Coppe inaugura Ilha de Policogeração Sustentável

A Coppe/UFRJ inaugurou no dia 23 de maio, a Ilha de Policogeração Sustentável (IPS). O protótipo tem capacidade para cogerar água e eletricidade, a partir de uma fonte de calor, e poderá atender a demanda de regiões remotas ou comunidades off grid. O sistema conjuga o uso de energia solar com a recuperação de calor, em geral descartado, por meio de micro-trocadores de calor e dessalinizador de água via destilação por membranas.

Pioneiro no país, o sistema foi desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Nano e Microfluidica e Microssistemas da Coppe, sob a coordenação da professora Carolina Naveira-Cotta. O sistema pode ser um importante aliado de prefeituras e comunidades remotas do Semiárido nordestino que não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional, “fazendas” de produção de energia solar, campos de óleo e gás nearshore, ilhas e regiões inóspitas, áreas em conflito ou de desastres ambientais.

O evento realizado no jardim do laboratório da Coppe, no qual está instalada a Ilha, contou com a presença da reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho; decano do Centro de Tecnologia, professor Walter Suemitsu; da vice-diretora da Coppe, professora Suzana Kahn; da diretora de Tecnologia e Inovação da Coppe e diretora da Embrapii-Coppe, professora Angela Uller; do CEO da Galp, Daniel Elias; do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral; do superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Alfredo Renault; do diretor de Tecnologia da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado do Rio de Janeiro (Faperj), professor Maurício Guedes.

“O demonstrador hoje inaugurado conjuga um painel fotovoltaico de alta concentração, com capacidade de gerar cinco quilowatts de energia elétrica e oito quilowatts de energia térmica recuperáveis, e três conjuntos de coletores solares para aquecimento de água. Algo que muito me motiva nesse projeto é a possibilidade de, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional e o Ministério de Minas e Energia, fazer uma ação conjunta para atender estas comunidades que estão off grid, porque aqui temos essa geração simultânea de energia e água. Somente esses 5 kWe nominais do demonstrador poderiam atender cerca de 25 residências/famílias. O dessalinizador que temos no projeto produz mil litros de água destilada por dia, podendo atender o consumo típico de mais de 100 pessoas por dia. Estamos pensando em comunidades do semiárido, e, claro, o projeto é escalonável”, relatou Carolina.

Thiago Barral, presidente da EPE

Representando o Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), parabenizou a professora Carolina e sua equipe, pela visão orientada de aplicação de tecnologia para a solução de problemas concretos do Brasil e com alto impacto social.

“O desenvolvimento de tecnologia não é um fim em si mesmo, a pesquisa e inovação podem ser orientadas a propósitos nobres, como o combate ao aquecimento global, e imperativos fundamentais como a ampliação do acesso à energia e redução da desigualdade de oportunidades. Este projeto mostra, com maestria, como a tecnologia pode ser aliada para resolver questões fundamentais como acesso à água e eletricidade, e demonstra a importância das políticas públicas para o fortalecimento das bases tecnológicas do país, impactando no desenvolvimento econômico e social, com sustentabilidade”, elogiou Barral.

Daniel Elias, CEO da Galp

De acordo com o CEO da Galp, Daniel Elias, o projeto representa os valores que a multinacional portuguesa manifesta em sua atuação no Brasil: pioneirismo, parceria e performance. “É um projeto que combina geração de eletricidade, água potável. O cálculo de performance para um projeto desta natureza é que ele deve ser customizado, e as principais oportunidades podemos ver, são oportunidades de implementação em locais de acesso remoto ou operações móveis”, avaliou.

A reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho, não poupou elogios à professora Carolina Naveira-Cotta e destacou que “Carol é um exemplo do que são capazes os nossos servidores, transformar, se adaptar e gerar conhecimento novo, se houver o necessário investimento”.

“Seja qual for o desafio nós estaremos preparados para enfrentar. A UFRJ é modelo em ensino e pesquisa e também será em Extensão, transformando nossa sociedade de modo que seja mais justa e equânime. É este o Brasil do futuro, que acontece aqui no presente, em nossa universidade, que mantém acesa a chama do professor Coimbra que lutou nos anos 1960 para que isso acontecesse e foi muito bem sucedido”.

O projeto é financiado pela Petrogal Brasil via Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Embrapii-Coppe, e conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Marinha do Brasil.

Articulando diferentes saberes

Para o professor Maurício Guedes, diretor de Tecnologia da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado do Rio de Janeiro (Faperj), a IPS é um exemplo de projeto com base científica, anos de trabalho com formação de recursos humanos, pesquisa básica e aplicação muito efetiva para fazer frente a demandas da vida real. “É um belo exemplo a ser seguido, é a universidade transformando conhecimento em soluções que vão levar riqueza e bem-estar à sociedade, energia elétrica, água limpa a comunidades isoladas. Tem enorme potencial. Tecnologia quando se transforma em inovação tem um impacto social”.

“O projeto junta tecnologias diferentes, articula saberes diferentes em torno de uma solução complexa e completa para as questões de água e energia elétrica. Aqui tem Eletrônica, Física, Engenharia de Materiais, Mecânica, Química. A vida é assim, ela não é segmentada. E essa é uma qualidade da Coppe, articular diferentes saberes para enfrentar os desafios postos pela sociedade”, reconheceu Maurício Guedes.

“É uma síntese desse novo mundo, que a Coppe e o Brasil querem ser”, elogiou a vice-diretora da Coppe, professora Suzana Kahn

Na opinião da vice-diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, o projeto liderado pela professora Carolina Naveira-Cotta, mostra a capacidade da instituição. “Temos uma tradição já antiga na área de óleo e gás. O mundo está passando por uma transição energética, e a gente como Coppe e como UFRJ, também está se transformando, e esse projeto sintetiza bem. Não só é sustentável, mas tem modularidade e preocupação com inclusão. Uma característica que também me entusiasma no projeto é fazer convergir vários atores do setor de Ciência e Tecnologia. É uma síntese desse novo mundo, que a Coppe e o Brasil querem ser”, concluiu a professora Suzana.

Na avaliação dedo superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Alfredo Renault, o projeto mostra a inserção da Coppe junto ao setor produtivo. “O fortalecimento dos projetos em conjunto com o setor produtivo é muito importante para a universidade. A questão da transição energética é muito importante e o projeto aponta direções para a gente caminhar no sentido de uma economia de baixo carbono. O Brasil tem muita tradição no desenvolvimento tecnológico do setor de óleo e gás, é muito importante que a gente consolide também grupos fortes de pesquisa em energias renováveis e captura de carbono. A Coppe tem muito a oferecer nesse caminho”, destacou.

O decano do Centro de Tecnologia, professor Walter Suemitsu, qualificou o projeto como meritório e também parabenizou a professora Carolina Naveira-Cotta e a equipe do LabMEMS.

Saiba mais sobre a Ilha de Policogeração Sustentável.

Projeto da Coppe para igualdade de gêneros na Ciência será apresentado em feira internacional de pós-graduação em STEM

Pesquisadores da Coppe/UFRJ irão apresentar, dia 04 de junho, o andamento do projeto Igualdade STEM durante a feira virtual internacional de pós-graduação em STEM, promovida pela Quacquarelli Symonds (QS), empresa especializada em ranking universitário. Durante o evento, que ocorre das 13h às 15h30, eles irão abordar os desafios e barreiras para a participação de mulheres nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, e apresentar estatísticas sobre o assunto e iniciativas para a promoção de igualdade de gênero em STEM. O projeto também será demonstrado em um stand virtual no qual os participantes da feira terão acesso a mais informações. O evento é gratuito e para participar basta se registar no site da QS.

Durante a feira, as meninas estudantes terão orientação sobre como fazer sua pós-graduação nas áreas STEM no Brasil ou no exterior. Elas poderão participar de sessões interativas e fazer conexões com representantes das universidades, com ex-alunos e com outros estudantes. Além disso, terão direito à assessoria especializada para identificar os melhores cursos, de acordo com seu perfil e objetivos, incluindo informações como o processo de admissão, financiamento, e bolsas de estudo, dentre outras.

O projeto Igualdade em STEM é liderado pelos pesquisadores do Laboratório do Futuro e do Laboratório e Ludologia, Engenharia e Simulação (Ludes), do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc) da Coppe, em parceria com o Departamento de Matemática do Instituto Superior Técnico (IST) de Lisboa.

No Brasil, as mulheres respondem por apenas 31% mercado de trabalho e 33% no ensino superior nas áreas STEM. De acordo com o pesquisador do Laboratório do Futuro, Yuri Lima, o equilíbrio de gêneros no ensino superior nas áreas STEM pode demorar mais de 20 anos, caso se mantenha o atual ritmo de crescimento da participação feminina, que é de 0,47%, em média, ao ano. Yuri explica que o patamar mínimo de paridade de gênero nestas áreas científicas é de 45%, e que para este percentual ser atingido serão necessários 24 anos se não houver uma aceleração na presença das mulheres.

Foi justamente com o intuito de acelerar esta presença feminina que os pesquisadores desenvolveram o projeto Jornada de Aprendizagem da Heroína. Fruto do estudo que o pesquisador Luis Felipe Coimbra Costa realiza no Ludes para sua tese doutorado na Coppe, este projeto é executado com o objetivo de ser um “quadro de motivação” que ajude as alunas a superar os desafios que estão presentes em um curso STEM. Como resultado, mais de 300 meninas, de variadas cidades do Brasil e de Portugal já frequentaram, ou ainda frequentam, o curso online e gratuito de Aprendizado de Máquina (Machine Learning) que é a primeira aplicação do Jornada da Heroína na prática.

Coppe desenvolve protótipo para geração de eletricidade e água em locais remotos

A Coppe/UFRJ inaugura na próxima segunda-feira, dia 23 de maio, uma Ilha de Policogeração Sustentável capaz de gerar simultaneamente eletricidade, água destilada, biodiesel e outros insumos. O sistema conjuga o uso de energia solar com a recuperação de calor, em geral descartado, através de micro-trocadores de calor e dessalinizador de água via destilação por membranas. Pioneiro no país, o sistema pode ser um importante aliado de prefeituras e comunidades remotas do Semiárido nordestino que não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional, “fazendas” de produção de energia solar, campos de óleo e gás nearshore, ilhas e regiões inóspitas, áreas em conflito ou de desastres ambientais. A inauguração do protótipo será às 9h30, no Centro de Tecnologia 2, Cidade Universitária, UFRJ.

Segundo a coordenadora do projeto, professora Carolina Naveira-Cotta, do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, a proposta vai além de descentralizar a geração de energia elétrica para atender a demanda de eletricidade em regiões remotas ou comunidades off-grid, conjugando parte da energia elétrica gerada e do calor absorvido em coletores solares e/ou recuperado de outros processos, para cogerar insumos essenciais à qualidade de vida nessas regiões, como água, biocombustível, frio, aquecimento, dentre outros. O projeto foi desenvolvido no Laboratório de Nano e Microfluidica e Microssistemas (LabMEMS), chefiado por Carolina, e contou com a participação de cerca de 15 pesquisadores.

A Ilha de Policogeração Sustentável demonstrada ocupa uma área de 200m², na qual estão instalados um painel fotovoltaico de alta concentração, com capacidade de gerar cinco quilowatts de energia elétrica e oito quilowatts de energia térmica recuperáveis, além de três conjuntos de coletores solares para aquecimento de água. Construída em frente ao laboratório LabMEMS, a ilha é flexível, podendo ser modificada para uso em outras locais e adaptada para cogeração de outros insumos, dependendo do objetivo e uso. O protótipo está no TRL 6 (Technology Readiness Level, nível de prontidão tecnológica, escala que vai de 1 a 9 criada pela Nasa para indicar o amadurecimento tecnológico de um produto).

Uma das vantagens do sistema é o reaproveitamento do calor produzido por uma fonte térmica como, por exemplo, o painel fotovoltaico de alta concentração e/ou coletores solares. “O calor recuperado destas fontes é utilizado em um processo secundário de destilação, que nesse demonstrador possibilita uma produção de cerca de 1000 litros por dia de água destilada, a partir da água salobra típica de poços no Semiárido, que pode ser usada para consumo humano, atividade agro-industrial de pequeno porte e mesmo na limpeza dos painéis fotovoltaicos. O calor recuperado pode também ser utilizado em paralelo ou alternativamente em outros processos secundários, como na intensificação de produção de biodiesel, no condicionamento de ar em ambientes ou em refrigeradores, diretamente para aquecimento predial em regiões com grandes amplitudes térmicas diárias, e outras finalidades.”

“Os painéis fotovoltaicos de alta concentração, através de lentes de Fresnel, permitem concentrar a energia solar até em mais de 1000 vezes em cada célula fotovoltaica. O calor gerado na conversão da energia solar para energia elétrica é geralmente desperdiçado pelo arrefecimento passivo, jogando fora o calor para o ambiente. Com o sistema de microtrocadores de calor que desenvolvemos esse calor pode ser recuperado e utilizado em um processo de destilação de água via membranas”, explica professora Carolina.

O projeto é financiado pela Petrogal Brasil via Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Embrapii-Coppe, e conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Marinha do Brasil. “A Galp (estatal portuguesa que é a principal controladora da Petrogal) tem fazendas solares que demandam grande quantidade de água para limpeza dos painéis solares, então seria interessante pra ela ter um processo térmico de destilação de água por membranas.”

Projeto caminha para ganhar escala

Segundo a professora Carolina Naveira-Cotta, a Ilha de Policogeração Sustentável pode ser implementada de maneira complementar ao sistema já existente no Programa Água Doce (PAD), e beneficiar centenas de comunidades no Semiárido nordestino

A Ilha de Policogeração Sustentável também pode ser utilizada em plataformas de óleo e gás, permitindo o aproveitamento de calor de difícil recuperação. Segundo a professora do Programa de Engenharia Mecânica, o processo térmico de destilação por membranas, pode usar calor de qualquer fonte térmica, e em plataformas há uma série de oportunidades advindas da geração termoelétrica e outros processos. “No caso da destilação por membranas, o drive do processo é a diferença de temperatura entre duas correntes. Uma corrente salobra, quente, e outra fria, destilada, e uma membrana separando as duas. E a diferença de temperatura entre as duas, no nível do poro da membrana, possibilita que o vapor d´água da corrente salobra aquecida, atravesse a membrana. Tudo acontece próximo à pressão atmosférica e as temperaturas necessárias são em geral baixas, entre 50 e 90 graus, um calor de baixa exergia, em geral mais difícil de ser reutilizado. Mesmo em plataformas que já operam processos de recuperação térmica, em geral o fazem em faixas de temperatura muito mais altas”.

A inauguração do protótipo e sua operação possibilitarão inovações nas possibilidades de aplicação. “Em uma região remota que precise de mais eletricidade, por exemplo, é possível maximizar a capacidade de produção de energia elétrica na conversão da energia solar. Basta para isso otimizar o processo para melhorar as condições operacionais de funcionamento do painel fotovoltaico, por exemplo, reduzindo as temperaturas nas células pelo resfriamento ativo. Também é possível direcionar os parâmetros operacionais da ilha para maximizar a produção de água”, afirma Carolina Naveira-Cotta.

Conforme explica a coordenadora do projeto, há diferentes formas de concentrar a radiação solar e diferentes concentradores. O protótipo do LabMEMS tem 18 módulos, com 450 células de silício e uma lente de Fresnel para cada célula que concentra 820 vezes a energia solar. Além do painel solar de alta concentração (HCPV), o protótipo conta com três coletores solares que podem trabalhar em série ou em paralelo com o painel, seja aumentando a temperatura para uma dada vazão de água aquecida ou aumentando a vazão para uma temperatura desejada. “Por exemplo, em um dia mais nublado, a radiação direta fica reduzida, mas esses coletores solares tem então um papel complementar, aproveitando a radiação difusa.”, acrescenta.

“A recuperação de calor do painel solar é feita com microtrocadores de calor. Um para cada uma das 450 células de silício e um sistema termohidráulico que leva essa energia para o contêiner, no qual está instalado o dessalinizador de água. Montamos esse demonstrador aqui na UFRJ para concluir o desenvolvimento tecnológico, mas já visando a possibilidade de continuação do projeto, por exemplo transportando esse sistema completo para um ambiente operacional”, detalha a professora, à frente do projeto que tem ainda uma forte vertente de formação de recursos humanos. “É um projeto multi, inter, transdisciplinar. Todos os prefixos possíveis se aplicam”.

Alternativa para abastecimento de água no Semiárido

Além das diversas aplicações no setor industrial, seja em geração fotovoltaica ou na exploração de óleo e gás onshore e nearshore (próximo à costa), o projeto tem uma forte motivação de cunho social. Segundo a professora Carolina Naveira-Cotta, a Ilha de Policogeração Sustentável pode ser implementada de maneira complementar ao sistema já existente no chamado Programa Água Doce (PAD), inicialmente lançado pelo governo federal em 1996 como Programa Água Boa e depois relançado como PAD em 2004. Foram identificadas, até o momento, 3.963 comunidades, em 338 dos municípios mais críticos da região semiárida brasileira. “Mas apenas cerca de 900 destas comunidades têm o PAD implementado. O sistema capta a água salobra do poço típica do sertão nordestino, dessalinizando-a por osmose reversa, e o rejeito de água salgada vai para piscinas para cultivo de erva-sal para caprinos e criação de tilápia, em colaboração com a Embrapa. Assim, viabiliza-se o uso dessa água salobra disponível nessas regiões”.

No entanto, mais da metade das comunidades identificadas estão off grid, o que torna menos atraente a adoção do processo de osmose reversa que demanda essencialmente energia elétrica. “O que me motiva muito nesse projeto é a possibilidade de, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional e o Ministério de Minas e Energia, fazer uma ação conjunta para atender estas comunidades que estão off grid, porque aqui temos essa geração simultânea de energia e água. Somente esses 5 kWe nominais do demonstrador poderiam atender cerca de 25 residências/famílias. O dessalinizador que temos no projeto produz mil litros de água destilada por dia, podendo atender o consumo típico de mais de 100 pessoas por dia. Além disso, com os níveis maiores de irradiação solar do Nordeste, os valores nominais acima determinados nas condições do Rio de Janeiro, serão majorados. Estamos pensando em comunidades do semiárido, e, claro, o projeto é escalonável”, relata Carolina.

O Semiárido se estende por mais de um milhão de quilômetros quadrados, cerca de 12% da área do país, ocupando parte do território dos nove estados do Nordeste, além do norte de Minas Gerais. As comunidades atendidas pelo Programa atendem a critérios de vulnerabilidade socioeconômica e dificuldades de acesso a fontes de água potável. Atualmente, pouco mais de 200 mil pessoas são beneficiadas pelo PAD e a meta é atender até 480 mil pessoas. Recentemente, o governo federal destinou mais R$ 122 milhões para implantação, por meio da segunda fase do Programa Água Doce, de 426 novos dessalinizadores em todos os estados da Região Nordeste e Minas Gerais. Outros 295 sistemas da primeira fase já estão em execução, com recursos assegurados em anos anteriores.

Além disso, explica a professora, o protótipo poderia ser complementar às unidades já instaladas no PAD, pois o processo de osmose reversa é muito sensível a altas salinidades. “Apenas cerca de 40 % da água é dessalinizada nesse processo via osmose reversa, 60% é rejeitado e direcionado para os tanques. Nosso sistema poderia complementar esse processo, na saída da osmose reversa, dessalinizando mais 40%. O drive é térmico, é menos sensível a grandes salinidades. E assim mais de 80% da água seria dessalinizada. Isso também é importante devido à intermitência e sazonalidade da recarga dos aquíferos. A quantidade de água dos poços que pode ser utilizada é limitada, mas podemos aproveitar uma fração maior para consumo humano”, conclui.

Livro Jogos de Tabuleiro na Educação será lançado neste sábado e tem coautoria de professor da Coppe

No sábado, dia 21 de maio, será lançado o livro Jogos de Tabuleiro na Educação, que tem entre os autores o professor de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe/UFRJ, Geraldo Xexéo. O lançamento será realizado, entre 11h e 14h, na Livraria Leitura, na Rua do Ouvidor, 98, Centro, Rio de Janeiro.

Editado pela Devir e organizado pelos professores Paula Piccolo e Arnaldo V. Carvalho, o livro aborda a exploração do vasto mundo dos jogos de tabuleiro pelo viés educacional, a partir da visão de 14 especialistas que trabalham com os temas relacionados a jogos e a educação. Além de Geraldo Xexéo, o livro foi escrito por Kate Batista, Leonardo E. O. Costa, Suellen de Oliveira, Luciano Bastos, Pedro Marins, Laíse Lima, Carolina Spiegel, Isabel Butcher, Pedro Vitiello, Renata Palheiros, Karin Quast, Odair de Paula Jr., e Felipe Neri.

Por que usar jogos de tabuleiro na educação? Como usar jogos de tabuleiro na educação? Como criar jogos de tabuleiro na educação? As três perguntas são justamente os títulos das três partes que compõem a obra publicada em um momento em que diversos segmentos formais da educação, incluindo professores, começam a levar esses jogos para o ambiente em que atuam, a elaborar estratégias de uso e a pesquisar sobre o tema.

Ainda são poucos os educadores que utilizam desta ferramenta, mas suas ações, muitas vezes “solitárias” até mesmo nas instituições onde atuam, fazem a diferença. E é esta diferença que o livro pretende mostrar, a partir da experiência de profissionais de variadas áreas do saber que se propõem a pesquisar, desenvolver e compartilhar aquilo que lhes parece ser uma tendência. Uma tendência de que a cultura do jogar veio para ficar e, assim, os jogos de tabuleiro passem a ocupar um espaço vital em uma educação para a sociedade do século XXI, com seus avanços e contradições.

Uma Rosa para Pinguelli: programa de pós-graduação da UFRJ presta homenagem ao professor

O Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia (HCTE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) está promovendo uma série de palestras em homenagem a um de seus fundadores e ex-diretor da Coppe/UFRJ, professor Luiz Pinguelli Rosa, falecido em março deste ano. Uma Rosa para Pinguelli é o título da série, aberta ao público, que teve início no dia 20 de abril e será estendida até 15 de junho com apresentações de colegas docentes, ex-alunos e amigos do saudoso professor, sempre às quartas-feiras, das 10 às 12h, no auditório Maria Irene, no Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE/UFRJ).

O HCTE é um programa acadêmico interdisciplinar que reúne professores e estudantes de diferentes origens acadêmicas, unindo ciências, literatura, artes, filosofias. Criado no ano 2000 pela Coppe, Instituto de Química e NCE, o HCTE promove um diálogo horizontal entre ciências e suas humanidades.

O palestrante da quarta-feira, 27/4, foi o professor Ricardo Kubrusly, do HCTE, que destacou sua admiração pelo ex-diretor da Coppe. “Não chegamos a ser amigos. Nunca fui à sua casa, não tomamos chope e nem conversamos sobre amores perdidos. Éramos colegas e nossos assuntos eram acadêmicos. Eu o admirava. A imagem que tenho dele é de um gigante. A admiração que se tem por um amigo é bacana, mas a que se tem por alguém que não é seu amigo, ela tem um valor incrível porque é construída pelos ensinamentos da vida”.

“Quando vim para a UFRJ, em 1992, Pinguelli já era um líder importante, daqueles que ao entrar em um auditório o público se calava. Eu trabalhava no Instituto de Matemática, mas antes de ser matemático ou engenheiro, eu era poeta e queria iniciar um curso sobre a história cultural do infinito, uma possibilidade que me fora negada. Não queriam que eu desse uma disciplina sobre cultura”, contextualizou Kubrusly.

“Anos depois, eu já tinha me candidatado a um concurso na Uerj, quando Luiz Alfredo Vidal disse que ele, Pinguelli e Saul Fucs precisavam de um matemático que “transitasse por diferentes mundos” e me convidaram a fazer parte do HCTE. Aí eu conheci a Coppe e conheci pessoas que me encantaram completamente. Eu e Pinguelli conversávamos sobre Inteligência Artificial, ele era apaixonado por Penrose (Roger Penrose, físico britânico, vencedor do Prêmio Nobel em 2020) e a discussão se a máquina seria capaz de pensar à maneira humana”.

“É muito fácil querer ser amigo do Pinguelli. Quem não gostaria de ser amigo de alguém tão importante? No HCTE, toda vez que havia uma questão complicada de resolver ele aparecia. Silencioso, sempre me impressionava nele uma autoridade da presença, uma autoridade da existência. Ele aparecia e os problemas se resolviam”, disse o poeta e matemático.

Professor Kubrusly encerrou a homenagem lendo a mensagem que escreveu à professora Maíra Froés, coordenadora do HCTE quando soube do falecimento do ex-diretor da Coppe.

“A primeira vez que vi Pinguelli em uma assembleia de professores na década de 1990, tínhamos posições diferentes e ideias concorrentes. Depois veio o HCTE, que nos posicionava lado a lado na construção de infinitos e possibilidades. Foram muitos anos de convivência esparsa, porém produtiva. Homem forte, inteligente e bonito, generoso, determinado, profundo e transdisciplinar. Sentiremos nós, o HCTE, a UFRJ e o Brasil, muito a sua falta. Mas, continuaremos, como quem manca, vivendo entre quedas a nossa realidade. O vazio imenso que agora se inicia fará para sempre parte de nossa história”.

Aberta ao público, a série Uma Rosa para Pinguelli é realizada, todas as quartas-feiras, das 10 às 12h, no Auditório Maria Irene, no NCE, na rua Athos da Silveira Ramos, 274. A próxima apresentação será dia 4 de maio, com o professor Carlos Koehler. Confira a programação:

20 de abril – Nelson Job – professor colaborador do HCTE
27 de abril – Ricardo Kubrusly – professor do HCTE
4 de maio – Carlos Koehler – professor do HCTE
11 de maio – Alexandre Valença – professor de Psicologia da Universidade Santa Úrsula
18 de maio – Luiz Bevilacqua – professor de Engenharia Civil da Coppe e emérito da UFRJ
25 de maio – Tatiana Marins Roque – professora do Instituto de Matemática da UFRJ e coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ
1º de junho – Agamenon Oliveira – pesquisador do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) da Eletrobras
8 de junho – Elaine Andrade – professora colaboradora do HCTE
15 de junho – Luiz Carlos Bernal – psiquiatra graduado pela Faculdade de Medicina da UFRJ e ex-aluno do HCTE

Modelo criado na Coppe gera um dos cenários destacados em relatório do IPCC

Modelo de avaliação integrada (IAM, na sigla em inglês) desenvolvido por pesquisadores da Coppe/UFRJ gerou um dos cinco cenários de mitigação escolhidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para serem destacados em seu último relatório, divulgado no dia 4 de abril. Batizado com o nome Coffee, o modelo criado na Coppe é até hoje o único desenvolvido em país em desenvolvimento capaz de simular cenários globais de mitigação das mudanças climáticas.

Fruto de trabalho conjunto de 278 cientistas de 65 países, o relatório do IPCC explorou mais de dois mil cenários globais de mitigação de efeitos do aquecimento global. Somente cinco foram escolhidos como Illustrative Mitigation Pathways (IMPs), ou cenários de mitigação ilustrativos. De acordo com Roberto Schaeffer, professor do Programa de Planejamento Energético (PPE) da Coppe, os IMPs apresentam “histórias de mundo” relevantes para se tentar manter o mundo não mais do que dois graus ou mesmo 1,5º C mais quente até o final do século.  

Segundo Schaeffer, o cenário elaborado por pesquisadores do laboratório Cenergia, do Programa de Planejamento Energético da Coppe, denominado “IMP-Neg”, tem a peculiaridade de conseguir manter a temperatura média do planeta em até 1,5º C, acima dos níveis pré-industriais, até o final do século, para isso recorrendo bastante a práticas ou tecnologias de emissão negativa, como reflorestamento, aforestamento, biomassa com captura de carbono (BECCS) e biomateriais.

“Pela primeira vez na história do IPCC há cenários globais de mitigação vindos de um grupo de pesquisa de país em desenvolvimento, e, mais do que isso, tendo um cenário de país em desenvolvimento incluído no grupo seleto de ‘cenários ilustrativos’. Isso é realmente um grande reconhecimento internacional do nosso trabalho no laboratório Cenergia, da Coppe”, avalia Roberto Schaeffer, que coordena o Cenergia, conjuntamente com os professores André Lucena, Alexandre Szklo, Joana Portugal Pereira e Pedro Rochedo.

Pesquisadores da Coppe apontam cenário ambicioso sem perder o realismo

Professor Roberto Schaeffer, coordenador do capítulo 3 do novo relatório do IPCC

O IPCC explorou cerca de 1600 cenários globais, após uma primeira triagem, separando-os em oito categorias, de acordo com o grau de aquecimento global que seria atingido ao final do século. “As três primeiras categorias (C1, C2, C3) são aquelas nas quais seriam atingidas as metas propostas pelo Acordo de Paris: limitar o aquecimento global a 1,5º ou 2º C acima dos níveis pré-industriais até 2100.

A categoria C1 é a mais ambiciosa. Nela a elevação de temperatura não superaria 1,5º C em nenhum momento, até o final do século. A C2, apontada pelos pesquisadores da Coppe, é ambiciosa sem perder o realismo. Nesse cenário o aquecimento não excederia 1,5º em 2100, porém haveria overshooting durante o processo, ou seja, o aquecimento superaria este patamar antes do final do século, mas seria compensado por medidas de mitigação com altos níveis de emissões negativas, o que faria a temperatura média do planeta retornar à meta de 1,5º até 2100. Já a categoria C3 implica em o aquecimento global chegar a 2º C em 2100, sem overshooting”.

Segundo o professor Roberto Schaeffer, o cenário IMP-Neg permite o overshooting, mas passa a depender de emissões negativas a partir da segunda metade do século. É um cenário mais realista do que aqueles da categoria 1. “Até pela nossa experiência com a realidade brasileira, o cenário confere maior peso às emissões negativas”, explica o coordenador do capítulo 3 do relatório.

“Internamente, chamamos o nosso cenário de Coffee 400F. Ele tem esse nome pois a equipe do Cenergia ‘orçou’ que para que a temperatura não exceda 1,5º (acima dos níveis pré-industriais) em 2100, as emissões globais de CO2 até 2100 não podem ultrapassar 400 gigatoneladas (por isso, 400 f, onde f representaria full budget, orçamento total) até o final do século. Atualmente, são emitidas, anualmente, cerca de 50 Gt CO2. Mantido este ritmo, em apenas oito anos esse limite de emissão de carbono seria atingido”, complementa.

Além do IMP-Neg, foram criados outros quatro cenários de mitigação ilustrativos. Ao todo são cinco IMPs: dois de um grupo da Alemanha, um de um grupo da Áustria, um de um grupo da Itália, e o do grupo do Brasil, feito aqui na Coppe. “Os IMPs são o coração do relatório do IPCC”, avalia o professor.

Coppe em destaque no IPCC

Dez pesquisadores brasileiros participaram do relatório como coordenadores de capítulos, autores-líderes e revisores, sendo cinco da Coppe. O professor Roberto Schaeffer, do PPE, coordenou o capítulo 3, Mitigation pathways compatible with long-term goals juntamente com Keywan Riahi (Áustria); e a professora Suzana Kahn, do Programa de Engenharia de Transportes (PET), coordenou o capítulo 10, Transport, juntamente com Paulina Jaramillo (EUA) e Paul Newman (Áustralia).

A professora Joana Portugal Pereira (PPE) é uma das autores-líderes do capítulo 4, Mitigation and development pathways in the near-to mid-term. O professor André Lucena, também do PPE, está entre os autores-líderes do capítulo 9, Buildings, e a pesquisadora Carolina Dubeaux, do Centro Clima (PPE), é uma das revisoras do Capítulo 8, Urban systems and other settlements. O relatório conta ainda com a participação de pesquisadores da Coppe como colaboradores e como cientistas-de-capítulo.

Chamado à ação imediata

De acordo com o relatório, para concretizar a meta de limitar o aquecimento global em 1,5º C ao final do século, as emissões globais de CO2 precisariam ser reduzidas em 45% até o final da década. No entanto, mantida a tendência atual, as emissões aumentarão 14% neste prazo.

Em comunicado oficial, o ex-primeiro ministro português e atual secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que “devemos triplicar a velocidade da mudança para as energias renováveis. Isso significa transferir investimentos e subsídios de combustíveis fósseis para renováveis, agora. Na maioria dos casos, as energias renováveis já são muito mais baratas. Isso significa proteger florestas e ecossistemas como poderosas soluções climáticas. Significa progresso rápido na redução das emissões de metano. E isso significa implementar as promessas feitas em Paris e Glasgow”.

Mesmo que os países atinjam as metas de seus compromissos climáticos nacionais mais recentes (NDCs), a diferença entre as emissões globais de GEE e o nível necessário para o limite de 1,5°C seria de 19 a 26 GtCO2e em 2030. Isso é mais do que as emissões de Estados Unidos e China somadas (números de 2018).

O IPCC mostra que reverter essa tendência exige que os tomadores de decisão nos governos, na sociedade civil e no setor privado priorizem diversas ações, tais como: expandir o uso de energia limpa, toda a geração de eletricidade deve ser de baixo carbono até 2050; investir em inovação para descarbonizar a indústria; melhorar a eficiência energética; reduzir a demanda de materiais por meio de soluções de economia circular; implementar tecnologias de captura e armazenamento de carbono em setores nos quais a redução de emissões é mais difícil (como na indústria do cimento); redesenhar as cidades e fazer a transição para o transporte de zero e baixo carbono; e conservar os ecossistemas naturais e melhorar os sistemas alimentares.

“Na categoria 1 (limitar o aquecimento em 1,5º C sem overshooting), todos os cenários mostram que o mundo precisa chegar em 2025 com emissões de carbono já em trajetória decrescente. Tecnicamente, é possível. Politicamente? O relatório é um chamado à ação imediata. Os relatórios anteriores prescreviam prazos mais longos, o que levava os governantes a agirem aquém do necessário, deixando para os sucessores o ônus da mudança mais acelerada. Ao alertar que o turning point está próximo, as pressões recaem para que os governantes ajam no exercício de seus mandatos atuais, que eles ajam agora”, esclarece o professor Roberto Schaeffer.

Projeto da Coppe será apresentado em evento comemorativo da ONU do Dia Internacional das Meninas nas TIC

Na próxima quinta-feira, 28 de abril, o projeto Jornada de Aprendizagem da Heroína (Heroine’s Learning Journey), executado por pesquisadores da Coppe/UFRJ e do Instituto Superior Técnico (IST) de Lisboa, fará parte da programação comemorativa do Dia Internacional das Meninas nas TIC: Tecnologias de Informação e Comunicação, celebrado nesta data pela ONU. O panorama sobre o projeto será apresentado durante o Girl Stem 2022, em Portugal, que, promovido pelo IST, é um dos eventos regionais que integram a programação global do ICT Day, organizado pela International Telecommunication Union – ITU, agência especializada da ONU voltada para as TIC. Para mais informações, acesse o site do evento.

Caberá a professora Ana Moura Santos, do Departamento de Matemática do IST, falar sobre o projeto do qual é integrante e cuja iniciativa tem como base o estudo do aluno de doutorado do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc) da Coppe, Luis Felipe Coimbra Costa, também pesquisador visitante do IST, sob supervisão de Ana Moura. O principal objetivo é que o projeto seja um “quadro de motivação” que ajude as alunas, de 15 a 21 anos de idade, a superarem os desafios que estão presentes em um curso STEM – Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. De acordo com Luis, é fundamental que qualquer curso voltado para a formação de mulheres nas áreas tecnológicas tenha um cuidado especial com relação à motivação das jovens mulheres tanto para a sua entrada quanto para a sua permanência ao longo da formação.

Meninas durante curso na Escola Olavo Bilac

A Jornada de Aprendizagem da Heroína, que na Coppe é executada por pesquisadores do Laboratório do Futuro e do Laboratório de Ludologia, Engenharia e Simulação (Ludes), ligados ao Pesc, já começou a render frutos. Mais de 300 meninas, de variadas cidades do Brasil e de Portugal já ingressaram no curso online e gratuito de Aprendizado de Máquina (Machine Learning) que é a primeira aplicação do projeto na prática. Luis, que realiza seus estudos no Ludes, diz que destas meninas, mais de 50% já passaram para a terceira etapa da capacitação, ou mesmo já concluíram o curso que pode ser frequentado de forma individual ou em grupo, a exemplo de 14 jovens alunas de baixa renda que participam do projeto na Escola Estadual Olavo Bilac, na cidade de Recreio (MG).

“A participação destas meninas em uma capacitação deste nível é inédita na nossa cidade que é bem pequena e fica no interior de Minas Gerais, tendo um pouco mais de 10 mil habitantes. Neste curso temos participantes que não tem computador em casa e outras que possuem aparelhos de celular que não conseguem navegar na internet. A Escola Olavo Bilac abriu as portas do seu Laboratório de Informática para que lá fizéssemos a capacitação nos computadores. As 14 jovens, incluindo algumas que moram na área rural, abraçaram a ideia e hoje estão animadíssimas com a possibilidade de ingressar na área de tecnologia”, declara o professor da Olavo Bilac, Leonardo Ribeiro, que é responsável pelo projeto em Recreio.

Dados do projeto Igualdade STEM, coordenado pelo pesquisador do Laboratório do Futuro, Yuri Lima, mostram que em 2010 a participação feminina no total de alunos formados em STEM era 29,5% e, em 2019, ampliou para 33,7%, resultando em um salto de 4,2% em dez anos. “As mulheres estão sub-representadas nos cursos de ensino superior e, consequentemente, no mercado de trabalho das áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Foi o desafio de reverter este quadro em menos tempo do que o previsto, que motivou o desenvolvimento da Jornada de Aprendizagem da Heroína”, explica Yuri.

Parte das meninas que frequentaram o curso na Escola Olavo Bilac

Saiba mais sobre o projeto aqui mesmo no Planeta Coppe Notícias.

Evento da ONU do Dia mundial da Inovação conta com apoio de Programa da Coppe

A partir da próxima sexta-feira, dia 29 de abril, será realizado o evento World Innovation Day Hack 2002 que, promovido pela ONU, conta com o apoio do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc) da Coppe/UFRJ, como um dos parceiros da comunidade de inovação Hackmakers.

Com a finalidade de comemorar o Dia Mundial da Inovação das Nações Unidades, o evento ocorre até o dia 03 de maio e tem como objetivo incentivar e colaborar para que as pessoas usem, de forma criativa, suas habilidades na geração de novas ideias e soluções voltadas para a saúde e bem-estar, crescimento econômico, trabalho decente e educação de qualidade.

Saiba mais no site do evento: https://www.worldinnovationday.com

MIT Reap Rio está com inscrições abertas para bolsista multiplicador

O time Rio de Janeiro do Programa de Aceleração de Empreendedorismo Regional do Massachusetts Institute of Technology (MIT Reap) está com inscrições abertas para seleção de multiplicador do projeto. Podem se candidatar alunos de mestrado e doutorado da UFRJ.

O profissional irá atuar sob a carga horária de 12 horas semanais, no apoio à elaboração, à implementação e à mensuração das intervenções estratégicas no ecossistema do Rio de Janeiro; cooperar com a equipe na manualização e multiplicação da metodologia do MIT para implementação de ecossistemas de energia no país; auxiliar na organização de eventos de promoção do projeto e divulgação das ações e da metodologia, inclusive por meio de papers científicos. O valor da bolsa é de R$ 3.065,00. Os interessados devem enviar currículos para leticia.freire@labrintos.coppe.ufrj.br

O MIT Reap Rio é uma iniciativa do Laboratório de Inovação Tecnológica, Organizacional e em Serviços (LabrInTOS), da Coppe/UFRJ, instituição que representa as universidades e Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) do estado do Rio no projeto, em conjunto com Furnas, Petrobras,Vibra Energia, o deputado federal Paulo Ganime (representando o setor governamental). O objetivo é estimular a criação e o desenvolvimento de startups focadas nos setores de energia e sustentabilidade.

Coppe desenvolve sistema portátil para detecção mais rápida e barata de Covid-19

Regina Allil e Marcelo Werneck, professores do Programa de Engenharia Elétrica (PEE)

Pesquisadores da Coppe/UFRJ desenvolveram um sistema portátil de rápida resposta para detecção de Covid-19. O protótipo, desenvolvido no Laboratório de Instrumentação e Fotônica (LIF), sob coordenação dos professores Marcelo Werneck e Regina Allil, do Programa de Engenharia Elétrica (PEE), conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), via emenda parlamentar para alcançar maturidade tecnológica necessária para ser difundido em larga escala.

Atualmente, o diagnóstico da Covid-19 é efetuado, na maior parte dos casos, por PCR, que requer equipamentos de alto custo, infraestrutura laboratorial e pessoal especializado com um tempo médio de 48 horas. A tecnologia desenvolvida na Coppe utiliza nanosensores fotônicos e permite uma resposta em poucos minutos do grau de contaminação do paciente, por meio da detecção das proteínas S (da espícula) e N (do núcleo) do vírus Sars-CoV-2. Além disso, a operação do instrumento não necessita de especialização podendo ser operado por profissionais de saúde após um treinamento simples.

“A nossa proposta é ter uma análise rápida e que não requeira de profissional especializado para operar o sistema. Um agente da saúde poderia fazê-lo sem necessidade de passar por treinamento. E ter um sistema que utilize conteúdo nacional, de baixo custo, para que centros de saúde possam tê-lo”, esclarece o professor Marcelo Werneck.

O sistema opera através de dois princípios, o da imunocaptura e o da ressonância localizada de plasmon de superfície (LSPR da sigla em inglês). Esses dois efeitos ocorrem simultaneamente em nanopartículas de ouro fixadas na superfície de uma fibra óptica, quanto em presença do vírus Sars-CoV-2. A fibra óptica é alimentada por um LED cuja luz excita as nanopartículas de ouro e o efeito é capturado por um fotodetector instalado na outra extremidade da fibra óptica.

Como explica a professora Regina Allil, este processo é a funcionalização da fibra óptica. “Trata-se de aderir material biológico no qual você tenha interesse, anticorpos e o material que se queira detectar sobre ele. Tipo chave-fechadura. O anticorpo só irá aderir ao material biológico pertinente. Quando houver reação bioquímica entre o antígeno e o anticorpo, o índice de refração muda e a luz será alterada. Para associar um valor quantitativo, a gente aplica a optoeletrônica, circuito em que utilizamos o que sai o sinal óptico que sai da fibra óptica, e converte em sinal elétrico na outra extremidade, por um fotodetector. E tem que correlacionar esse índice de refração do material biológico com uma grandeza elétrica, então usamos microcontroladores Arduino. Em função do que muda no índice de refração há um valor associado, correlacionado como uma grandeza elétrica”.

De acordo com Werneck, o sistema é de baixo custo, pois quase todos seus componentes são de fabricação nacional. “O Led, diodo emissor de luz, placa de Arduino fabricada aqui mesmo, sistema Labview programado no próprio laboratório, tudo feito no Brasil, exceto a fibra de polimetilmetacrilato, que é barata, cinco dólares por metro, ou oito dólares se for uma fibra mais fina”, informa o professor.

O projeto está no TRL 4 (Technology Readiness Level, nível de maturidade tecnológica, em português) e o próximo passo é chegar ao TRL 8, que permitirá a incorporação do sistema em centros de saúde e clínicas populares beneficiando o cidadão comum permitindo respostas mais rápidas e consistentes em termos de contaminação pelo novo coronavírus.

Experiência na medição de indicadores biológicos

De acordo com o professor Marcelo Werneck, coordenador do Laboratório de Instrumentação e Fotônica (LIF) da Coppe, há tempos o laboratório tem recebido biólogos e pesquisadores de outras áreas das ciências da saúde, por constatarem a possibilidade de usar sensores de fibra óptica para medir indicadores da área biológica.

“Então, montamos uma equipe multidisciplinar capaz de também trabalhar com biossensores. Por isso fomos convidados pelo Amílcar Tanure (professor do Instituto de Biologia da UFRJ) para entrar em uma subrede de uma grande rede de pesquisa da Faperj sobre Zika, para detectar o vírus em soro. Com a pandemia, a Faperj solicitou que o mesmo grupo já consolidado trabalhasse seis meses para Covid. Recentemente, fomos contemplados em outros dois projetos da Fundação, na terceira ação emergencial para Covid, no edital 43 de 2021”, contextualiza Werneck.

Em novembro, o sistema de detecção portátil criado no LIF foi contemplado mais uma vez. Em uma chamada pública lançada pelo deputado federal Alessandro Molon para destinação dos recursos destinados a emendas parlamentares. Em uma votação popular realizada na internet, na plataforma Nossa Escolha, o projeto liderado pelos professores Marcelo Werneck e Regina Allil foi o mais votado.

Ambientação Coppe 2022 recepciona novos trabalhadores

Novos trabalhadores e estagiários da Coppe/UFRJ, que ingressaram na instituição após o inicio da pandemia, participaram, no dia 06/04, do encontro de integração e conhecimento institucional, realizado pela Gerência de Recursos Humanos (GRH) da Coppe, o Ambientação Coppe 2022.

O diretor de planejamento, administração e desenvolvimento institucional, Ericksson Almendra, a gerente de Recursos Humanos, Ana Borges e a chefe da seção de Desenvolvimento Funcional da instituição, Bruna Ventura, apresentaram à força de trabalho, a história, os valores e a missão da instituição, bem como seu impacto na sociedade. Com a diretora-adjunta de gestão de pessoas, Vanda Borges, o público teve a oportunidade, ainda, de conhecer sobre o Núcleo Psicossocial Acolhe Coppe, um espaço qualificado de troca, escuta e atenção voltado para a saúde mental da força de trabalho e estudantes da instituição.

Ao final, o coordenador da Assessoria de Gestão da Qualidade (Coppe-Q), Eduardo Oliveira, proferiu palestra sobre trabalho em equipe e outras importantes lições para o ambiente profissional.

Professores da Coppe participam de Webnário da Fapesp sobre novo relatório do IPCC

Os professores da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn e Roberto Schaeffer, participam na próxima quarta-feira, dia 6 de abril, do webinário “Novo Relatório do IPCC WG3-AR6: implicações para o Brasil e o planeta”. Aberto ao público, o evento será realizado a partir das 14 horas e transmitido pelo canal da Agência Fapesp no YouTube. Para participar, basta fazer a inscrição pelo site https://fapesp.br/eventos/relatorioipccabril2022.

Suzana Kahn, vice-diretora da Coppe e professora do Programa de Engenharia de Transportes; e Roberto Schaeffer, professor do Programa de Planejamento Energético; são coautores do Grupo III do sexto relatório de Avalição do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado hoje, 04/04. O grupo III é dedicado aos estudos sobre Mitigação das Mudanças Climáticas.

Professora Angela Uller é homenageada pela Faperj por sua gestão no Conselho Superior

Jerson Lima entrega placa a Angela Uller

A professora Angela Uller, ex-diretora da Coppe/UFRJ, foi homenageada na Faperj na última quinta-feira, 24 de março, por sua trajetória como presidente do Conselho Superior da instituição. Em sua despedida, Angela Uller afirmou que sai com a sensação de dever cumprido e ressaltou que “gostaria de deixar um conselho para o Conselho: nós começamos um planejamento para a Faperj e considero que é importantíssimo que terminemos esse planejamento. Esta é uma maneira de proteger o Conselho e, principalmente, a diretoria da Fundação. Isso dará uma transparência do que esperamos de uma Fundação de Amparo à Pesquisa que tem feito um trabalho brilhante. Agradeço ao governador Claudio Castro pelo apoio à Faperj e considero que o Conselho ainda tem outras missões de luta como a melhoria da infraestrutura e reforço na área de recursos humanos. Gastar dinheiro dá trabalho; e gastar bem o dinheiro dá mais trabalho ainda e a Faperj tem demonstrado um trabalho exemplar”.

O presidente da Faperj, Jerson Lima Silva, em nome do Conselho, prestou as homenagens, entregando uma placa símbolo do apreço pelo trabalho incansável da professora Angela Uller à frente do Conselho Superior da Faperj. O diretor de Tecnologia, Maurício Guedes, ressaltou o legado de Angela, principalmente, com a questão do planejamento de longo prazo; e a diretora Científica, Eliete Bouskela, parabenizou-a por suas reflexões nesses dois mandatos. Outros membros do Conselho também manifestaram gratidão e destacaram a importância de uma mulher à frente do Conselho, marcando uma política institucional. A substituta de Angela no cargo será a pesquisadora Alice Casimiro Lopes, professora da Faculdade de Educação da Uerj. 

* Com Ascom da Faperj.

Primeira doutora em Computação no Brasil profere palestra no Ciclo de Seminários PESC

O Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe/UFRJ promove na quarta-feira, dia 30 de março, às 18 horas, a segunda edição de 2022 do ciclo de Seminários PESC, que será dedicada ao “Dia Internacional da Mulher”, comemorado em 8 de março. Para celebrar a data, a palestra será proferida pela professora aposentada do PESC, Dina Feigenbaum que foi a primeira mulher a obter o título de doutora em Computação em uma instituição brasileira. O seu doutorado foi concluído no PESC, em 1978, sob orientação do professor Nelson Maculan. O evento será transmitido pelo canal do Programa no YouTube.

Durante sua palestra intitulada “Elementos sobre a história do PESC e a implantação das novas áreas”, Dina abordará sobre o nascimento da interdisciplinaridade da Computação e seu desenvolvimento no Programa de Engenharia de Sistemas e Computação. O evento será moderado pelas professoras do PESC/Coppe, Marta Mattoso e Sulamita Klein; pela professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Clevi Rapkiewicz; e pelo professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Trazibulo Casas. Os dois últimos tiveram Dina como orientadora durante o mestrado.

De acordo com Nelson Maculan, a professora Dina era muito dedicada desde o seu mestrado cursado no Programa de Engenharia de Produção (PEP) da Coppe, com orientação do professor José Ortega e concluído em 1974. Neste período, Dina, que chegou a cursar disciplinas com Maculan, que era docente do PEP, atuava muito com economia e física, suas áreas de formação. Ao concluir o curso, optou em seguir a carreira acadêmica e se candidatou ao doutorado no PESC na área de Otimização para a qual foi aprovada.

Maculan lembra que durante o doutorado Dina teve a companhia de muitas mulheres e que o percentual da presença feminina era maior do que o atual, ao contrário do que se imagina hoje, na área da Ciência da Computação. O professor acredita que o fato da Computação ser muito familiar as jovens que cursavam Matemática ou similares, fazia com que estas já tivessem interesse pela área, mesmo estando inserida em uma Engenharia. Maculan diz ainda que Dina e suas colegas sempre mostravam suas ideias e discutiam com os alunos do sexo masculino de igual para igual, sem inibição alguma.

Logo assim que concluiu seu doutorado, Dina, sempre muito ativa, foi admitida como professora associada no PESC, onde criou a linha de ensino e pesquisa “Informática e Sociedade”. Maculan diz que a professora, que atuou algumas vezes como pesquisador visitante na Université du Québec à Montréal (UQAM), no Canadá, atraiu muitos alunos para o Programa, dos quais muitos para atuar na linha de pesquisa que ela implantou.

Prorrogadas as inscrições para mestrado e doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Coppe

Foram prorrogadas até o dia 31 de março as inscrições para os cursos de mestrado e doutorado do Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (PEMM) da Coppe/UFRJ. As linhas de pesquisa do Programa se concentram nas seguintes áreas: Biomateriais; Cerâmicas Avançadas; Corrosão; Ensaios Não Destrutivos; Materiais Compósitos; Materiais Poliméricos; Metalurgia Extrativa: Tecnologia Mineral e Ambiental; Metalurgia Física e Propriedades Mecânicas; Processamento Termomecânico e Engenharia Microestrutural; Soldagem; e Superfícies e Filmes Finos.

Os resultados da etapa de avaliação e o final do processo seletivo serão divulgados dias 11 de abril e 2 de maio, respectivamente. O edital e o link para inscrição no processo seletivo estão disponíveis a partir do site do Programa: https://bit.ly/385Wa5n

Conceito 6 na avaliação da Capes, concedido a cursos com ótimo desempenho nas áreas de ensino e pesquisa, o PEMM, criado em 1967, é reconhecido pela excelência no ensino e na pesquisa. Mantém intenso intercâmbio com instituições nacionais e internacionais e participa do ensino de graduação, destacando-se pela integração com a Escola Politécnica da UFRJ.

Conheça o Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Coppe no canal da instituição no Youtube.

Faperj lança Programa Luiz Pinguelli Rosa de apoio a pesquisadores em zonas de conflito

A Faperj anunciou ontem, dia 24 de março, o lançamento do Programa Luiz Pinguelli Rosa de Apoio à Mobilidade e Instalação de Pesquisadores Originários de Regiões em Conflito em ICTs do Estado do Rio de Janeiro. O programa, cujo nome homenageia o professor Pinguelli (1942-2022), ex-diretor da Coppe/UFRJ, é destinado a apoiar projetos envolvendo a vinda de pesquisadores localizados em regiões em conflito a instituições de ensino e pesquisa localizadas no Rio.

“Decidimos nomear o edital em homenagem ao Professor Luiz Pinguelli Rosa, membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), professor emérito da Coppe/UFRJ, ex-presidente da Eletrobras e grande incentivador da ciência e da cultura, sempre preocupado com as questões relativas a inclusão social”, disse o professor Jerson Lima, presidente da Faperj

Apesar dos recentes conflitos desenrolados na Ucrânia, uma das motivações para criação do programa, o edital apoiará pesquisadores provenientes de quaisquer outros territórios internacionais que estejam em situação semelhante. A iniciativa funcionará em modo de fluxo contínuo, no qual o sistema de submissão da Faperj (SisFaperj) permanecerá aberto para o recebimento de propostas por um período de 365 dias, ou até que os recursos disponibilizados se esgotem. Para este edital, serão disponibilizados recursos no valor de R$ 10 milhões para apoiar propostas no valor individual máximo de R$ 200 mil, cada. Todas as áreas de pesquisa serão contempladas.

O período de inscrições será de 25/03/2022 a 25/03/2023 e os projetos contemplados poderão ter início a partir de junho deste ano (e subsequentemente sempre pelo menos 2 meses após a inserção da proposta no sistema).

Confira o texto do edital na íntegra: Programa Luiz Pinguelli Rosa de Apoio à Mobilidade e Instalação de Pesquisadores Originários de Regiões em Conflito em ICTs do Estado do Rio de Janeiro

* Com Ascom da Faperj.

Professor Watanabe recebe prêmio do Instituto de Engenheiros Eletricistas do Japão

O professor do programa de Engenharia Elétrica da Coppe/UFRJ, Edson Watanabe, recebeu na terça-feira, 22 de março, o prêmio One Step on Electro Technology – Looking back, we can see the future, concedido pelo Instituto de Engenheiros Eletricistas do Japão. A premiação foi concedida durante cerimônia remota iniciada às 4h50h em Tóquio.

Criado em 2008, para marcar o 120º aniversário da instituição, o prêmio tem características diferentes de outras premiações e visa reconhecer o mérito de “mono”, “koto”, “hito”, e “basho” (ou seja, “coisa”, “fato”, “pessoa”, e “local”) que deram importantes contribuições ao desenvolvimento da engenharia elétrica e deram “um passo” no desenvolvimento da indústria e notável contribuição cultural. O objetivo é não apenas manter registro da brilhante história do passado e enaltecer conquistas anteriores, mas voltar no tempo e aprender com pontos de vista, esforços, adversidades e realizações daqueles que vieram antes e, então, olhar para o futuro.

O prêmio foi para a “coisa” e “caso” Teoria de Potência Reativa Instantânea e Sua Difusão, com reconhecimento ao professor H. Akagi, principal autor da teoria e ao professor Watanabe por sua contribuição e difusão. Um dos diferenciais da premiação é reconhecer também as instituições envolvidas, e assim foram contempladas a UFRJ (pela atuação do professor Watanabe), o Instituto de Tecnologia de Tóquio (onde ambos realizaram o doutorado e o professor Akagi atualmente é docente), e a Universidade de Tecnologia Nagaoka, Japão (onde o professor Watanabe atuou como pesquisador visitante e o professor Akagi como docente). Durante seu discurso o professor Watanabe destacou também a contribuição do professor Maurício Aredes, também do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe, para a referida teoria (a “coisa”) e sua difusão (o “fato”), por meio de um livro internacional.

Na Aula Inaugural da Coppe, ex-ministro Renato Janine Ribeiro defende a ética como a preocupação com a justiça social

A Coppe/UFRJ promoveu nesta segunda-feira, 21 de março, sua cerimônia conjunta de Recepção aos Novos Alunos e Aula Inaugural 2022. Durante a aula intitulada “Ética no mundo atual” o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e ex-ministro da Educação, professor Renato Janine Ribeiro defendeu a ética como o mundo dos direitos universais, do comportamento voltado ao bem comum, em vez do medo das punições legais ou divinas, e da luta contra as desigualdades sociais.

O ex-ministro destacou que a ética permite a autonomia de escolher a melhor maneira de agir, mas exige reflexão, e envolve a reciprocidade. “Ao reivindicarmos direitos a nós, reconhecemos esse direito a todos os outros. Temos autonomia para buscar o que é certo, mas pela reciprocidade, devemos entender que o que é certo para mim, também deve ser para o outro. Reconheço ao outro a mesma liberdade de escolha que reivindico a mim. Reconhecer ao outro o mesmo direito de seguir sua orientação sexual, escolher seu parceiro amoroso, sua religião. Tem que ser a todos, sem duplo padrão, de avocar um direito para si e não reconhecê-lo para os demais. Algo muito comum em uma sociedade como a nossa, fundada em muitas discriminações. Privilégios são particulares, direitos são universais. O mundo da ética é um mundo de direitos, não é um mundo de privilégios”.

O professor salientou que, a partir do século XVII, ocorre o que alguns estudiosos chamam de declínio do inferno. “Durante muito tempo, a questão ética esteve ligada ao medo do castigo divino. Essa forma de pensar, ainda persiste. Em 1985, houve eleição para prefeito em São Paulo e o então senador Fernando Henrique Cardoso disputava com o ex-presidente Jânio Quadros. Ao ser questionado pelo jornalista Boris Casoy se ele acreditava em Deus, FHC mostrou visível embaraço e muita gente diz que ele perdeu a eleição por causa disso. Ou seja, para parte da população, uma pessoa que não crê em Deus soa imoral, sem limites. Ou que a pessoa só faz o bem se tiver medo do inferno. Essas pessoas não são propriamente éticas, elas são medrosas”.

“Há uma percepção de que para ser ético bastaria você não fazer nada de errado. Nada errado pela lei, nada errado pelo código de ética. Se eu não violar nenhum princípio legal, isso quer dizer que eu sou inocente, não quer dizer que eu seja uma pessoa ética. Pode ser que eu tenha respeitado a lei, somente pelo medo da punição. A meu ver, isso é insuficiente”, avaliou o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

“Lembram do ditado que alguns falam: ética é o que você faz quando ninguém está olhando? Para você ser ético, você tem que se conduzir, independentemente do olhar do outro. Independentemente do que vão pensar de você. Independentemente da perspectiva de haver ou não um castigo. Para ser ético, você tem que agir bem por considerar que é certa esta ação”, afirmou o professor da USP.

Segundo o professor Renato Janine Ribeiro, as leis existem para colocar ordem na sociedade. “O Código Penal tem artigos tipificados, até vender bilhete de loteria de um estado em outro. São, pelo menos, 250 crimes tipificados, além de leis extravagantes, leis que estabelecem penas fora dos códigos. Você pode respeitar a lei por medo da pena ou por considerá-la justa.

Na lei não importa a motivação da pessoa, na ética, isso é o que mais importa. Na ética, a motivação é mais importante que o ato concreto, mas isso vem refletindo na lei. Assédio sexual é um exemplo. Porto Alegre votou uma lei que permitia cassar alvará de estabelecimento por assédio sexual. Isso reflete a influência da ética sobre a lei. Como também ocorre na criminalização do racismo”.

De acordo com o professor, uma das características da lei penal é o não. “Se eu não violar principio legal, isso significa que sou inocente, não que sou uma pessoa ética. Na ética do sim, não basta se abster de fazer a coisa errada. Tem que fazer a coisa certa. Mas, o bem é um conceito relacional, existe nas relações sociais. Em um país como o nosso, devemos pensar na dimensão da miséria, da injustiça social, da discriminação. Não vejo como ser ético sem uma preocupação com a justiça social. Devemos agir de modo a promover a igualdade de oportunidades. Caso toleremos a fome, a desigualdade, estaremos compactuando com uma grande falta de ética”.

“Quando fui ministro da Educação, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), era Chico Soares, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Uma vez, Chico me disse que pelo nível socioeconômico do aluno, era possível prever a nota do candidato. Existem sete níveis socioeconômicos listados pelo Inep. No nível mais elevado, a média de pontuação dos alunos era 610. No nível mais pobre, era 420. Isso não tem a ver com mérito.Um aluno pobre com 500 pontos, está quase 100 pontos acima da sua média. Um aluno rico com 500 pontos, está mais de 100 pontos abaixo da sua média. Logo, dois alunos com a mesma pontuação e que não têm o mesmo mérito”.

O ex-ministro encerrou a Aula Inaugural, falando de maneira mais específica para alunos de programas de pós-graduação em Engenharia. “As suas conquistas costumam trazer ganhos de produtividade, o que é muito importante para o país. Basta o Brasil começar a progredir, começa a faltar engenheiros. O ministro da Economia está errado ao dizer que se há engenheiros dirigindo Uber, é porque estamos formando engenheiros demais. Isso é um sinal de uma economia fraca”.

“Quando o Brasil retomar o caminho do desenvolvimento, o PIB voltar a crescer, precisaremos pensar em quem está ganhando ou perdendo com os ganhos de produtividade, em como é a apropriação desigual dos ganhos de conhecimento. Termino essa palestra exortando vocês a verem o conteúdo ético do que farão. Que vocês sejam felizes e contribuam para um país mais justo e feliz”, finalizou o presidente da SBPC, professor Renato Janine Ribeiro.

Boas vindas aos novos alunos

O diretor da Coppe, professor Romildo Toledo, destacou a alegria em poder realizar presencialmente a cerimônia de boas vindas aos novos alunos

O diretor da Coppe, professor Romildo Toledo, deu as boas vindas aos cerca de 400 novos alunos da instituição, no primeiro dia de aulas presencias para os mais de 2400 alunos da instituição, desde o começo da pandemia.

“Estamos muito felizes de estar aqui hoje para dar início ao ano letivo de 2022, espero que transcorra todo de forma presencial e vocês possam desfrutar muito a instituição e o convívio no ambiente universitário. É muito complicado fazer toda uma pós-graduação de forma virtual, isso faz diferença, então estamos felizes de começarmos o período presencialmente”, destacou o professor Romildo.

Na avaliação do decano do Centro de Tecnologia, professor Walter Suemitsu, os dois últimos anos foram muito difíceis para a universidade., “Tivemos que nos adaptar ao ensino virtual, adaptar trabalhos que deveriam ser feitos em laboratório. Foi um desafio muito grande e a Coppe conseguiu vencê-lo mantendo a qualidade”.

“A Coppe tem muita importância não apenas em nível da UFRJ, mas em nível nacional. O seu modelo de ensino foi adotado em várias universidades do país. Vocês estão ingressando em uma unidade de excelência e têm a responsabilidade de manter este nível”, afirmou professor Suemitsu.

“Durante a pandemia, foram 1955 publicações. Ou seja, trabalhamos nestes dois anos e bastante, tanto em pesquisa como em ensino”, relatou a diretora de Assuntos Acadêmicos, professora Lavínia Borges.

Em seguida, a diretora de Assuntos Acadêmicos da Coppe, professora Lavínia Borges mostrou aos novos egressos a homepage da Coppe e o site da Diretoria de Assuntos Acadêmicos (DAAC), e também apresentou a equipe responsável pela área acadêmica da instituição. Segundo informações da DAAC, a Coppe conta, atualmente, com 347 professores e 2408 alunos, 1174 cursando mestrado e 1234, o doutorado, e 125 pesquisadores de pós-doutorado.

“De acordo com o banco de dados SciVal, entre 2015 e 2021, os professores da Coppe publicaram 6067 trabalhos em periódicos indexados. Apenas nos últimos dois anos, durante a pandemia, foram 1955 publicações. Ou seja, trabalhamos nestes dois anos e bastante, tanto em pesquisa como em ensino”, relatou professora Lavínia.

“Neste período de ensino remoto emergencial, oferecemos 1218 disciplinas com crédito. Foram realizadas 561 defesas de trabalhos acadêmicos, sendo 336 dissertações de mestrado e 225 teses de doutorado. Parece muito, mas em dois anos, fizemos o que costumávamos fazer em um. O impacto da pandemia, para a gente, foi grande, também pelo afastamento da infraestrutura laboratorial e computacional”, analisou.

O diretor-adjunto de Assuntos Acadêmicos, professor Marcello Campos, pediu atenção ao preenchimento dos formulários de pré e pós-defesa

O diretor-adjunto de Assuntos Acadêmicos, professor Marcello Campos, mostrou, com maior detalhe, o site da diretoria de assuntos acadêmicos, onde encontrar normas e regulamentações, e explicou a hierarquia da qual emanam essas normas acadêmicas, e aconselhou os recém-egressos a lerem as Informações aos novos alunos.

“Peço atenção ao preenchimento dos formulários de pré-defesa e pós-defesa. Os alunos costumam questionar o porquê dessa burocracia, mas é uma boa burocracia que defende os direitos dos alunos e o rito acadêmico correto”, avaliou professor Marcello.

Coppe cada vez mais acolhedora

A diretora de Gestão de Pessoas, Vanda Borges, apresentou o Núcleo de Atendimento Psicossocial Acolhe Coppe, criado em julho de 2019, para atender uma antiga demanda do corpo social da instituição, e destacou que a cada ano, o núcleo vem ampliando a oferta de serviços e se reinventando para o bem estar físico e emocional do corpo discente e força de trabalho.

“O equilíbrio emocional envolve harmonizar sensações como tristeza, raiva, frustração. Saber lidar com esses sentimentos de forma saudável e harmonizada com as obrigações acadêmicas e laborais não é fácil para ninguém. No entanto, é fundamental perceber quando ocorre o desequilíbrio e ele impacta na relação interpessoal. Esse é o foco do Acolhe Coppe: atenção, cuidado e integração. Alicerçado na metodologia dialógica, o acolhimento é ofertado a partir de uma escuta qualificada e isenta”, explicou Vanda.

O professor Romildo Toledo encerrou a cerimônia, prestando homenagem ao ex-diretor da Coppe, professor Luiz Pinguelli Rosa,falecido no dia 3 de março. “Um grande líder de nossa instituição, um professor que ajudou muito, a exemplo de nosso fundador, a implementação e consolidação desse modelo de ensino e pesquisa”, destacou professor Romildo, antes dos merecidos aplausos, de todos os presentes no auditório, ao saudoso professor Pinguelli.

Compuseram a mesa da cerimônia o diretor da Coppe, professor Romildo Toledo; o decano do Centro de Tecnologia (CT), professor Walter Suemitsu; a diretora de Assuntos Acadêmicos, professora Lavinia Borges; o diretor-adjunto de Assuntos Acadêmicos, professor Marcello Campos; o diretor de Planejamento, Administração e Desenvolvimento Institucional, professor Ericksson Almendra; a diretora de Gestão de Pessoas, Vanda Borges; a diretora de Tecnologia e Inovação, professora Angela Uller; a diretora de Empreendedorismo, professora Marysilvia Ferreira; o diretor-superintendente da Fundação Coppetec, professor Antonio MacDowell de Figueiredo; e o diretor-executivo da Fundação Coppetec, Fernando Peregrino.

A Aula “Ética no mundo atual” e a Recepção aos Novos Alunos foram transmitidas pelo canal da Coppe no YouTube e estão disponíveis, na íntegra.