Risco e inovação tecnológica é tema de palestra de Amyr Klink na Coppe
Planeta COPPE / Notícias
Data: 02/09/2016
O navegador Amyr Klink encantou estudantes, professores e pesquisadores que lotaram o auditório da Coppe, no último dia 30, para ouvi-lo falar sobre risco e inovação tecnológica. Aprender com os erros, persistir mantendo o foco na execução dos projetos e não desistir dos próprios sonhos foram algumas das mensagens passadas pelo navegador, que é um maiores empreendedores de expedições do mundo.
Klink realizou em 1984 sua primeira travessia a remo, da Namíbia, África, a Salvador, na Bahia. Desde então, já concluiu duas voltas ao mundo e fez mais de 40 expedições à Antártica. É até hoje o único navegador a ter atravessado o Atlântico Sul em um barco a remo.
“Na porta de casa temos um caminho de infinitas vias. Onde tiver mar no planeta temos uma estrada feita, desde que dominemos os meios. Desenhar e elaborar os meios é a minha profissão. É o que esse país precisa para crescer e é a profissão de vocês”, disse o Klink para uma plateia repleta de estudantes de engenharia.
O navegador relatou suas aventuras marítimas ao redor do mundo, suas expedições à Antártida, e apresentou projetos complexos de embarcações desenvolvidos por ele e sua equipe para resistir às condições climáticas extremas. Formado em Economia e Administração, Klink começou a se interessar por navegação desde a infância, na cidade de Paraty. Adquiriu conhecimento sobre engenharia náutica sem cursar qualquer disciplina de engenharia na Universidade. Atualmente dialoga com o conhecimento acadêmico para o desenvolvimento de soluções flutuantes (embarcações, plataformas).
“Misturamos o conhecimento acadêmico de centros de pesquisa com o conhecimento aplicado e prático de outros tipos de ‘engenheiros’, que muitas vezes nem mesmo são alfabetizados”, afirmou.
A falar desse diálogo entre os saberes teórico e prático, formal e informal, Klink ressaltou a importância dessa interação, até mesmo para o desenvolvimento do país. Segundo ele, trata-se de um grande desafio para a educação brasileira. “A formação prática deveria começar desde o ensino fundamental e não somente na Universidade. Quando se tem experiência prática é muito mais fácil chegar a soluções que, de fato, funcionam. A experimentação e o laboratório são muito importantes”.
Klink criticou a falta de investimento do Brasil no mercado aquaviário, que poderia fomentar o transporte e aluguel de barcos (denominado charter) e gerar cerca de R$ 20 bilhões ao país. Embora tenha elogiado o projeto de revitalização da Zona Portuária do Rio de Janeiro, criticou este não ter sido projetado de forma a permitir a atracação de barcos. Criticou ainda o fato do Rio não ter um porto público para embarcações voltadas para o transporte aquaviário, assim como para receber lanchas e veleiros turísticos que chegam de outros estados e do exterior. Citou a Marina do Engenho, em Paraty, como a única do Estado do Rio que disponibiliza livre acesso ao público e a comparou com a Marina da Glória, que fica próxima ao Centro do Rio, “cujo estacionamento de barcos é pago e caro”.
“Com a abertura da cidade para o mar, esse é um processo do qual a cidade não irá escapar. Os barquinhos bonitinhos parados no mar geram mais riquezas que algumas grandes empresas”, ressaltou.