Prêmio Mérito Acadêmico 2016: “uma injeção de ânimo” em tempos difíceis
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Data: 04/11/2016
A Coppe/UFRJ celebrou, nesta quinta-feira, 3 de novembro, a entrega dos Prêmios Coppe Mérito Acadêmico 2016, concedido a docentes que se destacam pela produção acadêmica, formação de Recursos Humanos e trajetória profissional. Na solenidade, foram contemplados com o Prêmio Giulio Massarani os professores Emilio Lèbre La Rovere (categoria docente sênior), e Glaydston Ribeiro (categoria jovem docente). Em sua primeira edição, o Prêmio Lobo Carneiro foi entregue ao professor Aquilino Senra Martinez, do Programa de Engenharia Nuclear.
O Prêmio Coppe Mérito Acadêmico foi criado em 1998, Desde 2004 leva o nome do professor Giulio Massarani, o célebre criador da Jornada de Iniciação Científica da UFRJ, falecido em 2004. A premiação, inicialmente anual, passou a ser entregue a cada dois anos após o ano de 2011. “Essa premiação é um reconhecimento aos professores que mais se destacaram dentro dos critérios da rigorosa avaliação docente, que é realizada pela instituição todos os anos”, ressaltou o professor Edson Watanabe, diretor da Coppe.
O fundador da Coppe, professor Alberto Luiz Coimbra, destacou a importância da premiação e disse que a cerimônia lhe deu uma injeção de ânimo. “Me fez acreditar que é possível e quem sabe nós conseguiremos combater toda esta onda de destruição que estão querendo fazer com a ciência e a tecnologia brasileira”, declarou Coimbra, visivelmente emocionado ao falar do colega e amigo, Giulio Massarani, que o ajudou na implantação da Coppe e dá nome ao prêmio. “Ele era um idealista. Não se conformava com coisas pequenas. Obteve o mais alto grau no doutorado, na França, e dedicou toda sua vida à Coppe. Massarani foi um exemplo. Sem ele teria sido tudo mais difícil. Dar seu nome ao prêmio foi uma justíssima homenagem”.
Segundo a diretora de Assuntos Acadêmicos da Coppe, professora Claudia Werner, desde 2007 a instituição premia docentes, nas categorias sênior e jovem. Em 2013, incluiu um terceiro prêmio para contemplar professores, que além da relevante produção acadêmica tenham realizado notável contribuição institucional.
“A Coppe é referência nacional pela forma como avalia seu corpo docente. A indicação dos professores a serem premiados é feita de maneira criteriosa pela Comissão de Avaliação de Docentes (CAD), atualmente presidida pela professora Márcia Dezotti. Em seguida, a decisão passa pelo Conselho Deliberativo e é aprovada pela diretoria da Coppe. Os premiados têm perfil acadêmico diferenciado e servem de inspiração para todos da família Coppe”, afirmou Claudia.
Excelência e mérito a serviço da sociedade
O primeiro a receber seu prêmio foi o professor Emilio La Rovere, do Programa de Planejamento Energético (PPE). Ele foi apresentado pelo seu padrinho, o diretor de Relações Institucionais da Coppe, professor Luiz Pinguelli Rosa, que foi um dos responsáveis pelo seu ingresso no quadro docente da Coppe, e com quem manteve estreita colaboração em momentos importantes para a instituição, como a criação do Programa de Planejamento Energético e da área de concentração em Engenharia Ambiental nos cursos de Mestrado e Doutorado do PPE. Também contribuíram na elaboração de propostas para atuação do governo brasileiro em ocasiões importantes, como a Rio 92 e em reuniões internacionais do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
“É uma honra estar aqui para homenagear o Emilio. Coordenei com ele o IES-Brasil, estudo que deu importante contribuição para a assinatura da Convenção-Quadro (das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima), em Paris, que permite a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, sem prejuízo do desenvolvimento econômico”, enalteceu o professor Pinguelli, que destacou que a consciência política de esquerda democrática se soma às qualidades do colega premiado.
Para La Rovere, o prêmio valoriza a meritocracia e visa reabilitar o prestígio do serviço público. “Infelizmente, há uma percepção liberal equivocada de que a iniciativa privada faz melhor do que o serviço público e que os servidores são picaretas. Salvo honrosas exceções como a PUC, a excelência acadêmica está nas universidades públicas. É fundamental, sobretudo para os mais jovens, ter a noção de que o serviço público deve se pautar pela busca da excelência, Publicações, pontos na Capes são consequência do nosso trabalho e não motivação do mesmo. O nosso trabalho é servir a sociedade”, esclareceu o professor.
Ensino e prazer: uma boa equação
Com apenas três anos nos quadros da Coppe, o professor Glaydston Ribeiro, do Programa de Engenharia de Transportes (PET), recebeu o prêmio Giulio Massarani na categoria jovem docente. Na apresentação feita pelo professor Nelson Maculan, o premiado foi destacado como uma excelente aquisição para a instituição. “Trouxe juventude, forte experiência internacional, além de saber trabalhar em conjunto e adorar estudantes. Jovens colegas como Glaydston são o futuro da instituição. Não é só você que ganha com a Coppe. Nós ganhamos muito com você”, elogiou Maculan.
Emocionado, Glaydston confessou que não imaginava a magnitude que teria a cerimônia de premiação e que “passou um filme” em sua cabeça quando os professores Watanabe e Claudia Werner lhe informaram que seria uma dos agraciados.
“Vim para a Coppe há três anos, a convite do professor Carlos Nassi. Comecei ajudando na Comissão de Pós-graduação e Pesquisa (CPGP) e fiquei assustado com a abrangência nacional e internacional da Coppe. Eu me adaptei e me sinto feliz em ter vindo trabalhar aqui. Quando estou com meus alunos, gosto muito de usar o verbo brincar, porque acredito que o ensino deva ser prazeroso. No nosso programa o aluno deve brincar de simular e otimizar transportes”, disse o jovem docente.
Escolha acertada
Primeiro docente a receber o prêmio Coppe Mérito Acadêmico que leva o nome do ilustre engenheiro brasileiro, professor Lobo Carneiro, Aquilino Senra, do Programa de Engenharia Nuclear (PEN), também teve como padrinho o professor Luiz Pinguelli Rosa, que destacou a longa e próxima amizade entre ambos.
“Ele fez muita falta quando o governo o levou para presidir as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e o tirou da vice-diretoria da Coppe. Eu me senti desamparado”, relembrou Pinguelli, que contou muitas histórias sobre o amigo docente e destacou que ele foi um dos inspiradores e primeiros participantes da frutífera cooperação entre a Coppe a Universidade de Tsinghua, que resultou no Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia, vanguarda da parceria científica entre chineses e latino-americanos.
“Esse prêmio muito me orgulha, pois ele resulta da aprovação pelos pares. Ele reflete a colaboração de grandes parceiros. Uma longa caminhada não se faz sozinho, e sim com os alunos, professores colaboradores e funcionários técnico-administrativos. Lobo Carneiro foi um grande homem público. Receber o prêmio que leva o seu nome me dá a sensação de ter de alguma forma seguido os seus passos”, destacou Aquilino, que enfatizou que compete à universidade retribuir à sociedade o que ela lhe dá.
“Não produzimos tecnologia pela tecnologia. Ela tem que ter destinação social. Esse foi o espírito empreendedor e visionário do professor Coimbra. Temos um papel na formação desses jovens, que vão mudar esse país, não tenho dúvida”, previu o professor, que afirmou nunca ter visto em qualquer outro lugar tanto companheirismo como há entre o corpo acadêmico da Coppe, e que sua permanência no corpo docente foi a melhor decisão de sua vida.
Conhecimento voltado para as necessidades do país
O evento também contou com a presença do decano do Centro de Tecnologia, professor Fernando Ribeiro, da pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2) da UFRJ, professora Leila Rodrigues, e do Presidente do Conselho Deliberativo da Coppe, professor Antonio Figueiredo.
Segundo Antonio Figueiredo, os dois prêmios são essenciais e fazem parte da lógica da Coppe de criar um ambiente de produção de conhecimento voltado para as necessidades de novas tecnologias no país.
O decano destacou que a escolha do nome do Lobo Carneiro para a premiação foi uma justa homenagem ao professor da Coppe, falecido em 2001, considerado uma referência da engenharia nacional. “Fui aluno do Lobo Carneiro, em 1983, quando ele já era reconhecido internacionalmente, em função do “ensaio brasileiro”. Um excelente professor e educador”, declarou Fernando, ressaltando que a ocasião lhe enchia de orgulho dos colegas da Coppe. “Longe de ser uma competição, o Prêmio Coppe Mérito Acadêmico é “um estímulo para que as pessoas dêem o seu melhor pela instituição”, completou.
A pró-reitora afirmou que era um dia feliz para a universidade, em meio a uma conjuntura adversa, pois os cortes orçamentários promovidos pelo governo federal têm acarretado forte impacto na pesquisa científica e na pós-graduação. “Ao ler o currículo Lattes dos premiados fiquei encantada, não apenas com o número de publicações, mas com o conjunto da obra. Todos comprometidos em contribuir para a geração de conhecimento”, destacou a professora.
Leila criticou o novo organograma, anunciado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). “Instituições importantes como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) passaram a ficar subordinados à “Coordenação Geral de Serviços Postais e de Governança e Acompanhamento de Empresas Estatais e Entidades Vinculadas”, subordinada a uma diretoria com o mesmo nome; que por sua vez está subordinada à Secretaria-Executiva do ministério. Afastando assim essas instituições do núcleo decisório até o quarto grau da hierarquia”, lamentou.