Coppe recebe seus novos alunos com mensagem de otimismo da ministra Luciana Santos
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Data: 21/03/2023
A Coppe/UFRJ promoveu nesta segunda-feira, 20 de março, a Aula Inaugural do ano letivo, com a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos. O evento, que marcou também a recepção aos seus novos alunos, lotou o auditório da instituição.
A ministra destacou as ações deste início de governo como reajuste das bolas concedidas pela Capes e pelo CNPq e anunciou que o governo encaminhará um projeto de lei para garantir que o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) – um dos principais instrumentos de fomento ao setor e que fora constantemente contingenciado pelo governo anterior – seja integralmente recomposto. Isto acrescentaria R$ 4,2 bilhões para a Ciência nacional.
“Estamos trabalhando para implementar projetos estruturantes, que são estratégicos para modernizar nossa infraestrutura de pesquisa e gerar inovação. Instituímos um grupo interministerial para avaliar a reversão da liquidação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), o que marca a atualização da política nacional de semicondutores, dentro da agenda de reindustrialização do país. Retomamos também a cooperação de alto nível com a Argentina, viabilizando a construção do reator multipropósito, que vai garantir a autonomia do país na produção de radioisótopos”, anunciou.
Além disso, Luciana Santos citou o desenvolvimento de políticas de apoio às mulheres na Ciência. “Não há como lutar pela equidade sem criar consciência acerca de desigualdade de gênero. Por isso, anunciamos um edital, com aporte de R$ 100 milhões, pelo CNPq, para apoiar projetos que estimulem o ingresso e a formação de meninas e mulheres nas Ciências Exatas, Engenharia e Computação. Hoje, as mulheres têm 60% das bolsas de iniciação científica, mas somente 35% nas bolsas de produtividade. Esperamos avançar na equidade e combater a evasão nessas áreas”.
A ministra mencionou ainda o desejo do governo de aumentar a competitividade do país no complexo industrial da saúde. “Nós temos capacidade imensa de produzir vacinas, como demonstraram o Instituto Butantã e a Fiocruz. No entanto, não temos os insumos. O mundo travou uma batalha comercial pelos Insumo Farmacêutico Ativo (IFAs) produzidos na China e na Índia. Nossos esforços também se concentram em tentar tornar o Brasil parte de um hub internacional na produção de IFA, para isso estamos investindo na construção de um Centro Nacional de Vacinas, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)”.
Na avaliação de Luciana Santos, a engenharia é crucial para o desenvolvimento sustentável, na resposta às necessidades humanas para superação da pobreza, fornecimento de água potável e energia limpa, na resposta a catástrofes naturais e construção de infraestruturas resilientes. “Nossas universidades e instituições públicas são responsáveis por 90% da nossa produção de pesquisa. Nossa base científica é robusta, pujante, e isso se revela na consistência de nossos números. Estamos em 13º lugar na produção de artigos e queremos resgatar esse orgulho nacional”.
“Todos os esforços são para usar nossa melhor ciência para benefício da população e cada um de vocês que iniciam sua formação de pós-graduação terá um papel importante na superação dos desafios do país. Vocês nessa sala são parte importante da inteligência brasileira e o trabalho que realizam será fundamental para o salto de desenvolvimento e inclusão que queremos para o Brasil”, afirmou a ministra, dirigindo-se aos presentes à sua aula inaugural.
“A falta de compromisso no governo anterior foi tanta que a redução foi drástica no FNDCT e nos recursos discricionários do ministério, fazendo passar de 11,7 bilhões para 2,7 bilhões de reais. O nosso governo não considera a universidade pública um espaço de balbúrdia. Muito pelo contrário. A Ciência está de volta”, concluiu a ministra Luciana Santos.
Participaram da Aula Inaugural e da Recepção aos Novos Alunos o reitor da UFRJ, professor Carlos Frederico Leão; o professor João Monnerat, representando a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2); o decano do Centro de Tecnologia, professor Walter Suemitsu; o diretor da Coppe, professor Romildo Toledo; a vice-diretora da Coppe, professora Suzana Kahn Ribeiro; o diretor-adjunto Acadêmico, professor Marcello Campos; a diretora de Tecnologia e Inovação, professora Angela Uller, e a diretora-adjunta de Pessoal, Vanda Borges.
Várias autoridades estiveram presentes ao evento, incluindo as deputadas estaduais Elika Takimoto (PT) e Dani Balbi (PC do B), respectivamente, presidente e vice-presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro (Alerj); a secretária municipal de Ciência e Tecnologia, professora Tatiana Roque; e o ex-ministro (MCTI) e futuro presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera.
Boas-vindas aos novos alunos
Antes da Aula Inaugural com a ministra Luciana Santos, foi realizada uma breve cerimônia de Recepção aos Novos Alunos. O diretor da Coppe, professor Romildo Toledo, qualificou a ocasião como sendo “um momento muito especial em que a gente renova a instituição”. “Novos talentos chegam com seus sonhos e aspirações. Temos certeza de que irão encontrar aqui um ambiente propício para realizá-los. No momento atual em que temos muitos temas transversais, terão a possibilidade de conviver com pesquisadores de várias áreas do conhecimento, o que certamente forma um ambiente de pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico bastante rico”, afirmou.
“Desejo que vocês usufruam e aproveitem, e que a gente possa formar recursos humanos cada vez mais capacitados para solução dos problemas industriais e da sociedade brasileira”, pontuou o diretor da Coppe.
Em seguida, o diretor-adjunto Acadêmico, professor Marcello Campos, apresentou a Diretoria Acadêmica aos novos egressos e deu informações importantes, como os prazos que devem ser cumpridos, exigência de publicação de artigo em periódico indexado, para os doutorando, dentre outras.
“A Coppe tem mais de 160 laboratórios e formou mais de 18 mil mestres e doutores ao longo desses 60 anos. Temos 13 programas de pós-graduação e dez deles têm conceito 6 ou 7 na Capes. Isso é um feito bastante expressivo no cenário nacional, indica qualidade de nível internacional”, relatou.
“A instância burocrática de vocês é o programa acadêmico, então em caso de dúvidas sobre processos devem se dirigir às respectivas secretarias acadêmicas. De todo modo, estou à disposição de vocês pelos próximos anos. Podem passar para tomar uma água, um café, tirarem dúvidas, bater um papo”, convidou professor Marcello.
Responsável pela criação do Núcleo Psicossocial Acolhe Coppe, a diretora-adjunta de Gestão de Pessoas, Vanda Borges, garantiu aos novos alunos que eles encontrarão acolhimento para aqueles momentos em que possam pensar em desistir quando a pesquisa ou o artigo não vão bem, ou quando a cobrança do orientador não for bem absorvida. “Vocês terão a possibilidade de atendimento individual com psicóloga, participação em grupo terapêutico, agendar abordagens integrativas, como florais, aromaterapia, massagem auricular, exercícios respiratórios, dentre outros, e encontros de acolhimento, para tratar de questões como assédio moral”, citou Vanda.
A diretora de Tecnologia e Inovação, professora Angela Uller, explicou que os alunos que desejarem empreender e abrirem suas próprias empresas, serão estimulados pela Coppe. “Nós temos mecanismos para ajudá-los, temos um ecossistema de inovação muito interessante. Vocês podem, inclusive, passar por um período de pré-incubação no Coppe-I, e avaliarem a viabilidade dos projetos”.
Os novos pós-graduandos receberam uma boa notícia do reitor em exercício da UFRJ, professor Carlos Frederico Leão Rocha, que anunciou que pela primeira vez a universidade terá recursos para assistência estudantil para a pós-graduação. “É um valor que ainda é pouco mais do que simbólico, um milhão de reais, mas é importante colocar a linha no orçamento, entender que há ali algo importante a ser preenchido, que é importante a permanência destes estudantes na UFRJ. É um pequeno passo, mas é um passo importante. Esperamos que no futuro a universidade possa oferecer mais. Nunca se discutiu alojamento para pós-graduandos, em parte porque era a pós-graduação era vista como elite, à parte da necessidade que a população, em geral, tem”.
O presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Vinicius Soares, exortou os novos alunos da Coppe a se organizarem politicamente. “Vocês serão a geração que irá reconstruir o país a partir da Ciência e da Tecnologia. Não entrem na pós-graduação somente para cumprirem seus deveres acadêmicos. Os avanços recentes só aconteceram porque houve mobilização política”.
Natália Trindade, secretária-geral da Associação de Pós-Graduandos (APG-UFRJ) e diretora de Direitos dos Pós-Graduandos da ANPG, ponderou que o período de pandemia “destruiu um pouquinho” de cada um, mesmo daqueles que não perderam entes queridos para a Covid-19. “Estamos desafiados a reconstruir não apenas as estruturas devastadas pelo negacionismo, mas também nossas estruturas de afeto, coesão, pertencimento. Vocês têm na APG um lugar para se escorar, para segurar na mão. Contem com a representação discente dos programas acadêmicos. Vocês não estão sozinhos”.
- FNDCT