Debate com o fundador da Coppe marca recepção a novos alunos
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Data: 10/03/2014
Os alunos que estão ingressando este ano na Coppe/UFRJ tiveram uma grande oportunidade de conhecer uma parte da história e da essência da instituição que em 2013 completou 50 anos de atividade. A tradicional recepção de boas-vindas aos novos 700 novos alunos de mestrado e doutorado foi marcada este ano pelo debate A Coppe em cinco décadas: desafios do passado e do futuro, que contou com a participação do fundador da Coppe, professor Alberto Luiz Coimbra.. Alunos, professores e técnicos lotaram o auditório da Coppe, no Centro de Tecnologia 2 (CT2), para participar do evento e do debate que integra a programação de comemoração do cinquentenário do instituto. No início do evento foi exibido o vídeo “Coppe 50 anos”.
Tão importante quanto estudar em uma das mais conceituadas instituições de ensino e pesquisa do Brasil é conhecer sua história e saber o que ela representa para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação do país. Para discutir os desafios do passado e do futuro, o debate reuniu protagonistas de diferentes momentos da instituição, da fundação aos dias atuais. O encontro contou com as presenças dos professores Alberto Luiz Coimbra, fundador da Coppe, que em 1963 criou o Programa de Engenharia Química, o primeiro da instituição; e Luiz Bevilacqua, ex-diretor da Coppe e primeiro coordenador dos Programas de Engenharia Civil e Mecânica da Coppe. Ambos professores Eméritos da UFRJ.
Mais de 300 alunos acompanharam o debate, mediado pelo atual diretor da Coppe, professor Luiz Pinguelli Rosa, que também contou com a participação do diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, Romildo Toledo, professor do Programa de Engenharia Civil; da professora do Programa de Engenharia Química, Leda Castilho, e do professor do Programa de Planejamento Energético, Alexandre Szklo.
Ao falar sobre desafios, o professor Luiz Bevilacqua lembrou os enfrentados pelo professor Coimbra para implantação da Coppe. “Foi necessária muita ousadia para enfrentar os obstáculos de uma época em que a universidade era bastante conservadora”, afirmou.
Sobre os desafios do futuro, a professora Leda Castilho destacou questões como internacionalização e multidisciplinaridade, dois requisitos importantes para quem atua na área científica. Também criticou a burocracia imposta à pesquisa, e deixou aos estudantes uma sugestão para responder a sempre crescente velocidade de geração de conhecimento. “Foquem nos fundamentos. São eles que vão dar as condições necessárias para inovar em um mundo em rápida transformação”, afirmou.
O professor Alexandre Szklo, destacou a importância da pós-graduação no momento vivido pelo Brasil. “Vivemos um mundo vasto e desafiador para os engenheiros e outros profissionais, daí a necessidade do mestrado e do doutorado”, disse. “Vocês estão na maior escola de pós-graduação em engenharia do Brasil. Então, o papel dos alunos é muito importante”, concluiu.
Em seu pronunciamento, o fundador da Coppe, professor Alberto Luiz Coimbra, criticou o modelo econômico adotado pelo país que, segundo ele, remunera mais o capital do que o trabalho. Também chamou atenção para a incoerência do governo brasileiro ao investir em instituições de pesquisas como a Coppe e não aproveitar as soluções geradas por essas instituições em benefício da sociedade, preferindo comprar tecnologias provenientes do exterior, em geral mais caras e pouco adequadas as necessidades do país.
Evento de boas-vindas aos novos alunos reúne toda a Diretoria
Coordenada tradicionalmente pela Diretoria Acadêmica da Coppe, a recepção aos novos alunos foi conduzida pelo professor Fernando Alves Rochinha. Ao abrir o evento, o diretor de Assuntos Acadêmicos falou sobre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sobre as atividades e algumas linhas de pesquisa da Coppe e apresentou os coordenadores dos 13 programas de pós-graduação, entre eles o coordenador do novo Programa de Engenharia de Nanotecnologia (Pent), que recebe suas primeiras turmas de mestrado e doutorado nesse primeiro semestre de 2014, já com conceito 5 pela Capes, o mais alto concedido a um programa iniciante.
Todos os diretores da Coppe estiveram presentes ao evento de recepção aos novos alunos: Luiz Pinguelli Rosa, diretor; Edson Watanabe, vice-diretor; Romildo Dias Toledo, diretor de Tecnologia e Inovação; Guilherme Horta Travassos, diretor de Planejamento e Administração; e José Carlos Pinto, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento. Os seis diretores apresentaram suas áreas, abordando temas como empreendedorismo; infraestrutura laboratorial; ética e integridade na pesquisa; os diferentes aspectos do conhecimento, o que se espera dos alunos de mestrado e doutorado, entre outros.
Ao falar aos alunos, o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, destacou a importância dos futuros mestres e doutores para a disseminação do conhecimento e sua aplicação em prol do desenvolvimento do país e da sociedade. “Vocês além de se preparem e terem ideias originais são cidadãos do mundo e do Brasil, que vão ter a responsabilidade de levar o conhecimento tecnológico a pessoas de todos os níveis sociais. O Brasil se orgulha de ter tido, nos últimos anos, uma inclusão social de 30 milhões de pessoas. O que é importante. Mas o Brasil precisa dar um salto, como faz a Petrobras no Pré-sal. Nós não podemos nos transformar em um país industrial, sendo um país cujos principais itens de exportação são ainda produtos primários. A atividade industrial é indispensável para gerar empregos de alta qualificação, para os nossos operários e para os nossos engenheiros, como vocês”, afirmou Luiz Pinguelli Rosa.
Ao abordar a questão dos diferentes grupos do conhecimento, o vice-diretor da Coppe, Edson Watanabe, falou sobre o que se espera dos alunos de mestrado e de doutorado. “Dos alunos de doutorado a gente está esperando uma postura diferente dos demais. Estamos procurando alguém que vai identificar que existe um problema e que ainda vai mostrar a solução para esse problema. Aí sim você terá uma boa tese de doutorado”, disse. “Resumindo, o objetivo da iniciação científica e da pós-graduação é preparar o aluno para descobrir problemas, encontrar soluções ou explicações e ser ousado e criativo. Isso é extremamente importante”, afirmou.
Em sua mensagem final, o diretor de Assuntos Acadêmicos da Coppe falou sobre a Coppe, o futuro e as perspectivas profissionais dos novos alunos. “Todo esse futuro tem um início, que é hoje e é aqui na Coppe, onde vocês vão aprender muito. O futuro de vocês está entrelaçado com o futuro da Coppe. Boas-vindas a todos”, concluiu Fernando Rochinha.
Alunos revelam suas expectativas e desafios
Após a recepção de boas-vindas, alguns alunos falaram um pouco sobre suas expectativas em relação à pós-graduação e sobre seus planos profissionais. Pronta para encarar o desafio da mudança de área acadêmica, Aline Cardinale, graduada em Ciências Biológicas pela Unesp de São Vicente (SP), inicia agora o mestrado no Programa de Engenharia Oceânica da Coppe. “Minha habilitação é em gerenciamento costeiro, e como eu decidi trabalhar nessa parte mais física do que biológica, eu optei por fazer Engenharia Oceânica na linha de costeira”, conta. “Agora poderei agregar aquilo que eu já sei com o que eu vou aprender aqui na Coppe. Isso vai aumentar bastante o meu conhecimento”, afirma a paulista Aline, de 26 anos.
Mestre em Engenharia Química pela Escola de Química da UFRJ, Gilberto Magalhães Xavier, 40 anos, resolveu voltar à universidade 13 anos após concluir o mestrado. Funcionário do centro de pesquisas da Petrobras, veio em busca de suporte para as atividades que exerce atualmente. “Na área em que eu estou trabalhando hoje eu precisava desenvolver habilidades que ainda não havia desenvolvido na graduação e no mestrado”, conta Gilberto, que inicia o doutorado no Programa de Engenharia Elétrica, na área de Inteligência Computacional.
A consciência da importância do papel dos futuros professores e pesquisadores para disseminação do conhecimento na sociedade também está presente nos jovens pós-graduandos. “Quando você está disposto a fazer um trabalho, você assume a responsabilidade de exercer bem essa tarefa. Então, você tem a responsabilidade como profissional e como brasileiro de retornar todo o investimento que foi feito em você. É um grande desafio contribuir para fazer um mundo melhor de todas as formas”, afirma, Rebeca Motta, fluminense de Campos, que veio para o Rio de Janeiro fazer mestrado no Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc). “Escolhi fazer o mestrado na área de docência, em função das experiências que tive na graduação e que me agradaram muito”, conta.