Tecnologias para inibir o uso de celulares em presídios
Planeta COPPE / Engenharia Elétrica / Notícias
Data: 31/05/2006
A onda de violência que abalou o estado de São Paulo na segunda semana de maio colocou na ordem do dia um tema polêmico: o uso de celulares por detentos dentro de presídios. A Justiça de São Paulo determinou às empresas de telefonia e técnicos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) o bloqueio das transmissões de telefonia próximas a seis penitenciárias onde se encontram líderes do crime organizado. Para o professor do Programa de Engenharia Elétrica da COPPE/UFRJ, Marcello Campos, essa iniciativa, tomada de forma isolada, não resolve totalmente o problema. “Desligar estações rádio-base não garante a interrupção na transmissão de sinal. Ao se bloquear uma antena, os aparelhos buscam o sinal de uma antena mais distante para operar”, afirma.
Na opinião do professor, só mesmo em uma situação emergencial como esta que atingiu o estado de São Paulo, deve-se optar pelo desligamento de uma rádio-base. “Além de não garantir 100% o bloqueio, a medida exigida pelas autoridades causará prejuízos à população vizinha, interrompendo a comunicação”, afirma o professor ressaltando que o ideal seria controlar a entrada de celulares nos presídios. “Essa é uma questão de segurança, não de comunicação”.
Outra alternativa tecnológica para inibir a comunicação feita por aparelho celular dentro dos presídios é a “Gaiola de Faraday”, constituída de tela metálica fina. O professor Calos Manuel Portela, também do Programa de Engenharia Elétrica da COPPE, explica que esta tela é utilizada para impedir a passagem de sinais, de acordo com suas faixas de freqüência. Porém, ressalta que a construção da gaiola teria que ser ao redor e por cima de todo o presídio, o que teria um custo muito elevado. Além disso, segundo o professor, ela poderia ser facilmente perfurada e dependendo da dimensão dos buracos, perderia sua funcionalidade.
Segundo Portela, a Gaiola de Faraday é mais eficiente que os bloqueadores. “Os sinais que chegam aos celulares são campos eletromagnéticos e têm freqüências altas. Eles são quase totalmente inibidos ao passarem pelas telas metálicas, por serem boas condutoras. Já os bloqueadores não impedem a transmissão de sinais, somente emitem ruídos com níveis mais intensos, fazendo com que o usuário do aparelho não ouça a pessoa que está do outro lado da linha”, explica Portela.