Projeto melhora rendimento na escola de jovens da Baixada

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Data: 12/02/2014

Um projeto de inclusão realizado pela Coppe/UFRJ em parceria com a Escola Politécnica da UFRJ está abrindo novas perspectivas de vida e de carreira para jovens da Baixada Fluminense. A iniciativa, que conta com o apoio do CNPq e da Vale, melhorou o rendimento escolar e vem diminuindo a evasão de estudantes de Ensino Médio do Colégio Estadual Manuel Bandeira, situado na localidade de Santa Lúcia, em Duque de Caxias.

A iniciativa teve início de maneira informal, em março de 2012, quando o aluno de doutorado do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, Francisco José Vargas da Silva, professor de Física e Matemática do Colégio Estadual Manuel Bandeira, começou a trazer seus alunos para conhecerem os laboratórios da Coppe e da Poli e conviver no ambiente universitário.

Professores Francisco Vargas e Fernando Duda, responsáveis pelo projeto

Ao ver na prática a aplicação das aulas de Física e Matemática que, muitas vezes pareciam sem sentido, os alunos tiveram uma visível melhoria no rendimento escolar. Uma mudança que se multiplicou a ponto de influenciar outros alunos da turma que também passaram a render mais.

Sensível à iniciativa de Francisco Vargas e ao interesse demonstrado pelos estudantes do Ensino Médio, o professor Fernando Pereira Duda, do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, formalizou o projeto ao obter apoio do Edital Forma Engenharia, programa de estímulo a novas vocações lançado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com a Vale.

Em seu primeiro ano, o projeto recebeu quatro alunos do Ensino Médio: Andreyson Martins da Silva, Jairo Silva de Souza, José Victor Silva Santos e Yuri Gonçalves Teixeira. Um vídeo feito com os estudantes mostra a mudança de comportamento dos jovens, que melhoraram não apenas as notas no colégio, mas também sua autoestima. Clique e veja o vídeo.

Melhor rendimento na escola e novos horizontes

Alunos da graduação ajudam a orientar estudantes do Ensino Médio

O projeto iniciou em janeiro de 2013, com recursos do edital. Os quatro estudantes do Colégio Estadual Manuel Bandeira foram contemplados com bolsas de estudo e passaram a frequentar semanalmente o campus da universidade. Nos laboratórios, os jovens participam de todas as etapas de desenvolvimento de um protótipo de carro de corrida do tipo fórmula, preparado pelos alunos de graduação. O aluno da graduação em Engenharia, Igor Bentes Saraiva, se engajou no projeto como tutor dos estudantes. Atualmente, Igor está nos Estados Unidos participando do programa Ciência Sem Fronteiras e outros alunos da graduação passarão a acompanhar as atividades dos rapazes.

”Você só aprende por motivação. A escola tem a missão de transformar a vida dos estudantes e isso não estava acontecendo. Nós não estávamos conseguindo fazer a ponte entre o mundo em que eles viviam e um outro, diferente, no qual eles podem viver. A proposta de trazê-los até a universidade era motivar esses estudantes a mudar de vida”, conta Francisco Vargas.

Professor Fernando Duda: “Projeto mostrou nova realidade aos alunos”

Para o professor Fernando Duda, a iniciativa revelou novas perspectivas para os rapazes. “Esse projeto mostrou uma outra realidade para esses estudantes. Abriu novos horizontes e mudou a referência de suas vidas.

Ao virem para a universidade, eles começaram a sonhar com outras coisas”, afirmou Fernando Duda, que, por experiência própria, sabe como um projeto como esses pode representar uma nova perspectiva de vida para um jovem.

Estimulado por um tio, Fernando Duda deixou, aos 13 anos de idade, a zona rural de Surubim, no interior de Pernambuco, para estudar em Recife. Começou ali uma mudança que lhe proporcionou novas oportunidades. “Ao participar de programas como esse, os estudantes passam a perceber que existe um mundo diferente e que eles podem ter acesso por intermédio da educação”, disse.

Aluno da Coppe, Francisco Vargas começou a trazer estudantes para os laboratórios em 2012

O projeto entra agora em seu segundo ano e a intenção é ampliar o número de estudantes atendidos. Segundo o professor Francisco Vargas, os resultados já começam a ser notados. “No início eu convidei os alunos e só apareceram quatro. Depois de algum tempo, os meninos foram conversando entre si e apareceram novos interessados em participar do projeto. Inclusive as meninas”, conta.

Se antes entrar para uma faculdade era um sonho praticamente inacessível para os jovens de Santa Lúcia, agora a oportunidade de frequentar os laboratórios da Coppe e da Poli já começa a estimular os rapazes a fazer planos para o futuro. “O rendimento e a participação em sala de aula melhoraram e cresceu o número de alunos interessados em fazer o Exame Nacional de Ensino Médio”, explica Francisco Vargas.