Professores da Coppe recebem o Prêmio Mérito Acadêmico 2009
Planeta COPPE / Engenharia Metalúrgica e de Materiais / Engenharia Química / Notícias
Data: 08/11/2010
A exemplo das edições anteriores, a entrega do Prêmio Coppe Giulio Massarani – Mérito Acadêmico 2009, realizada dia 8 de novembro, foi marcada pela emoção e pelo bom humor. Ao relembrar suas trajetórias e fazer seus agradecimentos, os professores Glória Soares, Márcia Dezotti e Príamo Melo Júnior arrancaram lágrimas e boas gargalhadas da platéia. Ao explicar os critérios da premiação, criada em 1998, e sua importância para a instituição, o diretor de Assuntos Acadêmicos da Coppe, Edson Watanabe, comentou a reação dos contemplados ao receberem a notícia da premiação. “Glória chegou esbaforida a minha sala, pensando que fosse tratar do processo de uma aluna. Príamo apareceu junto com a Márcia, que agitada chegou logo dizendo não, imaginando que eu fosse pedir a eles para fazerem parte de alguma comissão. Ao receberem a informação da premiação, ela não sabia se ria ou chorava”, contou Watanabe.
Segundo o diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, os contemplados são verdadeiros exemplos do que significa a instituição. “É curioso como se revela a Coppe. Os três premiados têm muita coisa em comum, como a aplicação de seus estudos na área de saúde, com projetos voltados para a sociedade, trabalhando em atividades experimentais fora da universidade”, observou Pinguelli, que frisou ser uma honra para a instituição contar com pessoas que contribuem para seu padrão acadêmico.
O vice-diretor da Coppe, Aquilino Senra, que representou o decano do Centro de Tecnologia da UFRJ, Walter Suemitsu, também destacou o padrão acadêmico dos premiados, agradecendo aos três professores pelo desempenho e pela contribuição para que a Coppe tivesse a sua melhor avaliação já feita pela Capes. O agradecimento foi estendido aos coordenadores dos programas dos premiados.
A pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UFRJ, Angela Uller, também professora do Programa de Engenharia Química da Coppe, disse que apesar de premiar o mérito acadêmico, o prêmio passa também pelo mérito pessoal, pois permite descobrir um lado mais particular dos envolvidos, como o artístico e até o amoroso. Angela disse que não é feminista, mas não podia deixar de ressaltar a presença de duas mulheres entre os três premiados. Falou ainda da importância da multidisplinaridade na instituição, destacando como exemplo a quantidade de dentistas orientados pela professora Glória, a primeira a ser chamada para receber a premiação.
Padrinho de Glória Soares, o professor do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Coppe, Luiz Henrique de Almeida, destacou o grande exemplo e a irritante organização da amiga, com quem convive há 36 anos, desde os tempos de graduação. Ao falar sobre a trajetória de Glória, Luiz mencionou as inúmeras citações ao seu trabalho. “Glória vale por três, é a referência em biomateriais. Suas pesquisas publicadas a partir do ano 2000 tiveram 20 citações, isso só em 2003. O mais impressionante são as citações mais recentes que chegaram a 270, somente entre os anos 2008 e 2010. Esses números mostram a consistência dos trabalhos de Glória com a pesquisa. Reforça sua seriedade, dedicação e competência. Esse prêmio é certamente muito merecido”, conclui Luiz.
Em seu discurso, Glória Soares disse que estar à frente de todos para receber o prêmio era mais difícil do que defender uma tese. Para definir o momento tão especial recitou o provérbio: “tudo tem seu tempo e sua hora. É preciso perseverança e paciência para as coisas acontecerem”. Glória afirmou que já poderia ter se aposentado em 2004, mas ao refletir sobre o que faria no tempo ocioso, descobriu que na verdade gostaria de ficar na universidade por pelo menos mais 10 anos, como “garota UFRJ”, seguindo o exemplo de uma amiga, também com 60 anos, que se considera a “garota PUC”. Agradeceu a Deus, a família e a todos que fazem e fizeram parte de sua vida, incluindo os colegas da universidade e principalmente os alunos que, para ela, são aqueles que carregam o piano. Por fim, Glória dedicou a premiação ao ex-professor e colega Tsuneharu Ogasawara, falecido recentemente, lendo um trecho de uma música de Gonzaguinha: “Toda pessoa é sempre as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas”.
Ao falar sobre Márcia Walquíria de Carvalho Dezotti, seu padrinho Geraldo Lippel, professor do Programa de Engenharia Química da Coppe, fez analogias em torno do nome da amiga. “Seu nome tem muito a dizer sobre ela. Carvalho é árvore e sua madeira é usada para confinar as mais preciosas bebidas. Márcia tem firmeza na terra assim como a árvore e a capacidade de acolher, amparar e aprimorar a qualidade dos amigos, alunos e familiares, assim como fazem os tonéis de carvalho,” proferiu. Para Lippel, Márcia, assim como as valquírias da mitologia nórdica, tem exercido a missão de alterar a trajetória e até o destino de seus próximos com muita desenvoltura e firmeza, mesmo de forma menos mística e mais terrena. Como exemplo, relatou os conselhos que a professora já deu a seus alunos, como a um que tentava adiar seu estágio de doutorado no exterior: “se você não viajar agora, vai perder a chance da sua vida”. Para um indeciso quanto à relação amorosa disse “compre as alianças e case com ela”. Ao falar sobre a trajetória de Márcia, Lippel ressaltou sua importância para colocar o Laboratório de Controle de Poluição das Águas (LabPol) da Coppe na liderança nacional e internacional em temas como mircropoluentes. Encerrou declarando que é um privilégio partilhar do momento de merecida premiação.
Uma das mais emocionadas durante a solenidade, Márcia Dezotti por muitas vezes teve de interrompeu seu discurso para conter as lágrimas. A mesma emoção a impediu de ler a homenagem preparada a seus alunos. “Eu adoro meus alunos. Eu adoro ser parte dessa mão transformadora na vida deles, de ajudar a realizar seus sonhos”, disse entre lágrimas e soluços. A professora contou que já aos 10 anos de idade se encantava ao ouvir a palavra PhD, quando acompanhava a irmã, nove anos mais velha, aos congressos de verão e de inverno da Universidade Federal de São Carlos. Desde então decidiu que também seria PhD, mesmo sem saber o que significava. E foi a isso que se dedicou durante anos de sua vida, sendo grata a todos os excelentes professores que contribuíram para que alcançasse o objetivo. Ainda durante seu discurso, a professora contou detalhes de sua pós-graduação na Unicamp, do seu ingresso na Coppe e de suas principais pesquisas, incluindo o trabalho realizado para tratar os efluentes industriais da Petroflex, onde foi executado o projeto Estação Escola. Encerrou agradecendo ao professor Geraldo Lippel e a sua família, incluindo o marido Humberto, seus filhos e a mãe, em especial.
Padrinho de Príamo, o professor do Programa de Engenharia Química da Coppe, Evaristo Biscaia, falou sobre sua rápida ascensão profissional, da graduação em Engenharia Química na Universidade Federal de Sergipe, passando pelo doutorado na Coppe sem necessidade do mestrado, até se tornar professor da instituição. Evaristo divertiu a platéia ao falar dos gostos inusitados do afilhado em sua passagem pelo Rio de Janeiro para participar de um congresso sobre modelagem de reatores, em 1994. Em pleno verão no Rio de Janeiro, Príamo elegeu como principal ponto turístico da cidade uma visita à Coppe, na Ilha do Fundão. Além de uma foto em frente à placa da Coppe, Príamo levou como recordação outra foto do escaninho de correspondência dos professores do Programa de Engenharia Química da Coppe. Ao falar sobre a atuação acadêmica de Príamo, Evaristo destacou como sua principal característica a “capacidade de manter a simplicidade sem perder o rigor”. Antes de encerrar, apresentou algumas fotos de paisagem tiradas por Príamo, que considera uma outra faceta fantástica.
Ao iniciar seu discurso, Príamo Melo agradeceu aos professores, alunos e funcionários da instituição, a esposa, amigos, familiares e em especial a sua mãe Angélica, que veio de Aracaju só para assistir a cerimônia. Apesar de viver no Rio há 15 anos, ainda carrega lembranças bastante vivas da vida em Aracaju, onde concluiu a graduação e conheceu o professor Marcos Lobão, que foi lecionar na Universidade Federal de Sergipe, após retornar de seu doutorado na Coppe, e o apresentou a modelagem matemática e simulação dos processos Químicos e o mundo das respostas não lineares e do caos. “A partir da convivência com o Marcos, a Coppe se tornou um sonho e foi meu único alvo durante meus dois últimos anos de graduação”, declarou o premiado. Príamo arrancou risos ao confessar que na verdade eram três os pontos turísticos que queria visitar no Rio: a Coppe, o Cenpes e a Livraria Interciência. E quanto às fotos do escaninho era a mais pura verdade. “Aquele escaninho com o nome dos professores do PEQ era a verdadeira calçada da fama para mim”, brincou Príamo.
Saiba mais sobre os premiados clicando nos links abaixo, e confira também outras fotos da solenidade
Glória Soares: engenheira social e da saúde
Márcia Dezotti: dedicação ao trabalho e à família
Príamo Albuquerque Melo Junior: da química à fotografia
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