Diretora da Coppe é designada para integrar Comitê Técnico do Fundo Amazônia

A diretora da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn, acaba de ser designada pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, para a função de membro do Comitê Técnico do Fundo Amazônia (CTFA). 

Além de Suzana, outros cinco especialistas, terão como missão atestar a quantidade de emissões de carbono oriundas de desmatamento calculada pelo ministério. Para tanto, devem analisar a metodologia de cálculo da área desmatada e a quantidade de carbono por hectare utilizada no cálculo das emissões.

Os especialistas que integram o comitê são de ilibada reputação e notório saber técnico-científico, designados pelo MMA, após consulta ao Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC).  O mandato é de três anos, podendo ser prorrogado uma vez por igual período.

Além de Suzana, integram o comitê o coordenador de Inventário e Informação Florestal do Serviço Florestal Brasileiro, Humberto Navarro de Mesquita Junior; o pesquisador da Embrapa Agricultura Digital, João dos Santos Vila da Silva; o diretor de Programas e Bolsas no País da Capes, Laerte Guimarães Ferreira Junior; a coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Luciana Vanni Gatti; e a vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Thelma Krug.

Novo MagLev-Cobra deverá entrar em operação no segundo semestre deste ano

O trem de levitação magnética da Coppe/UFRJ, o MagLev-Cobra, ganhou uma versão industrial e deverá voltar a circular na Cidade Universitária ainda no início do segundo semestre de 2024. O novo veículo, que chega à Coppe nesta sexta-feira, dia 22 de março, foi projetado pela empresa Aerom, do Grupo Coester, com um sistema de portas, refrigeração e automação de qualidade internacional. A partir da próxima semana terá início a fase de integração do veículo com a linha de circulação, e a implementação do sistema de automação. Para tanto, contará com a participação da SeaHorse, empresa nativa da Coppe.

Coordenado pelo professor Richard Stephan, do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe e do Departamento de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, da UFRJ, o MagLev-Cobra apresenta, nesta nova versão, uma identidade visual alinhada aos padrões dos modais de transporte mais eficientes e ecologicamente corretos do mundo. Além disso, com apoio financeiro da Faperj, incorpora avançados conceitos de fabricação, contribuindo de forma significativa para a nova missão comercial do veículo e do sistema que o envolve.

Assim como na primeira fase de testes, realizada entre 2015 e 2020, o MagLev-Cobra circulará na linha experimental de 200 metros ligando o Centro de Tecnologia 1 (CT1) ao Centro de Tecnologia 2 (CT2) da universidade. Ao todo, mais de 20 mil pessoas já levitaram a bordo do MagLev, até sua interrupção, com o início da pandemia da Covid-19. O professor Richard Stephan explica que o veículo utilizado durante este período foi construído de forma artesanal. Já este novo, terá padrão industrial com sistema automatizado, sem a necessidade de um piloto.

De acordo com o professor da Coppe, após esta fase que agora se inicia, o próximo passo será testar o MagLev-Cobra em uma linha de pelo menos um quilômetro de extensão, que tenha curvas, inclinações, e permita velocidades mais elevadas, podendo chegar a 70 km/h ou mais, contribuindo para que alcance o nível 9 de maturidade tecnológica pela escala TRL (Technology Readiness Level), proposta pela Nasa..

Sobre o MagLev-Cobra

Desenvolvido sob a coordenação do professor Richard Stephan, o MagLev-Cobra opera silenciosamente e sem emissão de poluentes. Movido à energia elétrica, tem em sua linha experimental painéis solares que asseguram energia suficiente para movimentar o veículo. Durante os testes, circula à uma velocidade de 10 km/h, que é suficiente para demonstrar a viabilidade da tecnologia de levitação, mas poderá atingir 70 km/h ou mais, com segurança, em percursos mais longos.

Quanto à tecnologia empregada, o professor explica que o veículo, que não utiliza rodas para se locomover, funciona por meio de levitação magnética, e para sua sustentação emprega supercondutores, instalados na parte inferior do veículo, e “trilhos” de ímãs de terras raras. Tal técnica está em desenvolvimento na China e na Alemanha, mas ainda não em operação aberta ao público, transportando passageiros, como o da Coppe.

Coppe traz temas estratégicos, convidado ilustre e uma abordagem inovadora para sua Aula Inaugural Aberta 2024

A Aula Inaugural Aberta de 2024 foi conduzida pelo embaixador André Aranha Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores

“Essa aula representa o que queremos para a pós-graduação em Engenharia: que ela seja inovadora, aberta, interdisciplinar, integrada às demais áreas de conhecimento, capacitando nossos alunos a encontrarem soluções locais, caso queiram, mas sempre tendo a visão global, sem perder de vista os grandes temas que vão pautar a sociedade nos próximos anos”, destacou a professora Suzana Kahn, diretora da Coppe, na sua introdução da abertura do ano letivo 2024, ocorrida nesta terça-feira, 19 de março.

O convidado para selar essa mudança foi o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores que provocou um rico debate sobre mudanças climáticas, compromissos ambientais internacionais, o papel do Brasil em grandes instâncias multilaterais como o G20, os Brics e a COP 30, a pertinência da abertura de novos poços de produção de óleo e gás, novas rotas tecnológicas para produção de energia limpa e muito mais. Temas estratégicos que atraíram o interesse de alunos, professores e funcionários lotando o auditório para a Aula Inaugural Aberta 2024 que teve como tema “Ciência e Tecnologia na Vanguarda: como G20, BRICS e COP 30 ampliam horizontes e rompem fronteiras”.

Corrêa do Lago é o negociador-chefe para a mudança do clima e coordena diversas iniciativas no âmbito da reunião do G20 que será realizada no Rio de Janeiro, em novembro. A Secretaria também desempenhará importante papel na organização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que será realizada em Belém, em novembro de 2025. O embaixador abriu a Aula fazendo uma digressão pela história das discussões internacionais a respeito do meio-ambiente, da década de 1960 aos dias atuais, e explicando as diferenças entre o G20, principal fórum de cooperação econômica internacional, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) e os Brics.

“A COP é uma coisa meio parlamentar. As decisões tomadas na ONU levam a discussões e processos nos países-membros que então aprovam leis e regulamentações em âmbito doméstico. O que se decide nas Nações Unidas vira lei internacional. Por isso que tantos diplomatas ficam horas discutindo minúcias nos textos aprovados, que depois vão ser internalizados e se tornarão leis nos países. Já o G20 e os Brics são completamente diferentes. Suas decisões têm imenso valor político, mas não geram obrigação legal”.

Segundo Corrêa do Lago, as prioridades do Brasil na condução da próxima reunião do G20 são a discussão de formas de superar a pobreza e o aumento da desigualdade, além do financiamento ao desenvolvimento sustentável dos países emergentes. “Nunca houve proporção tão pequena de pobres no mundo (de acordo com a linha da pobreza extrema), mas os contingentes são enormes”, ponderou o diplomata.

O embaixador ressaltou que o protagonismo e a credibilidade do país nos fóruns internacionais são “de imensa importância para o Brasil”, mas destacou que “não podemos nos autoproclamar líderes. Liderança são os outros que nos atribuem. Isso ocorre porque somos um país em desenvolvimento com características especiais. Temos desafios da pobreza e da riqueza e, por isso, conseguimos dialogar com todos os países. Desde o governo Fernando Henrique Cardoso, as delegações brasileiras incorporam a presença de representantes da academia e de ONGs. Os outros países em desenvolvimento acreditam muito na gente. Não existiria essa liderança sem a colaboração da academia com a diplomacia”.

Corrêa do Lago observou que, comparado a outros temas internacionais, o meio-ambiente é um tema recente. Mesmo assim, já obteve conquistas significativas e citou as negociações tratadas após o alerta da comunidade científica internacional a respeito do buraco na camada de ozônio. “A destruição da camada de ozônio foi um marco, porque era um problema transfronteiriço. Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU, considerava a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio a mais bem-sucedida da História, pois a partir da descoberta deste problema, em menos de 40 anos levou a eliminação de 95% dos clorofluorcarbonetos (CFCs) e a camada de ozônio já está se reconstruindo. É um exemplo de como se precisou da ciência, da universidade, da sociedade civil, das empresas, dos engenheiros”.

Um novo modelo de Aula para uma Coppe renovada

A diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, destacou o simbolismo da Aula Inaugural Aberta

A Aula Inaugural de 2024 fugiu dos padrões convencionais: menos formalismo, um espaço mais amplo para perguntas, debate e  interação. A mudança incluiu  um novo layout para o auditório, mais convivial e sem a grande mesa de palestrantes, promovendo maior integração e facilitando a troca.

A professora Suzana Kahn, destacou isso na abertura do evento. “É muito bom encontrar um novo time de alunos, além dos mais antigos e dos colegas professores neste que é o dia mais importante do nosso calendário, marcando um novo ciclo. Acredito que a entrada de novos alunos sempre traga uma nova dinâmica à instituição e a inovação começa pelo auditório. Antes tínhamos aqui uma mesa que nos distanciava, um formato muito tradicional, não era amigável.

“Todos os países do mundo têm alguma dimensão de esquizofrenia em suas políticas”

Segundo o embaixador Corrêa do Lago, o Brasil tem uma série de vantagens conjunturais nessa visão de futuro, de mudança climática e desenvolvimento sustentável

Após a exposição inicial do embaixador André Corrêa do Lago, alunos e professores puderam fazer perguntas e ampliar o debate para temas desafiadores e até mesmo sensíveis, como a exploração de petróleo na Margem Equatorial; a “vilanização” de fontes convencionais (e mais poluentes) de energia; o desafio de tirar milhões de pessoas da miséria, consequentemente, ampliando o consumo de bens, serviços, e energia; o impacto do agronegócio, sobretudo da pecuária, nas emissões de gases de efeito estufa; e a recente defesa, por ambientalistas, da expansão do uso da energia nuclear.

Negociador-chefe do Brasil para a mudança do clima, Corrêa do Lago contou que o governo discute no Comitê Interministerial da Mudança do Clima (CIM) as novas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), uma obrigação de cada país signatário do Acordo de Paris de apresentar um plano de redução de emissões de gases de efeito estufa. “Como vamos assegurar a consciência da urgência e como vamos fazer com que as NDCs sejam suficientes para atender ao compromisso de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais? Essa é uma missão dos Emirados Árabes Unidos, do Azerbaijão e do Brasil, a tríade responsável pelas COPs de 2023 a 2025, e que vai buscar assegurar que as NDCs sejam suficientes para cumprir a meta”.

“Hoje ainda é o momento em que podemos fazer várias coisas. A cada momento que passa diminuem-se nossas opções. O Brasil tem muitas opções, mas não tem muitos recursos para cometer muitos equívocos. Então, temos que reduzir a margem de erro. Neste momento, sol e vento são respostas a certos problemas, mas há outras respostas legítimas. Um tema que não foi levantado, mas é central em muitos países do mundo, é a energia nuclear. Vários ambientalistas consideram que sem energia nuclear o mundo não vai conseguir limitar o aquecimento global a 1,5°C”, contextualizou o embaixador.

Casa cheia para a discussão dos grandes temas que pautam o debate internacional

“A França é o país da União Europeia com maior segurança energética e investiu maciçamente em energia nuclear que responde por 60% de sua matriz. A Alemanha desativou seus reatores nucleares, se tornou dependente do gás natural russo e agora está migrando para termelétricas a carvão”, complementou.

Corrêa do Lago observou ainda que a Índia, um dos países que mais crescem economicamente, está investindo em usinas de carvão que ficarão em operação por 40 anos. “Eles estão crescendo rapidamente e têm que tirar 600 milhões de pessoas da pobreza. O acesso à energia é considerado mais importante do que a mudança climática, que é vista como algo ‘etéreo’. A lógica dentro das democracias é que o acesso à energia é mais importante, é uma realidade que dá votos”.

“Hoje temos uma visão de futuro, de mudança climática e desenvolvimento sustentável, em que o Brasil vai ter muito menos dificuldade que outros países. O Brasil tem uma série de vantagens conjunturais dentro do que se desenha como prioridade econômica mundial, como a Floresta Amazônica que era chamada de Inferno Verde na minha infância, e se transformou numa das maiores qualidades que o território brasileiro tem. As decisões que vocês jovens vão tomar nas próximas décadas estão relacionadas a este modelo de país que precisamos discutir”, finalizou o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente.

Coppe recebe seus novos alunos para 2024

Em um auditório lotado como nos tempos pré-pandemia, a Coppe/UFRJ recebeu seus novos alunos e alunas para o ano letivo 2024-1, nesta segunda-feira, 11 de março.

A recepção deste ano combinou a formalidade clássica de apresentação da instituição, de seus diretores e informações imprescindíveis para os recém-egressos, com muita interatividade e quizzes realizados em tempo real. A mudança serviu como um convite a uma trajetória acadêmica ainda mais participativa, interdisciplinar, inovadora e aberta ao empreendedorismo.

Professor Jean-David incentivou o engajamento dos novos alunos

O diretor acadêmico, professor Jean-David Caprace apresentou a Coppe aos novos alunos e as principais informações acadêmicas de interesse para a trajetória dos novos alunos. O professor convidou os alunos a participarem ativamente da vida acadêmica e se engajarem nas discussões e decisões que moldarão o futuro da Coppe. “Cada programa acadêmico tem um colegiado formado por alunos, professores e funcionários técnico-administrativos. Acima deles há um conselho de coordenação, e acima deles o Conselho Deliberativo. Uma estrutura que incentiva vocês a participar de maneira ativa das decisões realizadas na Coppe”, explicou.

Professor Jean-David enfatizou a importância dos alunos cumprirem com deveres acadêmicos, como a atualização constante de seus dados nas plataformas Átrio e Lattes, e os convidou a cursar a disciplina “Inovação, Empreendedorismo e Transições Sustentáveis” (código CPP 786), aberta a alunos matriculados em qualquer um dos 13 programas da instituição, e que será ministrada pela Diretora de Planejamento, Administração e Desenvolvimento Institucional, professora Amanda Xavier.

Após a apresentação do professor Jean-David Caprace, Jorge Alison apresentou a Assessoria Internacional; Josiane Barros apresentou o Núcleo Psicossocial Acolhe Coppe; Thamyres Abreu, mestranda do Programa de Engenharia de Produção, falou sobre atividades de integração propostas pelos alunos da Coppe aos seus novos colegas, na Semana de Integração Discente; a professora Inayá Lima apresentou o Grupo de Apoio à Mulher (GAM), e a diretora de Extensão, Cleide Lima, falou sobre a importância desta atividade que compõem, com o Ensino e a Pesquisa, o tripé da excelência acadêmica na Coppe e na UFRJ.

Cleide Lima, diretora de Extensão

Conforme explicou Cleide, a Extensão é obrigatória na graduação e sua obrigatoriedade vem sendo discutida para a pós-graduação. “É esse contato da universidade com a sociedade, a possibilidade de ações voltadas à sociedade no seu sentido mais amplo: comunidade, escolas, movimentos sociais, setor produtivo. A Incubadora de Tecnologias Sociais (ITCP) também está voltada à Extensão e muito engajada em questões sociais”.

“É uma possibilidade de voltar sua pesquisa à necessidade de um segmento da sociedade.  Toda pesquisa pode gerar uma ação de Extensão e toda atividade de Extensão pode gerar uma publicação acadêmica”, complementou.

A professora Inayá Lima apresentou o Grupo de Apoio à Mulher

A coordenadora do Programa de Engenharia Nuclear, professora Inayá Lima, apresentou o Grupo de Apoio à Mulher, criado em 2019 por iniciativa de professoras da Coppe. “Quem já está no doutorado já sabe, mas quem ingressou agora no doutorado vai saber que a jornada científica não é fácil. Foi criado para acolher e direcionar a mulher dentro da Coppe em meio às dificuldades que possa enfrentar em sua trajetória acadêmico-científica. Nosso objetivo é promover o desenvolvimento feminino na carreira”, esclareceu Inayá.

A psicóloga Josiane Barros apresentou uma iniciativa ainda mais recente, o Acolhe Coppe que oferece ao corpo social da instituição uma ampla gama de atividades e atendimento individualizado ou em grupo. “A criação do Núcleo reflete a preocupação da Coppe com o bem-estar das pessoas. Ciência, tecnologia e inovação precisam andar de mãos dadas com a humanização”.

O público lotou o Auditório Alberto Luiz Coimbra e a Tenda Lobo Carneiro, superando as expectativas

De acordo com o assessor internacional da Coppe, Jorge Alison, na UFRJ o Centro de Tecnologia é o centro que mais faz acordos internacionais e a Coppe é a unidade do CT que mais propõe parcerias com instituições estrangeiras. “Para vocês que estão chegando agora, o mais interessante é o acordo de cotutela que permite ter uma dupla diplomação. Isso é possível sobretudo no doutorado. No mestrado, não há tantas oportunidades assim, mas é o momento de se preparar e chegar ao doutorado com um plano de cotutela em mente”, concluiu.

A abertura do ano letivo ainda não acabou:  o diretor de Assuntos Acadêmicos convocou os novos alunos a participarem da Aula Inaugural Aberta com o embaixador André Corrêa do Lago na terça-feira, 19 de março, no auditório da Coppe, no CT 2, com início às 10h. No mesmo dia, à tarde, será realizado o evento “Coppe Sociedade: a Engenharia no enfrentamento dos desastres”, no mesmo auditório, a partir das 14h.

Coppe promove painel sobre a Engenharia no enfrentamento dos desastres

Nas últimas décadas, cidades do estado do Rio de Janeiro têm sido fortemente castigadas por temporais que se tornaram ainda mais intensos, em função das mudanças climáticas, a exemplo dos mais recentes que provocaram mortes, destruição e desalojamentos na Baixada Fluminense e em bairros da Zona Norte da cidade do Rio. 

Como forma de contribuir com autoridades governamentais e com a sociedade civil, a Coppe/UFRJ promove, dia 19 de março, às 14 horas, o painel “Coppe Sociedade: a Engenharia no enfrentamento dos desastres”.

Diretora da Coppe, Suzana Kahn, participará da abertura.

Aberto ao público, gratuito e com certificado de participação, o evento tem como objetivo reunir academia, representantes da sociedade civil e órgãos de Governo para apresentar os impactos das mudanças climáticas no estado do Rio de Janeiro, alertar e educar sobre o enfrentamento de desastres, e discutir perspectivas de avanço na relação entre a academia e a sociedade. O painel será dividido em três mesas-redondas: “Mudanças climáticas e os impactos na infraestrutura civil-urbana”, “Organização da sociedade no enfrentamento dos desastres” e “Situação atual e desafios dos municípios para lidar com eventos naturais extremos”.

O evento, que consolida o pioneirismo e a vocação da Coppe em aliar pesquisas em diferentes áreas estratégicas para o desenvolvimento do país, contará na abertura com a diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, e com o coordenador do recém-criado Centro de Estudos e Pesquisas de Engenharia em Desastres (Ceped) da instituição, Tharcisio Fontainha, também diretor-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento da Coppe. Durante o painel, Fontainha apresentará o centro, abordando sobre sua finalidade e missão.

O evento será realizado no auditório da instituição, na Rua Moniz Aragão, 360, Centro de Tecnologia 2, bloco 1, Cidade Universitária.

Confira a programação

Abertura: 14 horas

Professora Suzana kahn – diretora da Coppe

Professor Tharcisio Fontainha – Coordenador do Ceped da Coppe

Mesa 1 – Mudanças climáticas e os impactos na infraestrutura civil-urbana – 14h10

Andrea Santos – Professora do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe e secretária-executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC).

É coordenadora da Rede “Urban Climate Change Research Network” (UCCRN), na América Latina, na qual também atuou na elaboração do Terceiro Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas e Cidades, sendo ainda autora principal do capítulo sobre Planejamento Urbano.

Maurício Ehrlich – Professor do Programa de Engenharia Civil da Coppe, com ênfase em Engenharia Geotécnica.

Nesta área, tem forte atuação em estudos de encostas e prevenção e contenção de deslizamentos. Atualmente coordena o projeto SABO, que em parceria com o Japão, é voltado para a implantação no Brasil de técnicas avançadas de retenção de detritos carregados por enxurradas em dias de fortes chuvas.

Paulo Canedo – Professor do Programa de Engenharia Civil da Coppe, com ênfase em Recursos Hídricos.

Atuou como coordenador técnico na primeira fase do Projeto Iguaçu, que envolve um conjunto de obras e medidas para disciplinar o uso do solo, visando controlar inundações e a recuperação ambiental das bacias dos rios Iguaçu, Botas e Sarapuí, na Baixada Fluminense e Zona Oeste da Cidade do Rio.

Moderação: Daniel A. Rodriguez – Professor do Programa de Engenharia Civil da Coppe, com ênfase em hidrometeorologia, hidrologia e mudanças ambientais globais. Atua na avaliação de impactos, vulnerabilidade e adaptação às mudanças climáticas nos recursos hídricos.

Mesa 2 – Organização da sociedade no enfrentamento dos desastres – 14h50

Tharcisio Fontainha – Professor do Programa de Engenharia de Produção e diretor-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Coppe.

É coordenador do recém-criado Centro de Estudos e Pesquisas de Engenharia em Desastres (Ceped) da instituição, que deve atuar em todo o ciclo de vida dos desastres: desde a mitigação, preparação, resposta e recuperação. Um dos projetos envolve o desenvolvimento de metodologia para avaliação, acompanhamento e melhoria de planos de contingência.

Amanda Xavier – Professora do Programa de Engenharia de Produção e diretora de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Coppe.

É coordenadora do Centro Avançado em Sustentabilidade, Ecossistemas Locais e Governança (Casulo), da Incubadora de Tecnologia Social (ITCP) da Coppe e de diferentes equipes multidisciplinares de projetos institucionais com foco na sustentabilidade.

Marcos Mendonça – Professor de Engenharia Civil, da Escola Politécnica da UFRJ e colaborador da Coppe, atuando nas áreas de Geotecnia e redução de riscos de desastres associados a movimentos de massa.

É também colaborador do Programa de Mestrado em Defesa e Segurança Civil da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Moderação: Ana Paula Maiato – Doutoranda do Programa de Engenharia de Produção da Coppe, na área de Gestão e Inovação, com ênfase em Logística Humanitária e Desastres. Atua com pesquisas em Gestão de Operações, no contexto de crises no estado do Rio de Janeiro.

Mesa 3 – Situação atual e desafios dos municípios para lidar com eventos naturais extremos – 15h30

Gil Kempers – Tenente-coronel do Corpo de Bombeiros e secretário de Proteção e Defesa Civil da Cidade de Petrópolis. É especializado em Gestão Integrada de Desastres por Sedimentos (Japão) e em Sistemas de Alerta e Alarme Antecipados (Espanha). É ex-subdiretor geral de Ensino e Instrução do Corpo de Bombeiros do estado do Rio de Janeiro.

Kellen Salles – Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, diretora da Escola de Defesa Civil (ESDEC) do Estado do Rio de Janeiro. É especialista em Proteção e Defesa Civil e instrutora de Proteção e Defesa Civil. A missão de ESDEC é qualificar  recursos humanos com competências que possibilitem a redução de riscos e a minimização dos desastres que possam ocorrer, principalmente no território fluminense.

Marilene Ramos – Diretora de relações institucionais e sustentabilidade do Grupo Águas do Brasil e presidente do Conselho de Administração da concessionária Rio+Saneamento. Engenheira Civil pela UFRJ e Doutora em Engenharia Ambiental pela Coppe/UFRJ, foi diretora de infraestrutura e sustentabilidade do BNDES, presidente do IBAMA, do Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (INEA) e secretária de Ambiente do Estado do Rio de Janeiro.

Moderação: Tharcisio Fontainha – Professor do Programa de Engenharia de Produção e diretor-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Coppe. É coordenador do recém-criado Centro de Estudos e Pesquisas de Engenharia em Desastres (Ceped) da instituição

Encerramento: 16h10

Inovação e circularidade dão o tom do 1º Workshop Engepol-Braskem

O Workshop EngePol – Braskem reuniu mais de 20 pesquisadores apoiados por bolsas concedidas pela empresa petroquímica

O Laboratório de Engenharia de Polimerização (EngePol) da Coppe/UFRJ promoveu na última quinta-feira, 7 de março, o seu primeiro workshop em conjunto com a Braskem, tendo a apresentação dos trabalhos mais recentes realizados por pesquisadores do Programa de Engenharia Química da Coppe, além de colegas da Escola de Química (EQ) e Instituto de Macromoléculas (IMA), nesta longeva e bem-sucedida parceria que supera 30 anos.

O workshop trouxe apresentações e debates em uma ampla gama de temas de interesse da indústria química, como rotas sustentáveis de produção de polímeros, processos de polimerização, reciclagem química, circularidade na indústria pirólise de resíduos; líquidos iônicos; produção de eteno e resinas; e digital twin.

“A circularidade na indústria química é um caminho sem volta”, afirmou o professor José Carlos Pinto

Na visão do professor José Carlos Pinto, do Programa de Engenharia Química e coordenador do EngePol, a circularidade na indústria química é “um caminho sem volta”. “Tenho dito nas minhas palestras que eu gostaria de ser um engenheiro químico em começo de carreira hoje, pois tenho convicção de que, não sei se vai ser em cinco ou dez anos, mas no horizonte da vida profissional do engenheiro que formamos hoje. Essas técnicas vão mudar a cara da Química e mudar a cara dos processos”.

“Há 100 anos a Engenharia Química faz pirólise. Tratamentos térmicos para craqueamento são convencionais, o material utilizado é que é novo por conta da circularidade. Muitas técnicas podem ser associadas à pirólise ou usadas de maneira independente para a degradação desses resíduos plásticos. Pré-tratamento com extrusoras, manipulação de razões de refluxo e introdução de líquidos iônicos permitem melhorar aspectos energéticos e processo de despolimerização merecem ser estudados com maior detalhe. Eletroquímicos, catalíticos e por micro-ondas. Há uma perspectiva de trabalhos tanto acadêmicos quanto de inovação tecnológica muito promissora”, explicou.

Normando Jesus destacou a quantidade, a qualidade e a diversidade dos trabalhos apresentados
Pesquisadoras mulheres, como Natasha Kelber, foram maioria na apresentação dos estudos

Normando Jesus, da Braskem, afirmou que este é o momento de fazer uma revolução na Engenharia Química, tal como sucedeu com a criação das refinarias, nos anos 1850, da petroquímica, na década de 1920, e dos polímeros em 1950. “Estamos em um novo momento de virada, não é toda geração que se depara com desafios desse tipo”, enfatizou.

Com a empresa e a Coppe comprometidas com a inovação tecnológica, a circularidade na economia e a descarbonização dos processos produtivos, José Carlos Pinto pontuou que esta é uma parceria científica-tecnológica que vem de longe, com patentes conjuntas de tecnologias inovadoras e formação de pessoal qualificado para a indústria.

“Em 2018, assinamos um contrato de cooperação, gerando sinergia e aprofundamento ainda maior. Tudo o que falamos neste workshop foi de colaborações e publicações concluídas em 2023. Só hoje no auditório 20 bolsistas apoiados pela Braskem”, concluiu o professor da Coppe.

“É uma parceria de sucesso, da qual tenho muito orgulho. A quantidade de trabalhos publicados e a variedade de temas mostram que o EngePol é uma máquina de inovação”, reconheceu Normando Jesus.

No Dia Internacional da Mulher, a Coppe te convida a conhecer o GAM

Andréa Santos, Ana Beatriz Gonzaga e Ariane Batista (de pé, da esquerda para a direita). Claudia Werner, Marcia Dezotti, Inaya Lima e Fernanda Achete (no sofá, da esquerda para a direita)

A jornada acadêmica é uma experiência única e enriquecedora, composta de diversos percalços, desafios e oportunidades de crescimento, tanto pessoal quanto profissional. O caminho pode parecer igual para todos, mas há obstáculos históricos nesses espaços para as mulheres. 

A Engenharia tem sido um campo predominantemente masculino, e a Coppe/UFRJ não difere da sociedade na qual está incluída. As mulheres formam 1/3 do corpo discente e apenas 1/4 do corpo docente.

Levando em consideração a importância da inclusão e acolhimento que favoreça o desenvolvimento da mulher na carreira acadêmica e científica, a Coppe criou em 2019, o Grupo de Apoio à Mulher (GAM).

Formado por professoras dos 13 programas acadêmicos da instituição, o grupo promove ações voltadas para alunas e professoras que apresentam dificuldades para realização de suas atividades, sobretudo os desafios e consequências de quem concilia a maternidade e carreira como cientista, buscando a difícil compatibilização da construção de uma carreira acadêmica de sucesso, em uma lógica de avaliação crescentemente produtivista, e a formação de uma família.

Desde então, o GAM estendeu o alcance de algumas ações, promovendo junto ao corpo social da Coppe, a roda de conversa “Desafios da paridade de gênero no contexto pós-pandemia Covid-19” e a palestra “O viés implícito e as desigualdades de gênero na ciência”, buscando debater e conscientizar  sobre a importância da igualdade de gênero em todos os aspectos da sociedade. 

No âmbito da Coppe, em particular, e da UFRJ de modo mais amplo, há outras iniciativas de acolhimento às mulheres, que incluem além de alunas e professoras, também as funcionárias técnico-administrativas. Como exemplo, o Acolhe Coppe e a Ouvidoria da Mulher.

Conheça o GAM

O Grupo de Apoio à Mulher (GAM) é formado pelas professoras:

  • Ana Beatriz Gonzaga, do Programa de Engenharia Civil;
  • Andrea Santos, do Programa de Engenharia de Transportes;
  • Ariane Batista, do Programa de Engenharia da Nanotecnologia;
  • Bianca de Carvalho, do Programa de Engenharia Oceânica;
  • Beatriz de Souza, do Programa de Engenharia Civil;
  • Carla Cipolla, do Programa de Engenharia de Produção;
  • Celina Figueiredo, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação;
  • Claudia Werner, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação;
  • Fernanda Achete, do Programa de Engenharia Oceânica;
  • Franciane Peters (in memorian), do Programa de Engenharia Civil;
  • Inayá Lima, do Programa de Engenharia Nuclear;
  • Marcia Dezotti, do Programa de Engenharia Química;

Visite o site do Grupo de Apoio à Mulher e saiba mais.

Projeto Letramento da Coppe recebe o Selo ODS Edu 2023

O Projeto Letramento de Jovens, Adultos e Idosos da Coppe/UFRJ foi contemplado, junto com outros 37 projetos da UFRJ, com o Selo ODS Educação 2023 em reconhecimento às iniciativas alinhadas à Agenda 2030.

Criado em 2005, o Projeto Letramento de Jovens, Adultos e Idosos da Coppe/UFRJ é um projeto de extensão universitária que tem o objetivo de alfabetizar toda e qualquer pessoa que não teve a oportunidade de concluir o ensino fundamental e também proporcionar uma base mais sólida àquelas pessoas que, por algum motivo, interromperam seus estudos, dando a elas mais segurança para que possam retornar ao ensino formal. A iniciativa também contribui para a formação didático-pedagógica crítica dos educandos da UFRJ que atuam como extensionistas.

Proposta pela ONU em 2015, a Agenda é composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), divididos em 169 metas, que representam um plano de ação global para se alcançar, até 2030, o desenvolvimento sustentável.

Idealizado pelo Instituto Selo Social em parceria com o Programa UnB 2030 e o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030, o Selo ODS Educação é uma certificação que  busca estimular a participação efetiva  das instituições de ensino no alcance das metas da Agenda 2030. O objetivo é ampliar o impacto no ODS 4 (Educação de Qualidade).

A cerimônia da certificação das instituições contempladas será realizada no dia 5/3, às 15h, na Escola Paulista de Magistratura (EPM), em São Paulo. 

Aula Aberta da Coppe com o negociador-chefe do Brasil para a mudança do clima

A Coppe/UFRJ abre seu ano letivo 2024 recebendo para uma Aula Aberta o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores. Diplomata desde 1983, Corrêa do Lago é o negociador-chefe para a mudança do clima e coordena diversas iniciativas no âmbito da reunião do G20 que será realizada no Rio de Janeiro, em novembro. A Aula terá como tema “Ciência e Tecnologia na Vanguarda: como G20, BRICS e COP 30 ampliam horizontes e rompem fronteiras” e será realizada no dia 19 de março, no auditório da Coppe, no Centro de Tecnologia 2 (CT2) das 10 às 12h. 

O Brasil receberá em novembro a reunião do G20 e a Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente, comandada por Corrêa do Lago, coordenará os grupos de trabalho (GT) de transição energética, e de sustentabilidade ambiental e climática, além da força-tarefa sobre mobilização global contra mudança do clima e a iniciativa de bioeconomia. 

A Secretaria também desempenhará importante papel na organização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que será realizada em Belém, entre 10 e 21 de novembro de 2025. O embaixador André Corrêa do Lago foi o negociador-chefe do governo brasileiro na COP-28, realizada ano passado em Dubai (Emirados Árabes Unidos).


Sobre André Corrêa do Lago

Secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores desde março de 2023, o diplomata André Corrêa do Lago foi embaixador no Japão (2013-2018), na Índia (2018-2023) e, cumulativamente, no Butão (2019-2023). Negociador-chefe do Brasil para Mudança do Clima e Desenvolvimento Sustentável, cargo em que atuou também na Rio+20 (2002). Como diplomata, serviu na Missão junto à União Europeia em Bruxelas (2005-2008) e nas Embaixadas em Buenos Aires (1999-2001), Washington, DC (1996-1999), Praga (1988-1991) e Madri (1986-1988).

Economista formado pela UFRJ e diplomata desde 1983, é conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

Professor da Coppe vai à Índia e estabelece novas parcerias no âmbito dos Brics

Os professores Fabio Toniolo e Sumit Dhawane, em Manit (Bhopal, Índia)

O professor Fabio Toniolo, da Coppe/UFRJ, participou, no último final de semana (23 a 25 de fevereiro) da International Conference on Sustainable Energy and Environment (ICSEE) 2024, realizada em Bhopal, na Índia. Além de palestrar e apresentar trabalhos, o professor do Programa de Engenharia Química (PEQ) aproveitou para estreitar laços em uma cooperação sino-indo-brasileira para a produção de etanol a partir da hidrogenação de gás carbônico.

A parceria com o professor Sumit H. Dhawane, do Maulana Azad National Institute of Technology (Manit) surgiu no 8º Fórum de Jovens Cientistas dos Brics, realizado na África do Sul, em agosto de 2023. Em setembro, os dois participaram de edital lançado pelo governo indiano, que exigia a participação de ao menos mais um parceiro de país-membro dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul).

“O tema do projeto é produção de etanol a partir da hidrogenação do gás carbônico. Nossa colaboração consiste, pelo lado brasileiro, no desenvolvimento e avaliação de novos catalisadores e do lado indiano a modelagem matemática desse processo novo e uso de Inteligência Artificial (aprendizado de máquina) para reduzir o número de experimentos a serem feitos, otimizando o estudo”.

De acordo com Toniolo, o Núcleo de Catálise (Nucat) da Coppe possui infraestrutura e condições experimentais de fazer uma rápida avaliação de um grande conjunto de catalisadores, variando diversos parâmetros experimentais, para se encontrar de forma eficiente o catalisador mais promissor para o processo, o qual será testado em escala aumentada em uma planta semipiloto no Instituto Manit, na cidade de Bhopal, em Madhya Pradesh, na Índia.

Em novembro, a parceria foi ampliada com a participação da professora Shengping Wang, da School of Chemical Engineering and Technology, da Tianjin University (China). Sob coordenação geral do professor Fabio Toniolo, os três submeteram proposta de pesquisa à chamada por projetos multilaterais BRICS STI Framework Programme 6th coordinated call for BRICS multilateral projects 2023 “Climate Change Adaptation and Mitigation”.

“O tema é o mesmo, desenvolver um processo para produção de etanol a partir da hidrogenação catalítica do CO2. Pegar o gás carbônico capturado por exemplo gases de exaustão de processos de fermentação, usar hidrogênio verde e desenvolver catalisadores mais eficientes. O desenvolvimento de processos alternativos para mitigação de CO2 na atmosfera é um tema de interesse dos três países”, destacou o professor do Programa de Engenharia Química da Coppe.

No ICSEE, o professor Fabio Toniolo integrou o Comitê Consultivo Internacional e apresentou o estudo “Design and Performance of K-Co-Cu-Al catalyst for selective CO2 hydrogenation to higher alcohols”.

Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro

A Coppe terá participação ativa na Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro, que acontece nos dias 26 e 27 de fevereiro, na Sala Nelson Pereira dos Santos e na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Serão dois dias de painéis sobre temas como tecnologia de baixo carbono e o papel da ciência e da inovação como alavancas para o desenvolvimento sustentável. 

O painel “Tecnologias de Baixo Carbono e Transição Energética”, coordenado pelo professor Aquilino Senra, do Programa de Engenharia Nuclear, contará com apresentações do professor Alexandre Szklo, do Programa de Planejamento Energético, e de Alfredo Renault, diretor do Centro de Soluções de Baixo Carbono da Coppe.  Já o professor Segen Estefen, do Programa de Engenharia Oceânica, participará do painel “Inovação pelo Oceano” e a professora Leda Castilho, do Programa de Engenharia Química, do painel “Complexo Econômico Industrial da Saúde”.  Estes painéis ocorrerão simultaneamente, na terça-feira, das 9 às 12h, no Bloco A da UFF.

No mesmo horário, o ex-diretor-executivo da Fundação Coppetec, Fernando Peregrino, coordena o seminário “Neoindustrialização *Segurança Alimentar”, na Sala Nelson Pereira dos Santos.

No primeiro dia da Conferência, a diretora da unidade Embrapii-Coppe, professora Angela Uller, participou do painel “Como transformar potencial aludido em mudanças efetivas”, na segunda-feira.

A Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro busca articular debates que influenciem na formulação de políticas públicas. As contribuições reunidas servirão de base para a 5° Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação que acontecerá em junho deste ano e que tem como objetivo elaborar a nova Estratégia Nacional para os anos de 2025 a 2035.

O evento é presencial, gratuito e sem inscrição prévia, mas sujeito à lotação. Confira a programação completa.

Diretora da Coppe é nomeada para comitê do Hospital Albert Einstein

A Ciência e a Tecnologia, sobretudo na Engenharia, estão ultrapassando fronteiras, transbordando as disciplinas habituais e entrando na área de Saúde que vai se tornando cada vez mais tecnológica.

A diretora da Coppe/UFRJ, professora Suzana Kahn, foi convidada a integrar o Comitê de Responsabilidade Social e Sustentabilidade – ASG na Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein.

“Inauguramos recentemente o Centro de Soluções em Engenharia da Saúde e o Núcleo de Tecnologia e Inovação em Engenharia Biomédica (NTIEB). Cada vez mais a Saúde utiliza tecnologia, por exemplo em telemedicina, robótica, uso de Inteligência Artificial”.

Em avaliação recente da S&P Global Ratings sobre ASG, o Hospital Albert Einstein ficou posicionado entre as três melhores organizações do mundo na cadeia de saúde (entre hospitais, empresas de equipamentos e insumos e farmacêuticas).

Petrobras dá início à implementação da tecnologia Hisep

A Petrobras deu início nesta terça-feira, 20 de fevereiro, à fase piloto e de implementação de tecnologia High Pressure Separation (Hisep), que desponta com potencial disruptivo para o setor de óleo e gás, em escala global. A diretora da Coppe/UFRJ, professora Suzana Kahn, e o diretor do Centro de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono da Coppe, Alfredo Renault, estiveram presentes à solenidade de implantação do projeto, no Centro de Convenções do Cenpes.

A tecnologia, cujo desenvolvimento contou com a participação da academia e empresas fornecedoras de serviços, permite separar o gás carbônico do gás natural e do petróleo, já no leito marinho e reinjetá-lo no reservatório.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e a professora Suzana Kahn

De acordo com Renault, o Hisep vai aumentar a eficiência do processo de produção, reduzir custos e intensidade de emissões, aumentar a segurança operacional e contribuir para a descarbonização do setor, pela captura de carbono. “É um grande projeto de pesquisa capitaneado pelo Cenpes, uma tecnologia que vai impactar a produção de petróleo globalmente”, avaliou.

O Hisep será testado no campo de Mero, na Bacia de Santos, e na avaliação da Petrobras tem o potencial de otimizar a produção nos campos com alta Razão Gás-Óleo (RGO) e teor de CO², e também de ser um modelo para futuras operações de exploração e produção em todo o mundo.

Essa separação prévia e reinjeção do gás rico em CO2 ainda no leito submarino evita que este volume de gás seja processado na plataforma. Isso permite que a unidade possua uma planta de processamento de gás menor e mais simples, pois parte do gás será removida previamente em ambiente submarino, possibilitando aumento do processamento de óleo da unidade.

A Coppe é pioneira na parceria entre as universidades e a indústria do petróleo, e a expertise acumulada está à disposição para auxiliar o setor na descarbonização de suas atividades rumo à desejada transição energética.

Professor da Coppe lança livro sobre processamento de sinais e aprendizagem de máquinas

O Professor Paulo Diniz, do Programa de Engenharia Elétrica (PEE) da Coppe/UFRJ, acaba de lançar o seu novo livro na área de processamento de sinais e aprendizado de máquina, pela Academic Press, Elsevier. Com o título Signal Processing and Machine Learning Theory, a obra contém uma revisão dos princípios, métodos e técnicas essenciais e avançadas da teoria do processamento de sinais. Estas teorias, juntas com algumas ferramentas, são os motores de muitos tópicos e tecnologias emergentes de investigação, como aprendizagem automática, veículos autônomos, internet das coisas, futuro da comunicação wireless, e imagens médicas, dentre outras.

Paulo Diniz, que atua no Laboratório de Sinais, Multimídia e Telecomunicações (SMT) do PPE/Coppe e da Escola Politécnica, explica que o conteúdo do livro é bastante abrangente para quem deseja iniciar os estudos em processamento dos sinais contínuos e discretos, determinísticos ou aleatórios, com análise e transformação a partir da disponibilidade crescente dos recursos computacionais digitais. Tais recursos podem propiciar a criação de uma série de ferramentas para modelar, compactar, armazenar, inferir, comunicar, e aprender com a infinidade de informações geradas no dia a dia pela natureza e os humanos. 

O livro, nas versões impressa e digital, está disponível no site da editora: https://l1nq.com/MZBHR

Professor da Coppe recebe prêmio Amigo da China

O professor Richard Stephan, do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe/UFRJ, recebeu a premiação “Amigo da China” (The Chinese Government Friendship Award), na tarde do último domingo, dia 4 de fevereiro, no Grande Hall do Povo, prédio imponente da praça do governo chinês, em Beijing. A premiação foi em função da grande colaboração do professor com os pesquisadores chineses, por meio da liderança de um intercâmbio, que já dura 21 anos, e que tem entre os resultados o primeiro protótipo de engenharia maglev supercondutor de alta temperatura e de alta capacidade da China e a pista de teste.

Richard Stephan, que também é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da UFRJ, atribui esta conquista ao ambiente oferecido pela Coppe e pela própria Politécnica, materializado pelas respectivas diretorias e por vários colegas da universidade. “Também devo essa condecoração ao apoio recebido de várias instituições nacionais, como Faperj, CNPq, Capes, Finep, e BNDES, e de internacionais, com destaque para o DAAD e para o Conselho Britânico (Chevenning Scholarship), das quais fui bolsista”, agradece Richard complementando: “Claro que o mundo não é perfeito, e muitas dificuldades tiveram e continuam tendo que ser superadas”.

As contribuições do professor da Coppe com a China são com mais ênfase na Southwest Jiaotong University, onde atua como professor visitante e supervisor de doutorado colaborativo; e no Laboratório Conjunto China-América Latina para Transporte Ferroviário, onde é líder estrangeiro.

O professor Richard,primeiro sentado à direita e todos os premiados com o Amigo da China

Junto com Richard Stephan foram contemplados outros 33 especialistas internacionais, sendo mais dois brasileiros: os professores Evandro Menezes de Carvalho, do curso de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro; e José Raimundo Braga Coelho, ex-presidente da Agência Espacial Brasileira.

Confira a tradução do texto de justificativa do governo chinês para a premiação do professor da Coppe:

O professor Richard M. Stephan é um especialista de renome internacional no campo da levitação magnética. Atualmente, atua como professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Brasil, e como supervisor de doutorado colaborativo na Southwest Jiaotong University, na China. O professor Stephan atuou repetidamente como presidente de conferências internacionais sobre levitação magnética e rolamento magnético, e ocupa cargos como professor visitante na Southwest Jiaotong University e Ex-presidente da Associação Brasileira de Eletrônica de Potência. Ele também é membro sênior do IEEE. Em 2019, o professor Stephan foi eleito membro da Academia Brasileira de Engenharia e, em 2020, recebeu o 4º “Golden Sands Friendship Award” de Chengdu.

Como líder estrangeiro do Laboratório Conjunto China-América Latina para Transporte Ferroviário, o Professor Stephan integra ativamente recursos humanos e promove a cooperação científica e tecnológica sino-latino-americana. Ele contribui para o desenvolvimento da área, facilitando intercâmbios técnicos, pessoais e acadêmicos. Por meio da cooperação sino-latino-americana, a pesquisa colaborativa em controle elétrico e tecnologia dinâmica avançou a tecnologia ferroviária pesada da China para uma capacidade superior a 30.000 toneladas.

Como professor visitante da Southwest Jiaotong University, a colaboração impulsionou a pesquisa e o desenvolvimento da tecnologia de levitação magnética supercondutora de alta temperatura, fornecendo suporte crucial para o protótipo de engenharia e a pista de teste na China. Sua equipe foi pioneira no desenvolvimento bem-sucedido da pista de teste ao ar livre de 200 metros para levitação magnética supercondutora de alta temperatura, conhecida como “Maglev-Cobra”. Com base nessa experiência, a colaboração com a Southwest Jiaotong University resultou no projeto e conclusão do primeiro protótipo de engenharia maglev supercondutor de alta temperatura de alta capacidade da China e pista de teste, contribuindo significativamente para manter a posição de liderança da China neste campo.

O intercâmbio acadêmico de 21 anos do professor Stephan e a colaboração com a equipe da Universidade Southwest Jiaotong melhoraram as conquistas acadêmicas mútuas e forneceram conselhos profissionais para o desenvolvimento da linha piloto. Além disso, o professor Stephan recomendou que os membros da equipe se juntassem à equipe de maglev supercondutor de alta temperatura da Universidade Southwest Jiaotong como “Jovens Acadêmicos Internacionais”. Eles colaboraram na pesquisa de questões científicas fundamentais, incluindo acoplamento eletromagnético, estabilidade de suspensão e orientação, otimização do sistema e publicaram coletivamente vários artigos de alta qualidade.

Diplomacia a serviço de parcerias internacionais

A Coppe/UFRJ recebeu esta semana a visita de dois diplomatas. Na segunda-feira, 22 de janeiro, a diretoria recebeu o embaixador Laudemar Gonçalves Neto para uma conversa sobre inovação, internacionalização e a produção nacional de fertilizantes. Na terça-feira, 23, a Coppe recebeu o cônsul-geral do Reino Unido, Anjoum Noorani.

Atuando no Ministério de Relações Exteriores (MRE), como secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura, o embaixador Laudemar colocou à disposição a estrutura diplomática para apoiar o esforço de internacionalização de instituições públicas e privadas brasileiras. “Nosso papel é mostrar que o Brasil além do samba, futebol e praias, é também um país inovador. Mostrar esse Brasil inovador e usar nossa rede de interconexões para apoiar o esforço de internacionalização das universidades e do setor produtivo”.

O embaixador Laudemar Neto visitou o CoppeComb, em companhia do professor Papa Ndiyae

Durante o encontro, foi debatido o Centro de Excelência em Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Cefenp) que será instalado este ano no Parque Tecnológico da UFRJ. A iniciativa está em conformidade com o Plano Nacional de Fertilizantes, promulgado em 2023, que tem por meta reduzir de 85 para 50% utilização de fertilizantes importados até 2050.  O Centro foi apresentado pelo superintendente de novas economias, do governo estadual, Pedro Veillard.

O professor Príamo Melo, coordenador do Programa de Engenharia Química falou da atuação do Laboratório de Desenvolvimento de Software (Lades), o qual possui várias frentes de trabalho, dentre as quais a produção de fertilizantes nitrogenados, a gestão de resíduos orgânicos sólidos, a síntese de produtos como uréia, amônia, geração de biogás, produção de biocarvão ou biochar, resultante da pirólise de materiais orgânicos ou de resíduos agroflorestais.

Internacionalização seguiu na pauta

O cônsul Anjoum Noorani conheceu o Laboratório de Tecnologia Oceânica da Coppe

Na terça-feira, 23, a Coppe recebeu o cônsul-geral do Reino Unido, Anjoum Noorani. A reunião tratou de possíveis parcerias entre a Coppe e instituições britânicas em temas como biomassa, integração de sistemas de energia, energias renováveis offshore, cidades inteligentes, prevenção e contingenciamento de desastres, e descomissionamento de estruturas offshore.

Segundo Alfredo Renault, diretor do Centro de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono (BxC) da Coppe, a Europa tem dado menos atenção à biomassa na sua parceria com o Brasil do que deveria. “É um tema em que o Brasil pode dar uma contribuição tecnológica relevante. Tem um viés energético, mas tem um potencial muito grande de rotas químicas para o resíduo da biomassa. O viés da química é importante no ponto de vista de agregação de valor, indústria de comércio, SAF (combustível sustentável de aviação), mas sem perder de vista a questão do potencial energético, seja como líquidos ou seja como oportunidade de geração de combustíveis como biometano, biogás”.

O cônsul britânico em visita à Coppe

Na avaliação do cônsul britânico, essa é uma abordagem muito importante. “Analisando o debate político dentro do Reino Unido sobre biomassa; ela pode ter um papel muito importante na descarbonização, mas há uma dicotomia entre a produção de alimentos e de combustível. Para evitar essa má percepção é importante desenvolver fontes de biodiesel que não sejam fonte de algo que possa ser alimento, como o uso de bagaço e resíduos. Isso é viável e ajuda a aumentar o total de biocombustíveis, tornando o processo mais eficiente e circular”. 

De acordo com Renault, a Coppe também está trabalhando de forma estruturada tecnologias de captura de CO². “As metas climáticas acordadas internacionalmente não serão cumpridas se a captura de carbono não for levada a sério. Restrição ao consumo não será o caminho seguido pelos governos, pela perda de base social. Adotar políticas nesse sentido só faria entregar o poder a governantes que não se preocupam com a agenda climática”, alertou. Na Coppe, há projetos em CCUS (captura, utilização e armazenamento de carbono), no Laboratório de Ensaios Não Destrutivos, Corrosão e Soldagem.

O encontro trouxe ainda a oportunidade de apresentar o Ceped – Centro de Estudos e Pesquisas de Engenharia em Desastres, criado em 2023.  O diretor-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Coppe, professor Tharcisio Fontainha, lembrou a transversalidade do tema “desastres” e a importância de parcerias: “Atuamos sob a ótica tecnológica e também social em relação a desastres, com planos de contingência, evacuação de áreas de risco. Estamos também desenvolvendo pesquisas com parceiros na França, na Bélgica, e mais recentemente estreitando laços com o University College of London (UCL). É um tema diverso, que na Coppe é estudado por pesquisadores das Engenharias de Produção, Civil, Oceânica e Nuclear e lidando com áreas como Relações Internacionais, Direito, Serviço Social, tendo uma característica bem interdisciplinar”, concluiu.

Comunidade acadêmica debate o PNPG nos últimos dias da consulta pública

A professora Juliana Loureiro foi a mediadora do importante debate sobre o Plano Nacional de Pós-Graduação

A comunidade acadêmica da UFRJ debateu nesta terça-feira, 23 de janeiro, o Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), que está nos últimos dias da consulta pública aberta pela Capes. O debate foi promovido pela decania do Centro de Tecnologia (CT) e realizado no auditório da Coppe. Alvo de algumas críticas e muitas sugestões, o novo plano foi consensualmente saudado como uma importante iniciativa, após quatro anos sem um direcionamento estratégico para o setor.

A coordenadora de Pós-Graduação do CT, professora Juliana Loureiro, foi a mediadora do debate e apresentou o plano para o público presente ao auditório e aos que assistiram pelo YouTube. Segundo a professora do Programa de Engenharia Mecânica (PEM), da Coppe, o novo PNPG elenca desafios como elementos motivadores da construção do mesmo, começando pela elevação do percentual de mestres e doutores, e passando pela redução de assimetrias de oferta nacionais; ampliação das interações com o mercado de trabalho; expansão do sistema com manutenção da qualidade.

 “O documento está estruturado em sete eixos e traz diretrizes importantes como ampliar possibilidade de acesso em regiões menos favorecidas; ampliar políticas de assistência e acolhimento; reconhecer pós-graduandos como pesquisadores em início de carreira; ampliar composição racial, étnica e linguística. O plano fala explicitamente em promover a Extensão na pós-graduação e a interação da universidade com ambientes diversos. A Extensão já vinha sendo formalizada nas diretrizes nacionais curriculares da graduação, aparece como diretriz a ser seguida na pós-graduação”.

“O Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) seria orientado à formação de recursos humanos de alto nível, de forma equitativa e com foco na prospecção e solução dos problemas da sociedade”, explica professora Juliana, que, ao final do evento informou que a Decania solicitaria uma prorrogação do prazo de consulta pública.

Outros objetivos seriam a ampliação da presença internacional para tornar o país um centro de atração da comunidade acadêmica internacional e retomar protagonismo do Brasil na cooperação do Sul global e promover multilinguismo.

Natalia Trindade, secretária-geral da Associação de Pós-Graduandos (APG) destacou que os direitos dos pós-graduandos são estratégicos para a construção do PNPG

Natalia Trindade, secretária-geral da Associação de Pós-Graduandos (APG) e aluna da Faculdade de Direito da UFRJ, destacou que os direitos dos pós-graduandos são estratégicos para a construção do PNPG e como tal devem constar como meta, não apenas no PNPG, como no Plano Nacional da Educação (PNE), mas refletiu sobre a falta de atenção que o Plano e a consulta pública têm recebido.

“Somos menos de 1% da população brasileira, em que pouco mais da metade conclui o ensino médio. A discrepância social é fundamental para entender o desinteresse da opinião pública sobre o tema”.

O professor Márcio Nele, do Programa de Engenharia Química (PEQ), concordou com a representante discente. “O que move a pós-graduação são os alunos e eles devem ser a prioridade. O valor da bolsa deveria ser um tema central, ele poderia ser indexado ao salário do professor-adjunto”.

Críticas construtivas

O professor José Carlos Pinto cobrou metas para ampliar a participação de negros na pós-graduação e criticou o produtivismo das avaliações acadêmicas

O professor José Carlos Pinto, também do PEQ saudou a iniciativa da Capes em propor um novo plano de pós-graduação, mas teceu críticas ao mesmo. “Pode parecer contraditório. O documento é bom, mas o plano é muito ruim. Há muitas palavras vagas, mas não há metas, prazos, cronograma. É impossível fazer uma avaliação. Não é um plano, é um brainstorm. Caso seja um brainstorm e o plano ainda venha adiante, isso aumenta a importância da consulta pública e é surpreendente que a academia não esteja discutindo à exaustão este plano. Até para que possamos influenciar de maneira organizada a fabricação deste plano”.

“Há uma sub-representação de negros na academia, sobretudo de mulheres negras, e o documento praticamente não toca esse tema. Acho que deveríamos ter uma meta de dobrar ou triplicar a participação de negros na pós-graduação. Além disso, há os prejuízos que o produtivismo está trazendo à universidade no mundo e no Brasil, em particular. Acho que avaliar qualidade com base em índices de quantidade tem que ser repensado. Tem circulado entre os colegas um texto da Isabelle Stengers (filósofa belga) sobre isso”.

Professor Guilherme Horta Travassos

O professor Guilherme Horta Travassos, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (PESC) disse enxergar no documento preliminar “um conjunto de perspectivas ainda que positivas, mas não consigo, como engenheiro, enxergar um plano”.

“Estamos tentando resolver um problema de pós-graduação tendo um problema infinito de educação básica. Nosso problema não é aumentar o número de indivíduos que buscam a pós-graduação e sim aumentar o número de indivíduos que tenham condição de segui-la. Além disso, não aparece o termo ‘financiar’, o que pra mim é ter dinheiro para comprar computador e reagente. Senti falta dos termos ‘valorizar’ e ‘remunerar’. O texto não fala de remuneração adequada. Também sinto falta de uma perspectiva de fomento à Ciência na educação básica”.

Professor Alexandre Pino

Na avaliação do professor Alexandre Pino, os planos nacionais de pós-graduação devem ser de longa duração e serem retroalimentados. “São sete eixos gigantes, com grandes planos, para mudar em apenas quatro anos? Provavelmente não conseguiremos essas mudanças nesse prazo. Acho que a Capes deveria ter um planejamento de curto prazo e outro de longo prazo”.

“A Capes deveria mudar completamente a pós-graduação no Brasil. Pensar diferente, fora da casinha, fora dessa coisa de todo dia que já fazemos. Todo mundo batendo meta, vamos pensar em métricas diferentes. Tá na hora da pós-graduação mudar. Não dá pra ser abrupta e radical, mas tem que ser uma mudança de longo prazo. O que é melhor pra mim talvez não seja o melhor para o país. Pega o pessoal da Educação e em vez de premiar por produção, premia por alavancar o ensino básico”, propôs o professor do Programa de Engenharia Biomédica.

Contraponto: um importante diagnóstico estratégico

Professor Felipe Rosa (IF e PR-2)

O superintendente acadêmico de Pesquisa (PR-2), professor Felipe Siqueira Rosa, preferiu enfatizar as qualidades do Plano e o trabalho feito pela Capes, que incluiu oficinas das quais participaram representantes dos 27 estados. “A despeito das críticas, que são meritórias, acho que é um bom plano, tendo em vista a conjuntura que herdamos. Fomos de nenhum plano, desde 2020, para um feito com um diagnóstico muito bom. Temos um sistema de pós-graduação muito amplo, parrudo, com 100 mil ingressantes por ano, e desafios complexos na permanência, interiorização, redução de assimetrias intra e interestaduais. Para termos diretrizes que dessem conta de todos esses desafios, eu creio que a Capes, em conjunto com pesquisadores do Brasil inteiro, fez o que é possível”, defendeu Felipe Rosa.

 “Creio que esta consulta é um bom ensaio para que no próximo plano seja feita consulta pública mais cedo, desde as oficinas. Mas, sinceramente, se dessa vez fosse tentado um processo mais aberto, mais democrático, infelizmente tomaria mais tempo para que as informações fossem coletadas, decantadas, e transformadas em um plano, com um consenso”, avaliou o professor do Instituto de Física.

“Acho que o plano não deveria ser encarado de forma anatídica. Anatídeos é a família dos patos, que sabem andar, nadar e voar e não fazem bem nenhuma das três coisas. Acho que as instituições e programas não devem encarar o plano de maneira uniforme. Cada programa vai encontrar nas diretrizes pontos em que podem atuar de forma mais efetiva. Se na Engenharia, a integração com os ensinos fundamental e médio for mais difícil, outros programas vão achar mais fácil. A integração com a indústria e a inovação são mais naturais com a Engenharia, enquanto outros programas podem achar mais difícil. Acho que na UFRJ temos muitas vezes essa tendência anatídica. Cada programa tem que encontrar sua vocação nesses eixos e persegui-la”, explicou.

Professora Fernanda Mello (IDT e PR-2)

A professora Fernanda Mello, superintendente acadêmica de Pós-graduação (PR-2/UFRJ), observou que o  período escolhido para a consulta “não foi muito feliz pois pegou um período de festas de final de ano e que muitas pessoas tiram férias” e ponderou que o plano disponível  não é um documento final, mas  ainda em construção e que traz um “importante diagnóstico estratégico”. “Quem não leu o documento em sua íntegra, recomendo que o faça. É bastante útil para que façamos reflexões”, recomendou.

“Como todo documento amplo, ele peca por não trazer os mecanismos para atingir metas, ele não traz métricas, traz diretrizes. Vem após um período de ausência de planejamento estratégico, acaba sendo um documento bastante amplo, mas ele traz os pontos-chaves”, ponderou a professora do Instituto de Doenças do Tórax (IDT/UFRJ).

Para o professor Felipe Rosa, dadas as condições orçamentárias tanto das universidades como da própria Capes, “não adianta criarmos expectativas não realistas e esperar que sejam concretizadas. Claro que queremos remunerações melhores para alunos e professores, mas dadas as restrições orçamentárias de curto prazo acho isso muito difícil”.

Coppe cria centro de estudos sobre desastres

Ano novo, problemas velhos. Janeiro começa e com ele os desastres associados às chuvas de verão e agravados por uma baixa cultura de redução de riscos de desastres no Brasil.

Neste final de semana (13 e 14 de janeiro), 12 pessoas morreram após fortes chuvas que afetaram, com maior gravidade, a Baixada Fluminense e bairros da Zona Norte do Rio, como Irajá, Coelho Neto e Pavuna.

Em momentos como esse, a sociedade espera do poder público, respostas para a crise imediata e também soluções de médio e longo prazo. A Coppe/UFRJ criou em 2023 o Centro de Estudos e Pesquisas de Engenharia em Desastres (Ceped). A iniciativa surgiu a partir de uma linha de pesquisa criada pelo professor Tharcisio Fontainha, no Programa de Engenharia de Produção.

De acordo com professor Tharcisio, com o aquecimento global e as mudanças climáticas dele decorrentes, os desastres “se tornam cada vez mais recorrentes e com maiores impactos, seja no número de mortes, pessoas afetadas ou perda de recursos materiais. Infelizmente, isso se torna parte da rotina da população. Como a sociedade japonesa lida com terremotos, precisamos aprender a lidar com esses desastres, saber como agir. Isso precisa estar mais enraizado na sociedade e a criação do Ceped na Coppe visa dar um foco maior nisso”.

Segundo Tharcisio, lidar com desastres não é mais algo a ser pensado de maneira isolada e cada vez mais há profissionais especificamente formados para isso. “As pessoas não moram em áreas de risco porque querem. Antes, por exemplo, as chuvas fortes ocorriam em áreas desabitadas ou pouco habitadas, com o crescimento demográfico e expansão da ocupação urbana, as áreas de risco passam a ser ocupadas sobretudo pelas populações mais vulneráveis economicamente”, ponderou o professor, que também é diretor-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Coppe.

“É fundamental agir de maneira proativa. Os desastres vão continuar acontecendo, por mais que os riscos sejam mitigados. Não é uma questão de jogar a toalha, mas é reconhecer que o ciclo de vida do desastre (mitigação, preparação, resposta, recuperação e volta para mitigação) recomeçará”, alertou o professor, que destacou também que cada dólar gasto em prevenção, economiza sete dólares que seriam gastos na resposta.

Apoios e parcerias

Em 2012, o Congresso aprovou a Lei nº 12.608/2012 que instituiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, e estabeleceu que é responsabilidade do poder público apoiar a criação de centros de pesquisas e estudos em desastres. Segundo o professor Tharcisio, nos primeiros anos da recém instituída política nacional, os recursos para o setor aumentaram, mas as políticas não tiveram continuidade.

De acordo com o professor, o Ceped e seus projetos contam com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Parque Tecnológico da UFRJ. “Além disso, estamos debatendo parcerias com a Petrobras, a Petro-Rio e a Defesa Civil de Petrópolis, sobre planos de contingência. Uma proposta nossa é desenvolver uma metodologia para avaliação de plano de contingência. Há planos que funcionam muito bem no papel, mas não necessariamente funcionam na prática, é preciso ter uma metodologia de avaliação, acompanhamento e melhoria”.

“Também temos interlocução com deputados e com o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), que têm demonstrado interesse em apoiar pesquisas e projetos no tema. Inclusive, já tivemos a aprovação de uma emenda parlamentar do deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ) para aprimorar nossa estrutura. Além disso, esse ano iniciaremos pesquisas em conjunto com o Instituto de Redução de Riscos e Desastres da University College London, na Inglaterra”, concluiu professor Tharcisio.