Diretora da Coppe apresenta BxC e outras iniciativas da Coppe em evento do BRICS

A diretora da Coppe/UFRJ, professora Suzana Kahn, participou, na manhã desta quinta-feira, dia 27, da segunda edição do BRICS Dialogue. Organizado pela Durban University of Technology – DUT (África do Sul), o evento foi sediado pela Coppe e realizado no formato online, reunindo gestores de instituições de ensino e pesquisa, pesquisadores e estudantes, para debaterem sobre desafios, indicadores e conhecimentos relacionados aos cinco países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Em sua apresentação, Suzana mostrou como a Coppe está construindo um ecossistema de inovação e empreendedorismo para a transição energética. A professora destacou tecnologias e soluções em desenvolvimento na instituição e apresentou o Centro de Soluções de Baixo Carbono da Coppe aos membros do Projeto BRICS 2.0. 

 “A Coppe está desenvolvendo diferentes soluções, novos arranjos e conexões entre seus especialistas das mais diversas áreas das engenharias. Estamos determinados a promover um ambiente que encoraja a inovação e o desenvolvimento tecnológico com o objetivo de conectar múltiplos agentes, inclusive o setor privado, às nossas capacidades tecnológicas para inovação”.

O encontro contou com a mediação da professora da Coppe Andrea Santos e com apresentações do reitor da DUT, Fulufhelo Netswer, do pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Rodrigo Fracalossi, e do economista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rodrigo Ventura.

O evento faz parte do calendário do Projeto BRICS 2.0, do qual fazem parte os professores da Coppe Andrea Santos e Elton Fernandes. Promovido pelo Instituto Nacional de Humanidades e Ciências Sociais (NIHSS) da África do Sul, o Projeto BRICS 2.0 tem como objetivo estimular a cooperação acadêmica, construindo uma comunidade de pesquisadores que possam moldar o futuro dos países do BRICS e contribuir para o desenvolvimento sustentável global.

Para a professora Andrea, a iniciativa do projeto é importante para o fortalecimento da parceria e cooperação entre os países do BRICS para a construção de um mundo sustentável. “Este projeto nos possibilita diminuir a lacuna da literatura científica sobre os desafios relacionados a esses países, não somente sobre mudanças climáticas, mas também sobre governança, justiça social e multilateralismo”, explica.

Segundo o reitor da DUT, o projeto promove a união dos países do BRICS para a construção conjunta de arranjos de desenvolvimento, de governança em políticas públicas, de compartilhamento de conhecimento para o mútuo benefício e para a construção de capital humano.

Diretora da Coppe participa de seminário sobre emergência climática e cidades

A diretora da Coppe/UFRJ, professora Suzana Kahn, participa no dia 3 de agosto do I Seminário Emergência Climática e Cidades, promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp). O evento será realizado na IABsp, das 16 às 18h, com transmissão ao vivo pelo canal do instituto no YouTube.

Professora Suzana será uma das debatedoras da mesa “Mobilidade urbana e eficiência energética”, que abordará a transição energética do setor, o transporte coletivo e a adaptação dos transportes à emergência climática, bem como a conexão entre desenvolvimento fundiário, desenho urbano, mobilidade e racismo ambiental.

O seminário será realizado entre os dias 1° e 3 de agosto e tem como objetivo engajar arquitetos urbanistas e os setores público, privado, não governamental e acadêmico no fortalecimento da agenda climática urbana brasileira.  Acesse a programação completa e inscreva-se.

O IABsp está situado na rua Bento Freitas, 306, 1º andar. Vila Buarque, São Paulo, SP.

Nova tecnologia para produção de hidrogênio será apresentada na Coppe

O Laboratório de Hidrogênio (LabH2) da Coppe/UFRJ e a Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2) promovem, na próxima sexta-feira, dia 28 de julho, às 10h30m, o “Innovation Webinar: Hydrogen and Solid Oxide Cells Technologies”. O evento terá como palestrante o conceituado pesquisador Nguyen Q. Minh, do Centro de Pesquisa de Energia da Universidade da Califórnia, em San Diego (UCSD), que dará uma visão geral das atividades recentes nos EUA para desenvolvimento do hidrogênio como ferramenta eficaz de descarbonização. O professor resumirá o seu trabalho de pesquisa e desenvolvimento na UCSD de tecnologias de eletrolisador e pilha de óxido sólido de alto desempenho, alta durabilidade e baixo custo para produção e uso de hidrogênio.

Aberta ao público e com vagas limitadas, a palestra será realizada no auditório da Coppe, no bloco G, sala 122, Centro de Tecnologia, na Cidade Universitária, da onde será transmitida pelo canal da ABH2 no YouTube.

O evento é coordenado pelo professor Paulo Emilio Valadão de Miranda, presidente da ABH2 e diretor do LabH2, que é ligado ao Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais e ao Programa de Engenharia de Transportes da Coppe. A palestra é bastante oportuna uma vez que o Departamento de Energia dos EUA (DOE) produziu recentemente uma Estratégia Nacional para o Hidrogênio, que inclui um roteiro para facilitar o seu processamento, entrega, armazenamento e uso em larga escala. O DOE aumentou significativamente o apoio e o financiamento em áreas que envolvem o hidrogênio, especialmente a eletrólise, e planejou estabelecer polos Regionais de Hidrogênio em todo o país, dentre outras medidas. No Brasil, a nova estratégia para o hidrogênio, o Programa Nacional do Hidrogênio, também visa incluir o hidrogênio na matriz energética e descarbonizar a economia. O plano trienal deste programa recentemente foi a consulta pública para deliberação e ele funcionará em fluxo continuo, com atualização a cada fim de ano. A Associação Brasileira do Hidrogênio participa de perto das discussões e contribui ativamente com informações e sugestões.

Sobre o palestrante

Nguyen Minh é um especialista internacionalmente conhecido em tecnologias de eletrolisadores e pilhas a combustível, especialmente as  de óxido sólido (SOFCs e SOECs na sigla em inglês) Sua experiência abrange um “leque” completo nestas áreas, desde pesquisa e desenvolvimento industrial e até produtos, passando por avaliação de tecnologia, formulação de estratégia, estudo fundamental e de engenharia, até o desenvolvimento de processos e manufatura, projeto e operação de sistemas, demonstração de protótipos e análise de custo e de mercado. Antes de ingressar na UCSD, Nguyen atuou como cientista-chefe e gerente de pilhas a combustível na GE e anteriormente como gerente sênior de pilhas a combustível na Honeywell, AlliedSignal.

Suzana Kahn assume a direção da Coppe em cerimônia concorrida

A Coppe/UFRJ realizou nesta segunda-feira, 24 de julho, a cerimônia de posse da professora Suzana Kahn e do professor Marcello Campos, como diretora e vice-diretor da instituição. A solenidade contou com a participação do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates; e do secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luis Fernandes, da diretora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Symone Araújo, do reitor da UFRJ, professor Roberto Medronho, da vice-reitora, professora Cassia Turci, e do decano do Centro de Tecnologia, professor Walter Suemitsu.

A nova diretora destacou que a Coppe, como o maior centro de ensino e pesquisa em Engenharia, deve repensar seu papel. “As novas áreas não têm mais aquelas fronteiras tradicionais do conhecimento. Pensando nisso, criamos o Centro de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono e anunciamos o Coppe Inteligência Artificial, em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro. Em breve, inauguraremos um conjunto de laboratórios de engenharia biomédica e de nanotecnologia, criando então um grupo de engenharia da saúde”, antecipou professora Suzana.

Enfatizando sua alegria em liderar uma diretoria “jovem, diversa, sintonizada e afinada”, Suzana parafraseou o sambista Arlindo Cruz ao dizer que após a instituição enfrentar anos difíceis com pandemia e cortes orçamentários, “nós vamos achar o tom, um acorde com um lindo som, vamos fazer com que fique bom”.

A professora Suzana fez questão de reconhecer os méritos da gestão do professor Romildo Toledo, de quem foi vice-diretora, agradecendo pela confiança demonstrada. “Eu nunca tinha participado da diretoria, embora tenha acompanhado por anos por meio do Pinguelli, que pra mim era a Coppe personificada. Ele me ensinou a valorizar a filosofia, a história da ciência e entender a nossa responsabilidade nunca nos omitirmos”, referindo-se ao professor Luiz Pinguelli Rosa, por cinco vezes diretor da Coppe.

O vice-diretor, professor Marcello Campos, agradeceu às muitas mensagens de parabéns que receberam após a vitória na consulta à comunidade e brincou que, em pouco tempo, as congratulações foram substituídas por votos de boa sorte. Marcello agradeceu ao corpo social da Coppe, aos colegas da diretoria passada e ao ex-diretor, professor Romildo, “para quem o copo estava sempre meio cheio, sempre com serenidade e esperança”.

Professor Marcello disse encontrar sábios todos os dias, pelos corredores da Coppe, “como o amigo e mentor, Paulo Sérgio Diniz, que há tantas décadas olha por mim, e o professor Edson Watanabe, um grande exemplo”. “É daqui que saem soluções de baixo carbono, energias renováveis, biotecnologia, vacinas. Soluções que impulsionam as mudanças que a sociedade espera. Essa é a Coppe, instituição sexagenária com disposição de atleta olímpica, pronta para atender aos desafios de um mundo em constante transformação”.

O professor Romildo Toledo agradeceu a todos os que trabalharam com ele nos quatro anos em que esteve à frente da instituição, aos coordenadores dos 13 programas acadêmicos e ao Conselho Deliberativo, e reverenciou o professor Luiz Pinguelli Rosa, falecido em 2022 e que por quatro vezes dirigiu a Coppe, pela sua contribuição institucional e científica. “Fico muito feliz com a renovação da diretoria que se inicia, isso é muito importante para a instituição. Jovens assumindo posições de gestão pública é fundamental”, elogiou.

Olhando em retrospectiva a própria gestão, o professor Romildo avaliou que não foram tempos fáceis para as universidades, em geral, e a Coppe, em particular. “Enfrentamos uma pandemia, em meio a um governo federal que manifestamente tinha desprezo pela ciência, tecnologia, educação, meio ambiente, cultura e, estranhamente, até pela saúde. Foram enormes os bloqueios orçamentários em todas essas áreas”, avaliou.

Coordenador do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Materiais e Tecnologias de Baixo Impacto Ambiental na Construção Sustentável (Numats), Romildo agradeceu também aos colegas e pesquisadores do laboratório por “suportar minhas ausências nesses quatro anos” e à sua família, “pelo tempo subtraído ao assumir cargos públicos”.

Romildo ressaltou a conjuntura difícil com uma abrupta queda de 45% nas verbas para pesquisa e desenvolvimento, em 2020, e destacou que a Coppe fechou 2022 com receita 10% superior ao nível de 2019 e com a previsão de ter, em 2023, um montante 30% superior ao de 2019.

Olhando para o futuro e ajudando a construí-lo

O reitor da UFRJ, professor Roberto Medronho, disse estar emocionado ao conduzir sua primeira cerimônia dando posse a uma nova diretoria de unidade acadêmica, por considerar a Coppe – “este belíssimo instituto, este templo do saber” – como também sendo sua casa. O reitor elogiou o trabalho conduzido pela Fundação Coppetec e destacou a participação dos professores da Coppe no GT Coronavírus, criado pela universidade durante a pandemia. “Guilherme Horta Travassos, Célio Costa, Leda Castilho que está desenvolvendo uma vacina. Jurandir Nadal que produziu um ventilador pulmonar, quando faltavam ventiladores no mundo. A Coppe foi um vetor importantíssimo”.

O professor Medronho exortou a comunidade acadêmica a “sair da torre de marfim e interagir mais com a sociedade”. “Precisamos criar um marco civilizatório e temos muito a fazer. Devemos formar não apenas mão de obra para o mercado, mas formar cidadãos comprometidos com a mudança da sociedade. Precisamos de um mundo mais solidário, mais justo, mais fraterno, mais saudável e mais sustentável”.

A vice-reitora, professora Cássia Turci, elogiou o trabalho do CoppeComb, laboratório vinculado ao Programa de Engenharia Química da Coppe, durante a pandemia, na produção e distribuição de álcool 70º, e o trabalho conjunto com o ex-diretor da Coppe, professor Luiz Pinguelli Rosa. “Pude trabalhar em parceria e com muito respeito, com o professor Pinguelli, sempre pensando na UFRJ e no desenvolvimento da Educação em nosso país. Precisamos pensar em novos valores para nossa sociedade, desenvolver empatia, pensar na inteligência afetiva. A professora Suzana falou em trabalhar em time e eu concordo, não podemos trabalhar isoladamente. Tenho certeza de que Suzana e Marcello serão muito felizes na condução desta instituição que nos deu tantos nomes importantes para a universidade, como o professor Giulio Massarani”.

O decano do Centro de Tecnologia (CT), professor Walter Suemitsu, ressaltou que a Coppe foi a origem de vários programas de pós-graduação na UFRJ e disse esperar que a sólida tradição acadêmica seja mantida. Suemitsu destacou ainda a atuação da professora Suzana Kahn no debate acadêmico sobre mudanças climáticas e observou que a instituição já atua fortemente em prol dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“Nossas histórias são indissociáveis e, em grande medida, nossas equipes também”, ponderou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que listou vários projetos conjuntos entre a Coppe e a estatal. “Temos 135 termos de cooperação vigentes e eles somam 559 milhões de reais. Nossas instituições não apenas olham para o futuro, mas ajudam a construí-lo”.

Segundo o secretário-executivo do MCTI, Luís Rebelo Fernandes, a história da Coppe se entrelaça com a estruturação do sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação e “é uma das estrelas da coroa do sistema. Uma construção feita por gigantes como os ex-diretores, Alberto Luiz Coimbra, Luiz Pinguelli, Romildo Toledo, e Angela Uller, que antecipou o florir dos novos tempos sendo a primeira a trazer a força feminina à direção da Coppe”, reconheceu.

Fernandes observou que o Brasil foi o país que mais regrediu em publicações indexadas e que isso não é consequência somente da pandemia, que atingiu a todos os países. “Isso é fruto do negacionismo ter sido transformado em doutrina oficial de governo e do colapso do sistema federal de fomento. Durante a maior parte do governo passado, 90% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Vamos reconstruir a Ciência para reconstruir o Brasil. Vamos lançar novos editais do Proinfra, que somarão 6,4 bilhões de reais em quatro anos. A isso se soma nosso aporte de 41 bilhões de reais da nova política industrial, com 25 bilhões em créditos e 16 bilhões em subvenções”, pontuou o secretário-executivo

Symone Araújo, diretora da ANP, pediu maior representatividade nas instituições acadêmicas e científicas, e elogiou a nova diretora da Coppe: “Suzana traz um charme, um savoir faire, uma beleza, e o sorriso no rosto muda a vida”.

O evento contou ainda com depoimentos gravados em vídeo pelo presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e ex-ministro do MCTI, Celso Pansera; da presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), professora Helena Nader, e da presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), professora Mercedes Bustamante. Diversas autoridades públicas, como o ex-deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) e a secretária municipal de Ciência e Tecnologia, professora Tatiana Roque, Telmo Ghiorzi, presidente da ABESpetro, e representantes de diversas unidades da UFRJ estiveram presentes.

A professora Suzana Kahn e o professor Marcello Campos estão à frente da nova diretoria, da qual também participam a professora Marysilvia Costa, diretora de Tecnologia e Inovação; o professor Thiago Aragão, diretor-adjunto de Empreendedorismo; o professor Jean-David Caprace, diretor Acadêmico; o professor Thiago Ritto, diretor-adjunto Acadêmico; a técnica-administrativa Cleide Lima, diretora-adjunta de Extensão; a professora Amanda Xavier, diretora de Planejamento, Administração e Desenvolvimento Institucional; o professor Tharcisio Fontainha, diretor-adjunto de Planejamento, Administração e Desenvolvimento Institucional; a técnica-administrativa Vanda Borges, diretora-adjunta de Gestão de Pessoas; o professor Glaydston Ribeiro, diretor-executivo da Fundação Coppetec; e o professor Antonio Figueiredo, diretor-superintendente da Fundação Coppetec.

Confira a solenidade, na íntegra, no canal da Coppe no YouTube.

Boletim 11 – Professora Suzana Kahn toma posse como diretora da Coppe/UFRJ

A professora Suzana Kahn e o professor Marcello Campos tomam posse como diretora e vice- diretor da Coppe/UFRJ, na próxima segunda-feira, dia 24 de julho, às 10 horas. A cerimônia será realizada no auditório da Coppe, no CT2. O mandato da nova diretoria da instituição será de 2023 a 2027.

Pesquisadores do Laboratório do Futuro desenvolveram a plataforma Alumni UFRJ para permitir o acompanhamento da trajetória dos alunos formados pela universidade. Por meio da Alumni UFRJ, a comunidade universitária terá acesso a dados importantes sobre o desempenho profissional dos formandos na sociedade.

Saiba como anda a produção de pesquisa em Engenharia desenvolvida pela Coppe/UFRJ em prol da sociedade. O que está sendo feito pela Coppe e o que vem por aí, todas as sextas-feiras, às 10h, com reapresentação às 15h, na Radio UFRJ. Também disponível nas principais plataformas e aplicativos de streaming. Visite nosso site (http://coppe.ufrj.br/) e nos siga nas redes sociais.

Realização: Assessoria de Comunicação da Coppe/UFRJ
Coordenação e locução: Roberto Falcão e Bruno Franco
Produção jornalística: Carlos Ribeiro e Diogo Ferraz
Gravação e edição de áudio: Gabriel Savelli
Apoio e estúdio de gravação: Laboratório de Produção Multimídia (LPM) da Coppe/UFRJ

https://radio.ufrj.br/programas/boletim-planeta-coppe/56177057

Professor Romildo Toledo é o novo diretor do Parque Tecnológico da UFRJ

O ex-diretor da Coppe/UFRJ, professor Romildo Toledo, foi aprovado nesta terça-feira, dia 18 de julho, pelo Conselho Diretor do Parque Tecnológico da UFRJ como novo diretor-executivo do Parque.

Mestre (1986) e doutor (1997) em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pós-doutor pela Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha, Romildo Toledo é Professor Titular da UFRJ e membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Ingressou na Coppe em 1999, no Programa de Engenharia Civil (PEC). Na instituição, foi diretor da instituição (2019 a 2023), vice-diretor (2015 a 2019) e diretor de Tecnologia e Inovação (2013 a 2015). Recebeu do Instituto Brasileiro do Concreto o prêmio Luiz Alfredo Falcão Bauer, de Destaque do Ano em Engenharia, no campo das pesquisas do concreto e materiais constituintes (2009). Foi duas vezes contemplado pelos editais da Faperj “Cientista do Nosso Estado” (2010) e “Cientista Jovem do Nosso Estado” (2000).

Professor Romildo Toledo é membro do INBAR Bamboo Construction Task Force, e presidente da Associação Brasileira de Materiais e Tecnologias não Convencionais.

Transformação e ciência

Suzana Kahn

Muito se fala em transição energética, transformação digital e na quarta revolução industrial (convergência das tecnologias digitais, físicas e biológicas), como vetores de uma nova economia que requererá profissionais cada vez mais qualificados e versáteis. Há uma necessidade fundamental de se aprender a viver neste mundo VUCA, um acrônimo de origem militar significando: Volatilidade, Incerteza, Complexidade. Ambiguidade.  

A volatilidade é por conta das mudanças, sobretudo tecnológicas, muito rápidas, provocando resistência daqueles que não conseguem mudar e angústia dos que não acompanham a evolução da tecnologia. A incerteza é devido à falta de clareza acerca das soluções para os problemas que surgem, uma vez que são novos, sem um modelo anterior a ser seguido. A complexidade é consequência de um mundo cada vez mais conectado, multifacetado e interligado. Por fim, a ambiguidade, que é o resultado de inúmeras possíveis formas de interpretar e analisar diferentes contextos, onde se aumenta a relatividade que leva a uma maior falta de clareza e de certezas.

Nesse momento, a universidade se mostra ainda mais importante para oferecer soluções voltadas para as grandes transformações. A Coppe/UFRJ – um dos maiores centros de pesquisa e ensino em pós-graduação de Engenharia na América Latina – continua estabelecendo metas para se manter na vanguarda. Como a descarbonização será provavelmente a transformação tecnológica mais acelerada dos últimos séculos, criou o Centro de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono, onde são agrupados os diferentes laboratórios do complexo da Coppe que lidam direta ou indiretamente com o tema, oferecendo soluções para a redução de emissões a diferentes setores da sociedade. 

A revolução digital, base da nova economia, também terá uma abordagem transversal com a criação da Coppe IA – Inteligência Artificial, onde parceiros externos também farão parte, pois o motor da inovação exige parcerias entre governo, empresas e universidades. A inovação e o empreendedorismo têm papel fundamental como impulsionadores do progresso, com novas ideias, soluções e oportunidades para indivíduos, empresas e comunidades. O empreendedorismo é o veículo que dá vida à inovação. É a mentalidade e a ação de transformar ideias em negócios viáveis. A Coppe reforçará seu ecossistema de inovação, fornecendo o ambiente adequado para desenvolvimento de ideias e produtos disruptivos, de tal forma que possamos ampliar a criação de empregos para os profissionais altamente qualificados que se formam e fortalecer as ações de empreendedorismo social para a solução de problemas locais. 

A integração desses elementos permitirá um ambiente estimulante para a comunidade. Também é preciso dar maior importância à aprendizagem além de focar somente o ensino e integrar problemas práticos da indústria à sala de aula através de novos formatos. Áreas de conhecimento transversal deverão ser estruturadas de maneira a contemplar a complexidade e a ambiguidade do mundo atual. Como a volatilidade das mudanças tende a ser cada vez maior, a Coppe acelera cada vez mais.

Suzana Kahn, engenheira, é especialista em mudanças climáticas e futura diretora da Coppe/UFRJ.

*Artigo publicado em O Globo, editoria Opinião, dia 15 de julho.

Boletim 10 – Presidente Lula condecora, in memoriam, ex-diretor da Coppe, professor Luiz Pinguelli Rosa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condecorou na quarta-feira, 12 de julho, in memoriam, o professor Luiz Pinguelli Rosa, ex-diretor da Coppe, com a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe Grã-cruz. Sérgio Rosa, irmão de Pinguelli, recebeu a medalha em solenidade realizada no Palácio do Planalto.

Também homenageada a professora a professora aposentada do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação Ana Regina Cavalcanti da Rocha. Ela receberá a homenagem “Destaque Formação de Recursos Humanos de Excelência” da Comissão Especial de Engenharia de Software.

Saiba como anda a produção de pesquisa em Engenharia desenvolvida pela Coppe/UFRJ em prol da sociedade. O que está sendo feito pela Coppe e o que vem por aí, todas as sextas-feiras, às 10h, com reapresentação às 15h, na Radio UFRJ. Também disponível nas principais plataformas e aplicativos de streaming. Visite nosso site (http://coppe.ufrj.br/) e nos siga nas redes sociais.

Realização: Assessoria de Comunicação da Coppe/UFRJ
Coordenação e locução: Roberto Falcão e Bruno Franco
Produção jornalística: Carlos Ribeiro e Diogo Ferraz
Gravação e edição de áudio: Gabriel Savelli
Apoio e estúdio de gravação: Laboratório de Produção Multimídia (LPM) da Coppe/UFRJ

https://radio.ufrj.br/programas/boletim-planeta-coppe/56100791

Pesquisadores da Coppe desenvolvem plataforma Alumni UFRJ

Pesquisadores do Laboratório do Futuro da Coppe/UFRJ desenvolveram a plataforma Alumni UFRJ para permitir um acompanhamento da trajetória dos alunos formados pela universidade. Estruturada em parceria com a empresa Labore e com o Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho (GID), ligado à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da UFRJ, a plataforma tem como proposta propiciar gerações de dados que permitam compreender a atual situação dos ex-alunos, suas expectativas futuras e o quanto a formação oferecida pela UFRJ o ajudou em sua atuação profissional. O lançamento do projeto de acompanhamento, com a apresentação da plataforma, foi realizado durante o evento Internacionaliza UFRJ2030, ocorrido em maio, no Museu do Amanhã.

De acordo com o pesquisador do Laboratório do Futuro Yuri Lima, coordenador da linha de pesquisa “Futuro do Trabalho”, a plataforma permitirá a criação de uma rede para conexões entre os graduados e pós-graduados pela UFRJ, e também que estes tenham dados sobre o mercado de trabalho, de forma a ajudá-los na tomada de decisão sobre sua carreira profissional. Entre os outros benefícios da plataforma, Yuri destaca que ela está apta para atender ao Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da universidade, no que se refere ao 11º objetivo das Metas de Ensino, Pesquisa e Extensão, para a graduação, e ao 15º objetivo das Metas de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação. Tais objetivos consistem na criação de um programa de apoio e acompanhamento dos egressos da UFRJ, visando à sua efetiva inserção social e estimulando o retorno dos ex-alunos às suas comunidades para que haja troca de vivências e saberes.

A plataforma será acoplada ao portal atual da plataforma Alumni UFRJ

Por meio da plataforma, a comunidade da UFRJ terá acesso a dados importantes que estarão reunidos e armazenados sobre o desempenho profissional dos formandos na sociedade. A ferramenta computacional disponibilizará dados agregados para as pesquisas sobre egressos, servindo de retorno para a coordenação do curso sobre o perfil profissional dos ex-alunos. Além disso, coletará e também tornará disponível dados que permitirão preencher de forma mais ágil a participação da universidade em rankings internacionais, por meio de seus egressos.

Para calibrar a plataforma, o projeto tem seu início com aqueles que ainda são alunos. Os pesquisadores do Laboratório do Futuro, que é ligado ao Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc) da Coppe e dirigido pelo professor Jano Moreira, em parceria com o GID da UFRJ, coordenado pela professora Daniela Uziel, estão executando um trabalho piloto envolvendo estudantes que se formarão nos próximos semestres em seis cursos selecionados: os de graduação em Comunicação Visual (Design), Dança, Economia, Engenharia de Produção, e Enfermagem; e os de pós-graduação em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos. Com o avançar do projeto, eles passarão a coletar dados de alunos que se formaram nos semestres e anos anteriores.

Esta nova plataforma entrará no ar até o final de 2023 e será acoplada ao portal atual da plataforma Alumni UFRJ, que já conta com um painel de empresas fundadas por alumni, desenvolvido pelo GID. O endereço é https://alumni.ufrj.br

Jogo DiscoveRx codesenvolvido por pesquisadores da Coppe é tema de editorial em destaque em portal de publicação internacional

O jogo educativo digital DiscoveRx desenvolvido por pesquisadores da Coppe/UFRJ e do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), da UFRJ, é tema de editorial em destaque no portal da publicação Latin American Journal of Clinical Sciences and Medical Technology. O texto “Jogando e aprendendo: apresentação do DiscoveRx, um jogo digital para divulgação científica do processo de descoberta e desenvolvimento de fármacos” é assinado pelo editor-chefe do jornal, Gilberto Castañeda-Hernández, e pelos coordenadores do jogo, os professores Geraldo Xexéo e François Noël, trazendo uma breve descrição desta nova ferramenta educacional voltada para o ensinamento de jovens adolescentes sobre o processo de descoberta de novos fármacos. Confira no site do veículo o editorial, que está disponível em quatro idiomas (português, inglês, espanhol e francês): https://lajclinsci.com

Lançado no início deste ano, o DiscoveRx foi elaborado pelos pesquisadores do Laboratório de Ludologia, Engenharia e Simulação (Ludes) da Coppe, e é composto por sete minijogos sequenciais. Cada um deles corresponde a uma das sete etapas do processo de descoberta e desenvolvimento de fármacos que estão descritos no jogo Screener, que, lançado em 2021, é voltado para alunos de pós-graduação e já foi adotado por variadas instituições. O professor Geraldo Xexéo, coordenador do Ludes, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc) da Coppe, diz que o aprendizado baseado em jogos é considerado como forma interessante de ensino ativo que assegura um melhor engajamento de aluno. Assim como no Screener, o conteúdo científico incorporado ao DiscoveRx foi estruturado pelo professor François Noël, do Programa de Pós-graduação em Farmacologia e Química Medicinal, do ICB/UFRJ.

Professor Pinguelli é agraciado por presidente Lula com Ordem Nacional do Mérito Científico

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, juntamente com a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, condecorou hoje, 12 de julho, in memoriam, o professor Luiz Pinguelli Rosa, ex-diretor da Coppe/UFRJ em cinco ocasiões, com a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe Grã-cruz. Seu irmão, Sérgio Rosa, recebeu a medalha em solenidade realizada no Palácio do Planalto, Brasília.

Falecido em março de 2022, Luiz Pinguelli Rosa foi professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe e eleito cinco vezes diretor da instituição. Em 2002, assumiu a presidência da Eletrobras, na qual permaneceu até maio de 2004. Em 2013, recebeu o título de Professor Emérito da UFRJ.

Pinguelli Rosa foi membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), do conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); do Conselho Pugwash (1999-2001) – associação fundada por Albert Einstein e Bertrand Russel voltada para o combate ao armamento nuclear, a qual foi agraciada com o Nobel da Paz, em 1995. Foi secretário-geral da Sociedade Brasileira de Física por dois mandatos, de 1994 a 1998, e presidente da Associação Latino-Americana de Planejamento Energético, de 1994 a 1998.

Desde 1998, foi autor ou revisor de relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, entidade que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007. De 2004 a 2016, foi secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), presidido pelo presidente da República, que reúne representantes de órgãos intergovernamentais e entidades da sociedade civil.

O professor Pinguelli acumula prêmios como o Golfinho de Ouro, do Conselho Estadual de Cultura do Estado do Rio de Janeiro (2002); Prêmio Coppe Giulio Massarani de Mérito Acadêmico, da Coppe/UFRJ (2005); Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2007 – Troféu José Pelucio, categoria Ciência e Tecnologia, da Finep (2008); Destaque do Ano, da Assespro-RJ (2011); Medalha de Honra ao Mérito John Cotrim, de Furnas (2012); Homenagem Aluno Eminente, do Colégio Pedro II (2012); Personalidade do Ano de Inovação, da Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural – ANP (2014).

Orientou mais de 100 teses de doutorado e dissertações de mestrado. É autor de oito livros, entre eles Tecnociências e humanidades: novos paradigmas, velhas questões, publicado em dois volumes pela editora Paz e Terra, em 2006, e que concorreu entre os dez selecionados ao Prêmio Jabuti, na categoria Humanidades. Tem mais de 180 trabalhos científicos publicados, a maioria deles no exterior.

O evento no Palácio do Planalto marcou também a entrega da Ordem Nacional do Mérito Científico à médica sanitarista Adele Benzaken e ao infectologista Marcus Vinícius de Lacerda, que tiveram suas condecorações revogadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2021. Então diretora da Fiocruz Amazônia, Adele havia sido exonerada do cargo que ocupava até início de 2019, de diretora do Departamento de Vigilância Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV), do Ministério da Saúde. Na época, ela havia alegado que o motivo da exoneração era por ter publicado uma cartilha para homens trans. Marcus, por sua vez, liderou estudos que comprovaram a ineficácia da cloroquina, medicamento defendido por Bolsonaro, no combate à covid-19.

Na solenidade, também foi reinstalado o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), órgão de assessoramento do Presidente da República, que teve sua última reunião em 2018. O presidente Lula assinou ainda decreto de convocação da V Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, prevista para o primeiro semestre de 2024. A relação completa dos agraciados com a Ordem Nacional do Mérito Científico pode ser conferida na edição de hoje do Diário Oficial da União.

A cerimônia completa pode ser vista no YouTube do CanalGov.

Professora da Coppe será homenageada pela Comissão Especial de Engenharia de Software

A professora aposentada Ana Regina Cavalcanti da Rocha, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe/UFRJ, receberá a homenagem “Destaque Formação de Recursos Humanos de Excelência” da Comissão Especial de Engenharia de Software (CEES). A homenagem será prestada durante o Congresso Brasileiro de Software de 2023 (CBSoft 2023), organizado pela Faculdade de Computação (Facom) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e que será realizado de 25 a 29 de setembro. Saiba mais sobre o congresso: https://cbsoft2023.ufms.br

A homenagem é um reconhecimento da CEES, que é ligada à Sociedade Brasileira de Computação, à longa jornada e dedicação de Ana Regina na formação de recursos humanos em qualidade e quantidade, incluindo várias frentes de contribuições e de atuação.

Ana Regina é graduada em Matemática pela UFRJ (1971), com mestrado e doutorado em Informática, pela PUC-RJ (1978 e 1983). Uma das pioneiras da Engenharia de Software e Qualidade de Software no Brasil, atualmente é professora titular aposentada da UFRJ (dezembro de 2021), onde atuou como docente do Pesc/Coppe, e sócia da Implementum Consultoria. Ao longo de sua trajetória acadêmica, que teve início no Instituto Militar de Engenharia (IME), Ana, após ingressar na Coppe, introduziu a linha de Engenharia de Software no Pesc, onde orientou cerca de 130 alunos, sendo 100 de mestrado e 30 de doutorado. Além disso, publicou mais de 250 artigos em periódicos nacionais e internacionais e anais de congressos, sendo autora do livro Análise e Projeto Estruturado de Sistemas (1987) e co-organizadora de outros cinco livros. 

Sempre envolvida com ações para promover a evolução da Engenharia de Software na comunidade da computação brasileira, Ana Regina começou sua participação no projeto colaborativo com o CERN – Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear – no início de sua carreira na Coppe. Fez parte da organização inicial do que hoje se tornou o SBES (Simpósio Brasileiro de Engenharia de Software), o SBQS (Simpósio Brasileiro de Qualidade de Software) e o SBIE (Simpósio Brasileiro de Informática na Educação).

A professora da Coppe também teve intensa atuação nas áreas de Informática Médica e, principalmente, na criação e implantação do MPS.Br (Modelo de Processo de Software Brasileiro). Além disso, durante sua trajetória, teve intensa e contínua colaboração com a comunidade de Engenharia de Software e, principalmente, com a indústria de software, resultando na transferência de distintas tecnologias, tais como ferramentas, ambientes e processos, dentre outras, para o desenvolvimento brasileiro na área.

Coppe e TotalEnergies iniciam projetos para geração eólica offshore e hibridização

Pesquisadores do Lafae atuarão em cinco dos sete projetos contratados pela TotalEnergies

Os sete projetos desenvolvidos pela Coppe/UFRJ em parceria com a multinacional francesa TotalEnergies reunirão cerca de cinquenta pesquisadores do Programa de Engenharia Elétrica (PEE) e terão financiamento de 31 milhões de reais. Os contratos foram assinados em junho e os projetos de pesquisa e desenvolvimento são de geração eólica offshore, hibridização (combinação de fontes convencionais e renováveis) e armazenamento de energia.

De acordo com o professor Robson Dias, coordenador do Laboratório de Fontes Alternativas de Energia (Lafae) e responsável por cinco dos sete projetos (todos os três voltados para hibridização e dois dos quatro projetos em eólica offshore), a TotalEnergies tem a visão de que o Brasil é um mercado importante para eólica offshore. “Eles têm interesse em investigar o potencial e como transmitir essa energia para o continente e o impacto disso para o Sistema Interligado Nacional (SIN), em contribuir para a transição energética, por meio da descarbonização e investimento em energias renováveis”.

“É importante aproveitar o potencial eólico offshore. Falta ainda ao Brasil essa cadeia produtiva, então é natural que o custo da energia seja maior. Na Europa, já há fábricas de pás próximas aos portos, então a logística está mais consolidada. Uma das questões do sistema elétrico nacional, é que não adianta prever o investimento se o sistema não estiver preparado. Os projetos de pesquisa ajudam a balizar a tomada de decisão, mostram às reguladoras o direcionamento das pesquisas e investimentos futuros das empresas e motivam estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) etc”, avalia.

Segundo Dias, os sistemas híbridos são uma tendência na descarbonização, na meta de atingir o net zero. “Esses três projetos buscam soluções que permitam trabalhar com diversas fontes renováveis em plantas híbridas, que podem ser conectadas ao sistema e definir modos de operação com objetivo de monetizar essa geração. Por exemplo: ter uma plataforma conectada com eólica, operando junto com turbina a gás, reinjeção de gás, compensando as emissões da produção”.

Sobre os projetos

O projeto “Conexão de parques eólicos offshore ao sistema interligado nacional”, que será realizado no Laboratório de Sistemas de Potência (Laspot), coordenado pelo professor Glauco Taranto, buscará identificar o impacto desta conexão ao SIN, e quais os pontos potenciais para injeção de potência. “Estamos falando da ordem de gigawatts, não pode ser alocado em qualquer ponto, senão o sistema não conseguirá absorver. Uma possibilidade é pulverizar em mais pontos de conexão”, explica Robson Dias

No projeto “Serviço de suporte à rede por turbinas eólicas”, coordenado pelo professor Edson Watanabe, no Laboratório de Eletrônica de Potência (Elepot), “parte de serviços de suporte à rede, é prover soluções para garantir a estabilidade do sistema frente às perturbações. Pegar o controle do conversor e emular uma inércia”, complementa Dias.

Os pesquisadores do Lafae serão responsáveis por três projetos no tema de hibridização e armazenamento: descarbonização de ativos com integração de fontes renováveis de energia às plataformas de óleo e gás; sistemas híbridos de geração de energia com funcionalidade de fornecer serviços; e hibridização de usinas eólicas em escala de megawatts com dispositivo de filtragem e compensação ativa.

Segundo Dias, um serviço possível é prover uma inércia “fictícia” e prover energia quando o sistema precisar, para que ele mantenha a funcionalidade. “Outro é o black start. Vamos supor que haja um apagão. Para recompor o sistema, há uma sequência de eventos que precisam ser acionados, para que vá religando. Algumas usinas são habilitadas para ligar isso do zero. Geram sua ligação e este é o ponto de partida, que vai conectando as demais usinas, é como um boot ligando um computador e este os demais até formar um cluster”.

De acordo com o professor do PEE, quando diversas fontes diferentes são conectadas, a qualidade da energia pode se degradar e cada fonte tem seu próprio controle. “O terceiro projeto, com dispositivo de filtragem e compensação ativa, é voltado a resolver problemas de qualidade de energia que possam surgir como harmônico e ressonância, e mitigar eventuais interações de controle para deixar o sistema mais estável possível”.

Além do projeto de detecção e caracterização de falhas em cabos submarinos e análise de desempenho em tempo real, a equipe do Lafae avaliará a aplicabilidade de sistemas HVDC E MTDC (Multiterminal DC) para conectar sistemas de geração de energia eólica offshore. Conforme explica Robson Dias, high voltage direct current (HVDC) é a transmissão em corrente contínua em alta tensão. “Quando trabalhamos com cabos submarinos, temos uma limitação quando a corrente é alternada. Precisamos fazer compensação, há perdas. A corrente continua elimina esses desafios. Só que é um sistema ponto a ponto, gera, converte e depois converte de novo para corrente alternada, que é o que o SIN entende. O MTDC, por sua vez, é um multiterminal, um sistema com mais de um ponto de conexão tanto do lado onshore como do lado offshore, para controlar a rede para otimizar a injeção de energia, o fluxo de potência. Confere mais flexibilidade para o sistema, e permite coletar energia de vários parques eólicos e injetar em mais de um ponto”, esclarece o professor.

Antecedentes

A parceria entre a TotalEnergies e o Lafae é um desdobramento de um projeto baseado em cossimulação em tempo real, geograficamente distribuída, que visa integrar centros de simulação em locais diferentes, para realizarem simulações sincronizadas e em tempo real. “Nós fizemos um emulador de cloud para emular latências envolvidas nos sistemas. Temos um parque de simulação em tempo real, com dois simuladores Opal e dois Typhoon-Hil. Esse parque vai ser ampliado, pois muitos desses projetos envolvem simulação em tempo real para validar controle, tecnologias, prototipagem rápida.

“No galpão do laboratório ficarão os protótipos que vão se conectar aos simuladores via um amplificador. Simulação chamada power hardware-in-the-loop que permite validar protótipos em escala representativa. É um sonho que está se tornando realidade aos poucos. Começou tudo lá naquele concurso. Quando ganhamos, a minha meta era tornar um centro de simulação em tempo real”, relembra o professor do Programa de Engenharia Elétrica.

Os sete contratos dão seguimento à parceria entre a Coppe e a TotalEnergies e a nova parceria foi celebrada com a assinatura do Convênio de Pesquisa e Desenvolvimento, no dia 30 de junho, que reuniu o reitor da UFRJ, professor Carlos Frederico Leão Rocha, o diretor da Coppe, professor Romildo Toledo, e a Chief Technology Officer (CTO) da TotalEnergies, Marie-Noëlle Semeria. O evento teve ainda a participação da vice-diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, e da diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, Isabel Waclawek.

Boletim 9 – Incubadora de Empresas abre edital para startups

A Incubadora de Empresas da Coppe/UFRJ abriu inscrições, até 16 de julho, para a seleção de dez novas startups. O novo programa de incubação se apoiará no conceito de open venture building – uma junção de inovação aberta e construção de startups. Os interessados devem atender a critérios como o desenvolvimento de produtos ou serviços inovadores, e o potencial de interação com as atividades de pesquisas desenvolvidas pela UFRJ.

O Rio Desis Lab, do Programa de Engenharia de Produção da Coppe, organiza o Fórum Temático Desis, que será realizado no dia 11 de julho, às 13h30, no auditório do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio. O fórum tem como objetivo investigar as características regionais do design de serviços.

Saiba como anda a produção de pesquisa em Engenharia desenvolvida pela Coppe/UFRJ em prol da sociedade. O que está sendo feito pela Coppe e o que vem por aí, todas as sextas-feiras, às 10h, com reapresentação às 15h, na Radio UFRJ. Também disponível nas principais plataformas e aplicativos de streaming. Visite nosso site (http://coppe.ufrj.br/) e nos siga nas redes sociais.

Realização: Assessoria de Comunicação da Coppe/UFRJ
Coordenação e locução: Roberto Falcão e Bruno Franco
Produção jornalística: Carlos Ribeiro e Diogo Ferraz
Gravação e edição de áudio: Gabriel Savelli
Apoio e estúdio de gravação: Laboratório de Produção Multimídia (LPM) da Coppe/UFRJ

https://radio.ufrj.br/programas/boletim-planeta-coppe/56004537

Professores da Coppe são contemplados em edital para parceria com universidades britânicas

Thiago Ritto e Marcelo Savi, do Programa de Engenharia Mecânica (PEM)

Os professores Marcelo Savi e Thiago Ritto, do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe/UFRJ, foram contemplados na chamada UK Academies, promovida pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), em parceria com o Fundo Newton, as UK Academies e o Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap).

O professor Marcelo Savi coordenará, em parceria com o professor Behnam Sobhaniaragh (Teesside University), o projeto “Integridade Microestrutural de Ligas de Memória de Forma utilizadas em Refrigeração Elastocalórica”.  O professor Thiago Ritto, por sua vez, comandará, com o professor Anas Batou (University of Liverpool), o projeto “Modelagem de Incertezas em Interações e Simulação Estocástica de Sistemas Dinâmicos”.

O objetivo da iniciativa é incentivar a pesquisa colaborativa bilateral entre o estado do Rio de Janeiro e o Reino Unido, apoiando pesquisadores de instituições britânicas a desenvolverem parte de seu projeto em uma instituição parceira no território fluminense, fortalecendo a colaboração dos grupos de pesquisa.

“O anúncio do resultado destas duas edições do Programa UK Academies completa a retomada das atividades de cooperação internacional, postergadas devido à pandemia de Covid-19″, ponderou o presidente da Faperj, Jerson Lima.

Os projetos, portanto, deverão ter seus cronogramas ajustados para que se iniciem a partir de agosto/2023.

Coppe promove workshop sobre integração de fontes renováveis na matriz energética

A Coppe/UFRJ promove na próxima segunda-feira, 10 de julho, das 9 às 11h15, o workshop “Integrating renewable sources in the energy matrix”. O evento, organizado pelo Grupo de Energia Renovável no Oceano (Gero), será realizado no auditório C-208, no Bloco C do Centro de Tecnologia, e contará com a participação dos professores Segen Estefen e Milad Shadman, do Programa de Engenharia Ocêanica (PEnO), e Roberto Schaeffer, do Programa de Planejamento Energético (PPE).

O evento será realizado no formato híbrido presencial/virtual e as apresentações terão foco nas fontes renováveis offshore e produção de hidrogênio verde. Também participarão o professor Stefan Pfenninger, da Delft University of Technology (Holanda), Paula Borba, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Rodrigo Guimarães, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O worskhop será transmitido pelo canal do Gero no YouTube.

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Não temos este gás todo

Suzana Kahn, vice-diretora da Coppe

Durante o debate de lançamento do Centro Virtual de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono na Coppe/UFRJ mediado por mim e que contou com a presença de vários executivos de empresas de petróleo e de energia, várias soluções foram discutidas, desde as mais simples, como maior eficiência energética, às mais complexas, como uso do hidrogênio. Porém, um dos temas que habitualmente surge como uma solução intermediária para a transição energética foi o gás natural e qual seria seu melhor uso no Brasil.

Para a Europa, os Estados Unidos e outros países, o gás natural é uma fonte de energia que pode ser usada na transição energética, já que é abundante e com o custo competitivo com as demais alternativas. Este, porém, o que não é o caso do Brasil. Em nossa matriz energética, já com enorme parcela de fontes renováveis, o aumento do uso do gás natural para gerar eletricidade nos levaria para direção contrária à transição, pois é também um combustível fóssil, que gera emissões de carbono para a atmosfera.

Temos que considerar também o custo da geração de eletricidade com o gás natural, que é mais elevado para um país com base hidrelétrica como o nosso. Por isto, só é utilizado em termelétricas nos momentos de crise hídrica, quando os reservatórios ficam em níveis muito baixos, diminuindo a confiabilidade do sistema interligado nacional. Nossas termelétricas a gás natural são acionadas apenas para manter os reservatórios de água em níveis confiáveis, estratégia adequada pois assim se evita um aumento do custo de geração elétrica, tendo impacto na tarifa para o consumidor final.

Para o caso do uso do gás natural em indústrias, com o intuito de beneficiar a nossa tentativa de industrialização do interior, teria sentido se fosse com custo baixo. Caso contrário, nossa indústria perderia competitividade global. Nossos produtos ficariam mais caros do que os similares produzidos em outras regiões, pois nosso gás natural não é competitivo com outras fontes.

Nosso país é rico em petróleo, que tem como subproduto o gás natural associado. Temos poucas reservas só de gás natural livre. Isto implica em custos de separação e tratamento deste gás natural no mar, e ainda transporte deste gás a mais de 200 quilômetros de distância da costa brasileira, onde estão as principais reservas de petróleo. Além disto, o volume de nossas reservas é baixo, cerca de 0,1% do que são as reservas da Rússia, 1% das reservas do Qatar, 3% das reservas do Estados Unidos e 7% das reservas de Moçambique. E, nestes países, além da quantidade de gás natural, o custo de produção é baixo pois trata-se de reservas em terra e somente de gás natural.

Desta forma, o pouco gás natural que temos em nosso território nacional deve ser empregado da melhor maneira possível, maximizando o ganho para o Estado brasileiro e para a segurança climática.

Neste caso, as prioridades seriam: aumentar a produção de petróleo nos campos existentes e com investimentos já realizados, e isto se faz através da reinjeção de gás natural e água nos poços; e na direção da transição energética, ser o vetor para o processo de descarbonização de setores complexos em termos logísticos e de difícil redução das emissões de carbono, como setor de transporte rodoviário a longa distância, transporte aéreo e marítimo. Para reduzir as emissões destes setores, o gás natural pode ser usado na produção de hidrogênio “azul“ via CCUS (captura, sequestro e uso de carbono), nas refinarias para produzir diesel renovável a partir de óleos vegetais, o chamado Diesel R, e na produção de combustíveis sintéticos para a aviação, os denominados internacionalmente de SAFs (sustainable aviation fuels).

Adicionalmente, temos que considerar também que nossos campos de petróleo produzem, junto com o gás natural, muito dióxido de carbono (CO2), que precisa ser reinjetado, evitando sua liberação, agravando assim o fenômeno do aquecimento global provocado pelo aumento de concentração de carbono na atmosfera.

O Brasil pode não ter grandes reservas de gás natural não associado ao petróleo, mas possui inúmeros recursos naturais, e deve buscar nos recursos que tem com fartura a melhor solução para o aumento de demanda energética ou para a sua industrialização. É necessário também estar alinhado com uma transição justa, em que não apenas a ótica ambiental é considerada, mas também a equidade.

Não podemos deixar nenhuma região ou nação ser prejudicada pela transição para energia mais limpa. Ou seja, precisamos buscar um equilíbrio entre a redução de emissão de carbono e demais impactos ambientais com a lógica econômica e inclusão social, no suprimento de energia para o mundo.

O Brasil deve ser criativo na busca de uma industrialização moderna, seguindo um modelo próprio e em consonância com suas riquezas naturais. O que é bom para a Europa e para os Estados Unidos não nos atende necessariamente. Nós podemos seguir um modelo de industrialização mais original, de vanguarda, baseado nas fontes de energia abundantes e variadas que temos.

O interior do Brasil, a ser industrializado, tem enorme potencial para uso da biomassa para bioenergia, seja biogás ou biocombustível líquido, além do uso de energia solar, ainda pouco explorado. O conhecimento adquirido por conta da exploração de petróleo “off shore” nos capacitou enormemente para usar a energia dos oceanos. São inúmeras as possibilidades a serem exploradas, desde a já comercial eólica “off shore“, como as tecnologias ainda não tão maduras como energia das marés, das ondas, dos gradientes de temperatura e das correntes marítimas.

Portanto, devemos focar no que temos, que é muito mais do que qualquer outro país dispõe, ao invés de ficar olhando nossos vizinhos do norte.

*Suzana Kahn é vice-diretora da Coppe/UFRJ.
*Publicado na seção Opinião, do jornal Valor Econômico, em 29 de junho
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Universidades podem contribuir mais para a descarbonização da economia brasileira

No último dia 15, a Coppe/UFRJ, que está completando 60 anos, lançou o seu Centro Virtual de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono. Trata-se de iniciativa importante, cujo alcance vai além da criação de mais uma plataforma de conexão da universidade com a sociedade.

Nos últimos tempos, têm ganhado tração as discussões sobre a descarbonização da economia. Não faltam estudos sobre como produzir o hidrogênio verde mais barato, ou ureia, para facilitar o transporte e ampliar o uso, como desenvolver um combustível sustentável de aviação ou reduzir as emissões dos setores de siderurgia e cimento. Esses temas são relevantes, mas não basta pensar nos combustíveis do futuro. A transição energética não será tão rápida, simples e barata como muitos vinham pensando até recentemente. Deve vir acompanhada de segurança na oferta, como mostrou a invasão da Ucrânia, e de maior disponibilidade, a preços acessíveis, para permitir o acesso à eletricidade às centenas de milhões de pessoas que ainda vivem em condições precárias

Em função disso, a redução das emissões será mais lenta, cara e complexa. Embora se discuta a necessidade de não aprovar novos projetos de produção de carvão, petróleo e, até mesmo, gás, uma transição justa e segura dependerá do aumento da oferta de energia. Contrariando as expectativas de quem esperava uma evolução rápida, o uso dos hidrocarbonetos só tem crescido e a sua utilização ainda será necessária por várias décadas. Para reforçar essa tese, a Agência Internacional de Energia acaba de divulgar um relatório indicando que a demanda por petróleo vai crescer até 2028.

A transição também dependerá da redução das emissões associadas à produção e uso de carvão, petróleo e gás, de uma maior eficiência energética, de inovações tecnológicas, algumas disruptivas, e da criação de mecanismos de administração do uso de carbono, pelo menos nas economias mais desenvolvidas. Sem falar no controle do desflorestamento e das emissões oriundas da agropecuária e dos desafios associados à oferta dos minerais necessários para uma muito maior eletrificação da economia.

Uma vez que as soluções seguras e eficazes do ponto de vista ambiental e econômico ainda não estão disponíveis na escala adequada, parte da descarbonização virá de alternativas imperfeitas, à luz dos pensamentos mais puristas, mas eficientes, como a substituição de uma fonte mais poluente por outra, mais limpa. O caso mais evidente é o do gás natural, tido por uns como um combustível a evitar, mas que é muito menos poluente que o carvão. Por essa razão, o seu maior uso na geração tem sido um dos maiores fatores de redução de emissões.

Não será diferente no Brasil. A regulamentação do hidrogênio e da eólica offshore ainda não foi definida. Apesar disso, não faltam vozes dizendo que o País será líder mundial nesses setores e, até mesmo, em aço verde, produzido a partir de energias renováveis. O potencial está presente, mas a sua transformação em realidade depende de uma série de fatores, alguns difíceis de implementar em um país que sequer desenvolveu um entendimento mínimo sobre qual deve ser o papel do Estado na economia e que oscila entre a atração de capitais privados e o fortalecimento das empresas estatais a cada ciclo eleitoral. O que remete às intermináveis discussões sobre o papel do gás natural na matriz energética e no estímulo à industrialização, que vêm da época da construção do gasoduto Bolívia-Brasil.

Desde então, e especialmente após a descoberta do pré-sal, a expectativa de um maior uso do gás pela indústria brasileira tem estado presente. Os últimos governos lançaram programas para incentivar o seu consumo. Começou pelo Gás para Crescer, no período Temer, passou pelo Novo Mercado de Gás, da época Bolsonaro, e chegou ao atual Gás para Empregar. No entanto, a oferta doméstica não cresceu como esperado. Além da demora na construção de gasodutos marítimos, a injeção de gás nos reservatórios de petróleo tem sido apontada como outra possível causa da baixa oferta. Essa é mais uma questão que tem causado controvérsia.

Ao mesmo tempo em que a indústria demanda preços menores, as empresas produtoras alegam que as reservas não são relevantes e que é mais efetivo continuar injetando gás nos campos. É certo que as reservas brasileiras não estão entre as maiores e são, majoritariamente, associadas ao petróleo. No entanto, há campos com gás no pré-sal, como Pão de Açúcar e Júpiter. Como há reservatórios em que a necessidade de injeção é elevada.

Essa questão merece um estudo adequado. Ao aprovar novos projetos de produção, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) poderia chancelar os níveis de injeção, definidos com base em critérios técnico-econômicos, se necessário com o apoio de alguma consultoria do setor. Dessa forma, se fossem identificados volumes disponíveis para exportação, essa definição deveria se dar antes da aprovação do investimento. Ao haver um procedimento técnico pré-estabelecido, as discussões seriam superadas e o País poderia fazer um planejamento adequado da futura disponibilidade de gás natural.

Como, para acelerar a descarbonização, não será suficiente desenvolver novas fonte de energia e promover um melhor aproveitamento do gás natural, serão necessárias inovações na forma de operar com as atuais tecnologias e processos. Por isso, o Centro Virtual de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono vem em bom momento. O aprofundamento da cooperação entre a academia e a indústria, do qual a Coppe é um bom exemplo, também vai ser importante para reduzir gradativamente a pegada de carbono das operações de produção e consumo de hidrocarbonetos, importantes para o Rio de Janeiro e para o Brasil.

No entanto, é desejável que outras instituições se juntem a esse esforço. Parece lógico, mas os desafios são muitos. Ao contrário do que ocorre em outros países, parte da comunidade acadêmica brasileira resiste a uma maior integração das universidades com o setor privado, e mesmo com ex-alunos, o que se reflete na falta de acesso a fundos privados que ajudem a custear as suas atividades. Defende um certo purismo na pesquisa e na produção científicas, desprezando, por razões ideológicas, a busca de soluções para problemas práticos de empresas privadas. As verbas de pesquisa, desenvolvimento e inovação só podem ser empregadas em entidades brasileiras, dificultando a execução de parcerias em projetos mais complexos. Esses preconceitos precisam ser deixados de lado para que essas instituições possam contribuir mais para o desenvolvimento do País. Quem sabe a emergência climática sirva de catalizador para uma mudança de mentalidade e outros sigam o que a Coppe vem fazendo com sucesso há 60 anos.

*Décio Fabrício Oddone da Costa é CEO da Enauta S.A e Coordenador do Grupo de Energia do Cebri. 

Publicado originalmente no Broadcast Energia