Lula inaugura na Coppe laboratório inédito para exploração no pré-sal
Planeta COPPE / Engenharia Metalúrgica e de Materiais / Notícias
Data: 30/04/2009
O Laboratório de Ensaios não Destrutivos, Corrosão e Soldagem (LNDC) da Coppe, inaugurado dia 30/04 pelo presidente Lula, já começou a simular e testar o comportamento de materiais que serão utilizados na exploração do pré-sal.
Financiado com recursos da ordem de R$ 40 milhões da Petrobras e do Fundo CT-Petro, por intermédio da Agência Nacional do Petróleo, o LNDC se destaca entre os mais modernos do mundo e é o único em que as três áreas de conhecimento estão integradas no mesmo local. Assista aqui o vídeo sobre o laboratório.
Durante a solenidade de inauguração do LNDC, o presidente Lula prestou uma homenagem ao fundador da Coppe Alberto Luiz Coimbra, que, segundo ele, foi um exemplo de como pensar no Brasil seriamente. “Gente que queria um país independente, respeitado”, disse o presidente.
“A gente tende a pensar que a história começou a partir de nós e não lembramos de pessoas que fizeram coisas importantes para usufruímos hoje”, disse Lula no discurso de inauguração do LNDC, referindo-se ao pionerismo de Alberto Coimbra. “Hoje, já passaram pela Coppe mais de nove mil doutores. É este tipo de coisa que faz a gente ter orgulho do Brasil”, acrescentou o presidente. (Confira o vídeo-registro do discurso do presidente)
O Laboratório da Coppe coloca o Brasil na vanguarda da capacitação e pesquisa na exploração de petróleo e gás. Montado com o que há de mais moderno, o LNDC contribuirá para o avanço da indústria nacional na produção de equipamentos que hoje ainda precisam ser importados pelo setor. Também vai dar suporte para minimizar prejuízos de centenas de milhões de dólares contabilizados pela indústria do petróleo em função dos efeitos da corrosão e deterioração de seus equipamentos.
Em seu discurso o presidente disse que “agora a máquina voltou a aprender a investir”. Mas criticou a burocracia que “emperra o desenvolvimento”, fazendo uma alusão direta ao Tribunal de Contas da União (TCU). Lula disse que a máquina da fiscalização tornou-se maior do que a máquina da produção. A reclamação foi feita logo após o discurso do diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa (Confira discurso), que criticou a “mentalidade persecutória” do TCU, a qual impede a função pública de ser exercida a bem da população.
Laboratório vai colaborar com vários setores da indústria
Além da indústria do petróleo, poderão ser beneficiados setores como os de siderurgia, automotivo e nuclear, entre outros. “É um laboratório público altamente qualificado, que estará a serviço da pesquisa, do meio acadêmico, do estudante que for defender, por exemplo, uma tese sobre corrosão ou soldagem. Será também muito útil aos vários segmentos da indústria brasileira. Desde a construção civil, que tem sérios problemas com corrosão das vigas, até a indústria do petróleo, com o desafio de fazer a extração no pré-sal”, comentou o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa.
Segundo o presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli (Confira o discurso), a companhia perde milhões de dólares por ano com problemas de corrosão e este laboratório é um caminho para as soluções tecnológicas para este problema e acrescentou que já são 32 anos de parceria entre Petrobras e a Coppe. Neste período, mais de dois mil projetos foram desenvolvidos.
Para o coordenador do laboratório LNDC, Oscar Rosa Mattos (Confira o discurso), é um momento de alegria que se torna ainda mais importante diante ao pessimismo do mundo em relação à crise mundial. Para Rosa Mattos, a entrada em atividade de um laboratório de ponta, em nível mundial, é uma demonstração de otimismo do país. “Este laboratório será um marco na história do Brasil”, disse o coordenador.
O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende (Confira o discurso), também presente à cerimônia, foi outro que lembrou o pioneirismo da Coppe. “Há 43 anos, esta instituição lançava o primeiro curso de pós-graduação do país. A partir daí, o sistema de ciência e tecnologia deste país deu um salto.” Para o ministro, o Brasil não tem a cultura de transformar ciência e tecnologia em riqueza. Porém, ainda de acordo com Resende, mais uma vez a Coppe pode sair na frente para fazer história.
O ambiente pelo menos não poderia ser mais propício. O governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral (Confira o discurso), destacou na solenidade de inauguração o fato de boa parte da inteligência do país estar na Cidade Universitária. Mais conhecida como Ilha do Fundão, a área reúne, além da Coppe e outras unidades da UFRJ, o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes).
O reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira (Confira o discurso), define a Ilha Universitária como um celeiro de talentos. “O LNDC traz mais vida inteligente para este universo”, disse o reitor, na inauguração do laboratório.
LNDC vai transferir tecnologia de ponta para a indústria nacional
O Laboratório de Ensaios não Destrutivos, Corrosão e Soldagem (LNDC), que se destaca entre os mais modernos do mundo e é o único em que as três áreas de conhecimento estão integradas no mesmo local. Instalado na Coppe, no Campus da Ilha do Fundão (RJ), o novo laboratório está preparado para testar equipamentos e materiais para a indústria do petróleo, com destaque para os que serão utilizados na exploração das camadas do pré-sal.
Montado com o que há de mais moderno em termos de equipamentos nas suas três áreas, o laboratório está capacitado para desenvolver tecnologia de ponta e contribuir para que a indústria nacional tenha condições de produzir equipamentos que hoje ainda precisam ser importados pelo setor.
O LNDC, com oito mil metros quadrados de área construída, tem dois grandes tanques de testes: um com água e outro seco. No primeiro, com 12 metros de comprimento, 6 de largura e 7 de profundidade, serão realizados ensaios fundamentais para testar a integridade de equipamentos que entrarão em operação nos campos de petróleo, incluindo a camada pré-sal, em profundidades de até 7 mil metros abaixo do nível do mar, cuja pressão é até 700 vezes maior do que a do ambiente em que vivemos.
No tanque seco, serão feitos ensaios para detectar danos internos nos materiais, por meio de raios gama e raios X e um acelerador de partículas nuclear, sendo o único no país que permite a inspeção de grandes equipamentos para a área do petróleo.
O laboratório conta ainda com sete câmaras especiais para ensaios com H2S e CO2, em altas pressões e temperaturas, trabalhando com células autoclaves (alta pressão) e loops (circuito fechado), especialmente concebidos para esta finalidade.
História
O projeto do LNDC foi idealizado em 2001, quando seus coordenadores concluíram que a infra-estrutura dos laboratórios – então instalados separadamente – era pequena para responder às necessidades que viriam pela frente, sobretudo na atividade de exploração de petróleo. Para enfrentar esses novos desafios das indústrias do setor ou outras que venham a demandar este tipo de serviços, a Coppe decidiu reunir no laboratório pesquisadores que atuam nas três áreas de conhecimento (ensaios não destrutivos, corrosão e soldagem), sob a coordenação dos professores João Marcos Rebello, Oscar Rosa Mattos e João Payão.
“Há anos temos uma cooperação intensa com o Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), mas precisávamos de novas instalações para avançar nas pesquisas. O LNDC veio justamente para atender a essa demanda, disponibilizando uma infra-estrutura que viabilizará o trabalho em qualquer domínio do campo do petróleo nessas áreas”, ressalta o professor Oscar Rosa Mattos.
É o caso, por exemplo, dos estudos que envolvem um dos principais vilões deste segmento: o ácido sulfídrico (H2S), um componente que acelera a danificação dos materiais e equipamentos por onde passa o petróleo. Quanto maior é o teor de H2S e mais baixo o pH do óleo, mais grave é o problema. Essa composição intensifica a ação do ácido, provocando a deterioração dos equipamentos. “Com o pré-sal, o problema se agrava e exige avanços tecnológicos que viabilizem sua exploração, como a adaptação e desenvolvimento de novos materiais que terão que resistir a pressões muito elevadas, acima de 400 bars (unidade de pressão), em ambientes que têm como principais agentes nocivos o H2S e o gás carbônico (CO2)”, explicou Rosa Mattos.
Outro desafio imposto pelo pré-sal é a adaptação e desenvolvimento de técnicas de ensaios não destrutivos para detecção de defeitos desses materiais, assim como o desenvolvimento de procedimentos de soldagem. “Nosso objetivo é desenvolver soluções tecnológicas que propiciem maior segurança e confiabilidade aos equipamentos usados na exploração de petróleo”, comentou o professor João Marcos Rebello, outro coordenador do laboratório.
Na área de soldagem, o professor João Payão, também coordenador do LNDC, destacou a capacidade do laboratório de desenvolver tecnologia e procedimentos relacionados ao revestimento de tubulações em altas profundidades, um grande problema hoje enfrentado pela indústria do petróleo: “A maioria dos tubos é importada, e nós aqui no laboratório teremos condições de desenvolver qualquer tipo de solda que a indústria do petróleo necessite para atuar em águas profundas.”