Coppe cria centro de estudos sobre desastres

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Data: 19/01/2024

Ano novo, problemas velhos. Janeiro começa e com ele os desastres associados às chuvas de verão e agravados por uma baixa cultura de redução de riscos de desastres no Brasil.

Neste final de semana (13 e 14 de janeiro), 12 pessoas morreram após fortes chuvas que afetaram, com maior gravidade, a Baixada Fluminense e bairros da Zona Norte do Rio, como Irajá, Coelho Neto e Pavuna.

Em momentos como esse, a sociedade espera do poder público, respostas para a crise imediata e também soluções de médio e longo prazo. A Coppe/UFRJ criou em 2023 o Centro de Estudos e Pesquisas de Engenharia em Desastres (Ceped). A iniciativa surgiu a partir de uma linha de pesquisa criada pelo professor Tharcisio Fontainha, no Programa de Engenharia de Produção.

De acordo com professor Tharcisio, com o aquecimento global e as mudanças climáticas dele decorrentes, os desastres “se tornam cada vez mais recorrentes e com maiores impactos, seja no número de mortes, pessoas afetadas ou perda de recursos materiais. Infelizmente, isso se torna parte da rotina da população. Como a sociedade japonesa lida com terremotos, precisamos aprender a lidar com esses desastres, saber como agir. Isso precisa estar mais enraizado na sociedade e a criação do Ceped na Coppe visa dar um foco maior nisso”.

Segundo Tharcisio, lidar com desastres não é mais algo a ser pensado de maneira isolada e cada vez mais há profissionais especificamente formados para isso. “As pessoas não moram em áreas de risco porque querem. Antes, por exemplo, as chuvas fortes ocorriam em áreas desabitadas ou pouco habitadas, com o crescimento demográfico e expansão da ocupação urbana, as áreas de risco passam a ser ocupadas sobretudo pelas populações mais vulneráveis economicamente”, ponderou o professor, que também é diretor-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Coppe.

“É fundamental agir de maneira proativa. Os desastres vão continuar acontecendo, por mais que os riscos sejam mitigados. Não é uma questão de jogar a toalha, mas é reconhecer que o ciclo de vida do desastre (mitigação, preparação, resposta, recuperação e volta para mitigação) recomeçará”, alertou o professor, que destacou também que cada dólar gasto em prevenção, economiza sete dólares que seriam gastos na resposta.

Apoios e parcerias

Em 2012, o Congresso aprovou a Lei nº 12.608/2012 que instituiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, e estabeleceu que é responsabilidade do poder público apoiar a criação de centros de pesquisas e estudos em desastres. Segundo o professor Tharcisio, nos primeiros anos da recém instituída política nacional, os recursos para o setor aumentaram, mas as políticas não tiveram continuidade.

De acordo com o professor, o Ceped e seus projetos contam com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Parque Tecnológico da UFRJ. “Além disso, estamos debatendo parcerias com a Petrobras, a Petro-Rio e a Defesa Civil de Petrópolis, sobre planos de contingência. Uma proposta nossa é desenvolver uma metodologia para avaliação de plano de contingência. Há planos que funcionam muito bem no papel, mas não necessariamente funcionam na prática, é preciso ter uma metodologia de avaliação, acompanhamento e melhoria”.

“Também temos interlocução com deputados e com o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), que têm demonstrado interesse em apoiar pesquisas e projetos no tema. Inclusive, já tivemos a aprovação de uma emenda parlamentar do deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ) para aprimorar nossa estrutura. Além disso, esse ano iniciaremos pesquisas em conjunto com o Instituto de Redução de Riscos e Desastres da University College London, na Inglaterra”, concluiu professor Tharcisio.

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