeros voltados para a área de saúde, modelagens e sistemas computacionais sofisticados capazes de viabilizar objetivos diversos: de sistemas inteligentes para distribuição de energia elétrica a despoluição de rios e baías. Muitos já são de amplo conhecimento da sociedade, hoje mais familiarizada com o que ocorre dentro dos laboratórios.
Ao longo dos anos, mesmo trabalhando com frequência para órgãos do governo e para a iniciativa privada, a Coppe soube manter sua independência e liberdade de opinião. “Isso nunca foi um problema para a Coppe, que sempre manteve sua independência, embora se relacionasse com governo e empresas. O difícil tem sido manter sua integridade diante da burocracia e do controle excessivo, que se transformaram nos principais inimigos da universidade brasileira”, critica Pinguelli.
Compromisso com a sociedade
No decorrer de cinco décadas, a Coppe vem transformando pesquisa de ponta em projetos que geram riqueza para o país e benefícios para a sociedade. São muitas as formas de atuação, entre elas a colaboração com órgãos de governo para a formulação de políticas públicas, grandes projetos ou mesmo solução de problemas enfrentados, sobretudo, pelas populações mais carentes, como as catástrofes decorrentes de variações climáticas.
Esse comprometimento vem de longa data. “A Coppe nasceu com essa dimensão. É impressionante essa coerência ao longo do tempo. Desde o início, a instituição tem o seu DNA bem definido e todas as mudanças que sofreu, e foram muitas, ocorreram dentro de um eixo condutor, que foi impresso lá atrás, desde a sua criação”, explica Luiz Pinguelli Rosa.
A transferência de conhecimento e tecnologia às empresas ganhou impulso em 1994, com a criação da Incubadora de Empresas da Coppe, que vem contribuindo para que a inovação gerada nos laboratórios da universidade possa chegar à sociedade, colaborando para o crescimento do Brasil e a melhoria da qualidade de vida da população. A Coppe possui cerca de 100 patentes depositadas e 14 softwares registrados.
Pioneira no país na parceria universidade e empresa
Pioneira na cooperação com as empresas, a Coppe criou uma estrutura de apoio a empresas e indústrias de diferentes segmentos. Para viabilizar essas parcerias, o instituto conta com a Fundação Coppetec, responsável pela gestão de convênios e por onde já passaram mais de 13 mil contratos.
Um caso de sucesso é a histórica parceria da Coppe com a Petrobras, iniciada no fim dos anos 1970. A cooperação resultou no desenvolvimento de tecnologias inéditas que viabilizaram a exploração de petróleo em águas profundas, economizando bilhões de dólares em divisas para o Brasil. A parceria permanece ativa até os dias de hoje, com cerca de 2 mil projetos conjuntos. No momento, os pesquisadores da Coppe contribuem para superar os desafios tecnológicos da camada do pré-sal.
“Ao longo de 50 anos, a Coppe construiu um intenso relacionamento universidade-empresa. Hoje, é uma tradição. Essa cooperação é importante para as empresas, que se beneficiam do conhecimento gerado na academia, e para a formação dos alunos de graduação e pós-graduação, que têm a oportunidade de trabalhar em projetos nos quais lidarão com situações do seu dia a dia profissional”, afirma o diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, Segen Estefen.
Atuação internacional traz novas parcerias
A colaboração com instituições do exterior também é uma tradição dentro da Coppe, que, em 2009, ampliou sua atuação internacional com a criação do Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia. O Centro é uma parceria com a Universidade de Tsinghua, principal instituição chinesa na área de engenharia. Professores da Coppe também colaboram continuamente com o IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).
Em junho de 2012, a Coppe inaugurou o Instituto Global para Tecnologias Verdes e Emprego (GIGTech). Nele, serão realizados estudos para subsidiar tecnicamente as ações do governo brasileiro e dos programas da Organização das Nações Unidas (ONU) nessa área.
Ainda no ano passado, no encerramento da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), foi anunciada pelo Ministério do Meio Ambiente a criação do Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (Centro Rio+), que ficará sediado na Coppe. Uma parceria entre o governo brasileiro, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e outras agências da ONU, o novo centro, ainda em implantação, reunirá pesquisadores de instituições do Brasil e do exterior, representantes de empresas e da sociedade civil, com o objetivo de promover a pesquisa e o intercâmbio internacional sobre desenvolvimento sustentável.
O futuro: à espera de desafios, instituto busca novo modelo
Trabalhando pelo fortalecimento do ensino da engenharia e pela busca de soluções para as demandas na área de tecnologia, a Coppe está engajada no desafio de retomar a importância da engenharia no Brasil. Dentro dessa perspectiva, o instituto enfrenta seus próprios desafios.
“A Coppe precisa consolidar o seu modelo. Para isso, necessita de um financiamento contínuo para seus grandes laboratórios funcionarem de maneira plena. Hoje, esse é o ponto principal”, explica o professor Pinguelli.
“Da mesma forma que o modelo inicial era revolucionário, precisamos agora formular um novo modelo que permita aprofundar o apoio às empresas nacionais e que, ao mesmo tempo, dê à Coppe condições de exercer seu papel de fronteira na área de inovação tecnológica, direcionando os resultados das pesquisas para a sociedade. Um modelo que dê mais agilidade para o desenvolvimento de um novo patamar de atuação”, ressalta o professor Aquilino Senra.
Muitos dos desafios que a engenharia enfrentará nos próximos anos não são conhecidos, ainda estão por surgir. No entanto, a julgar pelos seus primeiros 50 anos, a Coppe trabalhará para antecipar soluções e superar os futuros desafios.
* Professores e alunos da primeira turma de pós-graduação em engenharia, em maio de 1963. Relação completa ao final da matéria. Da esquerda para a direita, prof. Donald Katz, Jayr Miranda, Liu Kai, Gileno Barreto, Tulio Bracho, Edgard Vieira, Walmir Gonçalves, Carlos Perlingeiro, prof. Alberto Coimbra, Paulo Ribeiro, prof. Affonso Telles, Nelson Trevisan, e prof. Giulio Massarani.