Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro

A Coppe terá participação ativa na Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro, que acontece nos dias 26 e 27 de fevereiro, na Sala Nelson Pereira dos Santos e na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Serão dois dias de painéis sobre temas como tecnologia de baixo carbono e o papel da ciência e da inovação como alavancas para o desenvolvimento sustentável. 

O painel “Tecnologias de Baixo Carbono e Transição Energética”, coordenado pelo professor Aquilino Senra, do Programa de Engenharia Nuclear, contará com apresentações do professor Alexandre Szklo, do Programa de Planejamento Energético, e de Alfredo Renault, diretor do Centro de Soluções de Baixo Carbono da Coppe.  Já o professor Segen Estefen, do Programa de Engenharia Oceânica, participará do painel “Inovação pelo Oceano” e a professora Leda Castilho, do Programa de Engenharia Química, do painel “Complexo Econômico Industrial da Saúde”.  Estes painéis ocorrerão simultaneamente, na terça-feira, das 9 às 12h, no Bloco A da UFF.

No mesmo horário, o ex-diretor-executivo da Fundação Coppetec, Fernando Peregrino, coordena o seminário “Neoindustrialização *Segurança Alimentar”, na Sala Nelson Pereira dos Santos.

No primeiro dia da Conferência, a diretora da unidade Embrapii-Coppe, professora Angela Uller, participou do painel “Como transformar potencial aludido em mudanças efetivas”, na segunda-feira.

A Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro busca articular debates que influenciem na formulação de políticas públicas. As contribuições reunidas servirão de base para a 5° Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação que acontecerá em junho deste ano e que tem como objetivo elaborar a nova Estratégia Nacional para os anos de 2025 a 2035.

O evento é presencial, gratuito e sem inscrição prévia, mas sujeito à lotação. Confira a programação completa.

Diretora da Coppe é nomeada para comitê do Hospital Albert Einstein

A Ciência e a Tecnologia, sobretudo na Engenharia, estão ultrapassando fronteiras, transbordando as disciplinas habituais e entrando na área de Saúde que vai se tornando cada vez mais tecnológica.

A diretora da Coppe/UFRJ, professora Suzana Kahn, foi convidada a integrar o Comitê de Responsabilidade Social e Sustentabilidade – ASG na Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein.

“Inauguramos recentemente o Centro de Soluções em Engenharia da Saúde e o Núcleo de Tecnologia e Inovação em Engenharia Biomédica (NTIEB). Cada vez mais a Saúde utiliza tecnologia, por exemplo em telemedicina, robótica, uso de Inteligência Artificial”.

Em avaliação recente da S&P Global Ratings sobre ASG, o Hospital Albert Einstein ficou posicionado entre as três melhores organizações do mundo na cadeia de saúde (entre hospitais, empresas de equipamentos e insumos e farmacêuticas).

Petrobras dá início à implementação da tecnologia Hisep

A Petrobras deu início nesta terça-feira, 20 de fevereiro, à fase piloto e de implementação de tecnologia High Pressure Separation (Hisep), que desponta com potencial disruptivo para o setor de óleo e gás, em escala global. A diretora da Coppe/UFRJ, professora Suzana Kahn, e o diretor do Centro de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono da Coppe, Alfredo Renault, estiveram presentes à solenidade de implantação do projeto, no Centro de Convenções do Cenpes.

A tecnologia, cujo desenvolvimento contou com a participação da academia e empresas fornecedoras de serviços, permite separar o gás carbônico do gás natural e do petróleo, já no leito marinho e reinjetá-lo no reservatório.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e a professora Suzana Kahn

De acordo com Renault, o Hisep vai aumentar a eficiência do processo de produção, reduzir custos e intensidade de emissões, aumentar a segurança operacional e contribuir para a descarbonização do setor, pela captura de carbono. “É um grande projeto de pesquisa capitaneado pelo Cenpes, uma tecnologia que vai impactar a produção de petróleo globalmente”, avaliou.

O Hisep será testado no campo de Mero, na Bacia de Santos, e na avaliação da Petrobras tem o potencial de otimizar a produção nos campos com alta Razão Gás-Óleo (RGO) e teor de CO², e também de ser um modelo para futuras operações de exploração e produção em todo o mundo.

Essa separação prévia e reinjeção do gás rico em CO2 ainda no leito submarino evita que este volume de gás seja processado na plataforma. Isso permite que a unidade possua uma planta de processamento de gás menor e mais simples, pois parte do gás será removida previamente em ambiente submarino, possibilitando aumento do processamento de óleo da unidade.

A Coppe é pioneira na parceria entre as universidades e a indústria do petróleo, e a expertise acumulada está à disposição para auxiliar o setor na descarbonização de suas atividades rumo à desejada transição energética.

Professor da Coppe lança livro sobre processamento de sinais e aprendizagem de máquinas

O Professor Paulo Diniz, do Programa de Engenharia Elétrica (PEE) da Coppe/UFRJ, acaba de lançar o seu novo livro na área de processamento de sinais e aprendizado de máquina, pela Academic Press, Elsevier. Com o título Signal Processing and Machine Learning Theory, a obra contém uma revisão dos princípios, métodos e técnicas essenciais e avançadas da teoria do processamento de sinais. Estas teorias, juntas com algumas ferramentas, são os motores de muitos tópicos e tecnologias emergentes de investigação, como aprendizagem automática, veículos autônomos, internet das coisas, futuro da comunicação wireless, e imagens médicas, dentre outras.

Paulo Diniz, que atua no Laboratório de Sinais, Multimídia e Telecomunicações (SMT) do PPE/Coppe e da Escola Politécnica, explica que o conteúdo do livro é bastante abrangente para quem deseja iniciar os estudos em processamento dos sinais contínuos e discretos, determinísticos ou aleatórios, com análise e transformação a partir da disponibilidade crescente dos recursos computacionais digitais. Tais recursos podem propiciar a criação de uma série de ferramentas para modelar, compactar, armazenar, inferir, comunicar, e aprender com a infinidade de informações geradas no dia a dia pela natureza e os humanos. 

O livro, nas versões impressa e digital, está disponível no site da editora: https://l1nq.com/MZBHR

Professor da Coppe recebe prêmio Amigo da China

O professor Richard Stephan, do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe/UFRJ, recebeu a premiação “Amigo da China” (The Chinese Government Friendship Award), na tarde do último domingo, dia 4 de fevereiro, no Grande Hall do Povo, prédio imponente da praça do governo chinês, em Beijing. A premiação foi em função da grande colaboração do professor com os pesquisadores chineses, por meio da liderança de um intercâmbio, que já dura 21 anos, e que tem entre os resultados o primeiro protótipo de engenharia maglev supercondutor de alta temperatura e de alta capacidade da China e a pista de teste.

Richard Stephan, que também é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da UFRJ, atribui esta conquista ao ambiente oferecido pela Coppe e pela própria Politécnica, materializado pelas respectivas diretorias e por vários colegas da universidade. “Também devo essa condecoração ao apoio recebido de várias instituições nacionais, como Faperj, CNPq, Capes, Finep, e BNDES, e de internacionais, com destaque para o DAAD e para o Conselho Britânico (Chevenning Scholarship), das quais fui bolsista”, agradece Richard complementando: “Claro que o mundo não é perfeito, e muitas dificuldades tiveram e continuam tendo que ser superadas”.

As contribuições do professor da Coppe com a China são com mais ênfase na Southwest Jiaotong University, onde atua como professor visitante e supervisor de doutorado colaborativo; e no Laboratório Conjunto China-América Latina para Transporte Ferroviário, onde é líder estrangeiro.

O professor Richard,primeiro sentado à direita e todos os premiados com o Amigo da China

Junto com Richard Stephan foram contemplados outros 33 especialistas internacionais, sendo mais dois brasileiros: os professores Evandro Menezes de Carvalho, do curso de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro; e José Raimundo Braga Coelho, ex-presidente da Agência Espacial Brasileira.

Confira a tradução do texto de justificativa do governo chinês para a premiação do professor da Coppe:

O professor Richard M. Stephan é um especialista de renome internacional no campo da levitação magnética. Atualmente, atua como professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Brasil, e como supervisor de doutorado colaborativo na Southwest Jiaotong University, na China. O professor Stephan atuou repetidamente como presidente de conferências internacionais sobre levitação magnética e rolamento magnético, e ocupa cargos como professor visitante na Southwest Jiaotong University e Ex-presidente da Associação Brasileira de Eletrônica de Potência. Ele também é membro sênior do IEEE. Em 2019, o professor Stephan foi eleito membro da Academia Brasileira de Engenharia e, em 2020, recebeu o 4º “Golden Sands Friendship Award” de Chengdu.

Como líder estrangeiro do Laboratório Conjunto China-América Latina para Transporte Ferroviário, o Professor Stephan integra ativamente recursos humanos e promove a cooperação científica e tecnológica sino-latino-americana. Ele contribui para o desenvolvimento da área, facilitando intercâmbios técnicos, pessoais e acadêmicos. Por meio da cooperação sino-latino-americana, a pesquisa colaborativa em controle elétrico e tecnologia dinâmica avançou a tecnologia ferroviária pesada da China para uma capacidade superior a 30.000 toneladas.

Como professor visitante da Southwest Jiaotong University, a colaboração impulsionou a pesquisa e o desenvolvimento da tecnologia de levitação magnética supercondutora de alta temperatura, fornecendo suporte crucial para o protótipo de engenharia e a pista de teste na China. Sua equipe foi pioneira no desenvolvimento bem-sucedido da pista de teste ao ar livre de 200 metros para levitação magnética supercondutora de alta temperatura, conhecida como “Maglev-Cobra”. Com base nessa experiência, a colaboração com a Southwest Jiaotong University resultou no projeto e conclusão do primeiro protótipo de engenharia maglev supercondutor de alta temperatura de alta capacidade da China e pista de teste, contribuindo significativamente para manter a posição de liderança da China neste campo.

O intercâmbio acadêmico de 21 anos do professor Stephan e a colaboração com a equipe da Universidade Southwest Jiaotong melhoraram as conquistas acadêmicas mútuas e forneceram conselhos profissionais para o desenvolvimento da linha piloto. Além disso, o professor Stephan recomendou que os membros da equipe se juntassem à equipe de maglev supercondutor de alta temperatura da Universidade Southwest Jiaotong como “Jovens Acadêmicos Internacionais”. Eles colaboraram na pesquisa de questões científicas fundamentais, incluindo acoplamento eletromagnético, estabilidade de suspensão e orientação, otimização do sistema e publicaram coletivamente vários artigos de alta qualidade.

Diplomacia a serviço de parcerias internacionais

A Coppe/UFRJ recebeu esta semana a visita de dois diplomatas. Na segunda-feira, 22 de janeiro, a diretoria recebeu o embaixador Laudemar Gonçalves Neto para uma conversa sobre inovação, internacionalização e a produção nacional de fertilizantes. Na terça-feira, 23, a Coppe recebeu o cônsul-geral do Reino Unido, Anjoum Noorani.

Atuando no Ministério de Relações Exteriores (MRE), como secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura, o embaixador Laudemar colocou à disposição a estrutura diplomática para apoiar o esforço de internacionalização de instituições públicas e privadas brasileiras. “Nosso papel é mostrar que o Brasil além do samba, futebol e praias, é também um país inovador. Mostrar esse Brasil inovador e usar nossa rede de interconexões para apoiar o esforço de internacionalização das universidades e do setor produtivo”.

O embaixador Laudemar Neto visitou o CoppeComb, em companhia do professor Papa Ndiyae

Durante o encontro, foi debatido o Centro de Excelência em Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Cefenp) que será instalado este ano no Parque Tecnológico da UFRJ. A iniciativa está em conformidade com o Plano Nacional de Fertilizantes, promulgado em 2023, que tem por meta reduzir de 85 para 50% utilização de fertilizantes importados até 2050.  O Centro foi apresentado pelo superintendente de novas economias, do governo estadual, Pedro Veillard.

O professor Príamo Melo, coordenador do Programa de Engenharia Química falou da atuação do Laboratório de Desenvolvimento de Software (Lades), o qual possui várias frentes de trabalho, dentre as quais a produção de fertilizantes nitrogenados, a gestão de resíduos orgânicos sólidos, a síntese de produtos como uréia, amônia, geração de biogás, produção de biocarvão ou biochar, resultante da pirólise de materiais orgânicos ou de resíduos agroflorestais.

Internacionalização seguiu na pauta

O cônsul Anjoum Noorani conheceu o Laboratório de Tecnologia Oceânica da Coppe

Na terça-feira, 23, a Coppe recebeu o cônsul-geral do Reino Unido, Anjoum Noorani. A reunião tratou de possíveis parcerias entre a Coppe e instituições britânicas em temas como biomassa, integração de sistemas de energia, energias renováveis offshore, cidades inteligentes, prevenção e contingenciamento de desastres, e descomissionamento de estruturas offshore.

Segundo Alfredo Renault, diretor do Centro de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono (BxC) da Coppe, a Europa tem dado menos atenção à biomassa na sua parceria com o Brasil do que deveria. “É um tema em que o Brasil pode dar uma contribuição tecnológica relevante. Tem um viés energético, mas tem um potencial muito grande de rotas químicas para o resíduo da biomassa. O viés da química é importante no ponto de vista de agregação de valor, indústria de comércio, SAF (combustível sustentável de aviação), mas sem perder de vista a questão do potencial energético, seja como líquidos ou seja como oportunidade de geração de combustíveis como biometano, biogás”.

O cônsul britânico em visita à Coppe

Na avaliação do cônsul britânico, essa é uma abordagem muito importante. “Analisando o debate político dentro do Reino Unido sobre biomassa; ela pode ter um papel muito importante na descarbonização, mas há uma dicotomia entre a produção de alimentos e de combustível. Para evitar essa má percepção é importante desenvolver fontes de biodiesel que não sejam fonte de algo que possa ser alimento, como o uso de bagaço e resíduos. Isso é viável e ajuda a aumentar o total de biocombustíveis, tornando o processo mais eficiente e circular”. 

De acordo com Renault, a Coppe também está trabalhando de forma estruturada tecnologias de captura de CO². “As metas climáticas acordadas internacionalmente não serão cumpridas se a captura de carbono não for levada a sério. Restrição ao consumo não será o caminho seguido pelos governos, pela perda de base social. Adotar políticas nesse sentido só faria entregar o poder a governantes que não se preocupam com a agenda climática”, alertou. Na Coppe, há projetos em CCUS (captura, utilização e armazenamento de carbono), no Laboratório de Ensaios Não Destrutivos, Corrosão e Soldagem.

O encontro trouxe ainda a oportunidade de apresentar o Ceped – Centro de Estudos e Pesquisas de Engenharia em Desastres, criado em 2023.  O diretor-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Coppe, professor Tharcisio Fontainha, lembrou a transversalidade do tema “desastres” e a importância de parcerias: “Atuamos sob a ótica tecnológica e também social em relação a desastres, com planos de contingência, evacuação de áreas de risco. Estamos também desenvolvendo pesquisas com parceiros na França, na Bélgica, e mais recentemente estreitando laços com o University College of London (UCL). É um tema diverso, que na Coppe é estudado por pesquisadores das Engenharias de Produção, Civil, Oceânica e Nuclear e lidando com áreas como Relações Internacionais, Direito, Serviço Social, tendo uma característica bem interdisciplinar”, concluiu.

Comunidade acadêmica debate o PNPG nos últimos dias da consulta pública

A professora Juliana Loureiro foi a mediadora do importante debate sobre o Plano Nacional de Pós-Graduação

A comunidade acadêmica da UFRJ debateu nesta terça-feira, 23 de janeiro, o Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), que está nos últimos dias da consulta pública aberta pela Capes. O debate foi promovido pela decania do Centro de Tecnologia (CT) e realizado no auditório da Coppe. Alvo de algumas críticas e muitas sugestões, o novo plano foi consensualmente saudado como uma importante iniciativa, após quatro anos sem um direcionamento estratégico para o setor.

A coordenadora de Pós-Graduação do CT, professora Juliana Loureiro, foi a mediadora do debate e apresentou o plano para o público presente ao auditório e aos que assistiram pelo YouTube. Segundo a professora do Programa de Engenharia Mecânica (PEM), da Coppe, o novo PNPG elenca desafios como elementos motivadores da construção do mesmo, começando pela elevação do percentual de mestres e doutores, e passando pela redução de assimetrias de oferta nacionais; ampliação das interações com o mercado de trabalho; expansão do sistema com manutenção da qualidade.

 “O documento está estruturado em sete eixos e traz diretrizes importantes como ampliar possibilidade de acesso em regiões menos favorecidas; ampliar políticas de assistência e acolhimento; reconhecer pós-graduandos como pesquisadores em início de carreira; ampliar composição racial, étnica e linguística. O plano fala explicitamente em promover a Extensão na pós-graduação e a interação da universidade com ambientes diversos. A Extensão já vinha sendo formalizada nas diretrizes nacionais curriculares da graduação, aparece como diretriz a ser seguida na pós-graduação”.

“O Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) seria orientado à formação de recursos humanos de alto nível, de forma equitativa e com foco na prospecção e solução dos problemas da sociedade”, explica professora Juliana, que, ao final do evento informou que a Decania solicitaria uma prorrogação do prazo de consulta pública.

Outros objetivos seriam a ampliação da presença internacional para tornar o país um centro de atração da comunidade acadêmica internacional e retomar protagonismo do Brasil na cooperação do Sul global e promover multilinguismo.

Natalia Trindade, secretária-geral da Associação de Pós-Graduandos (APG) destacou que os direitos dos pós-graduandos são estratégicos para a construção do PNPG

Natalia Trindade, secretária-geral da Associação de Pós-Graduandos (APG) e aluna da Faculdade de Direito da UFRJ, destacou que os direitos dos pós-graduandos são estratégicos para a construção do PNPG e como tal devem constar como meta, não apenas no PNPG, como no Plano Nacional da Educação (PNE), mas refletiu sobre a falta de atenção que o Plano e a consulta pública têm recebido.

“Somos menos de 1% da população brasileira, em que pouco mais da metade conclui o ensino médio. A discrepância social é fundamental para entender o desinteresse da opinião pública sobre o tema”.

O professor Márcio Nele, do Programa de Engenharia Química (PEQ), concordou com a representante discente. “O que move a pós-graduação são os alunos e eles devem ser a prioridade. O valor da bolsa deveria ser um tema central, ele poderia ser indexado ao salário do professor-adjunto”.

Críticas construtivas

O professor José Carlos Pinto cobrou metas para ampliar a participação de negros na pós-graduação e criticou o produtivismo das avaliações acadêmicas

O professor José Carlos Pinto, também do PEQ saudou a iniciativa da Capes em propor um novo plano de pós-graduação, mas teceu críticas ao mesmo. “Pode parecer contraditório. O documento é bom, mas o plano é muito ruim. Há muitas palavras vagas, mas não há metas, prazos, cronograma. É impossível fazer uma avaliação. Não é um plano, é um brainstorm. Caso seja um brainstorm e o plano ainda venha adiante, isso aumenta a importância da consulta pública e é surpreendente que a academia não esteja discutindo à exaustão este plano. Até para que possamos influenciar de maneira organizada a fabricação deste plano”.

“Há uma sub-representação de negros na academia, sobretudo de mulheres negras, e o documento praticamente não toca esse tema. Acho que deveríamos ter uma meta de dobrar ou triplicar a participação de negros na pós-graduação. Além disso, há os prejuízos que o produtivismo está trazendo à universidade no mundo e no Brasil, em particular. Acho que avaliar qualidade com base em índices de quantidade tem que ser repensado. Tem circulado entre os colegas um texto da Isabelle Stengers (filósofa belga) sobre isso”.

Professor Guilherme Horta Travassos

O professor Guilherme Horta Travassos, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (PESC) disse enxergar no documento preliminar “um conjunto de perspectivas ainda que positivas, mas não consigo, como engenheiro, enxergar um plano”.

“Estamos tentando resolver um problema de pós-graduação tendo um problema infinito de educação básica. Nosso problema não é aumentar o número de indivíduos que buscam a pós-graduação e sim aumentar o número de indivíduos que tenham condição de segui-la. Além disso, não aparece o termo ‘financiar’, o que pra mim é ter dinheiro para comprar computador e reagente. Senti falta dos termos ‘valorizar’ e ‘remunerar’. O texto não fala de remuneração adequada. Também sinto falta de uma perspectiva de fomento à Ciência na educação básica”.

Professor Alexandre Pino

Na avaliação do professor Alexandre Pino, os planos nacionais de pós-graduação devem ser de longa duração e serem retroalimentados. “São sete eixos gigantes, com grandes planos, para mudar em apenas quatro anos? Provavelmente não conseguiremos essas mudanças nesse prazo. Acho que a Capes deveria ter um planejamento de curto prazo e outro de longo prazo”.

“A Capes deveria mudar completamente a pós-graduação no Brasil. Pensar diferente, fora da casinha, fora dessa coisa de todo dia que já fazemos. Todo mundo batendo meta, vamos pensar em métricas diferentes. Tá na hora da pós-graduação mudar. Não dá pra ser abrupta e radical, mas tem que ser uma mudança de longo prazo. O que é melhor pra mim talvez não seja o melhor para o país. Pega o pessoal da Educação e em vez de premiar por produção, premia por alavancar o ensino básico”, propôs o professor do Programa de Engenharia Biomédica.

Contraponto: um importante diagnóstico estratégico

Professor Felipe Rosa (IF e PR-2)

O superintendente acadêmico de Pesquisa (PR-2), professor Felipe Siqueira Rosa, preferiu enfatizar as qualidades do Plano e o trabalho feito pela Capes, que incluiu oficinas das quais participaram representantes dos 27 estados. “A despeito das críticas, que são meritórias, acho que é um bom plano, tendo em vista a conjuntura que herdamos. Fomos de nenhum plano, desde 2020, para um feito com um diagnóstico muito bom. Temos um sistema de pós-graduação muito amplo, parrudo, com 100 mil ingressantes por ano, e desafios complexos na permanência, interiorização, redução de assimetrias intra e interestaduais. Para termos diretrizes que dessem conta de todos esses desafios, eu creio que a Capes, em conjunto com pesquisadores do Brasil inteiro, fez o que é possível”, defendeu Felipe Rosa.

 “Creio que esta consulta é um bom ensaio para que no próximo plano seja feita consulta pública mais cedo, desde as oficinas. Mas, sinceramente, se dessa vez fosse tentado um processo mais aberto, mais democrático, infelizmente tomaria mais tempo para que as informações fossem coletadas, decantadas, e transformadas em um plano, com um consenso”, avaliou o professor do Instituto de Física.

“Acho que o plano não deveria ser encarado de forma anatídica. Anatídeos é a família dos patos, que sabem andar, nadar e voar e não fazem bem nenhuma das três coisas. Acho que as instituições e programas não devem encarar o plano de maneira uniforme. Cada programa vai encontrar nas diretrizes pontos em que podem atuar de forma mais efetiva. Se na Engenharia, a integração com os ensinos fundamental e médio for mais difícil, outros programas vão achar mais fácil. A integração com a indústria e a inovação são mais naturais com a Engenharia, enquanto outros programas podem achar mais difícil. Acho que na UFRJ temos muitas vezes essa tendência anatídica. Cada programa tem que encontrar sua vocação nesses eixos e persegui-la”, explicou.

Professora Fernanda Mello (IDT e PR-2)

A professora Fernanda Mello, superintendente acadêmica de Pós-graduação (PR-2/UFRJ), observou que o  período escolhido para a consulta “não foi muito feliz pois pegou um período de festas de final de ano e que muitas pessoas tiram férias” e ponderou que o plano disponível  não é um documento final, mas  ainda em construção e que traz um “importante diagnóstico estratégico”. “Quem não leu o documento em sua íntegra, recomendo que o faça. É bastante útil para que façamos reflexões”, recomendou.

“Como todo documento amplo, ele peca por não trazer os mecanismos para atingir metas, ele não traz métricas, traz diretrizes. Vem após um período de ausência de planejamento estratégico, acaba sendo um documento bastante amplo, mas ele traz os pontos-chaves”, ponderou a professora do Instituto de Doenças do Tórax (IDT/UFRJ).

Para o professor Felipe Rosa, dadas as condições orçamentárias tanto das universidades como da própria Capes, “não adianta criarmos expectativas não realistas e esperar que sejam concretizadas. Claro que queremos remunerações melhores para alunos e professores, mas dadas as restrições orçamentárias de curto prazo acho isso muito difícil”.

Coppe cria centro de estudos sobre desastres

Ano novo, problemas velhos. Janeiro começa e com ele os desastres associados às chuvas de verão e agravados por uma baixa cultura de redução de riscos de desastres no Brasil.

Neste final de semana (13 e 14 de janeiro), 12 pessoas morreram após fortes chuvas que afetaram, com maior gravidade, a Baixada Fluminense e bairros da Zona Norte do Rio, como Irajá, Coelho Neto e Pavuna.

Em momentos como esse, a sociedade espera do poder público, respostas para a crise imediata e também soluções de médio e longo prazo. A Coppe/UFRJ criou em 2023 o Centro de Estudos e Pesquisas de Engenharia em Desastres (Ceped). A iniciativa surgiu a partir de uma linha de pesquisa criada pelo professor Tharcisio Fontainha, no Programa de Engenharia de Produção.

De acordo com professor Tharcisio, com o aquecimento global e as mudanças climáticas dele decorrentes, os desastres “se tornam cada vez mais recorrentes e com maiores impactos, seja no número de mortes, pessoas afetadas ou perda de recursos materiais. Infelizmente, isso se torna parte da rotina da população. Como a sociedade japonesa lida com terremotos, precisamos aprender a lidar com esses desastres, saber como agir. Isso precisa estar mais enraizado na sociedade e a criação do Ceped na Coppe visa dar um foco maior nisso”.

Segundo Tharcisio, lidar com desastres não é mais algo a ser pensado de maneira isolada e cada vez mais há profissionais especificamente formados para isso. “As pessoas não moram em áreas de risco porque querem. Antes, por exemplo, as chuvas fortes ocorriam em áreas desabitadas ou pouco habitadas, com o crescimento demográfico e expansão da ocupação urbana, as áreas de risco passam a ser ocupadas sobretudo pelas populações mais vulneráveis economicamente”, ponderou o professor, que também é diretor-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Coppe.

“É fundamental agir de maneira proativa. Os desastres vão continuar acontecendo, por mais que os riscos sejam mitigados. Não é uma questão de jogar a toalha, mas é reconhecer que o ciclo de vida do desastre (mitigação, preparação, resposta, recuperação e volta para mitigação) recomeçará”, alertou o professor, que destacou também que cada dólar gasto em prevenção, economiza sete dólares que seriam gastos na resposta.

Apoios e parcerias

Em 2012, o Congresso aprovou a Lei nº 12.608/2012 que instituiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, e estabeleceu que é responsabilidade do poder público apoiar a criação de centros de pesquisas e estudos em desastres. Segundo o professor Tharcisio, nos primeiros anos da recém instituída política nacional, os recursos para o setor aumentaram, mas as políticas não tiveram continuidade.

De acordo com o professor, o Ceped e seus projetos contam com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Parque Tecnológico da UFRJ. “Além disso, estamos debatendo parcerias com a Petrobras, a Petro-Rio e a Defesa Civil de Petrópolis, sobre planos de contingência. Uma proposta nossa é desenvolver uma metodologia para avaliação de plano de contingência. Há planos que funcionam muito bem no papel, mas não necessariamente funcionam na prática, é preciso ter uma metodologia de avaliação, acompanhamento e melhoria”.

“Também temos interlocução com deputados e com o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), que têm demonstrado interesse em apoiar pesquisas e projetos no tema. Inclusive, já tivemos a aprovação de uma emenda parlamentar do deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ) para aprimorar nossa estrutura. Além disso, esse ano iniciaremos pesquisas em conjunto com o Instituto de Redução de Riscos e Desastres da University College London, na Inglaterra”, concluiu professor Tharcisio.

Incubadora de Empresas da Coppe seleciona novas startups

Estão abertas, até o dia 30 de abril, as inscrições para o processo de seleção de novas startups da Incubadora de Empresas da Coppe/UFRJ. Os interessados devem elaborar proposta, possuindo, entre outros critérios, o desenvolvimento de produtos ou serviços inovadores, e potencial de interação com as atividades de pesquisas desenvolvidas pela UFRJ.

As startups selecionadas contarão com o apoio das empresas parceiras da Incubadora, entre elas beOn Claro, EloGroup, IBM, Microsoft, NVIDIA e Visagio. A contribuição dessas empresas é estratégica, pois ajudam a moldar o negócio de acordo com as necessidades reais do mercado, além de abrir portas para oportunidades valiosas.

A Incubadora da Coppe oferece para as startups:

  • conexões sólidas com o mercado
  • acesso ao conhecimento científico e tecnológico da UFRJ
  • mentorias
  • acompanhamento estratégico
  • programa de networking
  • acesso prioritário a desafios e eventos
  • engajamento com empresas do Parque Tecnológico
  • apresentação a investidores
  • potencialização do acesso a editais de fomento

Além disso, há ainda a chance de internacionalização em parceria com centros de inovação em Macau (China), Espoo (Finlândia) e na Holanda. Para participar da seleção, basta preencher o formulário de inscrição, incluindo um pitch, disponível no site da incubadora, onde também estão o edital e demais informações: www.incubadora.coppe.ufrj.br.

Inscrições para mestrado e doutorado em Engenharia Biomédica e Engenharia Nuclear da Coppe

As inscrições para os cursos de Mestrado e de Doutorado acadêmicos dos Programas de Engenharia Nuclear (PEN) e de Engenharia Biomédica (PEB) da Coppe/UFRJ estão abertas até os dias 31 de janeiro e 5 de fevereiro, respectivamente. Na avaliação mais recente da Capes, ambos os programas obtiveram o conceito 6, que é um dos mais altos concedidos a cursos com ótimo desempenho.

O Programa de Engenharia Nuclear da Coppe, ao longo dos seus quase 56 anos, tornou-se um centro de excelência em ensino, pesquisa e extensão, sendo uma referência nacional para o setor nuclear. Suas linhas de pesquisa se concentram nas seguintes áreas: Física Nuclear Aplicada, Física de Reatores, Engenharia de Reatores, Análise de Segurança, e Engenharia de Fatores Humanos. O PEN tem forte interação com empresas públicas e privadas, em várias áreas: da geração de energia elétrica, passando transição energética, a aplicações na área da saúde e de alimentos.

Criado em 1971, o Programa de Engenharia Biomédica da Coppe foi o pioneiro da sua área no Brasil, e oferece cursos para alunos provenientes das ciências exatas e da saúde. Com amplo campo de atuação, capacita seus alunos para exercer atividades em diversos setores, como empresas de serviços e hospitais, além das áreas correlatas, como esporte, informática, manutenção de sistemas e instrumentais complexos, dentre outras. As linhas de pesquisa do programa se concentram nas áreas de Processamento de Sinais e Imagens Médicas, Análise do Movimento e Fisiologia do Exercício, Processamento de Sinais e Imagens Médicas, Engenharia Pulmonar, Engenharia de Sistemas de Saúde, Instrumentação Biomédica, e Ultrassom em Medicina.

O edital do processo seletivo para 2024 e o link para inscrição estão disponíveis nos sites do PEN (clique aqui) e do PEB (clique aqui).

Professora da Coppe participa de reunião voltada para o Plano Clima do Brasil

A professora Andrea Santos, do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, participará na próxima quarta-feira, dia 20 de dezembro, às 16 horas, da 2ª Reunião Ordinária do Grupo Técnico Temporário de Mitigação (GTT Mitigação). O grupo foi composto, em novembro do presente ano, com a finalidade de elaborar a Proposta Estratégica Nacional de Mitigação, o Plano Clima, para subsidiar o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM). Tal comitê é composto por técnicos de 18 ministérios, presidido pela Casa Civil e liderado pelo Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), onde será realizada a reunião.

O GTT Mitigação reúne cerca de 30 especialistas ligados a órgãos setoriais, incluindo a Rede Clima, do qual a professora Andrea atua com ênfase em Energia, e é coordenadora suplente. De acordo com a secretária Nacional de Mudança do Clima do MMA, Ana Toni, o Plano Clima, com as vertentes de mitigação e adaptação, será um “cartão de visita” do Brasil para a COP30, especialmente para convencer os demais países a ter metas mais ambiciosas e planos concretos.  “Esse trabalho vai pautar nossa ação política”, afirma. O Brasil vai sediar a COP30, em 2025, em Belém (PA), quando deverá ser realizada a segunda rodada de submissão de contribuições dos países para redução de emissões.

Diretora da Coppe toma posse como conselheira da TBG

A diretora da Coppe/UFRJ, professora Suzana Kahn tomou posse como conselheira de administração da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil (TBG), ontem, dia 18 de dezembro. Eleita conselheira durante a Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas da transportadora, realizada no último dia 15, Suzana diz estar entusiasmada e satisfeita por entrar para este conselho, exatamente em um momento de grandes e polêmicas discussões sobre o papel do gás no Brasil e qual seria a melhor forma de utilizá-lo no país.

Controlada pela Petrobras, a TBG é a primeira transportadora nacional a possuir gestão própria na operação e manutenção de dutos, e transporta até 30 milhões de metros cúbicos de gás natural diariamente e de forma ininterrupta. Uma quantidade essencial para ajudar a abastecer o país que tem poucas reservas de gás natural livre, e somente a indústria consome mais de 35 milhões de metros cúbicos, cerca de 50% do total consumido no Brasil.

Como explica a professora Suzana, em artigo publicado no Jornal Valor Econômico, em 29 de junho, tal carência de gás livre implica em custos de separação e tratamento de gás natural do óleo, no mar, e ainda com o transporte deste combustível a mais de 200 quilômetros de distância da costa brasileira, onde estão as principais reservas de petróleo.

Doutora pela Coppe é condecorada pelo Governo da França

A professora Kathia Marçal de Oliveira, doutora pelo Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc) da Coppe/UFRJ, acaba de ser condecorada pelo Ministério de Educação da França com o título de Chevalier dans l’Ordre de Palmes académiques (Cavaleiro da Ordem das Palmas Acadêmicas). A condecoração foi em função dos serviços prestados para e educação nacional durante sua trajetória acadêmica na Universidade Polytechnique Hauts-de-France (UPHF), onde é professora desde 2009.

Kathia diz ser uma grande honra receber essa distinção do Ministério de Educação da França, destacando o fato de ser uma brasileira e com toda formação acadêmica no Brasil, em instituições públicas, incluindo, além da Coppe, a graduação na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

No Pesc, Kathia concluiu seu doutorado em 1.999, sob orientação dos professores Ana Regina Cavalcanti da Rocha e Guilherme Horta Travassos. O título da tese defendida é “Modelo para Construção de Ambientes de Desenvolvimento de Software Orientados a Dominio”. O professor Guilherme destaca que, mesmo estando na França, Kathia nunca deixou de colaborar com o Brasil, tendo participado de projetos de pesquisas colaborativas e atuado no fortalecimento da colaboração entre a UPHF e universidades brasileiras. Ele cita um acordo de doutorado co-tutela com a Coppe, e a atuação para que a universidade francesa passasse a receber professores do Pesc como visitantes, e estudantes brasileiros para o doutorado.

Kathia seguiu uma carreira acadêmica de excelência e de conquistas, atuando no início na própria Coppe e na Universidade Católica de Brasília, antes de se mudar para a França. Uma das conquistas foi em 2014, quando foi aprovada no exame francês de habilitação para dirigir pesquisas (HDR – Habilitation à Diriger des Recherches). Trata-se da mais alta qualificação que um docente pode ter na França, e se obtém após o doutorado baseado na qualidade da prática profissional.

Professora titular e membro do conselho de administração da UPHF, desde 2019, Kathia já coordenou a equipe de pesquisadores do departamento e computação da universidade. A partir de 2016, passou a aturar como responsável pela relação internacional com a América Latina, e tornou-se membro dos conselhos de pesquisa e acadêmico, com participação até 2019. Entre outras e inúmeras atividades também se destaca a coordenação de um projeto de integração, envolvendo a França e a Bélgica de grande impacto social.

Seguindo a mesma linha de reconhecimento da Ordem Nacional do Mérito Científico, do Brasil, a Ordem das Palmas Acadêmicas, é a mais antiga condecoração francesa não militar sendo instituída, em 1808, por Napoleão Bonaparte. Desde 1866, essa distinção foi estendida a funcionários não docentes que prestaram serviços excepcionais à educação. As nomeações e promoções são feitas por decreto do primeiro-ministro da França, com base na recomendação do Ministro da Educação. A nomeação de Kathia foi por meio do decreto de 13 de julho de presente ano e a condecoração foi realizada na última segunda-feira, dia 13 de dezembro.

COP 28: Pesquisadora da Coppe apresenta recomendações para a Amazônia

Pauta de discussão nas últimas COPs, a Amazônia continua atraindo a atenção do mundo, pela importância do seu ecossistema para o planeta e também por ser lar de uma diversidade de habitantes, incluindo cerca de 410 grupos indígenas e uma multiplicidade de comunidades ribeirinhas cujos meios de vida estão entrelaçados com a biodiversidade da região, além de aproximadamente 6 milhões de agricultores de pequena escala e cerca de 28 milhões de residentes urbanos, que hoje representam pelo menos 70% da população da região. Atender às necessidades de infraestrutura dos diversos habitantes da região é um desafio. Esse desafio foi discutido durante a apresentação do policy brief (documento que visa auxiliar tomadores de decisão a adotarem políticas públicas) “A new infrastructure for the Amazon” pela pesquisadora Ana Carolina Fiorini, pesquisadora de pós doutorado do Programa de Planejamento Energético (PPE), da Coppe/UFRJ.

Energia renovável e descentralizada, conectividade e ter a população local como participante ativa das políticas públicas são algumas das recomendações do documento apresentado por Ana Carolina durante evento realizado no pavilhão do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, em inglês), na COP 28, em Dubai.

Ainda de acordo com o documento, “a infraestrutura na Amazônia priorizou o desenvolvimento nacional e outros interesses, que geralmente se inclinavam para atividades extrativas e políticas industriais domésticas (por exemplo, Zona Franca de Manaus) em vez das necessidades das populações locais ou preocupações ambientais”.

“A infraestrutura da Amazônia tem sido pensada para a exportação e não para a sua população. A região é exportadora da energia, mas em muitas áreas as pessoas não têm acesso à eletricidade.  Tem a maior bacia hidrográfica do planeta e ainda assim, sete em cada dez habitantes da região não têm acesso à água potável e saneamento”, criticou a pesquisadora.

Produzido pelo painel científico The Amazon we want, o policy brief também teve entre os seus autores o professor Roberto Schaeffer (PPE). Dentre as recomendações sugeridas pelos autores estão integrar considerações sociais e ambientais na infraestrutura; construir resiliência contra desastres naturais; e o reconhecimento dos direitos dos povos indígenas, afrodescendentes e outras comunidades locais e a garantia de seu acesso à Justiça.

Os autores defendem que o processo de planejamento e implementação de infraestrutura na Amazônia deve seguir um modelo mais inclusivo, horizontal e democrático, e que uma infraestrutura ambiental e socialmente adequada poderia se tornar um catalisador para o bem-estar das populações amazônicas e a proteção dos recursos da região.

Em relação à infraestrutura de transportes, os autores avaliam que “a infraestrutura de transporte existente levou ao desmatamento na região. É crucial que qualquer investimento em transporte seja acompanhado por forte regulamentação e fiscalização para evitar mais perda de floresta” e sugerem que a gama completa de opções de transporte (água, ar, ferrovia, estrada) seja considerada e integrada em rede. “No caso da Amazônia, o transporte aquático e a aviação são opções que podem fornecer conectividade com um impacto ambiental menor”.
 
De acordo com Ana Carolina, o estudo considera o trade off (situação em que há conflito de escolha) entre a construção de estradas, ampliando o desmatamento, e o consumo de combustível fóssil na navegação e na aviação. Até que as tecnologias para descarbonização destes setores evoluam, se considera interromper a expansão de estradas e, por um tempo, usar combustível fóssil enquanto as alternativas como sustainable aviation fuel (SAF – combustível sustentável de aviação) não forem competitivas.

O policy brief apresentado pela pesquisadora do laboratório Cenergia, Ana Carolina Fiorini, está disponível em: https://www.theamazonwewant.org/spa_publication/policy-brief-a-new-infrastructure-for-the-amazon/.

Professor da Coppe é eleito membro titular da ABC

O professor Eduardo Antônio Barros da Silva, do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe/UFRJ, foi eleito membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), na área “Ciências da Engenharia”. A entrega do diploma está prevista para maio de 2024, durante a Reunião Magna da ABC a ser realizada na cidade do Rio de Janeiro.

Veja abaixo a relação de professores da Coppe que já foram eleitos membros da ABC.

Titulares

Celina Miraglia Herrera de Figueiredo

Edmundo Albuquerque de Souza e Silva

Edson Hirokazu Watanabe

Eduardo Antônio Barros da Silva

Eugenius Kaszkurewicz

Geraldo Lippel

Fabiano Thompson

Jayme Szwarcfiter

José Carlos Pinto

Liu Hsu

Luiz Bevilacqua

Luiz Pereira Calôba

Luiz Pinguelli Rosa

Márcia Dezotti

Martin Schmal

Nelson Ebecken

Nelson Maculan Filho

Paulo Sérgio Diniz

Renato Cotta

Roberto Schaeffer

Romildo Toledo

Sandoval Carneiro Junior

Segen Farid Estefen

Valmir Carneiro Barbosa

Walter Mannheimer

Afiliados

Leda Castilho (2009 – 2013)

Juliana Braga Rodrigues Loureiro (2012 – 2016)

Carolina Naveira Cotta (2015 – 2019)

Miguel Campista (2018 – 2022)

André Lucena (2020 – 2024)

João Paulo Bassin (2021 – 2025)

Gabriela Ribeiro Pereira (2022 – 2026)

Francisco Thiago Sacramento Aragão (2023 – 2027)

Joana Portugal Pereira (2023 – 2027)

Coppe celebra 20 anos do LabOceano, uma de suas maiores vitrines

Professor Carlos Levi, idealizador do LabOceano, professor Paulo de Tarso, atual coordenador, e Fábio de Souza, representando os funcionários do laboratório

A Coppe celebrou nesta sexta-feira, 8 de dezembro, os 20 anos de um de seus mais bem-sucedidos laboratórios, responsável por mais de 150 ensaios para pesquisa e desenvolvimento de tecnologia inovadora para as indústrias petrolífera, naval e de energia renovável offshore: o Laboratório de Tecnologia Oceânica (LabOceano).

“Não é um projeto individual, é um projeto de uma série de pessoas que acreditam que o Brasil possa ser um país autônomo, desenvolvido, com menos desigualdade, sem tanto ódio. Nós, povo brasileiro, não somos melhores nem piores. Temos a mesma capacidade, basta nos organizarmos e nos unirmos. Acho que o LabOceano é um exemplo disso e espero que perdure por muitos anos”, destacou o coordenador do laboratório, professor Paulo de Tarso

“É um projeto de uma série de pessoas que acreditam que o Brasil possa ser um país autônomo, desenvolvido, com menos desigualdade, sem tanto ódio”, destacou o professor Paulo de Tarso.

“Vinte anos depois, as pessoas entram aqui e ainda se impressionam. Isso significa que foi pensado de forma muito inovadora. O LabOceano é uma vitrine da Coppe. Todas as autoridades que nos visitam querem conhecê-lo”, acrescentou a diretora de Tecnologia e Inovação da Coppe, professora Marysilvia Costa.

Professor do Programa de Engenharia Oceânica (PEnO), Paulo de Tarso apontou as tendências de projetos de pesquisa e desenvolvimento. Dentre elas a realização de testes com sistemas híbridos em tempo real; veículos autônomos não tripulados (vant); simulação virtual; integração do experimental (EFD) com o computacional (CFD); lançamento de estacas-torpedo; boia de sub-superfície; transição energética com energia de ondas – com o projeto piloto de usina de ondas, testado, com êxito, no Porto do Pecém (CE) e – energia térmica dos oceanos, acordo recentemente firmado para projeto piloto.

“O LabOceano é uma vitrine da Coppe. Todas as autoridades que nos visitam querem conhecê-lo”

Ao longo do evento foram relembrados diversos momentos importantes para o laboratório, como a inauguração do sistema de correntezas e do simulador de manobras, a realização de testes com tecnologia inovadora para eólica offshore.

O diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO) e professor do Programa de Engenharia Oceânica (PEnO), Segen Estefen destacou o papel das instituições que financiaram a construção do LabOceano: Finep, ANP e Petrobras. “Um trio imbatível, ainda mais quando também contam com a parceria da Faperj”, enalteceu o professor Segen.

Ao final, houve uma homenagem às instituições e às pessoas, funcionários e coordenadores, que mais contribuíram para a bem-sucedida história do LabOceano. Foram contemplados os professores Carlos Levi, Sérgio Sphaier, Marcelo Neves, Antonio Carlos Fernandes e Paulo de Tarso, e Fábio de Souza recebeu a homenagem representando os funcionários.

As instituições homenageadas foram a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP); a Petrobras; a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj); o Parque Tecnológico; a Fundação Coppetec; o Programa de Engenharia Oceânica, a Coppe e a UFRJ.

Sobre o LabOceano

Primeiro prédio a ocupar o Parque Tecnológico da UFRJ, o LabOceano conta com uma infraestrutura encontrada em poucos laboratórios do mundo para a condução de ensaios em hidrodinâmica experimental, computacional e modelagem numérica, além de treinamento profissional especializado. Possui o segundo mais profundo tanque de testes do mundo, com 40 metros de comprimento, 30 metros de largura, 15 metros de profundidade e mais 10 metros adicionais em seu poço central. Com 23 milhões de litros de água doce e altura correspondente a um prédio de oito andares, o tanque oceânico da Coppe é capaz de reproduzir as principais características do meio ambiente marinho e simular fenômenos que ocorrem em lâminas d’água superiores a 2 mil metros de profundidade.

Coppe apresentou estudo do transporte público pós-pandemia e promoveu mesa-redonda sobre os desafios do setor

Marina Baltar, professora da Coppe

Estudo realizado por pesquisadores do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ mostra mudanças no padrão de deslocamento dos usuários de transporte público da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), após a pandemia da Covid-19. De acordo com a pesquisa, que envolveu 4.300 pessoas da região, 14,5% modificou a forma de se locomover, gerando redução de passageiros em trens, metrô, barcas e ônibus. O estudo foi apresentado hoje, dia 8 de dezembro, pela professora Marina Baltar, do PET/Coppe, durante o 20º Congresso Rio de Transportes.

Coordenado pelo professor Glaydston Mattos Ribeiro, do PET/Coppe, o levantamento revela que entre os principais motivos da alteração estão o desemprego (23,61%), a mudança do local de destino (19,61%) e a adoção de regime de trabalho híbrido ou remoto (19,35%). Entre as consequências estão, por exemplo, uma pequena redução do uso somente de ônibus na RMRJ, um aumento de utilização de transportes por aplicativos nas cidades do Rio e São Gonçalo, e a redução do uso do metrô no Rio. São consequências que mostram perdas de passageiros nos transporte públicos, que inclui principalmente os que têm maior renda e escolaridade e migraram para carros particulares, independente de ser ou não por aplicativos.

Professor Glaydston Ribeiro durante a apresentação do estudo

Uma das motivações do estudo, intitulado “Será que mudamos? Um panorama do transporte público na Região Metropolitana do Rio de Janeiro”, é colaborar com medidas que torne a mobilidade mais sustentável na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ). Nesse sentido, após a apresentação do estudo foi realizada uma mesa redonda reunindo representantes das empresas de transportes públicos do Rio. Além de Marina e Glaydston, participaram o superintendente de Contrato de Concessões da CCR, Tiago Serra; a diretora de Operação da SuperVia, Rejane Micaelo; o especialista de Mobilidade do MetrôRio, Marcelo Mancini; a gerente de Mobilidade Urbana da Semove e professora do Cefet/RJ, Eunice Horário; e a professora da UFPE, Maria Leonor Maia, que mediou as discussões.

A necessidade de resgatar ou mesmo atrair mais usuários para o transporte público e que, para tanto, são necessárias ações de autoridades governamentais do estado e dos municípios, foi consenso entre os participantes. As ações passam por medidas como a implantação de um sistema de integração físico e tarifário, que envolva todos os meios de transportes públicos. De acordo com Marcelo Mancini, o metrô registrou queda de 20% na demanda de passageiros em março de 2020, e atualmente tal queda atinge 25%. O especialista explicou que o comportamento do usuário passou a variar muito e citou como exemplo os que embarcam na linha 2, que em sua maioria se deslocam para o trabalho. Parte destes, às vezes trabalha em home-office, principalmente em uma sexta-feira ou em dias chuvosos, não utilizando, assim, o serviço do metrô.

Representantes das empresas de transportes durante mesa-redonda que discutiu os desafios do setor

A queda de passageiros na Supervia foi maior ainda. Segundo Rejane Micaelo, a demanda de passageiros de trens atualmente é de 50% da que tinha no período pré-pandemia. De acordo a diretora de operação, além da falta de integração há também a questão de segurança pública que tem prejudicado e afastado usuários. Trata-se de um item detectado pelo estudo da Coppe como determinante para a escolha do tipo de transporte, bem como o custo da viagem. Esta questão, inclusive, foi mencionada por Eunice Horário, que considera caro o preço da passagem e que esta pesa muito no orçamento das pessoas. Por isso, defende que é preciso tornar os ônibus mais atrativos, com maior qualidade e menor tempo de viagem. Mas, para isso acontecer é preciso financiamento, o que diz ser um desafio. Tiago Serra disse que as barcas e o VLT, que são operados pela CCR, também tiveram grandes problemas, citando como exemplo o fato das estações das barcas receberem apenas 20% da capacidade de passageiros. Por isso fez coro com os demais participantes no pedido de mais segurança pública e melhor integração estre os transportes públicos.

LabOceano da Coppe celebra 20 anos de atividades

O Laboratório de Tecnologia Oceânica (LabOceano) da Coppe/UFRJ completou 20 anos mantendo plena atividade, desde sua inauguração, em 2003, pelo então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Até o momento, o laboratório já realizou mais de uma centena de ensaios e testes, que resultaram em inovações tecnológicas e confiabilidade aos equipamentos e estruturas voltados para os setores naval e petrolífero e para outras atividades offshore, incluindo as relacionadas à geração de energias renováveis em alto mar como as energias das ondas; térmica dos oceanos e eólica offshore.

Para comemorar as duas décadas de funcionamento, o LabOceano promove, no dia 8 de dezembro, a partir das 9 horas um evento com a participação das diversas instituições e personalidades que contribuíram de forma decisiva ao longo desta trajetória.

Primeiro prédio a ocupar o Parque Tecnológico da UFRJ, o LabOceano possui o segundo mais profundo tanque de testes do mundo, com 40 metros de comprimento, 30 metros de largura, 15 metros de profundidade e mais 10 metros adicionais em seu poço central. Com 23 milhões de litros de água doce e altura correspondente a um prédio de oito andares, o tanque oceânico da Coppe é capaz de reproduzir as principais características do meio ambiente marinho e simular fenômenos que ocorrem em lâminas d’água superiores a 2 mil metros de profundidade. Além disso, possui um sistema de geração de correntes, instalado em 2018, que amplia sua capacidade para reproduzir, com alta precisão, a diversidade das correntes marinhas em função da profundidade do mar.

No mundo, há poucos laboratórios similares ao do LabOceano como o Marintek, na Noruega, com 10 metros de profundidade; Marin, na Holanda, com 10,5 metros e Xangai, na China, com quase 11 metros.

Ensaios com pesquisas de ponta

Recentemente o LabOceano, em parceria com a empresa Sapura Navegação Marítima S.A., desenvolveu um simulador, o LabOsim, para treinamento de operação em navio PLSV (Pipe Laying Support Vessel), que é um modelo de embarcação projetado para apoio, instalação e lançamento de dutos flexíveis. O LabOsim funciona no ambiente de simulação do laboratório da Coppe que, distribuído em três salas com duas cabines de visualização e ambiente de realidade virtual, tem a capacidade de replicar com precisão situações de navegação do dia a dia de uma embarcação.

A implantação do equipamento de simulação é um trabalho inovador realizado no LabOceano, que na fase inicial desenvolveu um simulador de manobras para operações de isolamento e recolhimento de óleo no mar, no caso de derramamento. Trata-se de uma operação minuciosa em que duas embarcações conduzem uma barreira de contenção para impedir o espalhamento do óleo. Neste caso, os movimentos de ambas embarcações devem estar rigorosamente sincronizados sob risco de rompimento da barreira de contenção e comprometimento da missão de recolhimento do óleo. Nesta primeira etapa, o simulador recebeu recursos de projeto financiado pela Finep com participação da empresa Oceanpact Serviços Marítimos Ltda.

Segundo o professor Paulo de Tarso T. Esperança, coordenador-executivo do LabOceano, a principal finalidade do equipamento de simulação é treinar as tripulações das embarcações envolvidas nas operações. Sem este recurso, a tripulação tem que aprender durante as operações, com maiores riscos e os custos associados. “O Simulador é certificado a partir de informações obtidas em testes no mar e podemos acrescentar, quando necessário, resultados obtidos em ensaios realizados no tanque oceânico em embarcações com escala reduzida”, explica Paulo de Tarso.

Nestes 20 anos foram realizados inúmeros ensaios em equipamentos desenvolvidos a partir de pesquisas de ponta por empresas públicas e privadas de todos os continentes. Um dos ensaios envolveu um estudo inédito no Brasil para geração de energia limpa e renovável, com o objetivo de estudar o comportamento no mar de um sistema para geração de energia elétrica. “Nas zonas tropicais e subtropicais, o gradiente térmico entre a superfície e o fundo do mar pode atingir cerca de 20oC. Essa diferença de temperatura possibilita a geração de energia elétrica, por meio da utilização de princípios similares aos de um ciclo termodinâmico fechado”, explica o professor Paulo de Tarso.

Parte dos ensaios e pesquisas foi realizada pelos próprios professores e pesquisadores da Coppe para testarem suas inovações. Uma delas foi a Usina de Ondas, que funcionou durante dois anos em fase de testes no Porto de Pecém, no Ceará, e também é voltada para geração de energia limpa e renovável. A usina-piloto foi um projeto da Coppe, financiado pela Tractebel Energia S.A., dentro do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e apoiado pelo governo do Ceará. Idealizada e projetada no Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) da Coppe, a usina teve seu modelo testado no LabOceano e, hoje, insere o Brasil no seleto grupo de países que estudam diferentes conceitos tecnológicos para atingir um mesmo objetivo: comprovar que as ondas do mar podem produzir eletricidade com confiabilidade de suprimento e a custos viáveis.

Ampliação de estudos para geração de energia no mar

O LabOceano tem se aprofundado cada vez mais nos ensaios para geração de energia limpa, e, no momento, seu tanque oceânico está sendo utilizado para testar a performance de um modelo de tecnologia eólica offshore inédita no Brasil, iniciativa da Petrobras. O objetivo dos testes é avaliar o desempenho de um sistema eólico flutuante em escala reduzida – composto por um aerogerador apoiado em uma estrutura semissubmersível de quatro colunas – posicionado no tanque. O cenário reproduz as condições ambientais e de mar típicas do pré-sal da Bacia de Santos, onde a tecnologia poderá ser implementada em etapa posterior, após comprovação de sua viabilidade técnica e econômica.

Dentro de dois anos, os pesquisadores do laboratório atuarão nos ensaios de duas pesquisas para uma outra petrolífera, a China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), que estão sendo realizadas no LTS/Coppe. A primeira investiga as turbinas eólicas flutuantes em profundidades entre 60 e 150 metros. Já a segunda é voltada para a descarbonização das atividades de óleo e gás na região do pré-sal, em profundidades entre 500 e 2.500 metros, utilizando o conceito de parque híbrido com fontes eólica, de onda e solar. No LTS, a iniciativa é liderada pelo Grupo de Energias Renováveis no Oceano (GERO).

Inovação tecnológica e redução de custos

A exploração de óleo e gás no pré-sal trouxe muitos desafios tecnológicos e atraiu grandes investimentos, com vários sistemas offshore, envolvendo as mais diversas tecnologias, sendo construídos e instalados pelas empresas do setor. Mas, antes de sua construção e também de entrar em operação, esses sistemas precisam confirmar sua viabilidade técnica. Por isso, são fundamentais os ensaios experimentais com modelos reduzidos no LabOceano porque representam, com grande fidelidade, as reais condições enfrentadas no mar. O desenvolvimento da exploração no pré-sal intensificou a procura pelo laboratório da Coppe, cuja equipe é altamente qualificada e capaz de realizar os testes experimentais de forma realista, com a necessária introdução de novas técnicas e instrumentos de medição, o que implica permanente atualização.

Além disso, a equipe do LabOceano passou a construir seus próprios modelos de navios e plataformas offshore para a realização dos ensaios. Eles são construídos em uma oficina implantada no laboratório, em 2008, com equipamento apropriado, que conta com uma máquina de usinagem do tipo fresadora com controle numérico, capaz de fabricar modelos com até 6 metros de comprimento. “Os modelos fabricados de forma artesanal não eram adequados para a realização das pesquisas, pois não atendiam aos rigorosos critérios de precisão exigidos. Nossa oficina tem sido fundamental para garantir o atendimento dos prazos e da qualidade necessária para a realização de ensaios de modelos reduzidos em ondas”, explica Paulo de Tarso.

O LabOceano também possibilita vantagens técnicas e econômicas para as empresas sediadas no Brasil e na América do Sul. Quando foi inaugurado, em 2003, os custos diários para a realização de ensaios nos tanques europeus oscilavam em torno de US$ 20 mil. Tais custos, associados à necessidade de agendamento prévio dos testes e de deslocamento de equipes das empresas, restringiam o número de ensaios e, consequentemente, os benefícios proporcionados. Além da Petrobras, estão entre os principais clientes do laboratório empresas sediadas em todos os continentes como Shell, Floatec, SSP, Bluewater, SBM Offshore, Lockheed-Martin, Subsea7, Oceaneering, FMC, Technip e Vale.

Na primeira etapa da construção do LabOceano, foram investidos recursos provenientes dos royalties do petróleo, repassados pela Finep, por meio do fundo setorial CT-Petro, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e recursos concedidos pelo governo do estado fluminense, por meio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Para a instalação do sistema gerador de correntes foram investidos recursos provenientes da Petrobras/ANP e da Finep/MCTI.