A Coppe/UFRJ inaugurou nesta sexta-feira, 11 de agosto, uma planta piloto de produção e aplicabilidade de hidrogênio verde. O projeto envolve a produção de hidrogênio a partir da eletrólise da água, usando energia fotovoltaica, e o seu uso em processos industriais, em bicicletas movidas a H2, e em pilhas a combustível de óxido sólido. A iniciativa contou com recursos da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e com a participação de pesquisadores de quatro laboratórios da Coppe: Laboratório de Transporte Sustentável (LabTS), Laboratório de Eletrônica de Potência e Média Tensão (LEMT), Núcleo de Catálise (Nucat), e Laboratório de Hidrogênio (LabH2).
De acordo com a professora Andrea Santos, coordenadora do Laboratório de Transporte Sustentável (LabTS) e do projeto , a cooperação abrange um leque extenso de objetivos como a geração estacionária de energia elétrica, armazenamento de energia na forma de gás e energia elétrica (células/pilhas a combustível de óxido sólido); produção de e-fuel (SAF, sigla para Sustainable Aviation Fuels), empregando H2 verde como matéria-prima renovável e CO2 capturado; e o uso do hidrogênio verde (H2V) na microbilidade urbana, com bicicletas elétricas movidas a H2V.
“Teremos no campus quatro bicicletas híbridas elétrico/hidrogênio. Elas têm 150 km de autonomia, o cilindro de combustível com capacidade para dois litros de hidrogênio pode ser recarregado em apenas dois minutos. Buscamos demonstrar a viabilidade técnica desse equipamento que tem potencial para revolucionar micromobilidade urbana, colaborando com a transição energética, e apoiando a nova economia do hidrogênio”, explicou Andréa, coordenadora do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe.
Na avaliação da diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, o projeto “está muito alinhado às nossas visões, pois trata de mobilidade, sustentabilidade, interações entre os programas acadêmicos. É uma demonstração desse novo momento que estamos vivendo”.
Para o cônsul-geral adjunto da Alemanha, Joachim Schemel, a tecnologia do hidrogênio pode ser uma chave para uma economia circular. “Há algum tempo, o hidrogênio verde está no topo da agenda do governo alemão. A Alemanha quer atingir a neutralidade de carbono até 2045 e o hidrogênio verde é visto como uma fonte promissora de energia. O fato do projeto ter iniciado no Rio de Janeiro, uma cidade tão associada à sustentabilidade por ter sediado a Conferência das Nações Unidas em 1992, mostra o quanto essa parceria é positiva e ambiciosa”, elogiou.
Segundo o diretor do Projeto H2Brasil, Markus Francke, “o hidrogênio – de muitas cores, não apenas o verde – vai ser uma parte muito importante da transição energética e o Brasil tem um potencial enorme neste recurso. Nosso ministério (da Alemanha) é um ministério de desenvolvimento sustentável e este é um dos mais importantes projetos de cooperação. Agradeço a todo time envolvido nesta parceria. Foi um trabalho enorme e fantástico”.
Patricia Naccache, coordenadora-geral de Energias e Tecnologias de Baixo Carbono e Inovação do Ministério de Minas e Energia (MME), lembrou que as políticas públicas para hidrogênio começam em 2002, com o programa brasileiro de hidrogênio e sistemas de células a combustível. “Em 2022, foi implementado o Programa Nacional do Hidrogênio que reúne 11 ministérios, coordenados pelo MME. Outra iniciativa é a criação do sistema brasileiro de laboratórios de hidrogênio, uma chamada que foi aberta ano passado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Em 2027 acreditamos que teremos cinco vezes mais recursos para pesquisa e desenvolvimento em hidrogênio, do que em 2020. Cerca de 150 milhões de reais para o setor”.
“O governo reconhece a importância e o papel vital do investimento para dinamizar o ecossistema do hidrogênio no país, construir capacidades tecnológicas nacionais e estimular os investimentos no setor privado. Nesse sentido o projeto H2Brasil vem reforçar as políticas públicas já implementadas e estimular o desenvolvimento deste setor essencial para a transição energética”, finalizou Patricia.
Capacidade para mais de oito quilos de hidrogênio por dia
A planta de produção de hidrogênio verde outdoor utiliza nove eletrolisadores com AEM (membrana de troca aniônica), capazes de gerar 8,6 kg de hidrogênio por dia; um supercapacitor; um sistema de compressão que comprime o hidrogênio a 385 bar de pressão; 24 cilindros de armazenamento, quatro bicicletas híbridas e um sistema para abastecê-las com dois litros de H2 a 300 bar.
A cooperação alemã se deu por meio do projeto H2Brasil, que tem por objetivo apoiar a expansão do mercado de hidrogênio verde no país e é implementado pela GIZ (sigla em alemão para Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit).
O evento contou com a participação da diretora da Coppe, professora Suzana Kahn; da coordenadora do projeto, do Laboratório de Transporte Sustentável (LabTS), e do Programa de Engenharia de Transportes, professora Andrea Santos; do cônsul-geral adjunto da Alemanha no Rio de Janeiro, Joachim Schemel; do diretor do Projeto H2Brasil, Markus Francke; e da coordenadora-geral de Energias e Tecnologias de Baixo Carbono e Inovação do Ministério de Minas e Energia (MME), Patrícia Naccache. Os laboratórios da Coppe envolvidos na iniciativa são vinculados aos programas de Engenharia de Transportes (PET); de Engenharia Elétrica (PEE); de Engenharia Química (PEQ); e de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (PEMM).