Coppe transfere alta tecnologia para departamento de polícia de Paris
Planeta COPPE / Engenharia de Produção / Notícias
Data: 11/10/2012
Equipe brasileira, coordenada pelo pesquisador da Coppe/UFRJ Moacyr Duarte, vai transferir tecnologia de ponta para a polícia de Paris, a partir da implantação de algoritmos inéditos de inteligência artificial no sistema de vigilância da cidade. A metodologia foi desenvolvida pelo Grupo de Análise de Risco Tecnológico e Ambiental (Garta) da Coppe, em parceria com a CDIOX Safety & Security, uma empresa de tecnologia oriunda do próprio Garta. Ambas atuarão na capacitação de policiais franceses para usar o novo sistema que os tornará aptos a definir as possibilidades de movimentação de pessoas e veículos de seus interesses.
No período de dois anos, o sistema e o programa de capacitação serão implementados por meio de um convênio de cooperação tecnológica, assinado no mês de setembro, entre a CDIOX e a empresa francesa Ineo Engineering & Systems (Ineo E&S). Ligada ao grupo GDF Suez, a Ineo E&S é responsável pela operação de 10,4 mil câmeras do sistema de vigilância de Paris e pelo treinamento dos policiais que operam os equipamentos das salas de controle.
Segundo o pesquisador da Coppe Moacyr Duarte, coordenador do Gart, até o momento os policiais têm aprendido a manusear os equipamentos de controle apenas para monitorar o fluxo urbano. Com o treinamento, as imagens captadas pelas câmeras também poderão ser utilizadas para prever deslocamentos e reações durante uma ocorrência policial, por exemplo.
Os sensores e identificadores dos sistemas de vigilâncias poderão antecipar movimentos sequencialmente e gerar valiosas informações para as equipes de campo. Ao mesmo tempo, as repetições dos padrões de ação permitirão o desenvolvimento de novos métodos, determinados por algoritmos, para acompanhamento e controle das operações. Para isso, os agentes policiais selecionados pelo comando da polícia de Paris serão capacitados para se tornarem “analistas lógicos de operação”, ou seja, ficarão habilitados para fazer as seleções e as configurações dos equipamentos, além de interpretar os movimentos observados.
Como funcionarão o sistema e o treinamento dos policiais
A dinâmica do novo treinamento funcionará como uma espécie de jogo. Os policiais assistirão às imagens captadas pelas câmeras que monitoram Paris e determinarão as futuras ações, com base no histórico real de ocorrências registradas pelas filmagens. “Dessa forma, ficarão mais aptos para agir em distúrbios de rua, fugas e perseguições, delitos individuais ou mesmo aqueles cometidos por pequenos grupos, e ainda lidar com ocorrências que envolvem multidões em grandes eventos”, afirma o pesquisador da Coppe.
O histórico com vídeos de ocorrências será pré-selecionado por policiais experientes e, com tais imagens, os profissionais treinados poderão fazer suas análises e tomar as decisões cabíveis, como o suporte logístico para as operações de campo. Os próprios policiais terão como observar as consequências negativas das decisões inadequadas ou tardias, além de visualizar onde ocorreu o uso ineficiente do equipamento de vigilância. Mas as decisões não serão intuitivas.
Os policiais terão acesso a um rico banco de dados com uma série de opções de fatos encadeados dentro dos cenários montados, que serão organizados por um modelo de lógica fuzzy, técnica capaz de trabalhar a imprecisão e as ambiguidades. “A montagem das sequências sob a forma de fuzzy functions permite manter a consistência dos cenários dinâmicos e, ao mesmo tempo, graduar o nível de dificuldade implícito na decisão a ser tomada”, explica Moacyr. Segundo ele, os modelos provavelmente serão estruturados por outro grupo de professores e pesquisadores da Coppe.
Para compor os cenários, a equipe da Coppe preparará uma base de informações geográficas (GIS) específica de Paris, com camadas complementares. Dessa forma, os policiais responsáveis pelo monitoramento eletrônico poderão planejar melhor suas ações por meio das infraestruturas urbanas, dos meios de transportes, do sentido do tráfego nas ruas e outros aspectos. Além disso, para que os policiais sejam treinados em condições totalmente próximas da realidade diária, os cenários contarão com comunicações simuladas de rádio, telefonemas, e-mail e SMS.
“O objetivo é que eles tenham o mesmo o grau de estresse do policiamento diário, de forma que fiquem aptos a usarem a tecnologia sob total pressão. Por isso, além de ‘fuzzyficar’ milhares de ocorrências, a nossa metodologia engloba todas as interferências possíveis na mente de um policial no momento em que tem que tomar a decisão”, conclui o pesquisador da Coppe.
Moacyr Duarte antecipa que a execução do projeto gerará intercâmbio acadêmico com a Coppe, por meio do envolvimento de alunos de doutorado e mestrado, com perspectivas de novas teses e dissertações. Para tratar desse e de outros pontos relacionados ao projeto, três diretores da Ineo E&S estarão no Rio de Janeiro, em 18 de outubro, para se reunirem com o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, na sede da instituição. Além disso, os resultados obtidos durante o projeto poderão gerar registros de propriedade intelectual pela dupla CDIOX Safety & Security e Ineo Engineering & Systems.