Ministra da Saúde participa de lançamento do Centro de Engenharia da Saúde da Coppe

Com a presença da ministra da Saúde, Nísia Trindade, a Coppe/UFRJ lançou nesta segunda-feira, 6 de novembro, o Centro de Soluções em Engenharia da Saúde e inaugurou o Núcleo de Tecnologia e Inovação em Engenharia Biomédica (NTIEB), localizado no Centro de Tecnologia 2 (CT2), na Cidade Universitária. Compuseram ainda a mesa o reitor da UFRJ, professor Roberto Medronho, a vice-reitora, Cássia Turci, a diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, o decano do Centro de Tecnologia, professor Walter Suemitsu, e o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz. O evento integra o calendário comemorativo aos 60 anos da Coppe, celebrados em 2023.

A diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, destacou a nova perspectiva da universidade e particularmente da Coppe. “Temos essa missão, de ensino, pesquisa e inovação, mas estamos ao longo deste ano buscando reagrupar as áreas de atuação porque estamos percebendo que cada vez mais os conhecimentos estão se misturando, tornando-se multidisciplinares, e esta é uma forma de atender todas as demandas da sociedade”, comentou a professora Suzana, na abertura do evento, ao qual também estiveram presentes a deputada federal Jandira Feghali; a secretária municipal de Ciência e Tecnologia, Tatiana Roque, que é professora da UFRJ; e Mario Moreira, presidente da Fiocruz.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ressaltou a importância das iniciativas da Coppe na pesquisa e inovação em engenharia para aplicação na saúde. “Não causa estranhamento um centro de engenharia ter um direcionamento para questões de saúde. Vejo a engenharia de busca de soluções, e no caso da saúde, a competência já foi estabelecida aqui na Coppe. Esta interdisciplinaridade foi reforçada em todo o mundo durante a pandemia”, avaliou a ministra Nísia, que também é professora na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e fez questão de lembrar que passou pela Coppe ainda como estagiária.

O reitor da UFRJ, professor Roberto Medronho, também enfatizou a importância do combate à pandemia de covid-19 para o desenvolvimento de tecnologias voltadas para a saúde, mas destacou que ainda é preciso avançar. “Dez por cento do PIB do Brasil é do setor de saúde. Vinte milhões de empregos diretos e indiretos. Um terço das pesquisas científicas deste país são vinculadas à área da saúde. Por outro lado, cerca de 90% dos IFAs são importados. Isso traz uma vulnerabilidade para o Sistema Único de Saúde enorme”, comentou o reitor, referindo-se à necessidade de produzir no Brasil matéria-prima para medicamentos e vacinas.

No início da cerimônia, três professores da Coppe apresentaram um panorama das pesquisas da instituição voltadas para a saúde. O professor Guilherme Travassos, do Programa de Engenharia e Sistemas de Computação (PESC), relatou pesquisas e aplicações voltadas à saúde, como oxímetro e máscaras de proteção feitas em impressoras a raio laser, além do “covidimetro”, um painel que coleta informações a respeito da covid-19 que foi muito útil na pandemia.

A professora Leda Castilho, do Programa de Engenharia Química (PEQ), tratou de pesquisas voltada para fármacos e vacinas, inclusive a UFRJvac, trivalente cujos dossiês regulatórios já foram enviados para a Anvisa para obter autorização para realizar os testes químicos. O professor Luciano Menegaldo, do Programa de Engenharia Biomédica (PEB), apresentou os resultados obtidos em pesquisas e em desenvolvimento de aparelhos, como um monitor de função cerebral para unidades de terapia intensiva.

Na segunda metade do evento, foi inaugurado o NTIEB com uma homenagem in memoriam ao professor Antonio Infantosi pelos professores Antônio Maurício e Jurandir Nadal, ambos do PEB, que relembraram momentos da sua convivência acadêmica. Falecido em 2016, o professor Infantosi concebeu o projeto do NTIEB e conseguiu as primeiras verbas para sua construção.  “Lamento que o professor Infantosi não esteja aqui agora. Infelizmente ele teve que sair do barco e não está conosco aqui hoje vendo que estamos aportando neste porto seguro, exatamente como ele desejou que fosse”, comentou o professor Antônio Maurício.

A homenagem ao professor Infantosi contou ainda com um discurso emocionante do seu filho Rodrigo , também engenheiro. “Ele sempre foi um defensor da democracia e deixou esse legado fundamental. Foi um exemplo de austeridade do uso do erário público, durante a construção deste prédio”, contou Rodrigo, muito emocionado. Após a homenagem, a ministra Nísia cortou a fita de inauguração junto com Rodrigo, seu irmão Rafael e sua tia Maria Terezinha Vannucchi.

Na ocasião, o PEB e o Programa de Engenharia de Nanotecnolgoia (PENt) realizaram uma mostra de alguns projetos inovadores que estão sendo desenvolvidos e terão sua continuidade no NTIEB. O Núcleo abrigará salas e laboratórios destinados à expansão da infraestrutura desses dois programas.  Localizado no bloco 3 do CT2, ele integra o projeto do complexo de laboratórios projetados desde 2008 para a expansão do Centro de Tecnologia da UFRJ. Os quatro prédios construídos na área, inaugurados em 2010, abrigam a diretoria da Coppe, a Fundação Coppetec, o Laboratório de Sistemas Avançados de Gestão da Produção (Sage), o Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica dos Fluidos (NIDF), e o Laboraório de Macromoléculas e Colóides na Indústria do Petróleo (LMCP), do Instituto de Macromoléculas (IMA).

Os pesquisadores do NTIEB contarão com laboratórios equipados com tecnologias de ponta, proporcionando novas ferramentas que atenderão a linhas de pesquisa, na fronteira do conhecimento, em áreas como interface cérebro-computador, utilização de braços robóticos e reabilitação de pessoas com deficiência. O Núcleo promoverá inovação em sinergia com a área da saúde e com a indústria, com um espaço para abrigar novas empresas vinculadas à Incubadora da Coppe.

Coppe e convidados discutem as mudanças na Engenharia, no ensino e na sociedade

Com a participação de professores da Coppe/UFRJ e convidados externos da Capes, do BNDES e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi realizado na segunda-feira, dia 30/10, o evento “A Engenharia, a Coppe e um mundo em mudança”. Este foi o terceiro evento da série “Coppe e Sociedade”, realizada em comemoração aos 60 anos da instituição, e teve apoio da Fundação Coppetec. Também participaram o jornalista Pedro Dória, do canal Meio, e o comunicador e educador Marcelo Tas.

A Coppe/UFRJ recebeu, em duas recentes ocasiões, dirigentes da Nvidia e da Radix, ambas de grande relevância em seus segmentos de atuação. Nos encontros, foram discutidas possíveis parcerias para pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços inovadores.

Saiba como anda a produção de pesquisa em Engenharia desenvolvida pela Coppe/UFRJ em prol da sociedade. O que está sendo feito pela Coppe e o que vem por aí, todas as sextas-feiras, às 10h, com reapresentação às 15h. Também disponível nas principais plataformas e aplicativos de streaming. Visite nosso site (http://coppe.ufrj.br/) e nos siga nas redes sociais.

Realização: Assessoria de Comunicação da Coppe/UFRJ
Coordenação e locução: Roberto Falcão, Bruno Franco e Renata Felippe
Produção jornalística: Carlos Ribeiro e Diogo Ferraz
Gravação e edição de áudio: Gabriel Savelli
Apoio e estúdio de gravação: Laboratório de Produção Multimídia (LPM) da Coppe/UFRJ

Coppe lança Centro de Engenharia da Saúde

Ministra Nísia participará do evento. Foto Julia Prado – MS

A Coppe/UFRJ lançará na segunda-feira, 6 de novembro, o novo Centro de Engenharia da Saúde. O evento terá início às 9h30, no auditório da instituição, no Centro de Tecnologia 2 (CT2) e têm presença confirmada da ministra da Saúde, Nísia Trindade, e do reitor da UFRJ, professor Roberto Medronho. Na ocasião será inaugurado, no CT2, o Núcleo de Tecnologia e Inovação em Engenharia Biomédica (NTIEB). O auditório da Coppe fica na Rua Moniz Aragão, 360, bloco 1, Centro de Tecnologia 2, Cidade Universitária.

Durante a cerimônia, a diretora Suzana Kahn e os professores Guilherme Travassos, Leda Castilho e Luciano Menegaldo, todos da Coppe, apresentarão planos e projetos da instituição na Engenharia da Saúde. Na inauguração do NTIEB, será feita uma homenagem in memoriam ao professor Antonio Fernando Catelli Infantosi, seu idealizador, e apresentada uma mostra dos projetos inovadores do Programa de Engenharia Biomédica (PEB) e do Programa de Engenharia de Nanotecnologia (PENt) da Coppe.

O Centro de Engenharia da Saúde promoverá o desenvolvimento do ecossistema de inovação em saúde, na realização integrada com as mais diversas áreas de pesquisa da Coppe e da UFRJ de projetos e da materialização de soluções para o desenvolvimento e implementação de tecnologias de ponta, de sistemas eletrônicos, softwares, novos materiais, miniaturização e dispositivos óticos, a serem endereçados a questões como o aumento contínuo dos custos de saúde, a qualidade e a segurança dos procedimentos médico-hospitalares, a atenção ao envelhecimento populacional e a gestão hospitalar e laboratorial, entre outras soluções.

A criação de um ecossistema de inovação em Saúde se espelha no conceito dos ecossistemas de negócios ou empresariais e na influência que passaram a exercer para o desenvolvimento da inovação ao redor do mundo. Os pesquisadores contarão com laboratórios equipados com tecnologias de ponta, proporcionando novas ferramentas que atenderão a linhas de pesquisa, na fronteira do conhecimento, em áreas como interface cérebro-computador, utilização de braços robóticos, reabilitação de pessoas com deficiência. O NTIEB promoverá inovação em sinergia com a área da saúde e com a indústria.

Os laboratórios serão uma expansão dos já existentes no PEB. “Estamos replicando o que já temos aqui, como engenharia pulmonar, de instrumentação, análise estatística, processamento de sinais, só que com foco em inovação. Vamos manter as duas bases, os laboratórios não vão ser transferidos daqui para lá. Um objetivo é prestar serviços para o SUS que envolvam maior complexidade”, explica o professor do PEB Antonio Maurício Miranda de Sá.

Com o compromisso de impulsionar o desenvolvimento de equipamentos e técnicas novas para ajudar no diagnóstico mais eficiente, em novas terapias ou qualquer recurso que possa ser desenvolvido para a área da saúde, o projeto do Núcleo foi concebido e inicialmente coordenado pelo professor Antonio Infantosi, falecido em 2016. Após o seu falecimento, assumiram o projeto os professores Antonio Giannella e Antonio Maurício Miranda de Sá.

 “A ideia visionária do professor Infantosi é aproximar o potencial científico da Coppe das necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS), aplicando o que existe no ‘estado da arte’ da pesquisa científica nas soluções da Saúde e no atendimento à população”, conta o professor Antonio Mauríco de Sá.

Coppe debate Engenharia frente às mudanças do mundo

Professor Claudio Habert (PEQ/Coppe)

Com a participação de professores da Coppe/UFRJ e convidados externos da Capes, do BNDES e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi realizado ao longo desta segunda-feira, dia 30, o evento “A Engenharia, a Coppe e um mundo em mudança”, na Cidade Universitária. Este foi o terceiro evento da série “Coppe e Sociedade”, realizada em comemoração aos 60 anos da instituição, e teve apoio da Fundação Coppetec.

A abertura foi feita pela diretora de Tecnologia e Inovação da Coppe, professora Marysilvia Costa, que destacou o pioneirismo da instituição desde sua criação, com a adoção da dedicação exclusiva para professores. “Isso nos permitiu ter um corpo docente altamente qualificado”, comentou a professora Marysilvia, destacando que a Coppe sempre desenvolveu pesquisas aplicadas diretamente na sociedade, em parceria com as empresas.

A diretora de Tecnologia e Inovação, professora Marysilvia Costa

A importância da Coppe para a sociedade também foi destacada pelo professor Cláudio Habert, do Programa de Engenharia Química (PEQ), o primeiro dos 13 programas da Coppe, criado em março de 1963. “Além da modernização do modelo universitário, o professor Coimbra sempre se referia a fomentar o desenvolvimento tecnológico nacional”, destacou o professor Cláudio Habert, lembrando na apresentação do evento a atuação do professor Alberto Luiz Coimbra, criador da Coppe. 

Pela manhã, o debate foi direcionado para o diagnóstico da engenharia, de seu ensino e de sua pesquisa. Participaram o professor Cláudio Habert (Coppe), o professor Francisco Carlos Teixeira (UFRJ), Maurício Neves (BNDES) e o professor Álvaro Prata (UFSC). De tarde, as questões tratadas apontaram para os caminhos do fazer engenharia, com a participação do comunicador e educador Marcelo Tas e dos professores Jean-David Caprace e Edmundo de Souza e Silva, ambos da Coppe, da professora Maria Fernanda Elbert (Instituto de Matemática da UFRJ) e da professora Mercedes Bustamante, presidente da Capes.

A professora Angela Uller, ex-diretora da Coppe e atualmente coordenadora da unidade Embrapii-Coppe, fez uma provocação ao dar continuidade ao evento na parte da tarde. “Por que formar doutores?”, perguntou, defendendo a necessidade de uma formação mais transversal, de forma que os alunos possam ter um conhecimento mais amplo, defendendo também um estímulo maior, desde a graduação, para o empreendedorismo.

Palestra “Desenvolvimento Nacional, Segurança e Pesquisa Científica no Brasil, 1945-2003”

Professor Francisco Carlos Teixeira

Em sua palestra, o professor Francisco Carlos Teixeira fez uma rica, porém concisa digressão pela história do país, com foco em períodos fecundos de desenvolvimento produtivo, acadêmico, científico e também cultural. A criação da Coppe, por exemplo, se deu, nas palavras do professor, na alta modernidade brasileira, o período de Lúcio Costa, de Oscar Niemeyer. “A Coppe é um produto deste momento de efervescência e da capacidade brasileira e universitária de dar respostas às suas crises. Mesmo o golpe de 1964 não consegue deter essa modernização, até porque não era seu objetivo. A modernização não é interrompida, ela deixa de ser inclusiva”.

Para o palestrante, o Brasil se tornou um país produtor de alimentos e com base industrial. “Mas não solucionamos aqueles problemas que foram colocados lá por Caio Prado Jr, Gilberto Freyre e Sergio Buarque de Hollanda: a profunda desigualdade, uma desigualdade muitas vezes tingida de racismo”, avaliou o professor titular de História Moderna e Contemporânea da UFRJ.

Em relação aos autores citados, Francisco Carlos disse que são intelectuais que pensaram o Brasil, a história do seu espírito (Geistesgeschichte), buscando dar um sentido ao curso da História. “Essas raízes têm caráter do somatório dos homens que estão aqui e que Sérgio Buarque de Hollanda chama de homem cordial. O poeta Cassiano Ricardo foi um dos muitos que criticaram a expressão. Como falar em cordialidade com tanta violência? Mas o ódio e o amor vêm do coração. Somos acima de tudo um povo de grandes atos, de grandes falas, que saem do coração, neste sentido de radicalismo das decisões tomadas”, explicou.

Palestra “A neoindustrialização e o papel do BNDES no fomento à invocação”

Mauricio Neves (BNDES)

Ex-aluno de mestrado e doutorado do Programa de Engenharia de Produção da Coppe/UFRJ, Maurício Neves, que é chefe do Departamento de Inovação e Estratégia Industrial do BNDES,  apresentou a nova política industrial do banco, que está com a missão de retomar o protagonismo no apoio ao desenvolvimento da economia e da inovação do país. Segundo ele, o país atravessou um longo processo de desindustrialização, e o BNDES busca fomentar a economia e o desenvolvimento, atuando no que se tem chamado de neoindustrialização.

 “Não dá para se pensar na industrialização atual como se pensava anteriormente. Para se fazer política pública nesse atual contexto, é necessário considerar alguns eixos centrais, como inclusão (saúde e conectividade), transição climática, novas tecnologias e geopolítica”, explica Maurício Neves, que entende que a governança contemporânea não é mais setorial, mas vista sob a lógica de grandes missões. Assim, os setores se colocam nessa política em função de sua capacidade de contribuir mais ou menos com cada missão. “As missões servem pra moldar os ecossistemas. Uma resposta a uma política precisa ser dada de várias formas por um enorme conjunto de atores do mesmo ecossistema e não depender apenas do governo”, diz.

Sob esta nova visão, o governo definiu seis missões, nas quais o BNDES atua: cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais; complexo econômico industrial da saúde resiliente para reduzir as vulnerabilidades do SUS; infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis; transformação digital da indústria; bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas; tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais. “Vamos facilitar a vida de quem quer investir em inovação”, conta.

Palestra “A engenharia e o futuro do Brasil”

Professor Alvaro Prata (UFSC)

O professor Álvaro Prata, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), trouxe à discussão os papéis da ciência e da engenharia. “A ciência olha para o mundo e entende como as coisas funcionam. Mas é a engenharia que é responsável por criar o mundo em que vivemos, não é possível pensar o mundo hoje sem a engenharia. O engenheiro quer transformar o mundo, usar o conhecimento científico para alcançar uma melhoria”, avaliou o professor do Departamento de Engenharia da UFSC.

Na opinião do palestrante, é fundamental que a engenharia e os engenheiros entendam que para transformar e melhorar é preciso desenvolver uma consciência, uma preocupação com as questões que permeiam a sociedade. No plano nacional, para o professor Álvaro Prata é necessário fazer duas coisas para o Brasil se tornar um sucesso como nação. “Resolver as nossas fragilidades, que já deveríamos ter resolvido, e olhar para nossas vantagens comparativas para as outras nações”, comentou, referindo-se, entre outras coisas, à desigualdade, uma fraqueza, e a capacidade de geração de energia, inclusive limpa, como um ponto forte. “Precisamos ter foco, estratégia e sentido de urgência para resolvermos nossas fragilidades e aproveitar nossas vantagens”, avaliou.

Inovação: a criatividade na era digital

O comunicador Marcelo Tas participou remotamente do evento

Durante sua fala sobre “a criatividade na era digital”, o educador e comunicador Marcelo Tas enfatizou por inúmeras vezes o papel fundamental que o viés tem, principalmente nesta época da revolução digital e da inteligência artificial. Marcelo Tas explicou que é muito importante entender o que é crucial, ter consciência do viés, para que se tenha uma troca de informação com qualidade.

De acordo com ele, o mundo digital traz rapidamente os vieses, e cada um tem o seu próprio, e por isso, é muito relevante termos essa consciência ao nos comunicarmos. Marcelo Tas também disse que, para funcionar, a inteligência artificial precisa de boas perguntas, e o professor pode ser um vetor neste debate.

Ao responder a uma pergunta da professora Angela Uller sobre uma forma de manter a atenção do aluno durante uma aula virtual, Marcelo disse que o essencial é encontrar a dosagem, o ponto certo. Na visão dele, ser interessante remotamente é um desafio maior do que presencialmente, e os encontros e as atividades presenciais deveriam ser mais valorizados e mais usados de uma forma mais aproveitável.

Mesa-redonda

Em sua participação, denominada “Escrita científica na era da Inteligência Artificial: desafios e oportunidades para engenheiros”, o diretor de Assuntos Acadêmicos da Coppe, professor Jean-David Caprace, contou que uma aluna lhe perguntou, no ano passado, se poderia usar o ChatGPT para ajudá-la a escrever artigos científicos e a sua primeira reação “foi de medo intenso”. “Eu fiz um levantamento do que é possível fazer com algoritmo de LLM na aplicação específica da escrita científica e são muitas as possibilidades: desde a revisão da bibliografia; resumo de artigos de terceiros; procurar publicações e melhores referências bibliográficas de um assunto do momento; gerar gráficos; escolher o melhor periódico para publicar seu artigo; propor a estrutura do artigo; terminar a escrita de uma frase; analisar dados; fazer proofreading; verificar se há plágio. Tudo isso é possível fazer com Inteligência Artificial”.

Maria Fernanda Elbert, Edmundo de Souza e Silva, Jean-David Caprace e Pedro Dória

“É interessante como a indústria adotou essa ideia e em menos de um ano há dezenas de empresas vendendo soluções. Temos que entender essas ferramentas e suas limitações. Precisamos entendê-las para ensiná-las aos nossos alunos. IA é uma ferramenta que oferece novas oportunidades, mas o sucesso e o fracasso dependerão de como as pessoas a utilizarão e como aprenderão com ela”.

Edmundo de Souza e Silva, professor do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (PESC), tratou do tema “Atenção (com Educação) é (quase) tudo que precisamos: ensino/aprendizado e pesquisa na era de IA”. O professor disse que a Inteligência Artificial abre uma janela de oportunidades, que permitirá acelerar o avanço da educação em todos os níveis

De acordo com Edmundo, em julho deste ano, a Nature divulgou que o ChatGPT quebrou o Turing Test. “Isso mostra o quanto os LLM (modelos de linguagem de grande porte) representam que há uma mudança disruptiva em curso. Como os LLM podem ser incorporados na formação dos pesquisadores? Indivíduos e países com maior renda encontrarão com maior facilidade maneiras de explorar a linguagem generativa, o que reforçaria as desigualdades existentes”, ponderou o professor.

Segundo a professora Maria Fernanda Elbert, do Instituto de Matemática (IM/UFRJ), a agenda climática e a automação estão modificando o mercado de trabalho e exigindo novas expertises. “Nesse paradigma, serão necessárias, e valorizadas, habilidades como criatividade, pensamento crítico, adaptabilidade e trabalhar de maneira colaborativa”, comentou a professora, durante sua participação, intitulada “Universidade do Futuro”.

A professora citou dados do censo da educação superior de 2022, divulgado pelo INEP, que revelam, dentre outras coisas, o alto grau de evasão no ensino superior e o longo tempo de permanência dos alunos na universidade. Citou ainda um estudo da professora Letícia Picanço, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Diferenças, Desigualdades e Estratificação (LEDDE/UFRJ), que aponta como principais motivos para a evasão na UFRJ a saúde mental, a não identificação com o curso escolhido e não conseguir acompanhar o conteúdo oferecido.

Palestra “Perspectivas para a Pós-Graduação no âmbito do PNPG”

Mercedes Bustamante (Capes)

A presidente da Capes, professora Mercedes Bustamante, falou sobre o papel dos mestres e doutores nas sociedades e tratou da importância da Capes para a pós-graduação do país. Também apresentou dados estatísticos sobre a situação da pós-graduação no Brasil, como os que revelam a distribuição geográfica dos programas de pós-graduação e evidenciam desigualdades regionais, sociais, étnico-raciais, linguísticas e de gênero no acesso, permanência e conclusão dos cursos. Esses dados estão sendo utilizados na discussão e elaboração do novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) 2024-2028.

O PNPG 2024-2028 é um instrumento de planejamento de políticas públicas para o desenvolvimento do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) para os próximos quatro anos. Seu processo de construção acontece de forma coletiva, em consulta pública aos estados e aos entes federados e aos servidores da Capes, dentre outros. Começou a ser elaborado em julho de 2022 e está previsto para ser concluído em dezembro deste ano, quando será enviado para aprovação do Conselho Superior.

Para a professora Mercedes, esse esforço coletivo para a produção do PNPG promove o enfrentamento de desafios extremamente complexos para a inovação da pós-graduação brasileira. “Vivemos numa era em que temos explosão do conhecimento cientifico, mas é preciso saber também decifrá-lo e analisá-lo criticamente, com a percepção de que temos problemas sociais bastante complexos. Nosso país é conflagrado por uma série de desigualdades. Como seremos capazes de evoluir e enfrentar esses desafios e entender as demandas e as aspirações da sociedade?”, comentou.

Coppe debate benefícios e riscos do descomissionamento de estruturas offshore

Os professores Paulo Solomon e Murray Roberts à mesa. Joseph Nicolette e professor Sean van Elden participaram remotamente

A Coppe/UFRJ recebeu nesta sexta-feira, 27 de outubro, o 1° Seminário Científico Internacional Descomissionamento Sustentável, uma iniciativa do hub Conexões Interdisciplinares para o Descomissionamento Sustentável (Conids). O evento, realizado no auditório da Coppe, teve como tema “Serviços Ecossistêmicos no Ambiente Marinho” e proporcionou um rico debate sobre a experiência internacional e as perspectivas futuras do descomissionamento de estruturas offshore.

O seminário teve como palestrante o professor Murray Roberts, da Escola de Geociências da Universidade de Edimburgo (Escócia), e como painelistas o professor Sean van Elden, da Universidade de Westeen Australia, Paulo Solomon, do Instituto de Biologia (IB/UFRJ) e pesquisador do Sage, e Joseph Nicolette, vice-presidente do Ecosystem Service Economics of Montrose Environmental (Austrália).

De acordo com o professor Murray Roberts, está se construindo um consenso científico de que a remoção completa das estruturas não é sempre a melhor opção. Segundo ele, há uma mudança rumo a uma política de descomissionamento sustentável, mas a escala do desafio requer que governos, indústrias e universidades somem forças.

O professor Murray Roberts, da Universidade de Edimburgo (Reino Unido)

O professor Roberts abordou projetos como o Decommissioning – Relative Effects of Alternative Management Strategies (Dreams) e demais projetos do Insite (Influence of Structures In The Ecosystem – Influência das estruturas no ecossistema, em português), grupo de pesquisa, do qual Roberts faz parte do conselho consultivo, dedicado à compreensão do impacto das estruturas feitas pelo homem no ambiente marinho do Mar do Norte.

O projeto Dreams envolveu uma compilação do que a literatura científica apresenta e como ela pode embasar a tomada de decisão. “Há tanto aspectos positivos quanto negativos para a sociedade. Como disse o Lord May, cientista-chefe do governo britânico entre 1995 e 2000, ‘o papel dos cientistas não é escolher entre alternativas, mas determinar quais são estas alternativas’”, afirmou Roberts.

O professor da Universidade de Edimburgo abordou ainda projetos com uso de embarcações autônomas e demais mecanismos de Inteligência Artificial e o estudo sobre como campos eletromagnéticos de cabos de tensão em estruturas eólicas offshore impactam o comportamento da fauna marinha, sobretudo em elasmobrânquios (tubarões e raias).

“Não é a minha área do conhecimento, mas um artigo dos professores Abigail Davies e Astley, Hastings, da Universidade de Aberdeen, mostra que as emissões de gases de efeito estufa, resultantes do descomissionamento, vêm sendo subestimadas em 50%. Segundo os autores, o descomissionamento da infraestrutura de óleo e gás já resultou na emissão de 25 MtCO2e (megatoneladas de equivalente de carbono) globalmente e representam 0,5% das emissões globais anuais. E elas vão aumentar exponencialmente, chegando a 5 GtCO2e, até 2067. Isso traz questões importantes e grandes incertezas”, relatou.

Conservar as estruturas e transformá-las em novos ecossistemas

O professor Marcelo Igor (PEnO) é um dos coordenadores do Conids

Vice-presidente da Montrose Environmental, Joseph Nicolette falou sobre avaliação comparativa que é realizada na empresa australiana, no projeto Net Environmental Benefit Analysis-Comparative Assessment (NEBA-CA). O projeto visa maximizar os benefícios dos serviços ecossistêmicos ao público enquanto gerencia os riscos ambientais.

Segundo Nicolette, a avaliação comparativa deve atender a critérios como: objetividade; transparência; relevância e qualidade das informações; consistência com as normas regulatórias; proteção da saúde humana e ambiental; incorporar o conhecimento dos stakeholders; ser replicável e cientificamente robusta.

“A avaliação deve considerar os serviços ecossistêmicos, quer sejam de uso ecológico, como cadeia alimentar da vida selvagem, proteção em relação a predadores, habitat para nidificação e desova, ou de uso humano, como pesca, turismo, atividades náuticas, caça, observação de pássaros”, enumerou.

De acordo com Nicolette, estudando as consequências em longo prazo das possíveis opções para descomissionamento de estruturas offshore, os pesquisadores do NEBA-CA concluíram que proteger as estruturas no próprio local mostrou trazer mais benefícios e menos riscos e prejuízos, ao passo que a remoção completa das estruturas teria o resultado oposto.

O professor Paulo Salomon, do Instituto de Biologia (IB/UFRJ), fez uma descrição do cenário que o descomissionamento encontra no Brasil, um país com quase oito mil quilômetros de extensão costeira e cuja zona econômica exclusiva (ZEE), com 960 mil km², não ao acaso é chamada de “Amazônia Azul”.

Pesquisador associado do Núcleo Prof. Rogério Valle de Produção Sustentável (Sage) da Coppe, Salomon apresentou também o projeto Novo Bioma Fluminense, iniciado em 2013, e que contou com expedições interdisciplinares ao litoral do estado do Rio de Janeiro, em 2021 e 2023.

O professor Sean van Elden, da Universidade de Western Australia, por sua vez, destacou que o uso de Stereo-Bruvs (baited remote underwater stereo-video systems) se mostrou um método efetivo para amostragem de comunidades de plataformas offshore. Segundo van Elden, foram realizadas seis expedições em três anos, na costa noroeste da Austrália, na qual a exploração de petróleo começou em 1953 e cerca de sessenta plataformas continuam em operação.

“As expedições geraram 1.125 bruvs, 1.700 horas de filmagens e 35 mil animais de 358 espécies foram encontradas. O método é custo-eficiente, não-destrutivo e pode ser usado em larga escala gerando um registro do momento presente das comunidades marinhas. A nossa conclusão é que as plataformas offshores podem ser avaliadas como novos ecossistemas, a plataforma de Wandoo atende a esses critérios e atua como uma área marinha protegida (MPA) de facto.”

O hub Conexões Interdisciplinares para o Descomissionamento Sustentável (Conids) é coordenado pelos professores Virgílio Ferreira Filho, do Programa de Engenharia de Produção (PEP), e Marcelo Igor, do Programa de Engenharia Oceânica (PEnO), e tem coordenação-executiva da pesquisadora Laurelena Palhano (PEP).

A Engenharia, a Coppe e um mundo em mudança

A Coppe/UFRJ promove o evento “A Engenharia, a Coppe e um mundo em mudança” como parte das comemorações pelos 60 anos da instituição, celebrados agora em 2023. O evento contará com a participação do comunicador Marcelo Tas, que irá proferir, de forma remota, a palestra “A criatividade na era digital”, de diversas lideranças acadêmicas e do jornalista Pedro Dória, editor do Canal Meio.

O Programa de Engenharia Química (PEQ) promoveu nesta semana a 21ª edição do Colóquio de Engenharia Química. Este ano, o PEQ comemora 60 anos de existência, tendo sido o primeiro programa de pós-graduação em Engenharia no Brasil. Além disso, é o único programa de pós-graduação em Engenharia Química a receber sempre a avaliação máxima da Capes.

Saiba como anda a produção de pesquisa em Engenharia desenvolvida pela Coppe/UFRJ em prol da sociedade. O que está sendo feito pela Coppe e o que vem por aí, todas as sextas-feiras, às 10h, com reapresentação às 15h. Também disponível nas principais plataformas e aplicativos de streaming. Visite nosso site (http://coppe.ufrj.br/) e nos siga nas redes sociais.

Realização: Assessoria de Comunicação da Coppe/UFRJ
Coordenação e locução: Roberto Falcão, Bruno Franco e Renata Felippe
Produção jornalística: Carlos Ribeiro e Diogo Ferraz
Gravação e edição de áudio: Gabriel Savelli
Apoio e estúdio de gravação: Laboratório de Produção Multimídia (LPM) da Coppe/UFRJ

Professor Luiz de Miranda lança nova edição de seu livro “Os Magadaes”

O professor da Coppe/UFR Luiz de Miranda lançará a reedição de seu livro “Os Magadaes”, no sábado, dia 28 de outubro, às 11 horas, durante um bate papo na Casa Stefan Zweig (CSZ), com entrada franca. A obra será apresentada em uma roda de conversa descontraída com o público, a ser mediada pela jornalista Kristina Michahelles. A CSZ fica na Rua Gonçalves Dias, 34, Valparaíso, Petrópolis (próximo às Duas Pontes).

Foi no cotidiano da Bélgica, onde cursou seu doutorado, que Luiz de Miranda, professor do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Coppe, encontrou inspiração para “Os Magadaes”, cuja primeira edição veio a público em 2020 e que agora é relançado pela Letra Capital Editora. Influenciado por um conto de Oscar Wilde, “Os Magadaes” entrelaça três contos que se passam nas Ardenas belgas nos anos 1970, numa atmosfera de realismo fantástico e romance noir, misturando arte, política, alquimia, romantismo e beleza. As outras influências literárias de Luiz de Miranda vão desde os contos caipiras do interior mineiro até autores como Marcel Pagnol, Edgar Alan Poe e Gabriel García Marques.

O enredo se passa no Asilo dos Lilases, uma encantadora mansão no vale do Semois, dirigida pelo doutor Dumont, que observa os idosos internados para descobrir o que é a velhice e descobrir o elixir da longa vida. Os protagonistas que tecem o enredo contam com a sensual Nicole, que seduz o apaixonado Nestor, o revolucionário e contestador Homero e o sonhador alquimista Théo, cujo sonho é produzir a rosa azul, até o exasperado Jules.

O professor conta que “Os Magadaes” foi escrito quando, no mundo, ainda existiam a Primavera de Praga, a guerra do Vietnã, o ETA, o IRA, Salazar, Franco, as ditaduras da América do Sul, as colônias africanas de Portugal e o apartheid na África do Sul. No Brasil, o AI-5 estava completando dois anos e os gritos de gol de Pelé ajudavam a calar os gritos de dor nos porões do DOPS.

“Eu recorria à escrita literária nas noites insones para descansar das pesquisas para a tese. A escrita literária sempre foi meu hobby, mas somente agora decidi desengavetar esses textos, numa tentativa de restaurar a beleza nesse mundo. As pessoas vão se sentir transportadas para um jardim maravilhoso” conta o professor, que se aposentou em 2009, após 30 anos dedicados à docência.

Em “Genealogia”, um dos contos que compõe o livro, o autor parte de um fato histórico real, a chegada de Martin Afonso de Souza ao Brasil, no século XVI, que deixou seu armeiro Pero Gonçalves no local onde se tornaria a cidade do Rio de Janeiro. A partir disso, constrói uma história dialética de sucessões geracionais que culminam em 1991, 460 anos depois, em um “mestre armeiro” do tráfico de drogas no Morro do Borel.

O livro também está disponível na versão E-book, com duas músicas: a segunda parte da suíte de Ravel, “Daphnis et Chloé, e a suíte de Rimsky Korsakov, “A Lenda da cidade invisível de Kiteh”.

Sobre a Casa Stefan Zweig

A Casa Stefan Zweig é uma entidade cultural de direito privado, sem fins lucrativos, com sede na cidade de Petrópolis. Seu principal objetivo é homenagear a memória de Stefan Zweig na casa que serviu de última morada para o escritor e sua mulher. O museu Casa Stefan Zweig é também um Memorial do Exílio, destinado a divulgar as obras de outros artistas, intelectuais e cientistas que se refugiaram no Brasil durante no período 1933-1945 e que contribuíram para a cultura, as artes e a ciência do país. Fiel ao ideário de Stefan Zweig, pretende ser um centro de referência em defesa da paz, do humanismo e da democracia.

Além de realizar atividades culturais como exposições, mostras, concursos, programações e produções teatrais, cinematográficas e de mídia; a CSZ tem parcerias com entidades afins, oferecendo acesso online a pesquisadores e ao público em geral. Em 2023, com uma nova equipe de educadores e produtores culturais, a Casa Stefan Zweig busca o envolvimento da comunidade petropolitana, com ênfase no público jovem (estudantes de escolas públicas e privadas).

O futuro do PEQ: mais diversidade e mais convivência

O Programa de Engenharia Química (PEQ) da Coppe/UFRJ está promovendo esta semana, de 24 a 27 de outubro, a vigésima primeira edição do seu Colóquio de Engenharia Química. Após a solenidade de abertura, o Colóquio reuniu docentes de três diferentes programas acadêmicos para debaterem o momento atual, o legado histórico e os desafios futuros da instituição, na plenária Coppe: Passado, Presente e Futuro.

Dela participaram os professores Nelson Maculan, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (PESC), Alexandre Szklo, do Programa de Planejamento Energético (PPE), e Príamo Melo, coordenador do PEQ. A mesa foi mediada pelo professor Cristiano Piacszek Borges, também do PEQ.

De acordo com o professor Alexandre Szklo, a Coppe se organizou em torno de uma ideia, de um sonho, da perspectiva de que o mais importante na Engenharia é realizar. “A Coppe se organiza em torno de uma ideia de excelência, de formação de pessoas, de contribuição ao Brasil. Ser capaz de transmitir essa ideia é um grande desafio”.

Engenheiro químico de formação, Szklo observou que o país precisa fortemente de engenheiros, para não cumprir a “maldição de Stefan Zweig”, de “ser o país do futuro que não consegue lidar com seu passado” e que o desafio da instituição é “vencer o desafio da entropia, o que significa manter a qualidade”.

“A vida existe porque consome qualidade do meio externo. O nosso desafio é consumir qualidade do exterior, ou seja, atrair novos alunos, novos pesquisadores, que vão compartilhar esta ideia. Transformações são urgentes, vivemos o desafio da Inteligência Artificial, vivemos uma urgência climática, e o desafio da complexidade do futuro, que é de muito difícil projeção. Como diz o professor Benjamin Sovacool, da Universidade de Sussex, o futuro terá que ser engenheirado”, ponderou o professor Szklo.

Refletindo sobre sua vivência como professor da Coppe e como conciliar a defesa do legado com a percepção e adaptabilidade necessárias para que instituição mantenha sua arte de antecipar o futuro, o Professor Emérito da UFRJ, Nelson Maculan, destacou que “precisamos de lugares para conversarmos. Os alunos passam muito tempo em sala de aula e pouco em espaços de convivência”, e lamentou o fechamento do restaurante Burguesão, tradicional ponto de encontro da comunidade universitária, em frente ao Bloco H do Centro de Tecnologia (CT). “O fechamento do Burguesão foi péssimo, pois era um espaço que juntava colegas de diferentes unidades, inclusive da Faculdade de Letras”, enfatizou.

Um futuro com mais inclusão e diversidade

Provocados, no bom sentido, pela aluna Giovanna Ronzé, sobre a visão de futuro do Programa e a necessidade de torná-lo mais diverso, os professores consideraram que houve avanços, mas que a diversidade na universidade ainda está aquém do ideal. O professor Maculan ressaltou a importância da adoção de cotas sociais e raciais. “Dando condições às pessoas, elas sobem. Hoje, a melhor aluna da Faculdade de Medicina é uma cotista negra. Eu defendi a adoção de cotas raciais na UFRJ e fui criticado, no passado, e chamado de racialista”.

O reitor da UFRJ, professor Roberto Medronho, também abordou o tema na abertura do Colóquio. “Muitas pessoas ditas progressistas foram contra a ampliação do número de vagas. Diziam que a universidade perderia sua excelência. A UFRJ dobrou as vagas e mantivemos a excelência. A cota racial não passou a primeira vez no Conselho Universitário. A universidade ainda é profundamente elitista. Essa universidade ainda não é acolhedora com alunos da inclusão social. Não foi acolhedora comigo e com meu irmão, que somos filhos de ferroviários”.

“Nós temos um compromisso. Transformar a nossa excelência em serviços prestados ao povo e ajudar a reconstruir esse país. Como servidores públicos ou egressos do serviço público, temos o compromisso com o mundo a transformá-lo em um mundo mais fraterno, solidário, igualitário, saudável e sustentável”, completou o reitor.

Segundo o professor Príamo, a universidade reflete a sociedade e esta é estruturalmente racista. “Esse assunto é sempre jogado por debaixo do pano, a menos que pessoas aguerridas levantem a bandeira da luta por oportunidades iguais. Aqueles que acreditamos na causa precisamos continuar a lutar. Refiro-me não apenas ao legado da escravidão como de outros grupos minoritários que são muito discriminados em nossa sociedade”.

“A universidade é sim elitista e, quando o assunto chega aos colegiados universitários, sempre rende muita discussão. Ainda tem um bom chão pela frente para a gente poder se orgulhar de caminhar pelos corredores e encontrar essa diversidade”, concluiu o coordenador do PEQ.

PEQ celebra seus 60 anos

Neste ano de 2023 em que celebra seus 60 anos, o Programa de Engenharia Química (PEQ) da Coppe/UFRJ promove a vigésima primeira edição do Colóquio Anual de Engenharia Química.  Desde a sua primeira edição, em 2001, o evento tem como objetivo promover discussões a respeito de assuntos relevantes na Engenharia Química e em áreas afins, por meio de minicursos, mesas-redondas, conferências e apresentação de trabalhos.

A solenidade de abertura, na quarta-feira, 25 de outubro, contou com a presença do reitor da UFRJ, professor Roberto Medronho; o pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa, professor João Ramos Melo; do decano do Centro de Tecnologia, professor Walter Suemitsu; da diretora de Tecnologia e Inovação da Coppe, professora Marysilvia Costa; e do diretor-executivo do Parque Tecnológico da UFRJ e ex-diretor da Coppe, Romildo Toledo, que é professor do Programa de Engenharia Civil (PEC). 

Em sua mensagem de boas vindas, o coordenador do PEQ, professor Príamo Melo, destacou que esta edição do Colóquio é uma celebração do sexagésimo aniversário do Programa de Engenharia Química, o primeiro da Coppe e o primeiro do Brasil (na Engenharia Química). “É uma trajetória que começou em 1963 e que transformou vidas, moldou futuros e contribuiu para o progresso da sociedade. Ainda somos e seguimos o legado de nosso maior mestre, o professor Alberto Luiz Coimbra”, comentou, em referência ao criador da Coppe.

“Nosso programa, como uma sinfonia, foi composto com precisão, cada nota desempenhando um papel significativo. Gostaria de citar os pioneiros, os ajudantes do Coimbra, como Giulio Massarani, Carlos Augusto Perlingeiro, Afonso da Silva Telles e outros, dedicados a canalizar seus conhecimentos para moldar mentes brilhantes. O conhecimento adquirido nessa jornada de 60 anos tem sido um catalisador para a inovação, um elixir para a criatividade e uma ferramenta poderosa para a mudança”, disse o professor.

Príamo citou uma frase de Steve Jobs, em que ele dizia que a inovação distingue um líder de um seguidor. “Nossos pesquisadores não são seguidores. Eles são arquitetos de um futuro que desafia limites do que é considerado possível. Aqui na Coppe, como um todo, vimos avanços em energia renovável, inteligência artificial, bioengenharia e infraestrutura sustentável. Provamos que a imaginação alimentada pelo conhecimento pode remodelar o mundo. Não foram poucos os desafios, mas eles nos tornaram os engenheiros resilientes e adaptáveis que somos”.

A diretora de Tecnologia e Inovação da Coppe, professora Marysilvia Costa, ponderou que a universidade ainda atravessa um período de pós-crise na sociedade, na saúde, no conhecimento, enfrentando as consequências da mesma. “No entanto, a crise nos motivou a buscar soluções inovadoras para nossos problemas na educação, na saúde, no meio ambiente, na energia. É usar a crise para impulsionar o futuro”, avaliou a professora, que convidou os alunos do PEQ, recém-egressos ou não, a participarem do Ecossistema de Inovação da Coppe.

“Temos ações visando ao entendimento do que é a inovação. Para aqueles que têm essa vocação empreendedora, venham trabalhar junto com a Coppe e, futuramente, trabalhar junto com o Parque Tecnológico”, acrescentou a professora.

O diretor do Parque, professor Romildo Toledo, avaliou que a universidade, durante muito tempo, formou alunos para que houvesse professores para compor os quadros acadêmicos da expansão do sistema nacional de ensino superior. “Esse quadro de vagas não vai mais se repetir. Não estamos formando todos vocês que estão aqui para serem professores e muitos de vocês não querem”, ressaltou.

“É preciso que formemos ecossistemas que garantam que o conhecimento gerado por vocês seja revertido mais rapidamente para a sociedade. Estamos criando hubs de inovação em várias áreas, desde tradicionais como óleo e gás, como saúde, fertilizantes. A Engenharia Química pode ter um papel importantes nessas áreas. O INPO vai ser instalado no ano que vem; teremos economia verde, turismo, economia criativa”, enumerou professor Romildo, citando o Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO), cujo contrato com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação foi celebrado neste mês de outubro.

A Engenharia, a Coppe e o mundo em mudança é tema de evento na instituição

Com a participação do comunicador e educador Marcelo Tas, a Coppe/UFRJ promove, dia 30 de outubro, o evento “A Engenharia, a Coppe e um mundo em mudança” como parte das comemorações pelos 60 anos da instituição, celebrados durante o ano de 2023. Tas, que também é engenheiro, fará de forma remota a palestra “A criatividade na era digital”, em que discute como aproveitar a revolução digital e a oportunidade da vida em rede para aprimorar com criatividade a troca de saberes.

O evento tem extensa programação, das 9h às 17h, e entre os temas a serem discutidos estão pesquisa, ensino, inovação, criatividade, novas tecnologias, Inteligência Artificial e perspectivas de futuro. O evento será no auditório da Coppe, na sala 122 do Bloco G, Centro de Tecnologia, Cidade Universitária.

Além de Marcelo Tas, também participarão do evento a presidente da Capes Mercedes Bustamante; os professores Jean-David Caprace, Angela Uller, Claudio Habert, Edmundo de Souza e Silva, Francisco Carlos Teixeira, Maria Fernanda Elbert, e Álvaro Prata; além do jornalista Pedro Dória, e um representante do BNDES.

Dividido em duas partes, o evento terá início com a palestra do professor Cláudio Habert, do Programa de Engenharia Química da Coppe, que abordará brevemente a trajetória e a tradição da instituição, que se tornou o maior centro de ensino e pesquisa da América Latina. Na sequência, o professor de História Moderna e Contemporânea Franscisco Carlos Teixeira, do Programa de Pós-Gradução em Economia Política e Internacional da UFRJ, falará sobre o desenvolvimento nacional, a segurança e a pesquisa científica no Brasil de 1945 aos dias atuais. Em seguida, o chefe do Departamento de Inovação e Estratégia Industrial do BNDES, Maurício Neves, falará sobre a neoindustrialização e o papel do BNDES no fomento à inovação. Já o Futuro do Brasil, a partir da Engenharia, será abordado pelo professor Álvaro Prata, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Com início às 14 horas, a segunda parte do evento terá na abertura a palestra da professora Angela Uller, coordenadora da Unidade Embrapii-Coppe e ex-diretora da Coppe e, na sequência, Marcelo Tas fará sua palestra “A criatividade na era digital”. As 15 horas, será realizada uma mesa-redonda sobre a Era da Insteligência Artificial, com mediação do jornalista Pedro Dória e participação dos professores Jean-David Caprace, diretor de Assuntos Acadêmicos da Coppe; Maria Fernanda Elbert, do Instituto de Matemática (IM) da UFRJ; e Edmundo de Souza e Silva, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc) da Coppe. A última palestra, às 16 horas, será proferida pela presidente da Capes, Mercedes Bustamante, que abordará o tema “Perspectivas para a Pós-Graduação no âmbite do PNPG”.

Professor da Coppe recebe prêmio da Sociedade Brasileira de Inteligência Computacional

O professor José Manoel de Seixas, do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe/UFRJ, recebeu o Prêmio Excelência em Pesquisa, concedido pela Sociedade Brasileira de Inteligência Computacional (SBIC).

O prêmio foi entregue durante o XVI Congresso Brasileiro de Inteligência Computacional (CBIC), que foi realizado entre os dias 8 e 11 de outubro, em Salvador, na Bahia.

Boletim 24 – Coppe e Sorbonne promovem workshop e debatem a parceria com o Cern

A Coppe/UFRJ e a Universidade de Sorbonne promoveram o Workshop sobre calorimetria de colisões de alta luminosidade. O evento celebrou os trinta e cinco anos de colaboração da Coppe com o Cern, o mais importante laboratório de física do mundo. No workshop, foram debatidas as novas possibilidades de atuação conjunta entre a Engenharia e a Física.

Foi realizada no Rio de Janeiro, a oitava edição da Conferência Cidades Verdes, promovida pelo Instituto Onda Azul. A conferência contou com o apoio da Coppe e teve como tema “O futuro da água e da energia nas cidades sustentáveis”.

Saiba como anda a produção de pesquisa em Engenharia desenvolvida pela Coppe/UFRJ em prol da sociedade. O que está sendo feito pela Coppe e o que vem por aí, todas as sextas-feiras, às 10h, com reapresentação às 15h. Também disponível nas principais plataformas e aplicativos de streaming. Visite nosso site (http://coppe.ufrj.br/) e nos siga nas redes sociais.

Realização: Assessoria de Comunicação da Coppe/UFRJ
Coordenação e locução: Roberto Falcão e Bruno Franco
Produção jornalística: Carlos Ribeiro e Diogo Ferraz
Gravação e edição de áudio: Gabriel Goés
Apoio e estúdio de gravação: Central de Produção Multimídia (CPM) da Escola de Comunicação (ECO/UFRJ)

Coppe celebra mês das crianças com brincadeiras e atividades científicas

A comemoração do mês das crianças contagiou a Coppe/UFRJ na manhã desta quinta-feira (19). Crianças das mais diversas idades tiveram a oportunidade de participar de uma intensa programação de atividades educativas e de muitas brincadeiras. Destinada aos filhos da força de trabalho da instituição, a iniciativa teve o objetivo de apresentar o ambiente profissional dos pais e a importância de suas atividades e da Ciência para sociedade.

A programação contou com a exibição do vídeo Conhecendo a Coppe, seguida pela visitação aos nichos do Espaço Coppe, onde mediadores realizaram atividades interativas e educativas sobre conhecimentos científicos. Por fim, as crianças participaram de uma festa no Grêmio da Coppe, com brincadeiras, gincanas, pintura artística e oficina de bolas.

Participando das atividades com as filhas Eloá e Isabel, de 5 e 3 anos, respectivamente, o auxiliar técnico da Coppe Carlos Eduardo dos Santos acredita que o evento estimula a aprendizagem e expande o mundo das meninas. “Elas estão percebendo a importância da Ciência nas nossas vidas”, diz.

Sob o tema Criança na Ciência, o evento foi promovido pela equipe da Gerência de Recursos Humanos, liderada por Ana Celino, com apoio do Acolhe Coppe e da chefe da área de desenvolvimento pessoal, Bruna Ventura. 

Para a diretora de Gestão de Pessoas da Coppe, Vanda Borges, o evento representa o resgate do pertencimento Coppe. “A proposta aproxima os filhos do ofício de seus pais, para que conheçam e valorizem a Coppe, um nome que certamente eles ouvem em seus lares. Desde 2008 a festa não era realizada. Já no período da divulgação, recebemos positivos feedbacks daqueles que tinham filhos pequenos que haviam participado nas edições anteriores”, conta.

Coppe participa do Festival da Ciência da Prefeitura do Rio

A Coppe/UFRJ está presente na programação do primeiro Festival da Ciência promovido pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Com o objetivo de estimular a curiosidade científica e o pensamento crítico da sociedade, o evento será realizado em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em celebração à 20º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, nos dias 19 e 20 de outubro, na Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro.

Sob o tema central “A Ciência diante de grandes desafios”, a diretora da Coppe, Suzana Kahn estará no talk show mediado por Gregório Duvivier, no dia 20, às 16h30, abordando “Mudanças Climáticas e Transição energética”. Também participarão o professor do Instituto de Física da UFRJ Ildeu de Castro (sobre “A Ciência Brasileira e o Desenvolvimento”), o professor de neurociências da UFRN Sidarta Ribeiro (sobre “Desigualdades Sociais”) e a professora de matemática da Escola Sesi Tamires da Purificação (sobre “Educação Científica”).

A Coppe promoverá três exposições interativas no estande da UFRJ, também no dia 20:

– de 10h as 11h30: “Videogames na instrumentação biomédica” e “Máquinas geram imagens, máquinas geram textos: e agora?”, do professor do Programa de Engenharia Biomédica, Frederico Caetano Jandre;

– de 13h as 17h: “Desafio Solar Brasil”, do professor do Programa de Engenharia Elétrica, Walter Suemitsu.

No mesmo dia, o Espaço Coppe ministrará a oficina “Fazendo Ciência com a Coppe”, de 13h as 17h. Os estudantes participantes poderão aprender conceitos básicos de eletricidade e sua importância para o cotidiano.

Gratuito, o festival contará com a participação de mais de 20 instituições de ensino e pesquisa e com atrações como Carrossel de Emoções, Teresa Cristina, Jards Macalé, Zélia Duncan, Ana Costa, Enzo Belmonte, Pedro Miranda e DJ Sapucaia. O encerramento do evento terá a participação da Bateria da Mangueira, que apresentará um repertório de sambas ligados a temas científicos.

20º Rio de Transportes coordenado pela Coppe abre inscrições

Estão abertas as inscrições para a 20ª edição do Congresso Rio de Transportes (RDT). Com coordenação geral do professor Glaydston Mattos Ribeiro, do Programa de Engenharia de Transportes (PET) da Coppe/UFRJ, o evento é gratuito e será realizado nos dias 7 e 8 de dezembro, na Inovateca, do Parque Tecnológico da UFRJ, na Rua Aloísio Teixeira, 564, Cidade Universitária, Rio de Janeiro – RJ. O evento também será transmitido ao vivo pelo canal do Parque no YouTube: https://www.youtube.com/@ParqueTecnologicodaUFRJ

O 20º Congresso Rio de Transportes abordará temas de importância para a atividade do setor em todo o território nacional, por meio de seminários, mesas redondas e palestras que oferecem oportunidades de discutir assuntos que afetem os diversos setores de transporte. Durante o evento, também haverá apresentação de estudos de caso, de equipamentos e de tecnologias disponíveis no mercado.

O objetivo do congresso é reunir técnicos, pesquisadores, profissionais da área, gestores públicos e empresas privadas para discutir pesquisa e desenvolvimento em transportes e mobilidade. Entre os temas de interesse já identificados pelo comitê organizador para esta edição estão Transporte público; Sistemas Inteligentes de Transportes, incluindo equipamentos de tráfego e sinalização; Sistemas ferroviários, hidroviários, aquaviários e aeroviários; Uso do solo urbano; Bilhetagem eletrônica; Segurança viária; Logística; e Meio ambiente.

Os melhores trabalhos acadêmicos publicados nos anais do congresso, até no máximo dez, serão contemplados com o “Prêmio Paulo Cezar Martins Ribeiro”, criado em homenagem ao fundador do RDT e seu coordenador geral até a 17ª edição, realizada em 2020. Em abril do ano seguinte, Paulo Cezar, até então, também professor do PET/Coppe, faleceu em decorrência da Covid-19.

Para efetuar a inscrição e/ou obter mais informações, acesse o site do RDT: https://riodetransportes.org.br/20rdt

Pesquisadores da Coppe e da Sorbonne debatem história e futuro da parceria com o Cern

Workshop sobre calorimetria

A Coppe/UFRJ e a Universidade de Sorbonne promoveram o Workshop on Calorimetry in High-Luminosity Collisions, evento que celebrou os 35 anos de colaboração da Coppe com o Cern (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), o mais importante laboratório de física do mundo. No workshop foram debatidas as novas possibilidades de atuação conjunta entre a Engenharia e a Física. O evento foi realizado nos dias 4 e 5 de outubro, na Coppe.

A Coppe tem uma longa e bem-sucedida história de cooperação com o Atlas, o maior experimento de detecção de partículas do Large Hadron Collider (LHC), o acelerador de partículas do Cern, com destaque para o sistema de filtragem online, Neuralringer, e para o conjunto de mais de trinta softwares utilizados pelos pesquisadores que atuam em três dos quatro principais experimentos de detecção de partículas do laboratório.

Segundo o professor José Manoel de Seixas, do Programa de Engenharia Elétrica (PEE), que coordenou o evento – conjuntamente com o professor Bertrand Laforge, da Universidade Sorbonne (França) – essa foi a terceira edição de uma série de workshops, sendo o primeiro em 2008, quando a parceria entre a Coppe e o Cern completou 20 anos. Foi a primeira reunião de pesquisadores que atuavam no calorímetro hadronico (o outro calorímetro do laboratório europeu é eletromagnético) fora do Cern.

“Em 2013, o Bertrand veio à Coppe e debatemos o cenário no qual estamos agora, com aumento da luminosidade do LHC, maior número de colisões, aumento na informação obtida, mais eventos físicos de interesse sendo gerados. Aí a Sorbonne se aproxima da gente e tem início essa sinergia entre essa usina de ideias desse laboratório de excelência em física de partículas com a capacidade do trabalho dos modelos e sistemas com os quais nós temos experiência. Há dez anos começamos a conversar e há sete anos surgiu esse casamento que segue em lua de mel”, relembrou Seixas, coordenador do Cluster Atlas/Brasil (que além da UFRJ, envolve USP, Uerj, UFBA, UFJF e UFRN).

De acordo com Seixas, em 2029, o LHC será chamado de HL-LHC (High Luminosity – alta luminosidade), devido ao aumento do número de colisões, o que vai trazer “um pandemônio para a área”. “Vai dobrar a aposta do pôquer e quem tem que resolver é quem está na colaboração. Estamos numa situação curiosa, pois a Coppe nesses 35 anos se tornou um parceiro da Física experimental, é muito raro o engenheiro ter esse papel protagonista, porque ele normalmente é colocado em um papel técnico quando atua na Física experimental”.

O vice-diretor da Coppe, professor Marcello Campos, enalteceu a longa colaboração da instituição com o Cern

Na avaliação de Seixas, a Coppe assumiu esse singular protagonismo “por causa dessa ideia original do Zieli (professor Zieli Dutra foi o pioneiro da parceria) de que a Coppe poderia participar. Talvez por ele ser um físico em uma instituição de Engenharia, que tem essa pegada de tecnologia e inovação, ele viu esse caminho. Certamente é por causa dele que chegamos onde estamos, porque entramos não com papel técnico, mas de pesquisa”.

“Eu pude testemunhar, não necessariamente como professor, desde o começo e vi como Seixas abraçou o projeto e o capitaneou até onde ele chegou. É um privilégio para a Coppe ser anfitriã deste workshop e de uma parte importante desta parceria, para a qual centenas de alunos já contribuíram”, afirmou o vice-diretor da Coppe, professor Marcello Campos.

Novos desafios, novas oportunidades

Professor José Manoel de Seixas, coordenador do Cluster Atlas/Brasil

A terceira temporada de colisões de prótons e aquisição de dados (Run 3) começou em 2023, mas foi interrompida, e voltará em 2024, provavelmente em abril. Conforme explica Seixas, a cada 25 nanossegundos ocorre uma passagem de feixe, o que equivale a 40 milhões de colisões de prótons por segundo, pois o feixe é como se fosse um “charuto” com pacotes de 1011 prótons x 1011 prótons. Os detectores de partículas, como o Atlas, foram projetados para 25 colisões a cada 25 nanossegundos. No momento, a luminosidade permite 60 colisões e a quantidade chegará a 200 no começo do Run 4, em 2029.

De acordo com o professor José Manoel de Seixas, os projetos de upgrade que visam o Run 4 vão produzir inovações sem precedentes na área, tanto em instrumentação eletrônica e detectores, bem como em algoritmos avançados para lidar com o aumento vertiginoso da luminosidade do LHC. “Este aumento da luminosidade produzirá um empilhamento de vários sinais nos detectores, exigindo novas concepções em física experimental. Por outro lado, tal crescimento da luminosidade propicia um volume de dados de colisão bem maior, possibilitando aumentar a probabilidade de se observar eventos ainda mais raros, o que é essencial para o objetivo do LHC”, esclarece.

“Primeiro formatamos a informação de mil células de calorimetria, em anéis concêntricos, isso se transforma em 50 ou 100 anéis que alimentam uma rede neural artificial para a tomada de decisão. Como haverá essa parte mais pesada em 2029, a ideia é que os anéis desçam e participem do chamado nível zero, mais próximo ao hardware, mover para a eletrônica embarcada, atuando também na detecção de fótons e na calibração de elétrons. Vamos produzir muito mais dados, teremos que ser mais rápidos e não poderemos coletar todos os anéis, só o que terá sinais que garantidamente não são ruídos”, complementa o professor da Coppe.

Segundo Seixas, o desenvolvimento dessa tecnologia será feito pela UFRJ junto com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Por isso falo que esse arrasto científico e tecnológico é legal. Teremos também dois institutos federais do interior da Bahia trabalhando com a gente. A gente vai criando esses links e criando oportunidades, desconcentrando, trazendo esse pessoal que é muito qualificado. Traz o Nordeste e traz o interior. Com o Brasil se associando ao Cern, as oportunidades vão surgir cada vez mais”.

“O Atlas ‘se complicou’ e ao ‘se complicar’ trouxe mais oportunidades para a gente. É legal que não só ampliamos nossa participação em um momento-chave como criamos oportunidade para outras instituições. Muitos egressos do Laboratório de Processamento de Sinais (LPS) estão coordenando projetos de pesquisa relacionados ao Cern na UFJF, na UFBA, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). É bom trazer cada vez mais gente do funcionalismo público federal e estadual nesse bojo tecnológico, científico, tocando iniciativas complexas e de muita visibilidade”.

Em busca da matéria escura

Professor Bertrand Laforge (Universidade Sorbonne)

De acordo com o professor Bertrand Laforge, coorganizador do workshop e coordenador do Laboratoire de Physique Nucléaire et des Hautes Énergies (LPNHE), a expectativa da parceria entre a Coppe e a Sorbonne é que “a conexão entre os pontos de vista da Física e da Engenharia trazem caminhos muito atrativos para solucionar problemas”. “O workshop foi pensado para desencadear discussões especiais sobre as novas ideias que vêm surgindo no Cern e é importante poder conversar com alunos da UFRJ que eu acompanho remotamente”.

Segundo Laforge, os sofisticados detectores instalados no Cern podem ser aperfeiçoados para que tenham uma melhor capacidade de reconstruir o tempo de colisão. “Outro aspecto é encontrar a física nova que é capaz de mudar o panorama da física, como a possível existência de partícula que pode produzir matéria escura, mas se desintegra tão logo surge e por isso é uma assinatura muito difícil de encontrar. Assim, a física nova pode estar sendo produzida e pode estar nos escapando. Isso confunde a física mais convencional. Então, precisamos de novos algoritmos para descobrir essas partículas de difícil detecção e permitir a seleção dessa nova física”.

“Eu trabalhei na construção do calorímetro eletromagnético, na procura do Bóson de Higgs, e uma ideia interessante que nos ocorreu é que a matéria escura não é composta por matéria conhecida, mas surge em decaimento do Bóson de Higgs. Como são complicados de produzir, aumentando a sua produção, é uma hipótese interessante a explorar. Não é apenas descobrir algo que existe, é descobrir se existe. Quanto mais formos capazes de produzir Higgs mais seremos capazes de sermos sensíveis à produção desses mecanismos”, complementa Laforge.

Segundo o professor Seixas, com o aumento de colisões para 200 a cada passagem de feixe, o LHC vai se tornar “uma fábrica de Higgs”. “Vai aumentar 10 vezes a ordem de grandeza do número de Higgs que são encontrados. Vai poder detalhar muito mais o Higgs. A fazenda de computadores vai receber um fluxo 10 vezes maior, então os algoritmos terão que ser pelo menos 10 vezes melhores. A nossa associação à Sorbonne nos trouxe essa discussão sobre a matéria escura, que sabemos que existe, mas não sabemos suas características”, avaliou o professor do Programa de Engenharia Elétrica.

A mesa de abertura do workshop contou com a presença do vice-diretor da Coppe, professor Marcello Campos; do superintendente de pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PR-2) da UFRJ, professor Felipe Siqueira; e do diretor do Instituto de Física (IF/UFRJ), professor Nelson Braga.

Espaço Coppe de portas abertas durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

O Espaço Coppe está de portas abertas durante a 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNTC). Entre os dias 17 e 19 de outubro, mediadores receberão o público para visitação aos nichos onde são realizados os experimentos demonstrativos. As atividades serão realizadas de 13h às 16h, sem necessidade de agendamento, no bloco I-200, no Centro de Tecnologia da UFRJ, na Cidade Universitária.

Promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com a comunidade científica e entidades de ensino, cultura e da sociedade civil de todo o país, a SNTC tem o objetivo de mobilizar a população em torno da importância da ciência como ferramenta para geração de valor, de inovação, de riquezas, de soluções para os desafios nacionais, de inclusão social e melhoria da qualidade de vida.

O Espaço Coppe Miguel de Simoni Tecnologia e Desenvolvimento Humano é um espaço de divulgação científica e tecnológica, que promove encontros e debates, ampliando o horizonte dos participantes para novas possibilidades e descobertas, que estimulam a produção de novos conhecimentos, o despertar de novas vocações e a discussão e a problematização de temas importantes e atuais dentro da realidade.

Conferência debate o futuro da água e da energia nas cidades sustentáveis

Com o tema “O futuro da água e da energia nas cidades sustentáveis”, teve início na manhã de hoje, dia 17 de outubro, a 8ª edição da Conferência Cidades Verdes, que conta com apoio da Coppe/UFRJ e terá como debatedores três professores da instituição. O evento, promovido pelo Instituto Onda Azul, está sendo realizado até amanhã, no auditório do Centro de Convenções da Firjan, na Avenida Graça Aranha, 1, Centro, Rio de Janeiro. Também está sendo transmitido pelo canal do Onda Azul: https://www.youtube.com/@institutoondaazul

Esta edição da conferência tem como finalidade alinhar os eixos do desenvolvimento sustentável nas metrópoles às práticas ESG, envolvendo poder público, iniciativa privada, academia, mídia, parlamento e sociedade civil. De olho no impacto das mudanças climáticas nas cidades e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6 e 7, especialistas renomados estão debatendo os objetivos, as metas, os desafios e as oportunidades da Agenda 2030, o plano de ação assinado pelos 193 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em prol de um mundo melhor.

Neste primeiro dia, a discussão está concentrada no tema “O Futuro da Água”. Durante os painéis estão sendo abordados a universalização do acesso à água, gestão integrada de recursos hídricos e os impactos das mudanças climáticas no uso desse recurso vital.

As mesas de debates que contarão com professores da Coppe ocorrerão amanhã, quando a pauta será “Energia e mobilidade”, com destaque para a revolução do hidrogênio verde e a mudança nos transportes públicos para reduzir emissões de carbono.  Às 10 horas, o professor Paulo Emílio Valadão de Miranda, dos Programas de Engenharia Metalúrgica e de Materiais e de Engenharia de Transportes da instituição, participará da Mesa 1, cujo tema será “Hidrogênio Verde: podemos esperar uma revolução na geração de energia?”. A moderação será da jornalista Amélia Gonzalez, do blog Ser Sustentável.

Na sequência, às 11h30, o professor Ronaldo Balassiano, colaborador do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe e diretor do Instituto Planett Cidades Vivas, participará da Mesa 2, na qual o tema será “Qual o futuro dos transportes públicos na redução das emissões de carbono?”, com mediação do jornalista Agostinho Vieira, editor do site Projeto Colabora. E às 15h45 será realizada a Mesa 4, a última do evento, que contará com a participação do professor Luan Santos, do Programa de Engenharia de Produção da Coppe e da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFRJ. O tema será Financiamento Energético e o moderador, o jornalista Dal Marcondes, diretor da Agência Envolverde.

 “A conferência Cidades Verdes pretende ser um catalisador de transformações. A cada edição, o evento é um espaço onde especialistas e representantes importantes do setor convergem, debatem e planejam as cidades do amanhã. Com isso, a expectativa é que as ideias se transformem em ações para que, juntos, sejamos capazes de construir um futuro mais verde e sustentável”, explica André Esteves, diretor-executivo do Instituto Onda Azul. O evento conta com patrocínio da Eletronuclear, da Cedae e da Semove (Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro). Além da Coppe, também apoiam a conferência a Anamma (Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente), a ONG internacional Iclei (Governos Locais para a Sustentabilidade) e o C40 – Grupo de Grandes Cidades para Liderança do Clima.