Incubadora de Cooperativas transfere tecnologia para geração de emprego e renda em outros estados do país
Planeta COPPE / Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares / Notícias
Data: 10/10/2007
Há mais de dez anos ajudando a formar cooperativas no estado do Rio de Janeiro, a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da COPPE está transferindo know-how e tecnologia para geração de trabalho e renda em outras regiões do Brasil. Esse trabalho pioneiro, que já gerou milhares de postos de trabalho e ajudou a formar 38 cooperativas no Rio de Janeiro, tornou-se referência, expandindo a atuação da Incubadora da COPPE para outros estados do país. Hoje, a ITCP responde pela implantação de projetos de capacitação de cooperativas para o incremento da atividade turística em paraísos ecológicos, como a Serra da Capivara e os Lençóis Maranhenses. Iniciado em março deste ano, o projeto já possui 554 cooperativados e beneficia, indiretamente, cerca de 2.500 pessoas.
Selecionada pelo Ministério do Turismo, a ITCP está assessorando moradores da região dos Lençóis Maranhenses (MA) e da Serra da Capivara (PI) na criação de cooperativas voltadas para o turismo. A proposta é implantar incubadoras em áreas que abrigam Parques Nacionais e tenham intensa atividade turística, integrando a população local, de forma que esta possa se beneficiar do crescimento do turismo na região. A equipe da COPPE ficará responsável por capacitar a população para exercer atividades que possam explorar o potencial turístico das regiões, como formar guias, organizar cooperativas de taxistas e de artesanato, entre outras.
Segundo o coordenador de Projetos da Incubadora de Cooperativas da COPPE, João Guerreiro, o objetivo é estimular o turismo sustentável. “Além de capacitar as pessoas para as atividades, realizamos um trabalho educacional no sentido de evitar o chamado turismo gafanhoto, cuja intensidade e a exploração equivocada da atividade turística levam a saturação e degradação rápida do local, resultando no deslocamento de turistas para outras regiões. É preciso que a população esteja atenta para evitar este processo”, ressalta o coordenador.
Com 155 mil hectares de dunas e lagoas paradisíacas, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses reúne cinco cooperativas e seis grupos em fase de legalização, em atividades como bebidas, alimentos, transporte (táxi, barcos e toyotas), artesanato, condutores do parque, serviços turísticos e hospedarias solidárias. Já o Parque Nacional Serra da Capivara, que abriga o mais importante patrimônio pré-histórico do Brasil, possui seis grupos, desenvolvendo trabalhos de artesanato (biojóias), beneficiamento de frutas e de material de limpeza.
A transferência de know – how para outros estados só é possível graças ao Sistema Integrado de Gestão que foi concebido pela equipe da ITCP. Com base em dados e experiência adquiridos ao longo dos anos, a equipe da Incubadora desenvolveu indicadores de desempenho que ajudam no acompanhamento e assessoria técnica dos cooperados, dinamizando o trabalho e diminuindo custos de deslocamento. Segundo Guerreiro, essa ferramenta tem sido de extrema importância à medida que as atividades da ITCP vêm se ampliando. “A Serra da Capivara, por exemplo, fica a 10 horas de distância da capital Teresina. Como no local não há advogados, se precisamos resolver alguma questão de ordem jurídica acionamos o sistema e auxiliamos nos procedimentos necessários. Isso nos permite solucionar os problemas com rapidez e segurança, além de propiciar grande economia, evitando gastos com passagens aéreas e hospedagem”, explica.
O trabalho de capacitação das incubadoras realizado pela COPPE será concluído em janeiro de 2008. Até o final do ano a ITCP finalizará um levantamento de indicadores de impacto do setor na economia das duas regiões.
Cooperativas conquistam espaço no mercado
A Incubadora da COPPE, que atualmente possui 14 cooperativas incubadas, comemorou recentemente a conquista de duas de suas cooperativas: a seleção da COOSTURART pelo Programa Petrobras Fome Zero e o acordo firmado pela COOTRABOM com a empresa Cogumelo, do setor de óleo e gás.
Especializada em confecção e costura artesanal, a cooperativa COOSTURART vai receber do Programa da Petrobras uma verba no valor de R$ 100 mil Reais. Segundo Claudia Pereira de Siqueira, 39 anos, uma das fundadoras da cooperativa, este dinheiro será aplicado na compra de equipamentos e na reforma da estrutura física da cooperativa, que fica no bairro de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Inaugurada há quatro anos, a COOSTURART tem um trabalho diferenciado e seus produtos costumam fazer sucesso nos ateliês e bazares moderninhos da cidade. A cooperativa possui cerca de seis clientes fixos, entre eles as lojas Parceria Carioca, no Rio, e Brazu, em São Paulo.
Segundo Claudia Pereira, as melhorias que serão feitas com a verba da Petrobras vão influir diretamente na qualidade da produção. Nascida em Santa Cruz e mãe de dois filhos, Alexandre, de 14 anos, e Vítor, de sete, a artesã afirma ter saído da “linha de exclusão” desde que ingressou na cooperativa. Com o Segundo Grau incompleto, Claudia ministrava aulas de artesanato em abrigos e escolas, mas não tinha um trabalho formal. “Vivia sem horizonte. Hoje, tenho perspectiva de trabalho. Vencemos barreiras todos os dias, mas aprendemos com os desafios”, afirma a artesã que nestes quatro anos de cooperativa revelou talentos que ela até então desconhecia. Sua capacidade de liderança e praticidade a aproximou da área administrativa. No momento, está cursando o Aproar, um curso de planejamento estratégico de empresas, oferecido pelo Sebrae, o qual lhe garante uma bolsa mensal. Embora ainda não tenha conseguido ganhar o suficiente para ter o padrão de vida desejado, Claudia se diz animada com as perspectivas e fala dos planos para o futuro. “Pretendo voltar a estudar e fazer faculdade na área de moda. Mas quero atuar na parte administrativa do ramo”, afirma a artesã que, como toda boa empreendedora, não vai dispensar o prazer de superar desafios e colocar a prova sua recém – descoberta aptidão para administrar negócios.
O contrato selado com a empresa Cogumelo também foi comemorado pelos integrantes da Cooperativa dos Trabalhadores de Bonsucesso (COOTRABOM), especializada em coleta seletiva de recicláveis e prestação de serviços. A cooperativa fornecerá à empresa 20 toneladas de plástico de baixa densidade. Composta por 30 cooperados, a COOTRABOM realiza coleta seletiva no complexo da Maré e recentemente abriu dois novos núcleos de costura e artesanato, a partir de material reaproveitado.
Novata em termos de cooperativismo, mas veterana na arte da sobrevivência, Domingas Beatriz Jesus Rodrigues, 55 anos, ingressou no início deste ano na Cooperativa dos Trabalhadores de Bonsucesso (COOTRABOM). Natural do Maranhão, a artesã tem um casal de filhos: Renata Gisele, 33 anos, e Clayton Henrique Rodrigues, 19. Antes de ingressar na cooperativa trabalhou numa ONG, onde apoiava mulheres grávidas e coordenava um grupo de senhoras e adolescentes, denominado Núcleo de Família na Comunidade. Foi a partir deste trabalho com idosos que começou a fazer artesanato. O projeto com a ONG terminou, mas a idéia foi mantida. Domingas ingressou na COOTRABOM em janeiro deste ano e, segundo ela, desde então seu trabalho vem ganhando visibilidade. “Já fui até entrevistada”, ressalta a artesã que diz sentir-se muito acolhida na ITCP. “Aqui dividimos tudo, problemas e vitórias. Sinto que não estou sozinha”, afirma.