Saúde e Segurança do Trabalhador: série de matérias traça um panorama das ações e projetos da Coppe

O dia 28 de abril é considerado o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho. A data marca um momento de reflexão sobre a importância do desenvolvimento de um ambiente seguro e saudável para os trabalhadores.

Na Coppe/UFRJ, esforços conjuntos entre as agendas institucional e acadêmica respondem às crescentes demandas por acolhimento emocional, pela necessidade de vigilância constante para a prevenção de acidentes e de adoecimento ocupacional, além do desenvolvimento de projetos de pesquisa aplicada para melhorias na saúde e segurança dos trabalhadores de diversos setores.

Confira abaixo o conjunto de três matérias sobre iniciativas da Coppe para o desenvolvimento da cultura de segurança e para a promoção do bem-estar de suas equipes.

Acolhe Coppe registra aumento de 88% de atendimentos

Gestão de riscos da Coppe realiza rastreamento para redimensionar estratégias de melhorias para a prevenção de acidentes  

Pesquisadores da Engenharia de Produção da Coppe desenvolvem novas soluções ergonômicas  

Abril Verde

Instituído em 2003, pela Organização Internacional do Trabalho, o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho remete a um trágico acidente ocorrido em uma mina nos Estados Unidos, em 1969, que resultou na morte de 78 trabalhadores. O que era um dia de luto pela morte, transforma-se em um dia de luta pela vida – uma data pela defesa do trabalho digno.

Dados do SmartLab – Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, revelam que, somente em 2022, foram notificados 612.920 acidentes de trabalho no Brasil. Os números abrangem tão somente a população com vínculo de emprego regular, não estando aí alcançado, portanto, o trabalho informal.

Ao longo da última década, instituições, empresas, sindicatos e órgãos governamentais têm abraçado a causa com a campanha Abril Verde, realizando ações de conscientização dos trabalhadores e empregadores sobre a prevenção dos acidentes de trabalho e do adoecimento ocupacional. Apesar de ainda não instituído oficialmente pelo governo federal, o Abril Verde é projeto de lei (PL 1063/2022) do senador Paulo Paim (PT/RS), em tramitação no Senado Federal.

O movimento, portanto, constitui-se como uma oportunidade das empresas e organizações revisarem suas políticas, procedimentos e práticas de segurança no ambiente de trabalho e estimula a transparência e a responsabilidade corporativa.

Acolhe Coppe registra aumento de 88% de acolhimentos emocionais

Desde 2020, com a criação do Núcleo Psicossocial Acolhe Coppe, a instituição expande sua atenção para além da conformidade regulatória, abraçando uma abordagem mais abrangente em relação ao bem-estar dos colaboradores. O projeto é formado por uma equipe multidisciplinar: psicólogas, arteterapeutas, terapeuta integrativa e assistente social. Os serviços são: acolhimento psicológico individual breve, grupo de apoio, grupo de arteterapia, além das práticas integrativas e complementares (PIC’s: reiki, cromoterapia, reflexologia, auriculoterapia, terapia floral, aromaterapia). O projeto registrou, em 2023, o total de 885 acolhimentos emocionais, um aumento de 88% em relação ao ano de 2022 com uma grande procura pelas práticas integrativas e da arteterapia.

 “A grande procura pelos acolhimentos emocionais parece reafirmar a importância de um espaço intra-institucional seguro, profissional e ético para acolher e acompanhar a saúde emocional das trabalhadores e discentes por meio de técnicas científicas validadas e já amplamente reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, conta Josiane Barros, psicóloga e coordenadora técnica do Acolhe Coppe.

Em 2023, o Acolhe Coppe participou de outras ações em parceria com a Gerencia de Recursos Humanos (GRH) da Coppe: Projeto Preparação para Aposentadoria, como uma nova linha de acolhimento que fornece uma escuta qualificada e atua em consonância com o Estatuto da Pessoa Idosa, na promoção do envelhecimento saudável. Como também, das ações psicoeducativas que incluem os trabalhadores terceirizados das atividades de limpeza e conservação, com enfoque nas seguintes temáticas: integração, valorização, pertencimento e superação do assédio moral, entre outras ações.

O Acolhe Coppe faz parte do conjunto de ações das agendas institucional e acadêmica da Coppe que respondem às crescentes demandas por acolhimento emocional, pela necessidade de vigilância constante para a prevenção de acidentes e de adoecimento ocupacional, além do desenvolvimento de projetos de pesquisa aplicada para melhorias na saúde e segurança dos trabalhadores de diversos setores.

Confira abaixo as outras duas matérias sobre a atuação da Coppe para o desenvolvimento da cultura de segurança e para a promoção do bem-estar de suas equipes.

Gestão de riscos da Coppe realiza rastreamento para redimensionar estratégias de melhorias para a prevenção de acidentes  

Pesquisadores da Engenharia de Produção da Coppe desenvolvem novas soluções ergonômicas  

Pesquisadores da Engenharia de Produção desenvolvem novas soluções ergonômicas

Em meio às iniciativas dedicadas às melhorias do bem-estar das equipes pertencentes ao quadro funcional da Coppe, pesquisadores da instituição desenvolvem e ampliam a segurança do colaborador em projetos de pesquisa aplicados em empresas dos mais diversos setores.

Equipe do Laboratório de Ergonomia & Projetos (Ergoproj), do Programa de Engenharia de Produção (PEP) da Coppe, coordenada pelo professor Francisco Duarte, realiza Análise Ergonômica do Trabalho e Diagnósticos sobre maturidade da cultura de segurança em plataformas de petróleo, refinarias, termelétricas, unidades de tratamento de gás, embarcações e armazéns. De acordo com o professor, o objetivo é aprimorar práticas de seguranças existentes, como as análises de acidentes, os retornos de experiência e práticas reflexivas que permitam construir a confiança entre as equipes de trabalho e seus gestores a nível estratégico para desta forma eliminar o silêncio organizacional, considerado o principal inimigo da segurança.

Com base no conhecimento do trabalho das equipes operacionais embarcadas busca-se desenvolver novas soluções ergonômicas e projetos inovadores para plataformas de petróleo. “Podemos destacar que a ergonomia é pela primeira vez uma disciplina de projeto desde as etapas iniciais (projeto básico) à construção passando pelos estudos de detalhamento”, explica o professor Francisco.

A equipe do laboratório vem contribuindo ainda com a segurança das operações em projetos de descomissionamentos de plataformas de petróleo, novo desafio da indústria offshore em nosso país.

Área multidisciplinar que estuda a interação entre o ser humano, a máquina e o ambiente de trabalho, a Ergonomia desempenha um papel crucial na prevenção de lesões musculoesqueléticas, fadiga, estresse e outros problemas de saúde relacionados ao trabalho. Compreender e otimizar essa interação é essencial para garantir não apenas a segurança dos trabalhadores, mas também sua produtividade e bem-estar.

O Ergoproj faz parte do conjunto de ações das agendas institucional e acadêmica da Coppe que respondem às crescentes demandas por acolhimento emocional, pela necessidade de vigilância constante para a prevenção de acidentes e de adoecimento ocupacional, além do desenvolvimento de projetos de pesquisa aplicada para melhorias na saúde e segurança dos trabalhadores de diversos setores.

Confira abaixo as outras duas matérias sobre a atuação da Coppe para o desenvolvimento da cultura de segurança e para a promoção do bem-estar de suas equipes.

Acolhe Coppe registra aumento de 88% de atendimentos

Gestão de riscos da Coppe realiza rastreamento para redimensionar estratégias de melhorias para a prevenção de acidentes  

Gestão de riscos da Coppe realiza rastreamento para redimensionar estratégias de melhorias para a prevenção de acidentes

Para a garantia de um ambiente de trabalho seguro e em conformidade com as regulamentações, a equipe da Gerência de Segurança do Trabalho, Meio Ambiente e Saúde (GSMS) da Coppe/UFRJ está realizando um mapeamento das áreas de riscos, dos recursos de segurança e dos procedimentos de evacuação dos ambientes da instituição em situações de incidentes e acidentes. De acordo com o diretor-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Coppe, Tharcisio Fontainha, o objetivo é garantir a segurança das pessoas e o correto dimensionamento dos recursos necessários.

O monitoramento constante dos extintores de incêndio é a garantia de que eles estejam sempre em condições adequadas para uso. Em 2002, foram elaborados 13 novos projetos, e atualizados outros 43, de rotas de fuga, iluminadores e sinalizadores de emergência, bem como de extintores de incêndio, juntamente com relatórios descritivos detalhados dos ambientes, contribuindo para uma resposta mais eficaz em situações de crise.

A GSMS realizou, naquele mesmo ano, capacitações em manuseio de extintores de incêndio e boas práticas de utilização de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) e dos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) em laboratórios e salas de aula. Os participantes adquiriram conhecimentos essenciais para garantir a segurança pessoal e coletiva nas atividades cotidianas dentro da instituição.

Outra importante atribuição da GSMS é a retirada de resíduos químicos dos laboratórios. Em 2022, foram coletadas 4.2 toneladas desse tipo de material, promovendo a responsabilidade ambiental e a prevenção do descarte irregular.

“Também temos um projeto de implementar um sistema de compartilhamento de produtos químicos entre os laboratórios. Os produtos descartados por um laboratório poderão servir de insumos para outros laboratórios”, explica o professor Tharcisio. Ele destaca ainda que estão sendo desenvolvidos planos de contingência para situações adversas na Coppe, em parceria com o Corpo de Bombeiros e outros órgãos. “O objetivo é padronizar, aprimorar e formalizar os procedimentos a serem adotados para os casos de acidentes”. 

A antiga Brigada de Incêndio da Coppe, que fazia parte do organograma da GSMS até 2023, passou para o comando da UFRJ.

A GSMS faz parte do conjunto de ações das agendas institucional e acadêmica da Coppe que respondem às crescentes demandas por acolhimento emocional, pela necessidade de vigilância constante para a prevenção de acidentes e de adoecimento ocupacional, além do desenvolvimento de projetos de pesquisa aplicada para melhorias na saúde e segurança dos trabalhadores de diversos setores.

Confira abaixo as outras duas matérias sobre a atuação da Coppe para o desenvolvimento da cultura de segurança e para a promoção do bem-estar de suas equipes.

Acolhe Coppe registra aumento de 88% de atendimentos

Pesquisadores da Engenharia de Produção da Coppe desenvolvem novas soluções ergonômicas  

Pesquisadores da Coppe desenvolvem softwares para conectividade segura de automóveis

A privacidade passou a ser um ponto crítico para o desenvolvimento de tecnologias voltadas para a conectividade veicular, em função da enorme coleta de dados em diversas e variadas plataformas e dispositivos.

Os veículos elétricos modernos possuem sensores que geram um grande volume de informações, que envolvem o funcionamento e estado dos componentes automotivos, a sua localização, as rotas que percorreu com mais frequência, e a forma como foi conduzido pelo motorista, dentre outras. Por outro lado, a partir desses dados coletados, a indústria automotiva pode desenvolver diversificadas aplicações, como forma competitiva, para ter um produto bem mais próximo ao estilo do motorista.

Essa equação vem sendo estudada a fundo pelos pesquisadores do Grupo de Teleinformática e Automação (GTA) da Coppe/UFRJ que estão desenvolvendo uma inovadora arquitetura de softwares. O projeto conta também com a participação de pesquisadores do Laboratório de Fontes Alternativas de Energia (Lafae).

Como parte do projeto “Aplicações veiculares com aprendizado distribuído e manutenção de privacidade (AVADiP), a arquitetura está sendo estruturada para ser utilizada em qualquer aplicação de coleta de dados, com garantia de privacidade.

Coordenado pelo professor Miguel Elias Mitre Campista, do GTA/Coppe, o projeto foi aprovado, em 2023, no Programa Prioritário Conectividade Veicular, liderado pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), e que integra o Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), uma expansão do antigo Rota 2023. A meta é estimular o investimento e o fortalecimento das empresas brasileiras do setor automotivo, por meio do desenvolvimento e da aplicação de novas tecnologias, e com maior sustentabilidade. O projeto da Coppe conta com a participação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, da Stellantis e da Startup Mobway.

Com previsão de três anos de execução, o projeto tem como objetivo fornecer ferramentas computacionais à indústria automotiva que permita a esta dar continuidade na produção de novos modelos de aprendizado de máquina, como parte do uso da Inteligência Artificial (IA). Isso, sem que os usuários precisem ceder informações pessoais, como explica Miguel Campista. O professor, que é do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe, diz que a proposta é estudar o uso de duas aplicações de IA, mas a arquitetura que está sendo construída poderá viabilizar várias outras aplicações, com a finalidade de potencializar o uso de dados gerados pelos veículos conectados no ecossistema de serviços com interfaces públicas.

De acordo com o professor da Coppe, o insumo de qualquer sistema de aprendizado de máquina são estes dados gerados a partir do comportamento dos usuários, que são coletados e armazenados em nuvem para serem utilizados pela indústria automotiva no desenvolvimento de diversificadas aplicações, como forma competitiva, para ter um produto bem mais próximo ao estilo do motorista.

O professor da Coppe diz que o projeto está sendo executado com três eixos de trabalho, começando pela coleta e gerenciamento dos dados, que estão sendo realizadas com apoio técnico da Stellantis, com uso de dois veículos da marca, dos quais um totalmente elétrico já foi disponibilizado recentemente, no final de janeiro, e encontra-se na Coppe. “O primeiro desafio é produzir e armazenar os dados para que possamos treinar os modelos das aplicações. Nesta parte inicial, a coleta está sendo feita em bancada, de forma off-line. Em paralelo, estamos construindo os modelos de aprendizagem de máquina, mantendo a privacidade e a arquitetura de softwares. Mais adiante, quando houver um volume suficiente de dados armazenados, aí faremos a integração de todas as etapas do trabalho, reunindo-as em um único sistema”, explica Miguel Campista. 

O professor da Coppe diz que, a partir da arquitetura de softwares, serão desenvolvidas duas novas aplicações. A primeira é voltada para identificar os usuários vulneráveis ao redor dos veículos. A segunda é para a predição da saúde da bateria e do alcance do veículo eletrificado. Ambas aplicações são afetadas por padrões de condução e utilizam modelos gerados por algoritmos de aprendizado de máquina (Machine Learning) com aquisição distribuída de dados.

Professor Marcio Almeida é eleito membro da ANE

O professor Marcio Almeida, do Programa de Engenharia Civil da Coppe/UFRJ, foi eleito membro titular da Academia Nacional de Engenharia (ANE), e a sessão solene de posse será realizada no dia 29 de abril, às 18 horas, no Auditório Tamandaré da Escola de Guerra Naval, na Avenida Pasteur, 480, Urca.

Marcio, junto com outros nove engenheiros, passou a integrar o quadro da ANE no dia 3 de abril, quando tiveram a eleição ratificada.

A Academia é uma entidade sem fins lucrativos ou viés político-partidário, e é voltada para o aperfeiçoamento da Engenharia do país, para o estudo e equacionamento das grandes questões a ela pertinentes, e para o aconselhamento de governos federal, estaduais e municipais – a exemplo de suas congêneres em países avançados.

Na Coppe, 20 docentes também são membros da ANE:

Atila Freire, Edson Watanabe, Djalma Falcão, Eduardo Antônio Barros da Silva, Eugenius Kaszkurewicz, José Carlos Pinto, Mauricio Tolmasquim, Liu Hsu, Luiz Bevilacqua, Luiz Pereira Caloba, Martin Schmal, Nelson Maculan Filho, Paulo Sergio Ramirez Diniz, Renato Cotta, Richard Stephan, Romildo Toledo, Sandoval Carneiro Júnior, Segen Estefen, Walter Mannheimer, e Willy Lacerda. Outros docentes da Coppe, já falecidos, também fizeram parte da ANE, entre eles os professores Dirceu Velloso, Fernando Lobo Carneiro, Giulio Massarani e Cirus M. Hackenberg.

Sobre Marcio Almeida

Doutor pela Universidade de Cambridge (Reino Unido – 1984) e pesquisador 1A do CNPq, Márcio Almeida é graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da UFRJ (1974). Concluiu seu mestrado na Coppe em 1977 e, no mesmo ano, entrou para o quadro de docentes da instituição e da própria Politécnica, tornando-se professor titular em 1997. Até o momento, o professor orientou 111 dissertações de mestrado e teses de doutorado no Programa de Engenharia Civil da Coppe, e publicou mais de 300 artigos em periódicos e congressos nacionais e internacionais, dos quais três foram premiados pelas revistas Geosynthetics International (2014) e Ground Improvement (2016 e 2020) do Instituto de Engenharia Civil (ICE) britânico. Foi convidado a proferir a Coulomb Lecture em 2015, na Sociedade Francesa de Geotecnia.

Com quase 50 anos de atividades, além de dar aulas, Marcio Almeida tem atuado com consultorias para grandes projetos estruturantes no Brasil e no exterior, a exemplo da prestada para a estabilização da Torre de Pisa (Itália). Além disso, coordenou a área interdisciplinar de Meio Ambiente da Coppe e, junto com a professora Suzana Kahn Ribeiro, do Programa de Engenharia de Transportes da instituição, participou da criação do curso de Pós-graduação Executiva Meio Ambiente (MBE) da Coppe, que coordenou de 1998 a 2021.

Em 1996, o professor criou o Laboratório Multiusuário de Modelagem Centrífuga, por ele coordenado até hoje. Com este laboratório, implantou no Brasil estudos que envolvem Modelagem Física em Centrífuga Geotécnica, assim como os de ensino e pesquisa em Mecânica dos Solos dos Estados Críticos, e de Liquefação de Rejeitos de Mineração. A maior parte das pesquisas em modelagem física têm ênfase em aplicações offshore, incluindo estudos em dutos, risers e na estabilidade de taludes submarinos.

LRAP celebra uma década e encaminha futuro para além do petróleo

Professor Paulo Couto, coordenador do LRAP+

Ao mesmo tempo em que comemora suas conquistas dos últimos 10 anos, celebrados na última sexta-feira, 12 de abril, o Laboratório de Recuperação Avançada de Petróleo (LRAP) da Coppe/UFRJ já se encaminha para novas conquistas e, agora, passa a se chamar de LRAP+.

Reflexo das mudanças que o setor vive, o laboratório constrói seu futuro na diversificação de áreas de pesquisa como a captura de carbono, a hidrologia e a agricultura, aproveitando a expertise acumulada em meios porosos. O reposicionamento com LRAP+ é um exemplo da reinvenção pela qual passa a pesquisa aplicada no setor, “de uma linha de pesquisa muito estabelecida para uma evolução a serviço de novas demandas”, destacou a diretora de Tecnologia e Inovação, professora Marysilvia Costa.

A celebração foi marcada com a realização do painel “O LRAP+ além do Petróleo”, que contou com palestras dos professores Martinus Theodorus van Genuchten, do Programa de Engenharia Nuclear da Coppe e da Universidade de Utrecht (Holanda) e do professor Farid Shecaira, da PUC-Rio.

“Durante essa década tivemos a oportunidade de desenvolver pessoas, de criar muita capacidade técnica, novos procedimentos operacionais, inovamos no desenvolvimento de equipamentos a ponto de qualificar a indústria nacional a fornecer insumos que antes eram importados. Conseguimos graças a um trabalho de equipe, que reuniu o corpo social do LRAP, e também de nossos parceiros, sobretudo nossos parceiros primordiais, a Shell e a Petrobras que permitiram que o sonho se tornasse realidade”, avaliou o Professor Paulo Couto, coordenador do LRAP+ e professor do Programa de Engenharia Civil.  “Em um mundo que está passando por uma transição energética, é hora de aproveitarmos todo esse conhecimento na área de meios porosos e nos aventurarmos em outras áreas do conhecimento. No curto prazo, a frente de trabalho mais próxima é CCUS (captura, uso e armazenamento de carbono, na sigla em inglês), e outras áreas em médio prazo como hidrologia, solos, agricultura”, explicou.

Segundo o professor Farid Shecaira, a captura de carbono é um bom negócio para a indústria do petróleo, habituada e liderar megaprojetos

Para o professor Farid Shecaira, o sequestro geológico de carbono (CGS), uma das possibilidades de captura de carbono, não é greenwashing (marketing ecológico enganoso). “É importante para a humanidade esta atividade e as operadoras de petróleo estão voltando seus olhos para o sequestro de carbono. É inequívoco que a atividade humana acelerou o processo natural de mudanças climáticas. Existe uma convergência no mundo científico, e as empresas de petróleo possuem um clube chamado Oil and Gas Climate Initiative (OGCI), encarregado de liderar as respostas do setor às mudanças climáticas, para que cheguem a emissões líquidas zero e criem hubs de carbono”.

“O sequestro pode ser feito por florestamento, revegetação, reflorestamento, oceânico com microalgas, conversão de CO² para metanol, gasolina, diesel e outros produtos químicos. Fertilizantes, materiais de construção. É um bom negócio para a indústria do petróleo, um setor que sabe gerenciar megaprojetos”.

“A transição energética não será tão rápida quanto desejam. As outras fontes de energia que possam competir com o petróleo não são baratas o suficiente, nem contam com uma logística de entrega tão boa. O petróleo só vai começar a sair do palco, quando as outras fontes conseguirem subir a escadinha”, analisou Shecaira, para quem os projetos de CCUS dependerão de regulação e aporte financeiro do Estado.

O evento contou ainda com a participação do gerente geral de Tecnologia da Shell Brasil, Olivier Wambersie; da gerente de Tecnologias Aplicadas e Experimentais em E&P do Cenpes/Petrobras, Rita Wagner; da professora Juliana Baioco, representando a Escola Politécnica (Poli/UFRJ); da vice-diretora da Escola de Química (EQ/UFRJ), professora Andrea Salgado;e  do decano do Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ, professor Walter Suemitsu.

Laboratório de Hidrogênio da Coppe recebe delegação da Prefeitura de Maricá

O Laboratório de Hidrogênio da Coppe/UFRJ recebeu na última quarta-feira, dia 10 de abril, uma delegação da Prefeitura de Maricá que veio discutir com a equipe, coordenada pelo professor Paulo Emílio Valadão de Miranda, alguns detalhes sobre a implantação nesta cidade do ônibus híbrido elétrico-hidrogênio desenvolvido em parceria com a instituição e a empresa Tracel Industrial.

Liderada pelo subsecretário de Desenvolvimento Econômico de Maricá, Magnun Amado, e pelo diretor de Inovação e Científica do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM), Ciro Torres, a delegação também conheceu as instalações do laboratório da Coppe e circulou na Cidade Universitária a bordo da versão do veículo que rodará em Maricá, nos próximos meses, durante o período de testes em situação real.

Empresas brasileiras e francesas já demonstram interesse em fabricar o veículo. No mês passado, durante o 8º Fórum Econômico Brasil-França, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Maricá, Igor Sardinha, e o professor da Coppe, Paulo Emílio, assinaram um memorando de entendimentos com o presidente da empresa francesa HYFIT, Bertrand Ciavaldini, e com o diretor da brasileira Ydrogenio, Pedro Henrique Kool Monteiro. Tais empresas estão interessadas na industrialização dos ônibus híbridos elétricos-hidrogênios em Maricá.

Painel LRap além do Petróleo inicia comemorações dos 10 anos de laboratório da Coppe

O Laboratório de Recuperação avançada de Petróleo+ (LRAP+) da Coppe/UFRJ promove na sexta-feira, dia 12 abril, às 13h30, o painel “O LRAP+ além do Petróleo”, que marca o início das comemorações de seus 10 anos e anuncia novas linhas de atuação, com foco na transição energética. O evento será realizado no auditório da Coppe, Centro de Tecnologia 2 da UFRJ, na Rua Moniz Aragão, 360, bloco 1, Cidade Universitária.

LRAP+ rumo à transição energética

O Laboratório, que recebeu financiamento da Shell e da Petrobras, foi fundado há uma década e iniciou efetivamente suas operações em 2015, com o propósito de investigar o uso do CO2 proveniente dos campos do pré-sal como fluido de recuperação avançada de petróleo, para maximizar a produção de petróleo. Durante esses 10 anos, houve avanços significativos tanto em conhecimento técnico quanto teórico sobre esta linha de pesquisa, como explica seu coordenador, o professor do Programa de Engenharia Civil da Coppe, Paulo Couto. “O LRAP+ pode atuar em outras áreas do conhecimento relacionados à meios porosos em seu futuro de curto, médio e longo prazo. São áreas que representam oportunidades promissoras e são importantes dentro do contexto da transição energética”, explica Paulo, acrescentando que no momento também estão intensificando suas pesquisas relacionadas à captura, utilização e armazenamento de carbono (Carbon Capture, Utilization and Storage – CCUS) em áreas geológicas.

No momento, além de dar continuidade a tais atividades, a equipe do LRAP+ aproveitará os conhecimentos adquiridos para passar desenvolver outras linhas que contribuam para a transição energética. De acordo com Paulo, o grupo está iniciando estudos relacionados aos meios porosos em outras áreas, além do Petróleo, tais como armazenamento geológico de CO2, agricultura, hidrologia, entre outras.

Participarão como palestrantes, o professor Rien van Genuchten, visitante da UFRJ e da Universidade de Utrecht (Países Baixos); e o engenheiro de petróleo e professor Farid Shecaira, que atuou na Petrobras de 1980 a 2021, exercendo diferenciados cargos técnicos e gerenciais. Van Genuchten abordará o universo de possibilidades de desenvolvimento tecnológico envolvendo os meios porosos. Já Shecaira falará sobre a perspectiva de sequestro geológico de gás carbônico no Brasil.

Abertura do painel contará com a participação do gerente geral de Tecnologia da Shell Brasil, Olivier Wambersie; da gerente de Tecnologias Aplicadas e Experimentais em E&P do Cenpes/Petrobras, Rita Wagner; da diretora de Tecnologia e Inovação da Coppe, professora Marysilvia Ferreira; da professora Juliana Baioco, representando a  diretora da Escola Politécnica da UFRJ, professora Claudia Morgado; da vice-diretora da Escola de Química da UFRJ, professora Andrea Salgado, do decano do Centro de Tecnologia da UFRJ, professor Walter Suemitsu; e do coordenador do LRAP+, professor Paulo Couto.

Sobre os palestrantes

Martinus Theodorus (“Rien”) van Genuchten é um físico de solos interessado em hidrologia da zona não saturada, fluxo multifásico, transporte de contaminantes subterrâneos, fluxo preferencial, modelagem analítica e numérica, e procedimentos inversos, entre outras. Atualmente, possui colaborações ou nomeações como professor visitante tanto na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, como na Universidade de Utrecht (Países Baixos). Também já atuou, por muitos anos, como Líder de Pesquisa no Laboratório de Salinidade dos EUA, em Riverside (Califórnia).

Farid Shecaira é engenheiro de petróleo. É graduado em Engenharia Civil pela USP (1979), mestre em Engenharia de Petróleo pela Universidade Federal de Ouro Preto ((UFOP – 1988), e doutor em Engenharia de Petróleo pela Universidade do Texas, em Austin (1998). Atualmente, Farid cursa Business Inteligence (BI) Data Science na PUC-Rio. Trabalhou na Petrobras de 1980 a 2021, ocupando inúmeros cargos técnicos e gerenciais. Fundou a WisEnergy, uma empresa de EAD, além de ser consultor na PUC-Rio, atuando no laboratório de Inteligência Computacional Aplicada (ICA), que é dedicado às aplicações da Ciência de Dados na Geoengenharia de Petróleo.

Confira a programação

13h30 – Abertura

14h00 – Palestra 1: The Porous Media World … of this World

Professor Rien van Genuchten


14h45 – Palestra 2: Sequestro Geológico de Carbono: Uma perspectiva Brasileira

Professor Farid Shecaira


15h30 – Discussões


15h50 – Encerramento

Coppe manifesta-se de forma contrária ao PL5066/2020

A Coppe/UFRJ manifesta-se de forma contrária ao PL5066/2020 que redistribui os recursos da Cláusula de P, D&I igualitariamente para as cinco regiões do Brasil.

Entendemos que essa redistribuição igualitária para todas as regiões brasileiras provocará a transferência de recursos para instituições com infraestrutura menos madura e sem a vocação para atuar no setor de petróleo e gás. Além disso, trata-se de uma medida que reduzirá, significativamente, os recursos atualmente aplicados em instituições, como a Coppe, que desenvolveram expertise na área de petróleo e gás, podendo, inclusive, tornar ociosos os investimentos e a infraestrutura instalada para atuação neste setor. Ao invés da distribuição uniforme, poderia se criar mecanismos de incentivos entre instituições de diferentes regiões, como uma maneira de cumprir o papel desse PL.

Rio de Janeiro, 11 de abril de 2024.,

Professora Suzana Kahn

Diretora da Coppe/UFRJ

Professor Fernando Alves Rochinha

Presidente do Conselho Deliberativo da Coppe/UFRJ

Coppe recebe Selo ODS Educação com projetos ‘Letramento de Jovens, Adultos e Idosos’ e ‘Orla Sem Lixo’

O Projeto de Letramento de Jovens, Adultos e Idosos e o Projeto Orla Sem Lixo receberão amanhã, 10/04, o Selo ODS Educação 2023, em certificação promovida pela UFRJ.

“Contribuímos para o fim da invisibilidade de uma população, na construção da cidadania e de oportunidades melhores”, comemora a coordenadora pedagógica do Projeto Letramento de Jovens, Adultos e Idosos da Coppe/UFRJ, Denise Dantas.

Para a professora do Programa de Engenharia Oceânica (PENo) da Coppe, Susana Vinzon, coordenadora do projeto Orla Sem Lixo, idealizado pela Escola Politécnica da UFRJ, o selo contribui para a divulgação da iniciativa e valoriza o empenho coletivo para a revitalização da orla. “É um reconhecimento do nosso esforço para a restauração da Ilha do Fundão e da Baía de Guanabara e um estímulo para continuar nesse caminho”, explica.

Foram certificados 38 projetos de extensão da UFRJ. No total foram 360 projetos certificados de cerca de 40 instituições de ensino.

Idealizado pelo Instituto Selo Social em parceria com o Programa UnB 2030 e o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030, o Selo ODS Educação é uma certificação que busca estimular a participação efetiva das instituições de ensino no alcance das metas da Agenda 2030. O objetivo é ampliar o impacto no ODS 4 (Educação de Qualidade).

A cerimônia de entrega dos selos aos 38 projetos de extensão certificados será realizada no campus da Praia Vermelha.  O evento é aberto a toda a comunidade UFRJ, mas pede-se a confirmação de presença por  aqui.

Sobre o Projeto Letramento

O Projeto Letramento de Jovens, Adultos e Idosos da Coppe/UFRJ tem o objetivo de alfabetizar toda e qualquer pessoa que não teve a oportunidade de concluir o ensino fundamental e também proporcionar uma base mais sólida àquelas pessoas que, por algum motivo, interromperam seus estudos, dando a elas mais segurança para que possam retornar ao ensino formal.

Sobre o projeto Orla Sem Lixo

Projeto da Escola Politécnica da UFRJ, o Orla Sem Lixo reúne uma equipe multidisciplinar de mais de 20 pesquisadores das mais diversas disciplinas. O objetivo é desenvolver soluções para interceptação, coleta, transporte e reciclagem em um processo que seja facilmente replicável, dialogue e envolva a comunidade local, seja efetivo e de baixo custo. A proposta é evitar áreas de degradação na costa e que transforme a cadeia produtiva do lixo flutuante em oportunidade, garantindo a sustentabilidade econômica e ambiental da solução.

Coppe sediará Centro do MIT na cidade do Rio de Janeiro

A Coppe/UFRJ sediará o Senseable Rio Lab (SRL), sucursal carioca do laboratório do MIT especializado em tecnologias digitais e urbanismo. O convênio, resultado de parceria entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Senseable City Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT), foi assinado hoje, dia 4 abril, na sede da prefeitura, na Cidade Nova.

O MIT, ou Massachusetts Institute of Technology, é um dos principais centros de estudo e pesquisa em ciências, engenharia e tecnologia do mundo. Seus ex-alunos e professores já ganharam 98 prêmios Nobel (o mais conhecido deles é Richard Feynman, considerado o pai da física quântica) e centenas deles foram vencedores das principais premiações de tecnologia.

Os Laboratórios Mundiais Senseable são uma família de cidades globais que abordam os maiores desafios da humanidade por meio da aplicação criativa de novas tecnologias.

Como membro fundador da iniciativa Senseable World, o Senseable Rio Lab (SRL) é um projeto colaborativo de cinco anos entre a cidade do Rio e o Senseable City Lab do MIT.

O espaço tem como objetivo promover, durante cinco anos, novas ferramentas e formas de articular o conhecimento sobre a cidade do Rio para melhorar a qualidade de vida dos moradores, com base no desenvolvimento de pesquisas científicas críticas. Durante este período de execução, o Rio de Janeiro será usado como um laboratório vivo, com os experimentos conduzidos e protótipos implantados na cidade.

No SRL, que funcionará no Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) da Coppe, serão implementadas metodologias inovadoras, que permitam avanços tecnológicos na abordagem de dados, pesquisa de campo e ferramental no aprimoramento do desenho de políticas públicas e projetos urbanos para a cidade. O banco de ensaio ficará concentrado em quatro pilares de pesquisa: informalidade, inteligência artificial, modelagem urbana e soluções que visam tornar o Rio de Janeiro uma cidade mais igualitária e neutra em carbono até 2050.

Para promover o desenvolvimento urbano específico da cidade do Rio, o SRL delineou uma série de direções iniciais de pesquisa que são de interesse acadêmico. O projeto tido com principal é o denominado Favelas 4D, que utiliza tecnologia de varredura a laser 3D para analisar a morfologia das favelas. O foco é tornar o informal visível para propiciar melhorias nas ações públicas da prefeitura. Para tanto, serão investigados meios digitais de detecção, análise e gestão de assentamentos informais para a melhoria do meio ambiente e da saúde das pessoas, e outras oportunidades de desenvolvimento que os dados e ferramentas permitam, tais como melhorias habitacionais e regularizações fundiárias.

A iniciativa SRL empregará inicialmente seis pesquisadores do MIT em tempo integral que atuarão focados no Rio de Janeiro, com 50% trabalhando na cidade e a outra metade na sede em Boston (EUA). Durante o projeto, o MIT se envolverá com estudantes de toda a região da cidade do Rio fornecendo conhecimento sobre os métodos e ferramentas que a cidade precisa, de forma a permitir que as gerações futuras liderem as transições urbanas.

A diretora da Coppe, professor Suzana Kahn, diz que esta parceria faz com que toda a expertise da instituição na transformação digital possa ser usada para a melhoria da qualidade de vida urbana e melhor preparação das cidades para a emergência climática.

Concurso público para novos docentes na Coppe

Estão abertas até o dia 9 de maio as inscrições para o concurso público para magistério superior na UFRJ. Do total de vagas oferecidas, 13 são para novos professores na Coppe.

“Há muito, o Ministério da Educação não abria tantas vagas nas universidades federais. Para a Coppe, o concurso contribui para alimentar o corpo docente da instituição com novos talentos, contribuindo para manter a excelência de seu quadro de professores, o que é um diferencial da Coppe, e preparar o futuro da instituição”, avalia o diretor de Assuntos Acadêmicos da Coppe, professor Jean-David Caprace.

A UFRJ é, com frequência, apontada em rankings universitários internacionais como a melhor universidade federal do país, e a Coppe é a unidade acadêmica de ensino em Engenharia com maior número de notas 6 e 7 (conceito máximo) na Avaliação Capes, atestando excelência acadêmica equiparável às melhores instituições de ensino do mundo. Além disso, a Coppe possui o maior parque laboratorial de Engenharia da América Latina, com mais de 130 laboratórios de alto nível.

O concurso envolve algumas etapas. As inscrições para a primeira fase podem ser feitas até as 23h59 do dia 9/5/2024. Clique neste link acima para se cadastrar, se inscrever no concurso, imprimir o boleto bancário e acompanhar sua inscrição.

As datas de realização das provas e os demais prazos, referentes a cada opção de vaga, serão divulgados oportunamente, de acordo com o cronograma específico de cada unidade acadêmica responsável pela respectiva opção de vaga, a ser disponibilizado no site da Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4) da UFRJ.

Confira abaixo quais os Programas contemplados com vagas e para quais áreas temáticas elas se destinam.

Normas para Homologação da Inscrição e para as Etapas do Concurso da Coppe

Critérios das Etapas do Concurso em Idioma Estrangeiro (CD) – atualização
Critérios das Etapas do Concurso em Idioma Estrangeiro (CD)
Resolução de Avaliação e Credenciamento – CAD
Critérios complementares para homologação de inscrição e avaliação de títulos e trabalhos no Concurso para Professor Adjunto A.

Contatos da Central de Atendimento: docente@concursos.pr4.ufrj.br

Estudo da Coppe aponta para prestação direta do serviço de barcas

O professor Marcos Freitas foi o coordenador da modelagem do processo licitatório

Em audiência pública realizada na sexta-feira, 22 de março, pesquisadores da Coppe e representantes da Secretaria estadual de Transportes e Mobilidade Urbana (Setram) apresentaram as conclusões da modelagem feita para a licitação do transporte aquaviário no estado do Rio de Janeiro. Demonstrada a inviabilidade financeira do atual modelo de concessão, a prestação direta do serviço de barcas foi a solução mais eficaz possível para a continuidade e a estabilidade do serviço.

O estudo de uma nova modelagem do sistema aquaviário do estado foi encomendado à Coppe e realizado pelo Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (IVIG), sob coordenação do professor Marcos Freitas, a pedido da Setram, em 2022. Da pandemia até o momento, o transporte aquaviário é o modal que mais perdeu passageiros no estado (37% de passageiros por ano), levando a atual concessionária a não se interessar pela continuidade da operação em nova licitação.

Com o atual número de passageiros, mantido o valor atual da passagem, a concessionária acumularia um prejuízo superior a um bilhão de reais, ao longo de um contrato de 25 anos. Para se tornar viável economicamente, além do aumento no número de passageiros, o preço da passagem teria que subir para R$ 16,00.

“O modelo é o mais adequado apenas transitoriamente. Assim, haverá para a população estabilidade de preços e serviços”, avaliou Manoel Peixinho.

Como explicou Manoel Peixinho, pesquisador do IVIG, todo setor de transportes foi afetado no período da pandemia e houve também uma grande mudança na malha ferroviária. “Houve diminuição de passageiros em decorrência de decisões administrativas de prefeituras. Linhas que chegavam às barcas não chegam mais. São diversas as causas. Antes da pandemia, a concessão era sustentável financeiramente. Com a pandemia, a concessionária requereu uma série de ajustes para o equilíbrio econômico do contrato. Ela não teve prejuízos significativos, pois foram recompostos pelo governo do estado. Mas, a concessão é remunerada basicamente pela tarifa e a atual concessionária não se mostrou disposta a continuar, o que é óbvio”.

Uma possibilidade aventada no estudo foi a celebração de uma parceria público-privada (PPP). “A PPP é uma espécie de sociedade, na qual o ente público pode alocar até 70% da remuneração e há um fundo garantidor, em caso de inadimplência estatal ou mudanças tarifárias, ele protege o investidor. No entanto, não temos tempo hábil para celebrar uma PPP hoje, porque é um instrumento complexo. A saída que a Secretaria achou e com a qual concordamos é a celebração de um contrato de prestação direta. O modelo é o mais adequado apenas transitoriamente. Assim, haverá para a população estabilidade de preços e serviços”, avaliou Peixinho.

De acordo com o professor Marcos Freitas, coordenador da modelagem do processo licitatório, o estudo apresentado neste momento não contempla a apresentação de novas linhas. “Novas linhas estão na modelagem, mas no momento o estado não teria capacidade econômica de assumi-las. A nossa equipe tem essas demandas mapeadas e os estudos feitos para cada uma delas. O modelo que desenvolvemos é o mais viável para manter o serviço funcionando tal qual está e ter sensibilidade para a entrada de novas linhas, à medida que os modais forem se adequando, até a evolução tecnológica. Também estudamos alternativas de embarcações, que possam reduzir o custo da operação”.

A modelagem feita pelos pesquisadores da Coppe estabeleceu índices de performance e remuneração com critérios objetivos, que permitem o controle da qualidade do serviço. O desconto na remuneração da milha náutica poderia chegar a 12%, dependendo do grau de descumprimento dos parâmetros de qualidade no serviço ofertado aos passageiros.

Apesar do risco de chuvas fortes alertado pelas autoridades, moradores de Magé e Paquetá compareceram e foram participativos

Freitas destacou que o processo foi detalhista e responsivo, com a realização de diversas audiências públicas, a maioria com boa presença de público. “As associações de moradores pautaram a necessidade de fazermos mais, além das audiências requeridas pela Alerj. A equipe da Setram fez um trabalho muito dedicado, revisões frequentes e aporte de dados que somente o governo poderia dispor. O projeto foi ganhando nuances e necessidade de acréscimo de trabalho. Os colegas da Engenharia de Transportes nos mostraram a necessidade de conduzir pesquisas de origem e destino, colocar pesquisadores na rua perguntando às pessoas quanto ao desejo de usar o transporte aquaviário e suas motivações. Encontramos um banco de dados muito rico. O trabalho foi feito com esmero e dedicação. A gente tem muita esperança de que evolua dentro da flexibilidade contratual decidida pela secretaria”.

“Os outros modais estão em momento de revisão e busca de alternativas. Uma estação de metrô na Praça XV poderia trazer mais passageiros para as barcas, reduzindo a necessidade de subsídio por parte do estado. Algum subsídio é necessário para atender locais mais isolados e com menor demanda, como é feito no setor de energia, onde o grande sistema subsidia os sistemas isolados. É uma questão de Estado”, acrescentou Freitas, professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe.

Usuários demandam, poder público responde

Paulo Vaz expressou a demanda por mais linhas e horários, uma reivindicação de muitas comunidades

Paulo Vaz, presidente da Associação dos Comerciantes e Moradores de Guia de Pacobaíba, em Magé, disse entender “que a medida proposta é emergencial, feita para resolver o problema que existe hoje”, no entanto reiterou a demanda dos usuários do transporte aquaviário pela oferta de novas linhas. “A médio prazo qual a proposta do estado? A economia vai voltar ao que era. Temos a expectativa por novas linhas. Não queremos mais passar oito horas por dia em meios de transporte, e ver o outro lado da Baía de Guanabara ter linhas de barcas e poder fazer seus trajetos em cinquenta minutos. Queremos que o governo sinalize que Magé, São Gonçalo, Duque de Caxias serão contempladas”.

O diretor da Associação de Moradores da Ilha de Paquetá, Guto Pires, citou os problemas no deslocamento de pessoas doentes ou acidentadas, para enfatizar que as barcas são uma questão “de vida e morte” para quem mora em Paquetá. “Não temos a visão técnica, temos a visão de usuário. Mas, desculpe se parece arrogância, a fala do usuário é a mais importante para qualquer política pública, pois ele é o seu destinatário”, afirmou Guto.

Os representantes do governo explicaram os investimentos nos diversos modais e como estes influenciam uns aos outros

O chefe de gabinete da Setram, Rogério Sacchi, respondeu aos questionamentos e críticas que foram endereçados ao governo estadual. Segundo Sacchi, o governo busca priorizar os transportes de massa, que transportam grandes quantidades de pessoas. “Temos hoje problemas em trens e metrô. O maior problema do metrô é a questão da Gávea, processos judiciais, muita coisa para resolver. Resolvendo o problema da Gávea destrava a expansão do metrô, destrava Pavuna, que se for destravada libera Nova Iguaçu, eu posso transportar mais passageiros da Baixada. Resolvendo isso, o Metrô pode se endividar e fazer a linha Estácio-Praça XV. Resolvendo a linha 2, isso favorece a questão das barcas. Levando o metrô ao final do Recreio, vem a expansão e desafoga as grandes avenidas. A nossa ideia é tirar carros das ruas”, contextualizou.

“Na modelagem proposta para relicitar o transporte aquaviário, o Estado contrata o serviço por milha náutica, vai poder decidir para onde ir, criar linhas, mudar grade. Porque vai estar sob controle dele o serviço que vai ser remunerado por milha náutica ao prestador. O secretário já brigou com a gente para ter linha de barca em Caxias. Não é viável. Em Caxias, o custo é brutal porque a baía é assoreada. O que vamos fazer então para atender a região? Revitalizar os trens”, concluiu Sacchi.

A audiência foi transmitida pelo canal da Coppe no YouTube e permanece disponível. A nova licitação para o transporte aquaviário deverá ser feita em fevereiro de 2025, com um período de 90 dias de transição entre a atual concessionária e a assunção do controle direto pelo governo estadual.

Coppe atuará em projeto sobre a observação da Terra em parceria com órgão da ONU

O Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) da Coppe/UFRJ firmou parceria com o UNCTAD, órgão da ONU sobre comércio e desenvolvimento, para avaliar as tecnologias geoespaciais disponíveis de observação da Terra e aproveitá-las em aplicações voltadas para o Planejamento Urbano no Brasil e na África do Sul.

Por meio de um projeto conjunto, denominado Harnessing Space Technological Applications in Sustainable Urban Development (Aproveitando aplicações tecnológicas espaciais no desenvolvimento urbano sustentável), suas equipes fornecerão apoio para o desenvolvimento de capacidades técnicas e humanas que ajudem ambos os países a alavancar a ciência, a tecnologia e a inovação para o desenvolvimento urbano sustentável. O foco é analisar a ocupação de territórios e os impactos da meteorologia e oceanografia no metabolismo urbano. O trabalho irá dotar o Brasil e a África do Sul com os dados tão necessários para apoiar o planejamento e a gestão urbana baseados em evidências, e para relatar o seu progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O pesquisador do Lamce/Coppe, Fabio Hochleitner, explica que as tecnologias espaciais podem revolucionar a forma como os países capturam, visualizam e analisam dados sobre a superfície da Terra, tais como áreas propensas a desastres, qualidade local do ar e da água e redes de transporte. “Os dados coletados e referentes a processos meteorológicos, oceanográficos, bioclimatologia e de qualidade do ar estão associados diretamente a aplicações nas áreas ambiental, saúde, agricultura, planejamento urbano e portuária para o desenvolvimento de ‘gêmeos digitais’ para as áreas de interesse”, explica Fabio.

A economista da UNCTAD, Eugenia Núñez, diz que este projeto responde à necessidade de apoiar ainda mais os países em desenvolvimento para utilizarem a tecnologia geoespacial como catalisador para cidades mais inteligentes, mais resilientes e inclusivas. De acordo com Eugenia, os parceiros locais e os gestores políticos poderão explorar formas de utilizar uma linguagem de programação denominada ‘Julia’ para integrar dados de observação da Terra, de saúde e socioeconômicos, à medida que intensificam os esforços para melhorar as condições de vida nos assentamentos informais de uma cidade.

O projeto, com dois anos de duração, será lançado no Brasil, entre os dias 3 e 5 de abril, no Inovateca, do Parque Tecnológico da UFRJ, na Rua Aloísio Teixeira, 564, Cidade Universitária. Durante o evento, serão apresentados alguns estudos que estão alinhados com a temática, bem como ferramentas computacionais em geoprocessamento e Inteligência Artificial (AI) que auxiliam a análise geoespacial e temporal. Confira a programação completa: https://tinyurl.com/y2y43hzx

O Lamce foi selecionado pela UNCTAD por ser o hub do Air Centre (Atlantic International Center) no Rio de Janeiro, desde 2019. Para este centro, sua equipe já vem atuando com novos conhecimentos sobre mudanças climáticas e questões relacionadas ao Atlântico, conectando tecnologias de águas profundas a tecnologias espaciais por meio de cooperação global. O acúmulo de tais conhecimentos no Lamce, que é coordenado pelo professor Luiz Landau, do Programa de Engenharia Civil da Coppe/UFRJ, poderá agora, por meio deste projeto com a ONU, ajudar o Brasil aumentar as suas capacidades de observação da Terra.

Diretora da Coppe é designada para integrar Comitê Técnico do Fundo Amazônia

A diretora da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn, acaba de ser designada pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, para a função de membro do Comitê Técnico do Fundo Amazônia (CTFA). 

Além de Suzana, outros cinco especialistas, terão como missão atestar a quantidade de emissões de carbono oriundas de desmatamento calculada pelo ministério. Para tanto, devem analisar a metodologia de cálculo da área desmatada e a quantidade de carbono por hectare utilizada no cálculo das emissões.

Os especialistas que integram o comitê são de ilibada reputação e notório saber técnico-científico, designados pelo MMA, após consulta ao Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC).  O mandato é de três anos, podendo ser prorrogado uma vez por igual período.

Além de Suzana, integram o comitê o coordenador de Inventário e Informação Florestal do Serviço Florestal Brasileiro, Humberto Navarro de Mesquita Junior; o pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, João dos Santos Vila da Silva; o diretor de Programas e Bolsas no País da Capes, Laerte Guimarães Ferreira Junior; a coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Luciana Vanni Gatti; e a vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Thelma Krug.

Novo MagLev-Cobra deverá entrar em operação no segundo semestre deste ano

O trem de levitação magnética da Coppe/UFRJ, o MagLev-Cobra, ganhou uma versão industrial e deverá voltar a circular na Cidade Universitária ainda no início do segundo semestre de 2024. O novo veículo, que chega à Coppe nesta sexta-feira, dia 22 de março, foi projetado pela empresa Aerom, do Grupo Coester, com um sistema de portas, refrigeração e automação de qualidade internacional. A partir da próxima semana terá início a fase de integração do veículo com a linha de circulação, e a implementação do sistema de automação. Para tanto, contará com a participação da SeaHorse, empresa nativa da Coppe.

Coordenado pelo professor Richard Stephan, do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe e do Departamento de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, da UFRJ, o MagLev-Cobra apresenta, nesta nova versão, uma identidade visual alinhada aos padrões dos modais de transporte mais eficientes e ecologicamente corretos do mundo. Além disso, com apoio financeiro da Faperj, incorpora avançados conceitos de fabricação, contribuindo de forma significativa para a nova missão comercial do veículo e do sistema que o envolve.

Assim como na primeira fase de testes, realizada entre 2015 e 2020, o MagLev-Cobra circulará na linha experimental de 200 metros ligando o Centro de Tecnologia 1 (CT1) ao Centro de Tecnologia 2 (CT2) da universidade. Ao todo, mais de 20 mil pessoas já levitaram a bordo do MagLev, até sua interrupção, com o início da pandemia da Covid-19. O professor Richard Stephan explica que o veículo utilizado durante este período foi construído de forma artesanal. Já este novo, terá padrão industrial com sistema automatizado, sem a necessidade de um piloto.

De acordo com o professor da Coppe, após esta fase que agora se inicia, o próximo passo será testar o MagLev-Cobra em uma linha de pelo menos um quilômetro de extensão, que tenha curvas, inclinações, e permita velocidades mais elevadas, podendo chegar a 70 km/h ou mais, contribuindo para que alcance o nível 9 de maturidade tecnológica pela escala TRL (Technology Readiness Level), proposta pela Nasa..

Sobre o MagLev-Cobra

Desenvolvido sob a coordenação do professor Richard Stephan, o MagLev-Cobra opera silenciosamente e sem emissão de poluentes. Movido à energia elétrica, tem em sua linha experimental painéis solares que asseguram energia suficiente para movimentar o veículo. Durante os testes, circula à uma velocidade de 10 km/h, que é suficiente para demonstrar a viabilidade da tecnologia de levitação, mas poderá atingir 70 km/h ou mais, com segurança, em percursos mais longos.

Quanto à tecnologia empregada, o professor explica que o veículo, que não utiliza rodas para se locomover, funciona por meio de levitação magnética, e para sua sustentação emprega supercondutores, instalados na parte inferior do veículo, e “trilhos” de ímãs de terras raras. Tal técnica está em desenvolvimento na China e na Alemanha, mas ainda não em operação aberta ao público, transportando passageiros, como o da Coppe.

Coppe traz temas estratégicos, convidado ilustre e uma abordagem inovadora para sua Aula Inaugural Aberta 2024

A Aula Inaugural Aberta de 2024 foi conduzida pelo embaixador André Aranha Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores

“Essa aula representa o que queremos para a pós-graduação em Engenharia: que ela seja inovadora, aberta, interdisciplinar, integrada às demais áreas de conhecimento, capacitando nossos alunos a encontrarem soluções locais, caso queiram, mas sempre tendo a visão global, sem perder de vista os grandes temas que vão pautar a sociedade nos próximos anos”, destacou a professora Suzana Kahn, diretora da Coppe, na sua introdução da abertura do ano letivo 2024, ocorrida nesta terça-feira, 19 de março.

O convidado para selar essa mudança foi o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores que provocou um rico debate sobre mudanças climáticas, compromissos ambientais internacionais, o papel do Brasil em grandes instâncias multilaterais como o G20, os Brics e a COP 30, a pertinência da abertura de novos poços de produção de óleo e gás, novas rotas tecnológicas para produção de energia limpa e muito mais. Temas estratégicos que atraíram o interesse de alunos, professores e funcionários lotando o auditório para a Aula Inaugural Aberta 2024 que teve como tema “Ciência e Tecnologia na Vanguarda: como G20, BRICS e COP 30 ampliam horizontes e rompem fronteiras”.

Corrêa do Lago é o negociador-chefe para a mudança do clima e coordena diversas iniciativas no âmbito da reunião do G20 que será realizada no Rio de Janeiro, em novembro. A Secretaria também desempenhará importante papel na organização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que será realizada em Belém, em novembro de 2025. O embaixador abriu a Aula fazendo uma digressão pela história das discussões internacionais a respeito do meio-ambiente, da década de 1960 aos dias atuais, e explicando as diferenças entre o G20, principal fórum de cooperação econômica internacional, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) e os Brics.

“A COP é uma coisa meio parlamentar. As decisões tomadas na ONU levam a discussões e processos nos países-membros que então aprovam leis e regulamentações em âmbito doméstico. O que se decide nas Nações Unidas vira lei internacional. Por isso que tantos diplomatas ficam horas discutindo minúcias nos textos aprovados, que depois vão ser internalizados e se tornarão leis nos países. Já o G20 e os Brics são completamente diferentes. Suas decisões têm imenso valor político, mas não geram obrigação legal”.

Segundo Corrêa do Lago, as prioridades do Brasil na condução da próxima reunião do G20 são a discussão de formas de superar a pobreza e o aumento da desigualdade, além do financiamento ao desenvolvimento sustentável dos países emergentes. “Nunca houve proporção tão pequena de pobres no mundo (de acordo com a linha da pobreza extrema), mas os contingentes são enormes”, ponderou o diplomata.

O embaixador ressaltou que o protagonismo e a credibilidade do país nos fóruns internacionais são “de imensa importância para o Brasil”, mas destacou que “não podemos nos autoproclamar líderes. Liderança são os outros que nos atribuem. Isso ocorre porque somos um país em desenvolvimento com características especiais. Temos desafios da pobreza e da riqueza e, por isso, conseguimos dialogar com todos os países. Desde o governo Fernando Henrique Cardoso, as delegações brasileiras incorporam a presença de representantes da academia e de ONGs. Os outros países em desenvolvimento acreditam muito na gente. Não existiria essa liderança sem a colaboração da academia com a diplomacia”.

Corrêa do Lago observou que, comparado a outros temas internacionais, o meio-ambiente é um tema recente. Mesmo assim, já obteve conquistas significativas e citou as negociações tratadas após o alerta da comunidade científica internacional a respeito do buraco na camada de ozônio. “A destruição da camada de ozônio foi um marco, porque era um problema transfronteiriço. Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU, considerava a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio a mais bem-sucedida da História, pois a partir da descoberta deste problema, em menos de 40 anos levou a eliminação de 95% dos clorofluorcarbonetos (CFCs) e a camada de ozônio já está se reconstruindo. É um exemplo de como se precisou da ciência, da universidade, da sociedade civil, das empresas, dos engenheiros”.

Um novo modelo de Aula para uma Coppe renovada

A diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, destacou o simbolismo da Aula Inaugural Aberta

A Aula Inaugural de 2024 fugiu dos padrões convencionais: menos formalismo, um espaço mais amplo para perguntas, debate e  interação. A mudança incluiu  um novo layout para o auditório, mais convivial e sem a grande mesa de palestrantes, promovendo maior integração e facilitando a troca.

A professora Suzana Kahn, destacou isso na abertura do evento. “É muito bom encontrar um novo time de alunos, além dos mais antigos e dos colegas professores neste que é o dia mais importante do nosso calendário, marcando um novo ciclo. Acredito que a entrada de novos alunos sempre traga uma nova dinâmica à instituição e a inovação começa pelo auditório. Antes tínhamos aqui uma mesa que nos distanciava, um formato muito tradicional, não era amigável.

“Todos os países do mundo têm alguma dimensão de esquizofrenia em suas políticas”

Segundo o embaixador Corrêa do Lago, o Brasil tem uma série de vantagens conjunturais nessa visão de futuro, de mudança climática e desenvolvimento sustentável

Após a exposição inicial do embaixador André Corrêa do Lago, alunos e professores puderam fazer perguntas e ampliar o debate para temas desafiadores e até mesmo sensíveis, como a exploração de petróleo na Margem Equatorial; a “vilanização” de fontes convencionais (e mais poluentes) de energia; o desafio de tirar milhões de pessoas da miséria, consequentemente, ampliando o consumo de bens, serviços, e energia; o impacto do agronegócio, sobretudo da pecuária, nas emissões de gases de efeito estufa; e a recente defesa, por ambientalistas, da expansão do uso da energia nuclear.

Negociador-chefe do Brasil para a mudança do clima, Corrêa do Lago contou que o governo discute no Comitê Interministerial da Mudança do Clima (CIM) as novas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), uma obrigação de cada país signatário do Acordo de Paris de apresentar um plano de redução de emissões de gases de efeito estufa. “Como vamos assegurar a consciência da urgência e como vamos fazer com que as NDCs sejam suficientes para atender ao compromisso de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais? Essa é uma missão dos Emirados Árabes Unidos, do Azerbaijão e do Brasil, a tríade responsável pelas COPs de 2023 a 2025, e que vai buscar assegurar que as NDCs sejam suficientes para cumprir a meta”.

“Hoje ainda é o momento em que podemos fazer várias coisas. A cada momento que passa diminuem-se nossas opções. O Brasil tem muitas opções, mas não tem muitos recursos para cometer muitos equívocos. Então, temos que reduzir a margem de erro. Neste momento, sol e vento são respostas a certos problemas, mas há outras respostas legítimas. Um tema que não foi levantado, mas é central em muitos países do mundo, é a energia nuclear. Vários ambientalistas consideram que sem energia nuclear o mundo não vai conseguir limitar o aquecimento global a 1,5°C”, contextualizou o embaixador.

Casa cheia para a discussão dos grandes temas que pautam o debate internacional

“A França é o país da União Europeia com maior segurança energética e investiu maciçamente em energia nuclear que responde por 60% de sua matriz. A Alemanha desativou seus reatores nucleares, se tornou dependente do gás natural russo e agora está migrando para termelétricas a carvão”, complementou.

Corrêa do Lago observou ainda que a Índia, um dos países que mais crescem economicamente, está investindo em usinas de carvão que ficarão em operação por 40 anos. “Eles estão crescendo rapidamente e têm que tirar 600 milhões de pessoas da pobreza. O acesso à energia é considerado mais importante do que a mudança climática, que é vista como algo ‘etéreo’. A lógica dentro das democracias é que o acesso à energia é mais importante, é uma realidade que dá votos”.

“Hoje temos uma visão de futuro, de mudança climática e desenvolvimento sustentável, em que o Brasil vai ter muito menos dificuldade que outros países. O Brasil tem uma série de vantagens conjunturais dentro do que se desenha como prioridade econômica mundial, como a Floresta Amazônica que era chamada de Inferno Verde na minha infância, e se transformou numa das maiores qualidades que o território brasileiro tem. As decisões que vocês jovens vão tomar nas próximas décadas estão relacionadas a este modelo de país que precisamos discutir”, finalizou o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente.