
Imagine uma tinta que não apenas colore superfícies, mas também se limpa sozinha com a ajuda do sol — sem lavagens, sem manutenção constante. Pesquisadores da Coppe estão na vanguarda dessa inovação ao desenvolver uma nova geração de tinta autolimpante baseada em nanotecnologia avançada.
Diferente das formulações comerciais já existentes, que utilizam partículas convencionais de dióxido de titânio (TiO₂), a equipe da Coppe aposta em nanofios de TiO₂, estruturas alongadas e milhares de vezes mais finas que um fio de cabelo. Esses nanofios formam uma rede tridimensional altamente reativa dentro da tinta, aumentando significativamente a absorção de luz solar e, com isso, a eficiência do processo de autolimpeza.
“A nanotecnologia confere à tinta propriedades revolucionárias. Estamos falando de resistência aprimorada, maior durabilidade e funcionalidades como autolimpeza, ação antimicrobiana, termorregulação, magnetismo, autoreparo e efeitos ópticos”, explica Felipe Anchieta, doutorando do Programa de Engenharia da Nanotecnologia (PENt) da Coppe.
Como a tecnologia funciona
A inovação não está apenas na fórmula, mas no desempenho. Quando exposta à luz solar, a superfície pintada ativa os nanofios de TiO₂, que geram radicais livres — compostos altamente reativos que decompõem quimicamente a sujeira, fuligem e poluentes acumulados. Ao contrário das tintas autolimpantes convencionais, que apenas repelem impurezas, a tinta desenvolvida pela Coppe as elimina quimicamente, mantendo a superfície limpa por muito mais tempo.
Tudo isso sem comprometer a estética ou a aplicação: a tinta mantém cor, textura e modo de uso iguais aos de um produto comum — com a diferença de contar com uma tecnologia de ponta embutida.
Uma nova referência para a indústria
Apesar de exemplos notórios de uso de nanotecnologia em tintas — como a fachada da Igreja do Jubileu, em Roma — o diferencial da pesquisa da Coppe está no formato das partículas. Os nanofios captam mais luz, geram maior quantidade de radicais livres e reforçam a estrutura do revestimento, garantindo não apenas autolimpeza, mas também durabilidade superior.
Outro ponto inédito está no estudo da dosagem ideal desses nanofios, equilibrando funcionalidade e longevidade. A equipe está validando a tecnologia em condições reais, com testes de longa duração em diferentes ambientes e climas, além de desenvolver um processo viável para produção industrial em larga escala.
Se confirmados os resultados, essa nova tinta poderá representar um salto em sustentabilidade para o setor da construção civil — reduzindo custos com manutenção, economizando água e minimizando o uso de produtos químicos.
Com mais essa inovação, a Coppe reafirma seu papel como referência em pesquisa aplicada, mostrando como a nanotecnologia pode transformar materiais comuns em soluções inteligentes e sustentáveis para os desafios urbanos do futuro.