A Coppe/UFRJ recebeu esta semana a visita de dois diplomatas. Na segunda-feira, 22 de janeiro, a diretoria recebeu o embaixador Laudemar Gonçalves Neto para uma conversa sobre inovação, internacionalização e a produção nacional de fertilizantes. Na terça-feira, 23, a Coppe recebeu o cônsul-geral do Reino Unido, Anjoum Noorani.
Atuando no Ministério de Relações Exteriores (MRE), como secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura, o embaixador Laudemar colocou à disposição a estrutura diplomática para apoiar o esforço de internacionalização de instituições públicas e privadas brasileiras. “Nosso papel é mostrar que o Brasil além do samba, futebol e praias, é também um país inovador. Mostrar esse Brasil inovador e usar nossa rede de interconexões para apoiar o esforço de internacionalização das universidades e do setor produtivo”.
Durante o encontro, foi debatido o Centro de Excelência em Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Cefenp) que será instalado este ano no Parque Tecnológico da UFRJ. A iniciativa está em conformidade com o Plano Nacional de Fertilizantes, promulgado em 2023, que tem por meta reduzir de 85 para 50% utilização de fertilizantes importados até 2050. O Centro foi apresentado pelo superintendente de novas economias, do governo estadual, Pedro Veillard.
O professor Príamo Melo, coordenador do Programa de Engenharia Química falou da atuação do Laboratório de Desenvolvimento de Software (Lades), o qual possui várias frentes de trabalho, dentre as quais a produção de fertilizantes nitrogenados, a gestão de resíduos orgânicos sólidos, a síntese de produtos como uréia, amônia, geração de biogás, produção de biocarvão ou biochar, resultante da pirólise de materiais orgânicos ou de resíduos agroflorestais.
Internacionalização seguiu na pauta
Na terça-feira, 23, a Coppe recebeu o cônsul-geral do Reino Unido, Anjoum Noorani. A reunião tratou de possíveis parcerias entre a Coppe e instituições britânicas em temas como biomassa, integração de sistemas de energia, energias renováveis offshore, cidades inteligentes, prevenção e contingenciamento de desastres, e descomissionamento de estruturas offshore.
Segundo Alfredo Renault, diretor do Centro de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono (BxC) da Coppe, a Europa tem dado menos atenção à biomassa na sua parceria com o Brasil do que deveria. “É um tema em que o Brasil pode dar uma contribuição tecnológica relevante. Tem um viés energético, mas tem um potencial muito grande de rotas químicas para o resíduo da biomassa. O viés da química é importante no ponto de vista de agregação de valor, indústria de comércio, SAF (combustível sustentável de aviação), mas sem perder de vista a questão do potencial energético, seja como líquidos ou seja como oportunidade de geração de combustíveis como biometano, biogás”.
Na avaliação do cônsul britânico, essa é uma abordagem muito importante. “Analisando o debate político dentro do Reino Unido sobre biomassa; ela pode ter um papel muito importante na descarbonização, mas há uma dicotomia entre a produção de alimentos e de combustível. Para evitar essa má percepção é importante desenvolver fontes de biodiesel que não sejam fonte de algo que possa ser alimento, como o uso de bagaço e resíduos. Isso é viável e ajuda a aumentar o total de biocombustíveis, tornando o processo mais eficiente e circular”.
De acordo com Renault, a Coppe também está trabalhando de forma estruturada tecnologias de captura de CO². “As metas climáticas acordadas internacionalmente não serão cumpridas se a captura de carbono não for levada a sério. Restrição ao consumo não será o caminho seguido pelos governos, pela perda de base social. Adotar políticas nesse sentido só faria entregar o poder a governantes que não se preocupam com a agenda climática”, alertou. Na Coppe, há projetos em CCUS (captura, utilização e armazenamento de carbono), no Laboratório de Ensaios Não Destrutivos, Corrosão e Soldagem.
O encontro trouxe ainda a oportunidade de apresentar o Ceped – Centro de Estudos e Pesquisas de Engenharia em Desastres, criado em 2023. O diretor-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Coppe, professor Tharcisio Fontainha, lembrou a transversalidade do tema “desastres” e a importância de parcerias: “Atuamos sob a ótica tecnológica e também social em relação a desastres, com planos de contingência, evacuação de áreas de risco. Estamos também desenvolvendo pesquisas com parceiros na França, na Bélgica, e mais recentemente estreitando laços com o University College of London (UCL). É um tema diverso, que na Coppe é estudado por pesquisadores das Engenharias de Produção, Civil, Oceânica e Nuclear e lidando com áreas como Relações Internacionais, Direito, Serviço Social, tendo uma característica bem interdisciplinar”, concluiu.