Nelson Maculan é homenageado pelos 80 anos em marcante e emocionante cerimônia na Coppe

Desde sua entrada no auditório lotado, quando foi recebido de pé com longos aplausos, o professor Nelson Maculan Filho, do programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc) da Coppe/UFRJ, teve seus 80 anos de idade bastante celebrados por uma plateia que traduz sua representatividade e sua importância para o país como um todo. A cerimônia realizada na manhã de hoje, dia 29 de março, foi promovida pelo Pesc e pelo Instituto de Matemática, da UFRJ, onde Maculan também é docente. O evento reuniu dezenas de professores da UFRJ e de outras universidades, incluindo reitores e aposentados; muitos alunos, ex-alunos, técnico-administrativos, seus familiares e dirigentes de entidades de classe e de instituições governamentais.

O lado humano, atencioso e generoso de Maculan foi destacado pelos participantes, bem como a quantidade e qualidade de alunos por ele formados, considerados como “seus filhos”, que estão distribuídos por todos os estados do Brasil e também no exterior. “O Maculan nos dá muito orgulho. Lembro que fui uma vez ao Chile, na Usach, e encontrei com o pessoal de computação e todos do departamento tinham sido alunos do Maculan. Em todo o lugar que a gente vai tem alguém que é aluno do Maculan”, destacou a diretora de Tecnologia e Inovação da Coppe, professora Angela Uller, diretora em exercício da instituição.

Angela disse ser fantástico o fato de o Marculan ter sido diretor da Coppe, reitor da universidade, mas nunca largar seu ofício de professor, em todos os sentidos. “É uma das pessoas mais gentis que conheço e agregadoras, o que às vezes é difícil no ambiente em que vivemos. Parabéns, Maculan, de toda a Coppe, muitos anos mais de colaboração aqui conosco. Parabéns, por tudo o que você fez por nós. Muito obrigada”.

Ao fazer a saudação ao homenageado, o reitor da UFRJ, professor Carlos Frederico Rocha, disse que quando a universidade concede a emerência a um professor está o convidando a fazer parte de seu DNA. “Na verdade, quem se sente honrado com isso somos nós. Passamos a ter a identidade do Maculan conosco. Nossa admiração por você é muito grande, Maculan. São 80 anos e ainda com atividades. Continua aqui conosco e orientando. Maculan, a homenagem é para você e um grande orgulho para nós”, declarou o reitor da UFRJ

Declarando-se muito emocionado, Nelson Maculan falou de seu ingresso na UFRJ, ressaltando a importância de ter iniciado sua carreira de docente na Coppe e também no Instituto de Matemática, onde passou a ter uma grande interação com a graduação, com a Matemática Aplicada, e deu aula de cálculo. Destacou que chegou a dar 20 horas de aula por semana e a ter 150 alunos, e fez uma crítica às universidades brasileiras, que funcionam com uma união de escolas e não como uma universidade, onde os diversos cursos deveriam interagir.

No início de sua fala, Maculan agradeceu a todos e, em especial, ao professor que o trouxe de Ouro Preto para a instituição, em 1965; ao professor. Paulo Boaventura, seu orientador no doutorado realizado no Programa de Engenharia de Produção da Coppe, e ao professor Paulo Alcântara Gomes, por ter salvo o seu pai, o senador Nelson Maculan, na época da ditadura.

“Eu quero agradecer muito a presença de vocês aqui, à minha família, esposa, filha, meus dois filhos, minhas duas noras, minhas três netas e o meu neto, que me ajudaram muito, a e a todos os sobrinhos e primos que estão aqui hoje. Fico muito contente, agradeço a todos por estarem presentes. Foi uma grande surpresa para mim, vi tanta gente interessante aqui dentro”, declarou, um contente Maculan, ao encerrar seu discurso.

Confira o evento na íntegra no canal do Pesc no YouTube: https://bit.ly/3nxurlL

Professor da Coppe é um dos oito autores que mais contribuíram ao IPCC

O professor Roberto Schaeffer, da Coppe/UFRJ, é um dos oito autores que mais vezes contribuíram para os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Único brasileiro na lista, o professor do Programa de Planejamento Energético (PPE) contribuiu para sete relatórios. Apenas quatro cientistas contribuíram mais vezes (oito). Esta é uma das revelações de um artigo sobre diversidade geográfica e de gênero, ao longo dos 35 anos de história do IPCC, publicado no dia 15 de março, no site CarbonBrief.

Integram a lista os pesquisadores Jean-Charles Hourcade, Jose Antonio Marengo Orsini, Linda Mearns, Keywan Riahi (oito); Mark Howden, Youba Sokona, Zbigniew Kundzewicz, Zbigniew Kundzewicz (sete), além do professor da Coppe. O cientista peruano José Antonio Orsini é pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

O relatório mostra que o Painel avançou tanto na busca por equidade de gênero – o número de autoras mulheres passou de 8% para 33% – quanto na diversidade geográfica – 11% dos autores vinham do chamado Sul global (países em desenvolvimento), no último relatório (AR6) foram 43% – ao longo de três décadas. Mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Coppe recebe candidatos a reitor da UFRJ

Roberto Medronho e Vantuil Pereira (fotos de Fábio Caffé – SGCOM/UFRJ)

A Coppe recebe, em abril, os candidatos a reitor e vice-reitora da UFRJ. A primeira fase da eleição para a nova Reitoria da UFRJ, que é a pesquisa, terá duas chapas concorrendo aos cargos máximos da Universidade para o mandato que vai de julho de 2023 a julho de 2027. A Chapa 10, composta pelo professor Roberto Medronho (Faculdade de Medicina), candidato a reitor, e pela professora Cassia Turci (Instituto de Química), candidata a vice-reitora, apresentará suas propostas no dia 14 de abril; e a Chapa 20, composta pelo professor Vantuil Pereira (do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos Suely Souza de Almeida), candidato a reitor, e pela professora Katya Gualter (Escola de Educação Física e Desportos – EEFD), candidata a vice-reitora, no dia 19 de abril. Ambos os eventos serão das 11h às 12h30, no Auditório da Coppe, no Centro de Tecnologia 2 (CT 2), Rua Moniz Aragão, 360, Cidade Universitária.

A comunidade universitária terá entre 25 e 27 de abril para registrar voto em quem deseja ver nos cargos máximos da UFRJ. Poderão manifestar opinião na pesquisa: estudantes com matrícula ativa da educação básica do Colégio de Aplicação (desde que tenham 16 anos ou mais); discentes de graduação presencial ou a distância, de mestrado, doutorado ou, ainda, de pós-graduação lato sensu com carga horária mínima de 360 horas; docentes e técnicos-administrativos ativos do quadro permanente da UFRJ; professores eméritos; pesquisadores vinculados ao Programa Institucional de Pós-Doutorado (PIPD).

Os currículos dos postulantes e as propostas das chapas podem ser consultados no Conexão UFRJ.

Homenagem aos 80 anos do Professor Nelson Maculan

O programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc) da Coppe e o Instituto de Matemática, da UFRJ, promovem, dia 29 de março, às 9h30, uma homenagem a seu professor emérito Nelson Maculan Filho, que completa 80 anos de idade, sendo mais de 50 dedicados à UFRJ. A cerimônia, precedida de uma recepção, às 8h30, será realizada no auditório da Coppe, no Centro de Tecnologia 2 – Rua Moniz Aragão, 360, bloco 1, Cidade Universitária.

Nelson Maculan nasceu no Paraná, em março de 1943, estado onde ingressou na escola já na terceira série do primário e iniciou o Científico, atual Ensino Médio, que foi concluído no Rio de Janeiro, para onde se mudou em 1959. No Rio, também se preparou para o vestibular e decidiu cursar Engenharia de Minas e Metalurgia, na Escola Nacional de Minas, na Universidade de Ouro Preto, onde graduou-se em 1965. No ano seguinte, em função do clima de repressão no Brasil, embarcou para a França, país que considera sua segunda pátria, onde cursou seu mestrado em Estatística Matemática na Université Pierre et Marie Curie, em Paris, concluído em 1967. Nesta cidade conheceu Anne Marie Maculan, sua esposa até hoje, que também ingressou na Coppe, como professora do Programa de Engenharia de Produção.

Docente da Coppe, desde 1971, e do Pesc e do Instituto de Matemática, desde 1973, Maculan concluiu seu doutorado no Programa de Engenharia de Produção da Coppe, em 1975. Membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), ao longo de sua trajetória acadêmica, tem dado importante contribuição à Educação. Foi diretor da Coppe, de janeiro a julho de 1990, reitor da UFRJ, de julho de 1990 a 1994, secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, de 2004 a 2006, e secretário de Estado de Educação do Rio de Janeiro, de 2007 a 2008.

O combustível das revoltas

A guerra Rússia-Ucrânia causou um forte aumento do preço dos derivados do petróleo. Esta situação vem causando preocupação à maioria dos governantes. Afinal, são muitos os exemplos de governos ameaçados por revoltas contra o aumento dos preços dos combustíveis. Há alguns meses, o governo do Cazaquistão vem sendo sacudido por manifestações detonadas pelo fim dos subsídios a carburante para automóveis. No Irã, em 2019, a revolta conhecida como “novembro sangrento” teve seu estopim no aumento do preço e no racionamento da gasolina. Na França, em 2018, a alta do imposto sobre o consumo de produtos energéticos foi o estopim do movimento dos “coletes amarelos”, cuja fúria abalou o governo Macron.

A melhoria do transporte urbano coletivo e o aumento de sua acessibilidade são sem dúvida elementos cruciais para a redução da pressão por combustíveis automotivos baratos. Contudo, infelizmente, ela não é suficiente, dado o desejo de muitas pessoas de ter seu próprio carro. Além disto, os veículos individuais são instrumentos de trabalho para parcela relevante da população. Como exemplo, podemos citar os motoristas de aplicativos e de táxis e os pequenos comerciantes.

No Brasil, o etanol é uma ótima alternativa, do ponto de vista ambiental, ao combustível fóssil, e deve ser nossa prioridade. Contudo, ele sozinho, não é uma solução para aliviar a pressão sobre o bolso do consumidor. O seu preço tem acompanhado o preço da gasolina dada restrições de oferta. Assim tanto o carro híbrido como o elétrico “puro” são necessários para complementar uma frota veículos que rode apenas com etanol.

Várias projeções indicam que os veículos elétricos serão competitivos com os carros a combustão interna em cerca de cinco anos. O fim dos subsídios aos combustíveis fósseis serviria de incentivo a expansão da produção nacional de etanol e à implantação de uma indústria nacional de veículos híbridos ou elétricos “puros”. 

Contudo, estamos em um círculo vicioso que se retro alimenta constantemente. Os governos são forçados a subsidiar os veículos carburantes dada a falta de alternativas mais baratas. Estes subsídios, por sua vez, desestimulam a produção de biocombustíveis e o desenvolvimento da indústria de veículos elétricos, provocando assim o clamor por combustível fóssil barato.

Apesar de aparentemente paradoxal, não há incoerência no fato de um país produtor de petróleo como o Brasil investir fortemente na descarbonização de sua economia. A Noruega, por exemplo, grande exportador de petróleo e gás natural, é um campeão no fomento a energia limpa. O Parlamento norueguês decidiu como meta nacional que todos os carros novos vendidos até 2025 sejam de emissão zero. Em 2020, 74,8% (maior percentual no mundo) dos veículos novos vendidos na Noruega foram elétricos e 98% da eletricidade foi gerada a partir de fontes renováveis. Podemos seguir o mesmo caminho.

* Publicado em O Globo, na editoria Opinião, em 24/03/2022.

Em evento na China, professora Suzana Kahn alerta para a urgência no enfrentamento aos desafios do clima

A vice-diretora da Coppe/UFRJ e diretora do Centro China-Brasil, professora Suzana Kahn, participou em Pequim, nesta segunda-feira, dia 27 de março, da sessão “Think tanks, universidades e ação local”, do evento “China-Brasil, diálogo sobre Desenvolvimento Sustentável”, promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e pelo Center for China & Globalization (CGC).

No evento, professora Suzana alertou para o encurtamento dos prazos para que a comunidade internacional responda aos desafios do clima. “É relevante que a gente passe a agir mais rápido. O tempo está ficando curto. O que considerávamos longo prazo está se encurtando. Quando comecei a estudar mudanças climáticas, era algo que pensávamos para os nossos netos. Depois, passou a ser algo relativo à geração de nossos filhos. Agora é algo que impacta a nós mesmos”.

“A ciência é fundamental, mas temos de ser mais inovadores. Se o conhecimento científico não vai para o mercado, se não é aplicado, ele não vai trazer resultados. Portanto, vejo que estamos pecando nessa transição para a inovação. São anos de investimento que devem ser revertidos para a sociedade, para o desenvolvimento”, destacou a vice-diretora da Coppe.

A sessão discutiu o tema “Soluções para desenvolvimento sustentável e transição energética”, com a participação de Shengen Fan (Academy of Global Food Economics and Policy, China Agricultural University), Karin Costa Vazquez (Non-Resident Senior Fellow, Center for China and Globalization), Marina Piatto (Diretora Executiva da Imaflora), Fabiana Villa Alves (Embrapa) e Luiz Gustavo Nussio (USP/Esalq), sendo moderada pelo presidente do CGC, Henry Wang.

Coppe e Tsinghua renovam a cooperação no Centro China-Brasil

A Coppe/UFRJ e a Universidade de Tsinghua vão renovar nesta terça-feira, 28 de março, por mais quatro anos, a parceria entre as instituições materializada no Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia. O acordo terá validade até 2027 e será firmado em Pequim, dando sequência à colaboração entre as instituições em temas como: Planejamento Energético; Cidades Inteligentes; Mobilidade – Veículos Híbridos; Empreendedorismo e Inovação.

O Centro China-Brasil é resultado da cooperação tecnológica e acadêmica firmada em 2008 entre a Coppe/UFRJ, maior centro de pesquisa em engenharia da América Latina, e a Universidade de Tsinghua, principal universidade chinesa na área de engenharia. Desde sua inauguração, em 2009, o Centro está sediado na Universidade de Tsinghua, em Pequim.

Possui um Conselho Executivo formado por representantes dos dois países: pelo Brasil, o Centro é presidido pelo professor Romildo Toledo e pela China pelo professor He Jiankun, e tem como diretores os professores Suzana Kahn, da Coppe, e Liu Dehua, da Universidade de Tsinghua.

Com representações na China, em Tsinghua, e no Brasil, na Coppe, no Rio de Janeiro, o Centro China-Brasil desenvolve projetos nas seguintes áreas: produção de biodiesel; sustentabilidade urbana, do qual participam também pesquisadores da Universidade de Virgínia; energia eólica e aquecimento solar térmico; além de projetos de veículos híbridos movidos a hidrogênio e outras fontes.

Brasil terá que gastar mais de três trilhões de dólares se não eliminar o desmatamento ilegal até 2028

A pesquisadora Mariana Império, do Cenergia (PPE), foi uma das autoras do estudo

O Brasil terá que gastar mais de US$ 3 trilhões em custos de compensação ambiental até 2050, caso não elimine o desmatamento ilegal nos próximos cinco anos. Esta é uma das conclusões do Programa de Transição Energética, um estudo elaborado por pesquisadores da Coppe/UFRJ, em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Participaram do estudo os professores do Programa de Planejamento Energético (PPE), Alexandre Szklo e Roberto Schaeffer, e os pesquisadores Mariana Império (pós-doc) e Matheus Poggio (doutorando), ambos do Centro de Economia Energética e Ambiental (Cenergia), laboratório vinculado ao PPE.

De acordo com o relatório disponível no site do Cebri, eliminar o desmatamento ilegal (até 2028) significa evitar o lançamento na atmosfera de 21 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa até 2050. Caso isso não aconteça, torna-se tecnicamente inviável que as emissões de GEE sejam zeradas em 2050, fazendo com que o país tenha de compensar suas emissões, se transformando em comprador (e não um vendedor) de créditos de carbono. Neste caso, o Brasil terá de arcar com um custo de compensação de até US$ 3,4 trilhões para atingir os compromissos assumidos por sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), considerando as perspectivas mais elevadas de preços de carbono no longo prazo.

O trabalho apresenta três cenários distintos de transição energética para o país até 2050: “Transição Brasil”, “Transição Alternativa” e “Transição Global”. Os cenários são usados para explorar diferentes opções de mitigação de emissões, apresentando trajetórias de emissão convergentes com o objetivo de neutralidade climática no Brasil até meados do século.

Os cenários “Transição Brasil” (TB) e “Transição Alternativa” (TA) são construídos com base nos compromissos assumidos pelo país em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), buscando indicar trajetórias custo-eficientes a partir de diferentes perspectivas sobre como evoluem as políticas públicas, os consensos sociais, os comportamentos de empresas e consumidores. Eles também consideram o desenvolvimento e a difusão de novas tecnologias. Nestes cenários, seriam evitadas, aproximadamente, 30 bilhões de toneladas equivalentes de CO2 até 2050.

Já no cenário “Transição Global” (TG), a trajetória de descarbonização é moldada a partir da contribuição do Brasil em um mundo alinhado para limitar o aumento médio da temperatura global em até 1,5°C. Para o cenário TG, o esforço de mitigação de emissões é ainda maior, evitando cerca de 40 bilhões de toneladas equivalentes de CO2 no período.

De acordo com o relatório, o Brasil deve aproveitar vantagens competitivas existentes no país para construir e financiar vantagens competitivas do amanhã, requalificando ativos e migrando expertises no sentido da transição energética de indústrias de O&G, biocombustíveis, renováveis e nuclear. Os autores recomendaram a combinação e a competição entre soluções tecnológicas diversas (neutralidade tecnológica), com a adoção de mercados abertos, diversos e competitivos.

Segundo Mariana Império, as mensagens principais veiculadas pelo relatório aparecem nos três cenários, como a redução urgente do desmatamento, a atualização dos marcos regulatórios e o desenvolvimento ou ganho de escala de novas tecnologias e infraestruturas. “Nosso modelo aborda muitas tecnologias e cada uma tem um grau de maturidade diferente, estariam disponíveis em horizontes temporais diferentes, se houver os estímulos adequados. Eólica e solar já estão aí e podem ser ampliadas, mas falamos de tecnologias mais disruptivas também, como a captura e estocagem de carbono, que já existem, mas ainda são incipientes e mais caras”, explica a pesquisadora do Cenergia.

“Até 2030, há pouco tempo para desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias no campo da energia. Por isso, o uso do solo é muito importante para as metas de curto prazo. Além de encerrar o desmatamento, o quanto antes, é preciso reflorestar também. Há várias dinâmicas de uso de solo que ajudariam no curto prazo. Isso não quer dizer que elas sejam fáceis, não quer dizer que vão acontecer, mas são possibilidades”, acrescenta Mariana.

Demanda de energia crescerá 49,25%

Na avaliação de Mariana, um diferencial do projeto feito com o Cebri e a EPE é a sua visão conjunta. “Cada etapa do projeto foi conversada com empresas do setor energético, do setor elétrico, e eles contribuíram com inputs específicos para a construção dos cenários. Trabalhamos com dois modelos de avaliação integrada (IAMs) criados aqui no laboratório: o Coffee (Computable Framework For Energy and the Environment) e Blues (Brazil Land Use and Energy Systems). Nós utilizamos um orçamento de carbono global, vindo de modelos que trabalham com interação climática, e aplicamos num modelo global como o Coffee. A partir disso, obtemos a porcentagem do Brasil no orçamento de carbono global e rodamos no nosso IAM local, o Blues. Como temos modelos de escalas diferentes, conseguimos ser mais detalhistas, tanto para energia, quanto para uso do solo”, detalha a pesquisadora.

Um dos maiores desafios é o crescimento da demanda de energia primária que passará, segundo o estudo, de 268 Mtep (milhões de toneladas de petróleo equivalente) em 2020 para cerca de 400 Mtep em 2050 em todos os cenários.

“Quando falamos em reduzir emissões, pensamos que haverá o crescimento da demanda por energia devido ao crescimento populacional, maior uso de equipamentos, o desejável crescimento econômico, redução de desigualdades sociais e o crescimento da atividade industrial. É o desafio da transição energética, manter o crescimento econômico, associado ao menor consumo energético e à redução de emissões”, esclarece a pesquisadora da Coppe.

“Na parte de energia, o que é proposto para NDC até 2030, nós já temos, como percentuais de renováveis na matriz elétrica e energética. Até 2030, este é um jogo ganho. Mas, de 2030 para 2050, a NDC não indica nenhum instrumento político que aponte o caminho para a neutralidade climática. Então, o estudo é importante também por indicar opções. Há a possibilidade de usar combustíveis alternativos, como diesel verde, resultante da gaseificação da biomassa, de florestas energéticas, como eucaliptos e pinus. Ele substitui o diesel de maneira mais eficiente do que o biodiesel, é um combustível drop in. Ou seja, pode aproveitar a frota de ônibus e caminhões, sem precisar adaptar o motor ou cadeia de abastecimento. Esses combustíveis drop in, como diesel, querosene e biobunker podem ajudar a descarbonizar os setores de difícil descarbonização, como marítimo e aéreo também.”, conclui Mariana Império.

Coppe e ANP firmam acordo de cooperação para o descomissionamento de estruturas offshore

A Coppe/UFRJ e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) assinam nesta segunda-feira, 27 de março, um acordo de cooperação técnica para o desenvolvimento técnico-científico de soluções práticas que respondam às necessidades do descomissionamento de estruturas e equipamentos da produção offshore de óleo e gás no Brasil, e a questões relacionadas à transição energética.

A execução técnica da parceria ficará a cargo das equipes de pesquisadores do Núcleo Prof. Rogério Valle de Produção Sustentável (Sage) e do Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS), sob coordenação dos professores Virgílio Martins Ferreira Filho, do Programa de Engenharia de Produção, e Marcelo Igor, do Programa de Engenharia Oceânica.

Em um contexto de transição energética, um dos desafios a serem enfrentados é a reutilização da infraestrutura anteriormente usada para a produção de óleo e gás para se produzir energia com baixa emissão de carbono. A iniciativa visa aliar o conhecimento regulatório da ANP e o conhecimento acadêmico, técnico e científico da Coppe para a obtenção de soluções eficazes diante dos desafios impostos pelas operações de descomissionamento de estruturas e equipamentos da produção offshore de óleo e gás no Brasil e de transição energética para uma econômica de baixo carbono.

O acordo será assinado na sede da ANP em cerimônia que terá início às 16h e contará com a presença da diretora em exercício da Coppe, professora Angela Uller, e do professor Marcelo Igor, do Programa de Engenharia Oceânica e coordenador do grupo de pesquisa em descomissionamento de estruturas offshore.

Laboratório da Coppe abre inscrições para alunos e pesquisadores que desejem desenvolver soluções para descarbonizar edificações

O Laboratório Urbano Vivo de Soluções Construtivas Inteligentes (LCI) da Coppe/UFRJ abriu inscrições para alunos e pesquisadores da UFRJ que visem inovar ou empreender, por meio de desenvolvimento de soluções para a descarbonização das edificações. O edital foi lançado nesta segunda-feira, dia 20 de março, e os interessados devem efetuar as inscrições até o dia 15 de abril, preenchendo o formulário disponível no endereço https://forms.gle/J5wbnCp2ud3tUovM6

Para participar da seleção é necessário estar cursando graduação, mestrado ou doutorado na UFRJ ou ser pesquisador de pós-doutorado da instituição. As inscrições podem ser efetuadas individualmente ou em grupo, desde que a equipe tenha no máximo três participantes e seja composta também por alunos e/ou pós-doutorandos da UFRJ.

A finalidade do edital é estimular e apoiar o desenvolvimento de produtos ou processos inovadores, de alto impacto e com capacidade de gerar valor por meio da inovação. Também tem como proposta incentivar a criação e a aceleração de ideias de base tecnológica que objetivem atender ao setor de Construção Civil Sustentável e que se enquadrem na área de abrangência e temas específicos nele propostos.

Para auxiliar no processo de desenvolvimento, será fornecido um valor de R$ 2 mil por mês, como taxa de bancada, e durante a execução dos projetos os pesquisadores poderão utilizar a infraestrutura do próprio LCI e do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Materiais e Tecnologias de Baixo Impacto Ambiental na Construção Sustentável (Numats), ambos coordenados pelo professor Romildo Toledo, do Programa de Engenharia Civil da Coppe.

Confira aqui o edital na íntegra.

Djalma Falcão é aprovado como Professor Emérito pelo Conselho Universitário

O Conselho Universitário (Consuni) da UFRJ aprovou nesta quinta-feira, 23 de março, a concessão do título de Professor Emérito ao professor da Coppe Djalma Falcão.

Professor do Programa de Engenharia Elétrica (PEE), Djalma exerceu cargos importantes na UFRJ, tais como membro do Conselho Universitário, presidente do Conselho Deliberativo da Coppe e do Conselho de Administração da Coppetec, Coordenador do Núcleo de Computação de Alto Desempenho (Nacad) e do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe. Foi ainda assessor do presidente da Eletrobras adjunto à diretoria do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), coordenador do Comitê de Engenharia Elétrica e Biomédica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), assessor de Engenharias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Membro Titular da Academia Nacional de Engenharia, desde 2016, e Fellow do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE), desde 2004, Djalma Falcão participou de mais de trinta projetos de colaboração com empresas e órgãos nacionais e internacionais, como Light, Energisa, State Grid Brazil Holding, Cepal, Coelba, Eletrosul, GIZ e NOS, liderando ou participando de equipes com outros professores e alunos da UFRJ, em temas relevantes ao setor elétrico.

Em evento no Coppe-I, Celso Pansera defende parceria entre universidade e capital privado

Professor Améziane Aoussat, professora Amanda Xavier (traduzindo para o francês) e o ex-ministro Celso Pansera. Foto: Clara Santiago – Prop-ME/Coppe

Em visita ao Ecossistema de Inovação da Coppe/UFRJ, o ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação e futuro presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera, defendeu a parceria da iniciativa privada com as universidades públicas, o uso do poder de compra do Estado para o fomento à inovação e a destinação de parte do Fundo Social do Pré-Sal para a Ciência e a Tecnologia.

Pansera participou do evento Novas perspectivas em pesquisa, inovação e tecnologias emergentes, promovido pelo Programa de Engenharia de Produção e pelo Ecossistema de Inovação (Coppe-I). Também estiveram presentes o diretor do Laboratório de Concepção de Produtos e Inovação (LCPI) da Arts et Métiers Paristech, professor Améziane Aoussat; o coordenador de Projetos Tecnológicos do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), Jorge Lopes; e as professoras do Programa de Engenharia de Produção (PEP) Amanda Xavier (mediadora do evento) e Carla Cipolla.

No entendimento de Celso Pansera, há uma questão fundamental e que não foi digerida ainda no ambiente das universidades públicas, que são responsáveis por 85% ou 90% da produção intelectual: “Existe uma dificuldade em aceitar a participação da iniciativa privada, de aceitar a ideia do lucro. De aceitar que conhecimento é lucro, é ganho, é riqueza, e que isso que vocês produzem aqui dentro tem que se transformar em bens e serviços em benefício da população que financia por meio do pagamento de impostos o funcionamento das universidades. A relação da instituição pública de ensino com o capital privado é boa, necessária e fundamental”.

Segundo o presidente da Finep, o Brasil investe somente 1,2% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento. “Isso é muito pouco. O nosso objetivo é chegar em 2%. A China investe 2,5%, os Estados Unidos investem 3% e Israel, 4%. Uma das coisas que tenho defendido para que o setor possa dar um salto são as compras públicas para inovação. O Estado usar o seu poder de compra para financiar a inovação. Nas grandes economias, o principal cliente é o poder público. Finlândia e Holanda compram cerca de 20% de seus PIBs. Nos EUA, o que financia a indústria farmacêutica é a necessidade de o Estado comprar remédios. A vacina da AstraZeneca foi desenvolvida em Oxford e trazida ao Brasil em uma parceria com a Fiocruz”.

“Eu conversei com (o prefeito) Eduardo Paes para que o Maglev-Cobra saia daqui e vá substituir os BRTs no Rio de Janeiro. Estamos testando em Maricá os ônibus daqui para pegar a melhor tecnologia e substituir a nossa frota de ônibus. Em vez de comprar ônibus chineses, vamos comprar tecnologia daqui e gerar um ecossistema de inovação”, contou o ex-ministro, que à época, presidia o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM).

Outra forma de ampliar o financiamento da C&T, segundo Pansera, é mediante a destinação de recursos do Fundo Social do Pré-Sal. “De 2022 a 2031, a cadeia de valor da indústria petrolífera deve gerar 1,25 trilhão de dólares e o Fundo Social deve arrecadar 117 bilhões de dólares no período. Deste montante, 50% vai para Educação, 12,5% para a Saúde. Nós estamos propondo destinar 25% para C&T”.

De acordo com Pansera, o Brasil tem legislação de referência na área de inovação, mas que ainda é recente. “Lei de Inovação, Lei do Bem, Lei de Biossegurança, Código Nacional da Ciência e Tecnologia. É tudo muito novo no Brasil e o país não experimentou a fundo ainda essa legislação. Houve um conjunto de avanços legais que precisa se refletir em bem-estar para a sociedade, estar a serviço do combate à fome, à pobreza, à desigualdade social”.

Celso Pansera listou ainda conquistas do novo governo nos primeiros meses, como a recomposição orçamentárias das instituições federais de ensino (IFES), o reajuste de 40% nas bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a liberação de 4,2 bilhões de reais em recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

Parceria forte com a indústria para superar desafios

Carla Cipolla (Coppe), Améziane (Arts et Métiers), Amanda Xavier (Coppe) e Jorge Lopes (PUC-Rio e IMPA). Foto: Clara Santiago – Prop-ME/Coppe

O professor Améziane Aoussat fez uma apresentação do Arts et Métiers Paristech, instituição na qual leciona. Criado em 1780, com o compromisso de enfrentar os desafios tecnológicos da indústria, o Arts et Métiers é considerada a melhor instituição de ensino de pós-graduação em Engenharia Mecânica da França e conta com 6.300 alunos em oito campi. A instituição mantém ainda uma associação de ex-alunos, a Société des ingénieurs Arts et Métiers (Soce), com mais de 34 mil associados em todo mundo.

Coordenador do Laboratoire Conception de Produits et Innovation (LCPI), Aoussat discorreu sobre as atividades de seu laboratório, vocacionado para a otimização do design e do processo de inovação. O LCPI reúne uma equipe multidisciplinar que congrega também ciências humanas e sociais, reunindo cinco competências principais: prototipagem para realidade virtual de fabricação rápida; Engenharia Kansei e concepção ecológica; ciclo de vida do produto; inovação prospectiva e análise de uso. “Nossas atividades de pesquisa se beneficiam de ancoragem acadêmica e parceria industrial forte, o que constitui, para nós, um vetor importante de modernidade e competitividade”, explicou Aoussat.

A professora Carla Cipolla, da Coppe, e o professor Jorge Lopes, da PUC-Rio e IMPA, apresentaram as atividades coordenadas por ambos em seus respectivos grupos de pesquisa e debateram com Aoussat. Carla contou que conhecia, da época de estudante, os produtos e apresentações da Arts et Métiers e que sonhava trazer para o Brasil o que estava nas novas fronteiras de tecnologia, arte e design. “Eu penso se entrar nessa competição deve ser uma inspiração para nós, como país, ou devemos buscar um caminho diferente? O uso de Inteligência Artificial nos serviços médicos, por exemplo, seria para todos ou agravaria a desigualdade social?”, questionou a professora do Programa de Engenharia de Produção.

O professor Jorge Lopes ressaltou algumas dificuldades no trabalho de pesquisa com realidades estendidas, realidade aumentada, bioprinting. “Temos tido alguns problemas interessantes com dados. Pesquisadores sempre me pedem para comprar mais capacidade de armazenamento para os computadores, mais espaço em nuvem. Ferramentas de Inteligência Artificial impactam muito em serviços médicos e em design de produto também. Algumas vezes falta o hardware para dar vazão às ideias que surgem e essas ideias vêm justamente pelo avanço do hardware. É um paradoxo que surge”, avaliou.

Aula Inaugural do Programa de Engenharia Nuclear com ex-diretor-presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães – 23/03

O Programa de Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ promove sua Aula Inaugural, na próxima quinta-feira, dia 23 de março, às 14 horas, que será proferida pelo ex-diretor-presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães. Com o tema “O futuro tecnológico da geração Elétrica Nuclear”, a aula será realizada no auditório do Centro de Tecnologia 2 da UFRJ, na Cidade Universitária.

Liderada por professora da Coppe equipe da UFRJ conquista Maratona SBC

A equipe Lebenslangschicksalsschatz da UFRJ foi a campeã da Maratona SBC de programação 2022, cuja final foi realizada no último sábado, dia 18 de março, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Dirigida pela professora Marcia R. Cerioli, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc) da Coppe e do Instituto de Matemática, a equipe é a primeira da UFRJ a vencer esta competição.

Agora, com este resultado, o grupo participará da final mundial de programação do International Collegiate Programming Contest (ICPC), que será realizada em novembro do presente ano, em Sharm el Sheik (Egito). Outras quatro instituições brasileiras também se classificaram, e a equipe da UFRJ liderada pela professora Marcia é formada pelos alunos do Instituto de Matemática Leticia Souza e Gabriel de Março (Ciência da Computação) e Felipe Chen (Matemática Aplicada).

Esta foi a 27ª edição da maratona de programação promovida pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC). A competição é destinada a alunos de cursos de graduação e início de pós-graduação na área de Computação e afins. Desta final, organizada pelo Professor Anderson V. de Araújo, da UFMG, participaram 62 times que foram qualificados na primeira fase da competição que, em outubro de 2022, reuniu 556 times de 170 universidades de todo o país.

A competição, assim como o ICPC, tem alcançado sua missão de promover nos estudantes a criatividade, a capacidade de trabalho em equipe, a busca de novas soluções de software e a habilidade de resolver problemas sob pressão. Esta edição teve como patrocinadores Stone, VTEX, Incognia,Huawei, JetBrains, Tecsinapse, Alura e Memind.

Coppe recebe seus novos alunos com mensagem de otimismo da ministra Luciana Santos

“O nosso governo não considera a universidade pública um espaço de balbúrdia. Muito pelo contrário. A Ciência está de volta”, afirmou a ministra Luciana Santos, na Aula Inaugural da Coppe 2023

A Coppe/UFRJ promoveu nesta segunda-feira, 20 de março, a Aula Inaugural do ano letivo, com a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos. O evento, que marcou também a recepção aos seus novos alunos, lotou o auditório da instituição.

A ministra destacou as ações deste início de governo como reajuste das bolas concedidas pela Capes e pelo CNPq e anunciou que o governo encaminhará um projeto de lei para garantir que o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) – um dos principais instrumentos de fomento ao setor e que fora constantemente contingenciado pelo governo anterior – seja integralmente recomposto. Isto acrescentaria R$ 4,2 bilhões para a Ciência nacional.

“Estamos trabalhando para implementar projetos estruturantes, que são estratégicos para modernizar nossa infraestrutura de pesquisa e gerar inovação. Instituímos um grupo interministerial para avaliar a reversão da liquidação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), o que marca a atualização da política nacional de semicondutores, dentro da agenda de reindustrialização do país. Retomamos também a cooperação de alto nível com a Argentina, viabilizando a construção do reator multipropósito, que vai garantir a autonomia do país na produção de radioisótopos”, anunciou.

Além disso, Luciana Santos citou o desenvolvimento de políticas de apoio às mulheres na Ciência. “Não há como lutar pela equidade sem criar consciência acerca de desigualdade de gênero. Por isso, anunciamos um edital, com aporte de R$ 100 milhões, pelo CNPq, para apoiar projetos que estimulem o ingresso e a formação de meninas e mulheres nas Ciências Exatas, Engenharia e Computação. Hoje, as mulheres têm 60% das bolsas de iniciação científica, mas somente 35% nas bolsas de produtividade. Esperamos avançar na equidade e combater a evasão nessas áreas”.

A ministra mencionou ainda o desejo do governo de aumentar a competitividade do país no complexo industrial da saúde. “Nós temos capacidade imensa de produzir vacinas, como demonstraram o Instituto Butantã e a Fiocruz. No entanto, não temos os insumos. O mundo travou uma batalha comercial pelos Insumo Farmacêutico Ativo (IFAs) produzidos na China e na Índia. Nossos esforços também se concentram em tentar tornar o Brasil parte de um hub internacional na produção de IFA, para isso estamos investindo na construção de um Centro Nacional de Vacinas, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)”.

“Nossa base científica é robusta, pujante. Queremos resgatar esse orgulho nacional”, destacou a ministra

Na avaliação de Luciana Santos, a engenharia é crucial para o desenvolvimento sustentável, na resposta às necessidades humanas para superação da pobreza, fornecimento de água potável e energia limpa, na resposta a catástrofes naturais e construção de infraestruturas resilientes. “Nossas universidades e instituições públicas são responsáveis por 90% da nossa produção de pesquisa. Nossa base científica é robusta, pujante, e isso se revela na consistência de nossos números. Estamos em 13º lugar na produção de artigos e queremos resgatar esse orgulho nacional”.

“Todos os esforços são para usar nossa melhor ciência para benefício da população e cada um de vocês que iniciam sua formação de pós-graduação terá um papel importante na superação dos desafios do país. Vocês nessa sala são parte importante da inteligência brasileira e o trabalho que realizam será fundamental para o salto de desenvolvimento e inclusão que queremos para o Brasil”, afirmou a ministra, dirigindo-se aos presentes à sua aula inaugural.

“A falta de compromisso no governo anterior foi tanta que a redução foi drástica no FNDCT e nos recursos discricionários do ministério, fazendo passar de 11,7 bilhões para 2,7 bilhões de reais. O nosso governo não considera a universidade pública um espaço de balbúrdia. Muito pelo contrário. A Ciência está de volta”, concluiu a ministra Luciana Santos.

Participaram da Aula Inaugural e da Recepção aos Novos Alunos o reitor da UFRJ, professor Carlos Frederico Leão; o professor João Monnerat, representando a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2); o decano do Centro de Tecnologia, professor Walter Suemitsu; o diretor da Coppe, professor Romildo Toledo; a vice-diretora da Coppe, professora Suzana Kahn Ribeiro; o diretor-adjunto Acadêmico, professor Marcello Campos; a diretora de Tecnologia e Inovação, professora Angela Uller, e a diretora-adjunta de Pessoal, Vanda Borges.

Várias autoridades estiveram presentes ao evento, incluindo as deputadas estaduais Elika Takimoto (PT) e Dani Balbi (PC do B), respectivamente, presidente e vice-presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro (Alerj); a secretária municipal de Ciência e Tecnologia, professora Tatiana Roque; e o ex-ministro (MCTI) e futuro presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera.

Boas-vindas aos novos alunos

O reitor em exercício da UFRJ, professor Carlos Frederico Leão Rocha, e o diretor da Coppe, professor Romildo Toledo

Antes da Aula Inaugural com a ministra Luciana Santos, foi realizada uma breve cerimônia de Recepção aos Novos Alunos. O diretor da Coppe, professor Romildo Toledo, qualificou a ocasião como sendo “um momento muito especial em que a gente renova a instituição”. “Novos talentos chegam com seus sonhos e aspirações. Temos certeza de que irão encontrar aqui um ambiente propício para realizá-los. No momento atual em que temos muitos temas transversais, terão a possibilidade de conviver com pesquisadores de várias áreas do conhecimento, o que certamente forma um ambiente de pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico bastante rico”, afirmou.

“Desejo que vocês usufruam e aproveitem, e que a gente possa formar recursos humanos cada vez mais capacitados para solução dos problemas industriais e da sociedade brasileira”, pontuou o diretor da Coppe.

Em seguida, o diretor-adjunto Acadêmico, professor Marcello Campos, apresentou a Diretoria Acadêmica aos novos egressos e deu informações importantes, como os prazos que devem ser cumpridos, exigência de publicação de artigo em periódico indexado, para os doutorando, dentre outras.

Professor Marcello Campos passou as orientações acadêmicas mais importantes aos novos alunos

“A Coppe tem mais de 160 laboratórios e formou mais de 18 mil mestres e doutores ao longo desses 60 anos. Temos 13 programas de pós-graduação e dez deles têm conceito 6 ou 7 na Capes. Isso é um feito bastante expressivo no cenário nacional, indica qualidade de nível internacional”, relatou.

“A instância burocrática de vocês é o programa acadêmico, então em caso de dúvidas sobre processos devem se dirigir às respectivas secretarias acadêmicas. De todo modo, estou à disposição de vocês pelos próximos anos. Podem passar para tomar uma água, um café, tirarem dúvidas, bater um papo”, convidou professor Marcello.

Responsável pela criação do Núcleo Psicossocial Acolhe Coppe, a diretora-adjunta de Gestão de Pessoas, Vanda Borges, garantiu aos novos alunos que eles encontrarão acolhimento para aqueles momentos em que possam pensar em desistir quando a pesquisa ou o artigo não vão bem, ou quando a cobrança do orientador não for bem absorvida. “Vocês terão a possibilidade de atendimento individual com psicóloga, participação em grupo terapêutico, agendar abordagens integrativas, como florais, aromaterapia, massagem auricular, exercícios respiratórios, dentre outros, e encontros de acolhimento, para tratar de questões como assédio moral”, citou Vanda.

A diretora de Tecnologia e Inovação, professora Angela Uller, explicou que os alunos que desejarem empreender e abrirem suas próprias empresas, serão estimulados pela Coppe. “Nós temos mecanismos para ajudá-los, temos um ecossistema de inovação muito interessante. Vocês podem, inclusive, passar por um período de pré-incubação no Coppe-I, e avaliarem a viabilidade dos projetos”.

Os novos pós-graduandos receberam uma boa notícia do reitor em exercício da UFRJ, professor Carlos Frederico Leão Rocha, que anunciou que pela primeira vez a universidade terá recursos para assistência estudantil para a pós-graduação. “É um valor que ainda é pouco mais do que simbólico, um milhão de reais, mas é importante colocar a linha no orçamento, entender que há ali algo importante a ser preenchido, que é importante a permanência destes estudantes na UFRJ. É um pequeno passo, mas é um passo importante. Esperamos que no futuro a universidade possa oferecer mais. Nunca se discutiu alojamento para pós-graduandos, em parte porque era a pós-graduação era vista como elite, à parte da necessidade que a população, em geral, tem”.

“Contem com a representação discente. Vocês não estão sozinhos”, garantiu Natália Trindade.

O presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Vinicius Soares, exortou os novos alunos da Coppe a se organizarem politicamente. “Vocês serão a geração que irá reconstruir o país a partir da Ciência e da Tecnologia. Não entrem na pós-graduação somente para cumprirem seus deveres acadêmicos. Os avanços recentes só aconteceram porque houve mobilização política”.

Natália Trindade, secretária-geral da Associação de Pós-Graduandos (APG-UFRJ) e diretora de Direitos dos Pós-Graduandos da ANPG, ponderou que o período de pandemia “destruiu um pouquinho” de cada um, mesmo daqueles que não perderam entes queridos para a Covid-19. “Estamos desafiados a reconstruir não apenas as estruturas devastadas pelo negacionismo, mas também nossas estruturas de afeto, coesão, pertencimento. Vocês têm na APG um lugar para se escorar, para segurar na mão. Contem com a representação discente dos programas acadêmicos. Vocês não estão sozinhos”.

Aula inaugural do Programa de Engenharia Civil com professor do Institut Pascal

O Programa de Engenharia Civil da Coppe/UFRJ promove sua Aula Inaugural, na próxima quarta-feira, dia 22 de março, às 13 horas, que será proferida pelo professor Sofiane Amziane, do Institut Pascal, Université Clermont Auvergne, CNRS, Clermont-Ferrand (França). Com o tema “Uses of vegetal biomass in the building material construction industry”, a aula será realizada no bloco B, sala 104, Centro de Tecnologia da UFRJ, na Cidade Universitária.

Professores da Coppe são eleitos membros titulares da ANE

Os professores Romildo e Eduardo tomam posse dia 17 de abril

Os professores da Coppe/UFRJ, Romildo Dias Toledo Filho, diretor da instituição, e Eduardo Antônio Barros da Silva acabam de ser eleitos Membros Titulares da Academia Nacional de Engenharia (ANE). Ao todo, foram sete os eleitos, incluindo o ex-professor do Programa de Engenharia Biomédica da Coppe, Flavio Grynszpan, também ex-coordenador Coppetec. A cerimônia de posse dos novos membros será realizada no dia 17 de abril, no Rio de Janeiro.

O ingresso na Academia é feito por indicação dos membros titulares que enviam os nomes, junto com uma breve apresentação do indicado, para o presidente da ANE. Em seguida, a relação é encaminhada para a Comissão de Seleção, que avalia os currículos e seleciona os novos membros, a partir de critérios pré-estabelecidos. Os nomes selecionados são submetidos à Comissão de Ética, que faz uma nova análise dos futuros membros e encaminha a lista, com suas recomendações, para aprovação em Assembleia Geral Extraordinária.

Os professores Romildo Toledo, do Programa de Engenharia Civil, e Eduardo Barros da Silva, do Programa de Engenharia Elétrica, farão parte de um seleto grupo da ANE, que atualmente conta com 193 membros distribuídos por todas as regiões do país e cerca de 10 membros correspondentes, que moram ou nasceram no exterior. São doutores, pesquisadores e personalidades com reconhecido desempenho profissional e influência nas áreas de ensino, pesquisa, projetos, construção, atividades industriais e de serviços, entre outras. “É uma alegria receber esses novos colegas. Eles vão ingressar em nossa Academia devido à enorme competência profissional. Tenho certeza de que têm muito a contribuir com a ANE e com o desenvolvimento nacional”, diz Francis Bogossian, presidente da Academia Nacional de Engenharia.

Empreendedorismo em Saúde: matrículas abertas a todos, sem pré-requisitos

O Programa de Engenharia Biomédica (PEB) da Coppe/UFRJ está com matrículas abertas para a nova disciplina “Empreendedorismo em Saúde”. Sem exigência de pré-requisitos, a disciplina pode ser cursada por qualquer pessoa, mesmo sem vínculos com a instituição (alunos externos podem solicitar inscrição pelo email secretaria@peb.ufrj.br).

O objetivo do curso é fomentar a criação de startups que acelerem a transferência do resultado das pesquisas acadêmicas para o setor produtivo.

A aulas serão ministradas pelo professor Antonio Gianella e pelo ex-coordenador do PEB e presidente do Instituto iCorps Brasil, Flavio Grynszpan, às terças-feiras e quintas-feiras, das 13h às 15h, a partir do dia 21 de março, no Centro de Tecnologia (CT), na Av. Athos da Silveira Ramos 149, na Cidade Universitária.

“A maior parte do conhecimento produzido pela universidade não chega ao setor produtivo. Aplicaremos uma metodologia que ajudará os alunos a descobrirem os clientes, a descobrirem quem sente os problemas que as pesquisas querem resolver”, explica Flavio.

Pioneira no Brasil, a metodologia a ser aplicada na disciplina foi desenvolvida por Steve Blank e aplicada na administração federal e nas universidades dos Estados Unidos. Flavio teve contato com No período em que atuou como consultor da Universidade de Virginia, entre 2011 e 2017, no período em que atuou como consultor da Universidade de Virginia, Estados Unidos. Posteriormente trouxe a metodologia para o Brasil para ser aplicada na Fapesp. Além de ter sido aluno da Coppe, Grynszpan construiu uma trajetória de destaque na instituição ao longo das décadas de 60 a 80. Participou da criação do Núcleo de Inovação Tecnológica da Coppe e do PEB, do qual também é ex-coordenador. Também foi diretor da Fundação Coppetec e presidente da Motorola Brasil e, agora, retorna à Coppe para trazer toda a sua vasta experiência relacionada às atividades acadêmicas e empresariais, bem como fomentador e gestor de uma aceleradora de startups de base tecnológica.

Mais informações pelo telefone (21) 3938-8629